Fanfic De Ones escrita por Nicolle Bittencourt, Tina Santos, Nina P Jackson Potter, Nai Castellan Jauregui, BiahMulinPotter, Zack Shadowarg, Black Umbrella, Liah Violet, Miss BaekYeollie


Capítulo 6
Capítulo 6: All Too Well


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores! Tudo bem com vocês?
Aqui quem fala (escreve) é a Nicolle, não sei se vocês lembram, mas também fui eu que escrevi o capítulo de apresentação, mas bem, isso não importa, vocês vieram aqui para ler uma oneshot (no caso, songfic).
Bem, para quem já é meu leitor, provavelmente, você já leu isso, porque eu postei na minha conta, mas não vai fazer mal nenhum ler de novo né? hihihi Para os que não me conhecem, ou que não leram, eu realmente espero que gostem.
Falando da songfic, ela é sobre Percabeth, e é baseada na música All Too Well (uma das minhas favoritas), da cantora Taylor Swift (minha diva*--*), não sei se vocês gostam ou não dela, mas em todo caso, mesmo que não gostem, leiam a fic, okay? Bem, o link da música vai estar incorporado no início do capítulo, basta clicar nele e vocês poderão ouvir a música (eu recomendo deixar no repeat).
Acho que já enrolei demais...
Boa leitura a todos! ^^



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Annabeth’s POV

E lá estava eu novamente, deitada em minha cama, enrolada nos cobertores, sozinha.

Eu zapeava pelos canais de TV em busca de algo simples, mas parecia que todas as redes televisivas fizeram um complô, de forma que só havia filmes e séries românticas passando, tudo que eu não queria ver agora. Eu podia muito bem ir lá fora, não fosse a preguiça, a nostalgia, e claro, a neve, que forrava as ruas como se fosse um tapete branco de luz e felicidade! Por algum estranho motivo as pessoas gostam de neve, e muito! A verdade, eu também já gostei, no entanto, agora, tudo que a neve fazia era me lembrar de dias que não voltariam, promessas feitas, doces sabores, risos, sussurros, respirações ofegantes, e... ele. A neve me fazia ver e rever tudo de novo

Fazia um tempo que eu não o via, também fazia tempo que a magia entre nós havia acabado, eu tentava ficar bem, mas eu não estava curada ao todo, ainda havia algo ali dentro de mim, não tenho certeza se era amor, mas era algum resquício de sentimento, algo que eu não queria voltar a ter, que eu queria esquecer, e a única forma de fazer isso era bloqueando-o de minha mente, o que com o tempo tornou-se uma coisa fácil de tentar, mas, em dias frios como aquele, nos quais a neve caia em flocos pela cidade, eu lembrava tudo, e o incrível, eu me lembrava de tudo com tanta intensidade e vida, que assustava.

Naquela tarde eu estava determinada a ignorar qualquer pensamento relacionado a ele, por isso mesmo desliguei a TV, ignorei os filmes, e recorri a um bom livro de ação e mistério que estava começando a ler. Eu não queria romances, nem nada, não hoje, não agora.

Mas parece que o destino prega peças, e o livro que era tão misterioso, aventureiro e assombroso, bem, ele tinha um feliz casal, que, coincidentemente, estava prestes a fazer um passeio na neve. Isso me irritou e frustrou tanto, que tive vontade de jogar o livro longe, entretanto, me contive e o coloquei sobre a cabeceira.  Eu tinha que manter a calma, me segurar, e não ficar tão paranoica assim.

Respirei fundo, várias vezes, e por fim, deitei em minha cama, apenas para ficar analisando a constelação de estrelas que eu tinha pintada em meu teto. É, eu o havia projetado. Sendo assim, fiquei contando as estrelas, imaginando figuras, tudo para que eu pudesse apenas ignorar outros pensamentos. E, quando finalmente estava perdida naquela enorme constelação, avistei a estrela mais bonita e brilhante que havia no teto, a estrela que ele havia nomeado, a estrela que ele havia dito ser eu, dentro da qual ele escrevera meu nome.

Imediatamente, me amaldiçoei por não ter pintado o teto e coberto todas as estrelas, ou ao menos, a tal estrela.

Eu apenas queria ignorar aquela estrela, mas isso tornou-se impossível quando lembrei da noite em que, ele havia me envolvido em seus braços, lançado seu melhor sorriso e dito que aquela era eu, a mais brilhante e única de sua vida. Isso desenrolou uma reação em cadeia, as cenas que eu estava tentando evitar durante todo o dia vieram como um flash longo e demorado em minha mente, o pior, eu não conseguia bloqueá-las, tudo que pude fazer foi me encolher como uma bola e me deixar perder em lembranças.

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Lá estávamos nós, cantando no carro como loucos, deixando o vento gélido bater em nossos rostos e esvoaçar nossos cabelos. Tudo que havia ali era alegria e amor, amor acima de tudo.

Eu o olhava enquanto ele dirigia, esperando que ele não me visse o olhando tão calorosamente, mas eu fora pega por seus olhos verdes, que em seguida ficaram me olhando tão intensamente que ele quase passara o sinal vermelho. Nós rimos.

Por fim chegamos ao nosso destino, saímos do carro, ele abriu minha porta e me ajudou a sair, eu fiz uma piada disso, embora amasse seu cavalheirismo. E rindo, eu caminhei através da porta com ele, nossos dedos entrelaçados.

A neve caia lá fora na rua, de forma que os flocos haviam grudado em seus cabelos negros, mas ele parecia feliz com isso, pois seus olhos verdes brilhavam intensamente quando se encontraram com os meus.

Fazia sete anos que estávamos juntos, muitas coisas haviam acontecido naquele tempo, mas nós estávamos apaixonados, e tínhamos uma feliz relação, bem, tivemos problemas, mas nada que não tivéssemos resolvido.

Nós havíamos acabado de chegar à casa de sua irmã. É, ela era uma das novidades que ocorrera. Nós havíamos descoberto sua existência, há alguns meses antes. Ela era uma filha de Poseidon, uns anos mais nova que Percy, mas mesmo assim, a conexão entre eles era incrível. Não só entre eles, mas a própria Sr.ª Jackson havia se afeiçoado a garota, que nem sua filha era, por isso mesmo, aquele ano, o natal era na casa de Jazmyn, a irmã dele.

Jazmyn tinha 19 anos, e embora nova, havia herdado toda fortuna da mãe, que morrera num acidente de carro. Com esse dinheiro ela havia comprado a casa em NY, para ficar mais perto de sua família. Sim, como eu disse, Sr.ª Jackson a tratava como filha, e isso era ótimo para todos! A ideia do natal em sua casa fora da própria Jazmyn, pois ela disse que queria estrear o local com a família, então, todos nós concordamos em comemorar as festas naquele lindo lugar.

Naquele natal, estávamos todos muito felizes, e nevava, o que deixava tudo melhor, já que assim era um típico natal nova iorquino. Percy e eu parecíamos mais unidos do que nunca, não nos soltávamos um segundo. Tanto que a Sr.ª Jackon e o Sr. Blofis não paravam de dizer que tínhamos que nos casar logo, Jazmyn dizia querer ser a dama de honra ou madrinha de um de nós, e confesso, fiquei pensando, feliz, em um futuro casamento com ele.

Estava frio, e o estranho era que aquilo me fazia sentir em casa. E agora, eu me lembrava das risadas, dos toques, da felicidade, do sorriso que há muito tempo eu não dava. Ah! Tinha também as descobertas!

Havia um velho álbum de fotos de Percy, que a Sr.ª Jackson havia encontrado no dia anterior, o mesmo estava perdido em algum velho armário. Fora especialmente encantador e feliz ver aquela fotos, embora as bochechas de Percy ficassem mais vermelhas a cada vez que eu mudava a página. Em especial, com uma foto sua aos sete anos, que eu achei a coisa mais fofa, ele usava óculos, e pulava em sua cama de solteiro, mas era a foto mais feliz de todo álbum.

Antes da ceia, Sr.ª Jackson, como boa mãe que é, não pode deixar de contar histórias sobre Percy, fosse no futebol, na escola, em casa, o que só o fez ficar mais vermelho e me segurar mais firmemente sobre seu colo. Eu estava adorando aquilo! E adorei mais quando ele mesmo começou a lembrar de coisas e a me contar, mas da forma como ele falava de seu passado, era como se quisesse que eu fosse todo seu futuro. E eu queria, ao menos na época, ter um futuro ao seu lado.

Mas não foi assim que as coisas aconteceram...

Aquele foi nosso último natal juntos. E eu havia esquecido meu cachecol lá, o cachecol que ele havia me dado em nossa primeira semana de namoro, e nunca mais voltei para pegar.  Por alguma estranha razão, me perguntei durante muito tempo se ele o mantinha junto de si, e se ele pensava em mim quando o via.

***************************************************************

Minha respiração estava ofegante, eu ainda me encontrava enrolada feito uma bola, me abraçando. Todas aquelas imagens, memórias de lindos dias que eu lembrava muito bem, estavam me consumindo, soltando os curativos que eu havia feito em meu coração, e se eu os deixasse soltar mais, iria doer tudo novamente.

Lentamente, com muito esforço e força de vontade, me levantei e decidi ir a cozinha comer algo, tirando assim cenas de minha mente, eu já tinha cenas demais lá, mas aparentemente, isso foi um erro.

O que eu queria era esquecer, ignorar novamente tudo, porque eu detestava lembrar, e no fundo, eu sabia que provavelmente eu nunca iria esquecer, mesmo que eu seguisse em frente, mesmo que eu me apaixonasse de novo, eu duvidava que fosse esquecer o que havia passado com ele.

Vestida com minha calça jeans, blusa de manga e um casaco bem quente, a fim de me proteger do frio, fui me arrastando pelo corredor, lentamente, tentando fazer minha mente se concentrar em cada detalhe do meu apartamento, detalhes esses que eu conhecia perfeitamente, mas fiz questão de fingir que não. Observei, por exemplo, as frestas na madeira do piso, as paredes brancas, o detalhes desenhados no vidro do lustre que pendia no teto, as pinturas dos diversos quadros que eu tinha e suas molduras extremamente elaboradas.

Por fim cheguei à escada dourada e moderna que levava até o primeiro andar, onde meu objetivo se encontrava.

Após descer a escada, contando seus degraus e ficando surpresa ao descobrir que havia 36 deles, fui direto para uma das minhas partes favoritas da casa, a cozinha. Eu sei, surpreendente que eu goste desse cômodo da casa, mas cozinhar me acalma, me concentra, e ultimamente, tem sido bem legal gastar meu tempo fazendo cookies e cupcakes. Fora que na cozinha havia uma parede completamente de vidro, que deixava a luminosidade invadir o local, além de me dar total visibilidade da vista da cidade, isso era uma das boas coisas de se morar na cobertura de um prédio no Upper East Side, em Manhattan.

Claro, hoje nevava, e obviamente, eu estava tentando evitar a neve, mas não era assim tão terrível quando eu já havia tido minhas lembranças em relação à mesma, fora que, da cozinha a paisagem era diferente do meu quarto, era mais crua e clara, já que tudo que eu via era a loucura das ruas de New York. E isso não me trazia lembranças, apenas me fazia pensar que dali a dois dias eu teria que ir para meu escritório terminar o projeto do maior arranha-céu da cidade, é, eu havia sido a arquiteta escolhida para isso, e não podia estar mais feliz.

Pensando em meu trabalho, e em como aquele início de ano estava agitado. Comecei a separar os ingredientes dos cupcakes que eu iria fazer. Concentrei-me nessa atividade, e em pouco tempo os estava colocando no forno. Essa é a parte ruim para quem quer se manter ocupada, pois a partir do momento que os cupcakes são colocados no forno, não há muito que se fazer, a não ser esperar que fiquem prontos.

Sendo assim, sem muitas opções, decidi sentar na cadeira mais próxima da parede de vidro, e ali, fiquei olhando a paisagem e pensando em como o arranha-céu que eu iria projetar poderia ser visível dali. Deixei escapar um suspiro sonhador. Aquele sempre fora meu sonho, construir algo duradouro e, mesmo eu tendo apenas 24 anos, isso estava prestes a acontecer.

Olhei rapidamente para o relógio, ainda havia alguns bons minutos até os cupcakes ficarem prontos, desse jeito, sem ter o que fazer e querendo continuar na cozinha, liguei o pequeno rádio que estava ao meu lado e coloquei numa estação qualquer, onde uma música extremamente animada tocava.

Acho que meu erro foi mais esse do que ter ido à cozinha.

Tudo estava certo, eu estava sentada, esperando os cupcakes ficarem prontos, olhando para a linda vista que eu tinha, ouvindo uma música alegre, e já estava conseguindo manter minha mente e coração quietos, a dor distante. Então, a música mudou, essa era mais lenta, romântica, e eu conhecia perfeitamente bem, fora a mesma música que tocara numa das melhores noites da minha vida. Foi inevitável não olhar para a geladeira e não lembrar-me de mais uma cena.

************************************************************

Era madrugada de sábado, Percy viera dormir em meu apartamento, o mesmo que eu ainda morava, com algumas coisas diferentes, mas o local era o mesmo, era o apartamento que eu havia conseguido comprar graças aos meus trabalhos como arquiteta (tanto com estagiária, como pelo meu cargo de arquiteta do Olimpo), eu podia ser apenas uma novata na época, mas graças a meu talento, projetava e ganhava mais que a maioria.

De qualquer jeito, naquele sábado, Percy e eu ficáramos até tarde na sala, assistindo os mais diversos filmes, o último da noite: uma comédia romântica.

Durante todo o tempo ficáramos abraçados, ele brincando com meus cabelos, enquanto eu aproveitava para sentir o aroma adocicado de seu corpo. Trocamos algumas declarações durante aquela noite, mas o que mais fazíamos era rir, fosse fazendo piadas, assistindo filmes, ou fazendo cócegas. Com toda certeza aquela fora uma das melhores noites da minha vida.

Então, eram 3 horas da manhã quando paramos de ver filmes e decidimos ir comer algo na cozinha.

Eu estava separando alguns ingredientes, retirando-os da geladeira, quando Percy ligou a rádio, uma música lenta tocava. De repente, ele me girou e puxou-me em sua direção, me fazendo encarar seus olhos verdes. 

“O que você está fazendo?” – eu havia perguntado, embora amasse olhar seus olhos.

“Dançando com a minha namorada” – ele sussurrou em meu ouvido enquanto colocava uma mão em minha cintura e com a outra segurava minha mão, como se fôssemos dançar um valsa.

Eu o olhei de forma inquisitiva, como se duvidasse de que ele estivesse falando sério, até que ele começou a nos girar pela cozinha.

“Dançar na cozinha com a luz acessa e a porta da geladeira aberta?” – eu disse.

“Não seja por isso” –ele, ainda dançando comigo, apagou a luz da cozinha, apenas a geladeira nos iluminava.

E ali ficamos, dançando, girando, beijando e nos divertindo. Parecíamos duas crianças naquela noite, e fora isso que torna tudo tão doce, amável e perfeito.

***********************************************************

  E agora, isso só me fazia pensar em como o fim não fora nada doce ou amável.  O fim não foi algo que surgiu de um dia para outro, agora, pensando claramente, eu podia ver que fora o resultado de várias ações.

      Antes do fim definitivo, nós havíamos passado por uma fase de separações e voltas uma porção de vezes. Isso porque quase não ficávamos mais juntos, pois com minha pós-graduação, meu estágio e o fato de eu ser uma das instrutoras do Acampamento, eu quase não tinha tempo de sair, mas sempre dava um jeito de tentar vê-lo. Porém, ele estava colocando outras coisas no topo de sua lista, claro, ele também trabalhava, também era instrutor, estudava, ajudava Poseidon no reino marinho, até viajava para o pai e saia com os amigos, a conclusão disso, eu era seu último plano, vê-lo uma vez por mês já era muito. E mesmo assim, ele começou a dizer que precisava de um tempo, o que eu não suportei, que outro tempo ele queria? Que outro tempo quando não nos víamos mais?

Então brigávamos, eu dizia o quanto ele não ligava mais para mim, e ele não negava. Nos separávamos, eu pensava o quanto o odiava, e então, ele me ligava no dia seguinte dizendo que me amava e que mudaria, e eu ficava perdida, mas o amava, então, eu o perdoava.  Isso acontecera silhares de vezes, até que caísse minha ficha de que ele não mudaria, não comigo o perdoando todas às vezes. E tudo piorou quando eu descobri que, supostamente, durante uma das suas muitas viagens, ele havia começado a se relacionar com outra garota. Aquela fora a gota d’água! Eu o amava, sim! Era impossível negar isso, mas eu não estava mais aguentando o jogo, o meu orgulho não me deixaria engolir a traição e o abandono, muito menos meu coração.

Então, eu terminei com ele, mesmo que aquilo doesse, precisava de um fim para não doer mais. E durante o primeiro mês, ele me ligava todos os dias, apenas para me quebrar como quebrou todas as suas promessas, e eu me sentia como se fosse pequenos pedaços de papel no chão. E eu me lembro de tudo, tudo, tudo muito bem.

O problema era que, eu havia terminado por causa das decepções, da dor, dos erros, do abandono, e do provável fato que ele não me amava mais. Sim, eu sabia lá no fundo que ele não me amava mais, não como já amara, a situação era apenas cômoda para ele, apenas isso. Eu só não imaginava que depois do fim eu fosse continuar a sofrer, porque depois do término, o tempo não queria mais passar, eu estava paralisada, e eu só conseguia pensar nele, e que talvez, eu devesse ter lhe dado outra chance. Mas em seguida, o orgulho me fazia ter certeza de que ele não merecia chance alguma, não mais.

E então, eu comecei a tentar voltar a ser como eu era antes, mas eu estava tanto tempo com Percy que aquilo era quase impossível, ele era como uma longa parte da minha vida, eu ousaria dizer, toda minha vida. Nós fôramos dependentes um do outro por muito tempo, tanto que era difícil de eu me reencontrar depois dos dias trajando suas camisas, e das noites que ele havia me feito completamente sua.

            No início, eu me perguntava se ele se sentia da mesma forma, mas, eu duvidei disso depois que ele enviou-me minhas coisas de volta, e eu fiquei caminhando pela casa sozinha.

A única coisa que ele não me mandara, fora meu cachecol, e eu sempre voltava a pensar se ele o mantinha consigo para lembrar do meu cheiro, ou, não sei, apenas lembrar de bons tempos. Mas depois, eu cheguei à conclusão de que, provavelmente, ele nem se lembrava do cachecol que me dera.

            De todo modo, eu lembro como os primeiros dias, semanas e meses foram difíceis, pois toda vez que encostava a cabeça no travesseiro, andava pelas ruas da cidade, ou pelo meu próprio apartamento, toda vez me lembrava do que tivéramos, do que tínhamos antes de nos perdermos um do outro. Porque essa é a verdade, havíamos nos perdido da única coisa real que conhecêramos, nosso amor.  Um amor tão raro, e que era uma obra-prima, mas lamentavelmente, nós mudáramos, os sentimentos mudaram, e as prioridades também, eu conseguia ver aquilo agora, e eu também conseguia ver que nunca teríamos volta.

            Aos poucos, minha vida foi voltando ao normal, e eu fui trancando as lembranças dele, as prendendo em minha cabeça, não as superando, apenas as ignorando. Eu não sabia quando eu iria poder superar tudo, só queria que fosse logo, porque eu não queria carregar mais aquele peso no meu coração, eu queria voltar a me apaixonar um dia, voltar a sonhar e acreditar em promessas, mas enquanto eu guardasse aquilo, aquelas lembranças e sentimentos no meu coração, eu sabia que não seria possível, mas eu ainda não sabia o que fazer para me libertar daquilo tudo.

            Fui tirada drasticamente de meus pensamentos quando o cheiro de comida queimada invadiu meu nariz.

Comida queimada?

Dei um salto da cadeira, desligando o forno e pegando um par de luvas, quando me toquei que o que cheirava a queimado eram meus cupcakes.

            Xinguei baixinho ao vê-los todos pretos e completamente não mastigáveis, irritada os joguei fora. Mas eu não sabia se estava irritada pelo doce em si ou por não ter conseguido descobrir uma forma de voltar a ser quem eu era, ou ao menos, viver uma nova vida, eu sabia que apenas o tempo poderia fazer isso, o problema era que havia passado tempo demais e nada havia mudado.

            Para minha surpresa, desabei no chão frio da cozinha e comecei a chorar de forma desesperadora, as lágrimas caiam insistentemente pelo meu rosto, e eu não tentei fazer nada para impedi-las.  Depois de tudo, eu só queria chorar e aliviar tudo que estava em meu coração e em minha mente.

            Eu tomei uma decisão, comecei a pensar em tudo que Percy e eu passáramos juntos desde nossos 12 anos, fora extremamente doloroso, algo que fizera meu rosto ficar inchado de tanto chorar, fora desgastante, tanto que acabei deitando no chão duro. Mas ao fim do processo masoquista, de alguma forma, a dor havia sumido junto com as lágrimas, era como se eu pudesse senti-la indo embora, não só ela como as imagens, e os sentimentos por ele. Era como se eles fossem pássaros em gaiolas e eu estivesse abrindo-as, os libertando e os mandando para longe, e era recíproco, eles se libertando de mim e eu deles. Essa fora coisa mais dolorosa e que mais me fez bem, pois após todo aquele processo, eu me sentia leve, eu me sentia eu, um pouco ferida e menos inocente talvez, mas de qualquer jeito, continuava sendo, apenas eu.

            Não estou dizendo que não pensaria no que havíamos passado, ao contrário, eu sempre lembraria tudo, a diferença era que agora, eu, Annabeth Chase, não sentiria mais dor, não sentiria mais nada ao me lembrar delas, a não ser um resquício de felicidade, apenas isso. Nada mais. Eu sentia que agora poderia voltar a se eu mesma, voltar a viver, mesmo lembrando tudo, mesmo assim, eu não teria mais os fantasmas atrás de mim. Eu seria apenas uma pessoa, que como tantas outras, teve um passado, com coisas que gostariam que tivessem sido diferentes, mas que graças a essas coisas, são quem são.

     “Vento no meu cabelo, você estava lá, você se lembra de tudo muito bem,

      Escada abaixo, você estava lá, você se lembra de tudo muito bem,

     Foi raro, eu estava lá, e eu me lembro de tudo muito bem”.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram? Não? Por que?
Bem, espero reviews de vocês! Até a próxima!
Obrigada por lerem!
Nikki