Híbrido escrita por Musa, Moon and Stars


Capítulo 66
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Notas iniciais do capítulo

Genteeeeee, vocês vão AMAR ESSE CAPÍTULO! KKKK Ah, como eu queria ver as reações de vocês! Estive esperando ANSIOSAMENTE por este dia! Este capítulo é muito especial e tem uma surpresinha pra vocês no final. Então, vamos acabar com o suspense. Boa leitura ;)



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A blusa cinza de Jared já estava chamuscada e cheia de buracos nos lugares onde foi tocado pelas mãos em chamas de Alastor, cujas roupas pareciam estar menos danificadas por serem, em maior parte, de couro. Os dois se moviam rapidamente em uma briga agitada e tão veloz que foi difícil acompanhar. Em algum momento vi Alastor acertar Jared no estômago com um chute e em outro momento acredito ter visto Jared lançar Alastor contra uma árvore. Eu ainda estava caída no chão tentando me por de pé, mas eu ainda estava muito ferida depois da série de chutes que levei, causando a ira de Jared. Demorei quase dois minutos para conseguir respirar novamente e o calor do fogo demoníaco ainda emanava dentro de mim.

Juntei a pouca força que eu ainda tinha para me arrastar até o Land Rover. Os dois se aproximaram de mim, ainda envolvidos na luta sem qualquer pausa para respirar. Era um borrão que me confundia, mas que estava chegando cada vez mais perto. OH LUNA! ELES ESTÃO VINDO PRA CIMA DE MIM! Dei um grito assustado quando os dois tropeçaram em cima de mim, mas mesmo assim não pararam de brigar. Eles rolaram para longe e eu continuei a fazer meu caminho arrastado até o carro, onde eu estaria em segurança até estar forte o bastante para não ser uma inútil completa.

Eles ainda estavam lutando no chão e Jared estava por cima. Reparei que os nós de seus dedos começaram a tomar uma cor alaranjada, depois um vermelho vivo até estar completamente em chamas e então esmurrou a face de Alastor diversas vezes seguidas até formar um ritmo cada vez mais rápido e mais forte.

Finalmente consegui alcançar o carro. Uma vez lá dentro, concentrei-me apenas em respirar e tentei não pensar muito no quanto Jared poderia estar correndo perigo lá fora. O fato de não poder ajudar me enfurecia. A minha dificuldade em respirar era pior do que eu imaginava. A cada vez que eu inspirava uma dor insuportável me torturava na altura das costelas. Tentei relaxar o corpo para ver a gravidade da minha situação e de repente uma mão pousou em mim fazendo-me saltar de susto. Ameacei dar um grito, mesmo sem fôlego, mas o rosto de Jared apareceu na minha frente fazendo sinais para que eu me calasse.

"Shhh..." sibilou para mim na tentativa de me acalmar.

Eu estava arfante e minhas respirações eram incrivelmente doloridas. Meu coração estava acelerado fazendo com que eu precisasse respirar ainda mais. Era uma sensação horrível.

Conforme eu relaxava sob o olhar atento de Jared, ele pôs as mãos em minha barriga, sua mão ainda estava quente, mas não me feria. Não consegui desviar meus olhos dos dele e tampouco ele o fez. Estava escuro ali, mas seus olhos pareciam se acender de maneira que me prendiam e estranhamente me acalmavam. Lentamente senti suas mãos deslizarem por baixo da minha blusa, roçando minha pele com uma leveza incrível até chegarem às minhas costelas. Fiz uma careta quando ele me tocou ali, mas ele sibilou para mim de novo, mantendo-me em silêncio.

De repente senti meu corpo gelar, mas não tanto quanto eu me lembrava das outras vezes em que ele fez isso. Sua expressão continuava impassível, mas alguns músculos de seu rosto saltaram e ele engoliu em seco, parecia estar se esforçando muito para fazer aquilo. Seus olhos se desviaram dos meus, mas agora eu já estava calma e quieta. Exasperadamente soltou o ar pela boca e pegou meu braço queimado segurando-me pelo pulso e o gesto repentino me fez grunhir.

Em algum lugar atrás de Jared vi algo se mover ao longe por entre as árvores, mas estava muito escuro e não consegui enxergar. Voltei minha atenção para Jared, que se afastou de mim. Minha cabeça doía e martelava em minhas têmporas. Ele não havia me curado totalmente. Olhei para ele, mas ele não estava prestando atenção em mim. Ignorando-me, passou por mim rudemente, entrando no carro à procura de alguma coisa. Consegui me levantar um pouco e o observei. Abri a boca para perguntar o que ele estava fazendo, mas antes que eu pudesse dizer qualquer palavra, uma mão me agarrou por trás, puxando-me, enquanto outra cobriu minha boca tornando meus protestos em baixos gemidos. Tentei me mover, mas não consegui. Eu não confiava em minha própria força. Algo brilhou ao lado do meu rosto e olhei de canto, era uma adaga.

"Se você der mais um passo, eu faço dela uma fogueira." Ouvi a voz rouca de Alastor falar em meu ouvido, para Jared. Ao ouvir aquela voz, o desespero tomou conta de mim instantaneamente.

Fui arrastada para fora do carro e lentamente Jared nos seguiu. A dança começou novamente. Alastor me segurava com firmeza em seus braços e só o que eu via diante de mim era Jared. Ele tinha uma expressão fria, assumiu uma postura encolhida, como uma fera prestes a atacar.

"Solte-a." rosnou ele dando um passo à frente. No mesmo instante uma criatura negra feito sombra surgiu de algum lugar por trás das árvores e foi direto para o pescoço de Jared. Eu gritei tão alto quanto meus pulmões podiam suportar, fazendo minha garganta arder.

Outros surgiram logo após aquele. Muitos outros. Eram como as coisas que nos atacaram no parque, quando Emma nos salvou. O pavor subiu pelo meu corpo outra vez. Dessa vez não tínhamos mais a Emma para nos ajudar. As criaturas eram escuras, viscosas, tortas e com leves indícios de dentes incrivelmente afiados. Alastor aproveitou a oportunidade para me levar com ele, mas dessa vez eu resisti. Protestei, esperneei e me mexi o máximo que eu podia para atrapalhar a fuga de Alastor. Lutei para me soltar fazendo muito mais esforço do que eu devia. Jared havia me curado o suficiente, mas não por completo, o que significava que minhas costelas ainda doíam. Mesmo assim eu me recusava a me deixar levar assim. Jared precisava de mim.

"Calma, bruxinha. Se continuar assim eu vou ser obrigado a desobedecer às ordens e te matar aqui mesmo. E nós não queremos isso, não é? Os Umbrestos não vão ficar nada felizes comigo. Desobediência é uma coisa muito feia."

Umbrestos? Mas de que merda ele estava falando?

Continuei a relutar, tentando me soltar e Alastor me segurava ainda mais firme. Decidi relaxar outra vez. Fechei os olhos, respirei fundo enquanto nos afastávamos um pouco mais. Quando abri os olhos, Jared ainda estava sob ataque e não parecia estar vencendo. Fiquei furiosa. Senti algo no fundo da barriga, um formigamento nas pontas dos dedos, uma ardência discreta por trás dos olhos. Olhei para cima, para o céu e encarei a lua, meio escondida atrás de uma nuvem negra que se desfazia lentamente. Mentalmente, pedi ajuda à Luna, sem saber ao certo por que.

Eu não queria ser levada para o inferno. Não fazia ideia se isso era literal ou era só um jeito de dizer, mas de uma forma ou de outra fiquei apavorada e não queria ir. Os pensamentos se misturaram, a visão de Jared sendo atacado provocou ainda mais as sensações, ficando tudo cada vez mais forte, mais intenso. Era uma sensação boa e crescente dentro de mim. Quando me dei conta, ouvi Alastor gritar e uma pressão que eu não sabia de onde vinha o lançou para um lado e me lançou para outro, fazendo-me colidir com o carro. Foi como uma bomba, uma explosão. Apoiei-me contra a lataria do carro e meus olhos viram um clarão silencioso e aos poucos um som tão alto que rebombou em meu peito e tremeu o chão sob meus pés. Ouvi os ganidos e gritos agudos das criaturas conforme elas agonizavam e eram lançadas pelos ares por uma grande força.

Jared estava de pé novamente. Estava um pouco tonto e cambaleou até o carro. Sua pele estava manchada de sangue, marcada por enormes e horrendas mordidas que se curavam rapidamente. Gritei quando senti algo tocar minha perna. Dentes afiados foram enterrados em meu tornozelo enquanto as garras rasgavam meu jeans e minha carne. Comecei a debater minha perna para fazê-lo soltar, mas a coisa não me soltava. Tentei chutá-lo com minha outra perna. Argh! Que agonia! Continuei chutando e esmurrando-o contra a lataria do carro até que a criatura apagasse.

Do outro lado Alastor se levantava dando uma fraca risada e começou a bater palmas. Jared persistia em sua luta contra as criaturas e Alastor continuava a vir na minha direção. Olhei em volta, procurando por algo que eu pudesse usar contra ele. Eu não era forte o bastante para lutar contra o fogo. Porém, agora eu me sentia diferente. Aquela sensação que me inundou ainda estava ali e fazia eu me sentir revigorada, forte e imbatível, mas ainda assim eu conhecia minhas fraquezas e alguma coisa me dizia que eu estava perto do perigo. Desta vez o calor não vinha de Alastor, mas de Jared. Eu não sabia se eu devia me sentir aliviada. Eu não achava que Jared fosse me causar algum mal, mas eu já fui queimada pelas suas mãos antes. Isso é uma coisa que não dava pra esquecer simplesmente.

Por fim avistei uma adaga e corri até ela quando Alastor gritou alguma coisa que não compreendi e uma das criaturas veio até mim. Larga de mim! Sai, merda! Irritada, acertei a criatura com um soco e logo vi a coisa urrando e voando para longe de mim. Mas o que aconteceu aqui? Peguei a adaga na mesma hora que senti a sensação ruim provocada pela presença de Alastor. Deixei que ele se aproximasse mais para cortá-lo no queixo, de baixo para cima e o empurrei para longe acertando-lhe o peito com meu pé que não tinha sido roído por aquela praga de demônio.

Alastor tombou e rapidamente se levantou rugindo de raiva e correu até mim. Veio com o punho em chamas, alertando meus sentidos. Desviei rapidamente com meu antebraço batendo contra o seu para afastar seu punho de mim. Eu estava sentindo um conflito de sensações dentro de mim. Havia a força que me movia de um jeito implacável e também a fraqueza provocada pelo perigo das chamas infernais. Finquei minha adaga em seu pescoço e a lâmina brilhou. Alastor gritou e chutou-me para longe e segurei firmemente o cabo da adaga tirando-a de seu pescoço, ensanguentada, pronta para atacar outra vez. Seus dois punhos estavam flamejantes e meu coração acelerou.

Os olhos de Alastor brilhavam, como o fogo que subia pelos seus braços, acendendo o couro de seu sobre tudo com labaredas intensas. Suas mãos avançaram na direção do meu pescoço, mas uma dor aguda surgiu no topo das minhas costas e eu fui lançada contra o chão. Minhas costas latejavam, ardiam e eu grunhia. Quando olhei para cima, com o cabelo jogado contra o rosto, me atrapalhando, vi que havia sido Jared. Ele voltou a lutar com Alastor e à minha frente, os demônios se recuperavam pouco a pouco e já recomeçavam seu caminho até mim. Eu estava cercada. Lentamente me coloquei de pé e quando fiz isso, um dos demônios pulou em cima mim.

Cravei a adaga no que deduzi ser a barriga da coisa, ainda no ar, rasgando-o ali. A criatura gritou e caiu. Outro se aproximou e o chutei. Perfurei um terceiro e um quarto que vieram pela minha lateral. A adaga piscava cada vez que tocava o corpo disforme das criaturas. Eles surgiam feito insetos, pareciam se multiplicar a cada vez que eu acabava com um. Mas deve ter sido impressão minha, já que eram todos iguais. Eu estava veloz e os acertava um a um. Olhei nervosamente em volta, à procura de Jared que trocava socos e chamas rápidas com Alastor. Eu assistia aquilo com uma raiva inquietante. Eu queria interferir na luta e matar aquele maldito com as minhas próprias mãos, mas a medida que eu me aproximava, meu corpo avisava que eu não devia chegar mais perto ou eu acabaria me queimando.

Alastor abriu o capô do carro enquanto Jared mancava para longe, para poder se curar e voltar à luta. O demônio pegou um ferro de quase um metro de comprimento e o partiu em dois com incrível facilidade. Correu na direção de Jared, que parecia melhor e não mancava mais. Mas havia algo de errado, eu podia sentir. Num momento de distração, Jared foi derrubado. Alastor o acertou com uma metade do ferro no rosto e o outro do estômago. Jared estava no chão e Alastor avançava impiedosamente. Eu não sabia que conseguiria aguentar ver aquilo. Quando Alastor o atacou novamente, Jared rolou para o lado e acertou um chute na perna de Alastor que poderia ter quebrado seu joelho. O golpe o acertou em cheio, mas não o feriu. Serviu apenas para deixa-lo com mais raiva.

Jared era forte e bom de briga, mas Alastor parecia ser o dobro e duplamente mais preparado para aquele tipo de coisa. Fiquei muito surpresa ao ver Jared apanhando. Percebi o quanto eu era fraca. A mão de Alastor esquentou novamente, ficando avermelhada e aos poucos a barra de ferro foi adquirindo a mesma coloração. Lançou-se sobre Jared e fincou as barras de ferro em ambos os ombros de Jared, prendendo-o no solo e fazendo seu rosto se contorcer em um berro de dor. Meu coração se contraiu e o ar deixou meus pulmões. Desgraçado!

"Agora eu vou te mandar para o inferno, Tomás." Disse Alastor sorrindo para Jared que soltava sua respiração entre os dentes trincados em uma careta agonizante.

"Não antes de você..." rosnei para ele e enfiei a adaga em suas costas, alcançando seu coração. Murmurei o Omnia e girei a adaga. Quando ele gritou, puxei a adaga e decepei sua cabeça silenciando-o de uma vez por todas.

Respirei arfante encarando aquela cena horrenda. Minhas mãos tremeram quando a cabeça de Alastor caiu no chão. Chutei-a para longe, nervosa e aflita. Ouvi o gemido de Jared e deixei que a adaga caísse de minhas mãos e fui correndo para ajuda-lo. O corpo degolado de Alastor estava sobre o de Jared e o sangue jorrava sobre ele. Afastei o corpo rapidamente e hesitei antes de pegar as barras de ferro. Quando toquei-as, Jared gritou, piorando a situação. Mas ele não podia ficar ali daquele jeito e para isso, eu teria que retirá-las bem rápido. Contei até três mentalmente e puxei as barras de uma só vez. Jared berrou e se mexeu em agonia.

Ele respirava e o sangue jorrava das aberturas em seus ombros. Seu peito subia e descia enquanto ele sofria, mas ele já estava se curando. Eu estava esgotada. Caí em meus joelhos e enterrei o rosto em minhas mãos, agachada ao lado de Jared.

"Kate..." ouvi-o sussurrar meu nome e abri os olhos. Quando o fiz, nossos olhos se encontraram. Jared ficou em silêncio e seus olhos verdes e sofridos se arregalaram. Estavam vidrados nos meus. "Kate, eu..." grunhiu de dor.

"Sh-Shh..." sibilei passando os dedos em sua testa, afastando o cabelo de seus olhos. Achei que ele fosse rejeitar o meu toque, mas não. Ele simplesmente me encarava. "Acabou."

Seus lábios se moveram em silêncio, mas ele as fechou novamente, engolindo em seco e absorvendo as palavras não pronunciadas. Olhei novamente para seus ombros e já estavam totalmente curados, embora bastante sujos de sangue. Ele se sentou e começou a mover os ombros fazendo caretas que me deram vontade de rir.

"Está melhor?" perguntei.

Ele me olhou nos olhos novamente. Franziu o cenho para mim e pegou a adaga do chão pondo a lâmina na frente dos meus olhos. Tentei entender o que ele queria que eu visse. Era uma adaga enfeitiçada. Tia Jenna a deu pra mim. Olhei novamente e achei que meu coração fosse parar. Encarei meu reflexo em silêncio enquanto a imagem fixava em minha mente. Meus olhos estavam como os de Jenna naquele dia. Eles se moviam como chamas arroxeadas e reluziam no reflexo prateado da lâmina. Estavam cintilando como uma pedra preciosa bem polida.

Isso só podia significar uma coisa: eu havia mesmo usado meu poder. E sem a joia! Arfei com a compreensão. Jared abaixou a adaga por fim e a cravou no chão. Estiquei a mão para pegá-la novamente e ao fazer isso, minha mão tocou a dele fazendo os pelos dos meus braços e da minha nuca se eriçarem como uma onda de energia. Meu coração acelerou e senti meus lábios ressecarem. Há tempos ele não me causava essa reação. Jared me observava com atenção, seus lábios estavam ligeiramente abertos. Será que ele havia sentido aquilo também? Eu duvidava muito. Mesmo assim, senti uma súbita coragem me envolver.

Numa onda de impulso, pulei para cima de Jared e o envolvi em um abraço apertado. Agarrei seu pescoço e enterrei meu nariz na curva do pescoço com os ombros. Meus dedos encontraram a trilha familiar de seus cabelos e o abracei um pouco mais forte. Seu corpo ficou tenso sob o meu e ele parecia cauteloso ao respirar. Eu senti seu cheiro de terra, sangue e calor. Eu não estava apenas com saudade de ter seu corpo no meu, mas estava também agradecida pelo que ele fez por mim. Estava agradecida por ele ter sobrevivido.

"Katherine, me solta." Murmurou rouco. Não pude evitar o riso. Ali estava ele, querendo me empurrar para longe outra vez. Mas eu não quis soltá-lo. Aquele idiota teria que ceder. "Que merda, Kate. Me solta!" gritou.

De forma bruta, alcançou meus pulsos e desenrolou meus braços de seu pescoço, afastando-me. Ele se pôs de pé, bufou e caminhou para longe, dando as costas para mim. Senti as lágrimas vindo, mas logo a sensação de choro passou. Eu simplesmente não conseguia mais chorar por ele. Por qualquer coisa, menos por ele! Aquele imbecil sem uma porra de melanina e de cabelo grisalho não ia me ferir emocionalmente nunca mais!

"POR QUE VOCÊ TEM QUE SER TÃO BABACA? MAS QUE PORRA, JARED!" Gritei sentindo minha garganta arder. Ele olhou por cima do ombro arqueando as sobrancelhas pra mim, surpreso pelo meu ataque. "Jared, pare com isso!"

Ele balançou a cabeça e caminhou novamente.

"Não se atreva a dar as costas para mim!" berrei e ele parou de andar virando-se para mim fazendo um gesto impaciente. "Não é possível que você seja tão insensível assim. Ninguém é assim! Nem mesmo você, e eu sei disso!"

Ele começou a caminhar na minha direção com o corpo rígido, a expressão séria.

"Pois eu sou!" gritou de volta. "E se você me abraçar de novo, eu vou levar você para o inferno pessoalmente até você queimar até o último fio de cabelo." Seu tom de voz frio e intenso me pegou desprevenida.

Rosnei para ele e dei um soco em seu peito.

"Então era verdade? Você ia me queimar até morrer, seu demônio desgraçado?" gritei.

"Não encosta em mim, Katherine! Não encosta em mim!" ele gritou de volta. Estávamos sozinhos e aos berros.

"Ah, coitadinho do Jared!" eu disse em deboche fazendo uma cara de donzela indefeza. "Oh, não! Um abraço! Socorro!"

O rosto dele ficou vermelho de raiva e eu continuei a provoca-lo com gemidos irritantes.

"Eu não ia te matar naquele dia, Kate! Eu não queria te machucar!" ele berrou para mim de forma que sua voz ficasse mais alta que a minha. As veias de seu pescoço saltavam quando ele fazia isso, seu rosto cada vez mais vermelho. "Mas se você fizer essa merda de novo eu juro pela minha existência que eu vou!"

"Então vem!" gritei. "Vem logo! Acaba comigo de uma vez!"

Ele chegou mais perto e mais perto e levantou a mão espalmada como que para me acertar um tapa no rosto. Meu primeiro instinto foi recuar, mas mantive-me firme. Se ele queria fazer isso, eu queria vê-lo tentar. Ergui o queixo e esperei. Ele respirava fundo e pausadamente. Levantou a mão mais uma vez em uma ameaça muda e então veio. Com tudo. Sua boca atacou a minha com voracidade e senti sua língua desesperada formar um nó na minha.

Agarrei seu cabelo com uma mão e minhas unhas cravaram em seu braço. Ele gemeu em minha boca e eu o puxei mais para perto de mim. Suas mãos começaram a vagar pelo meu corpo, ele apertou minha cintura, puxando-me para ele também e depois desceu as mãos para minha bunda e apertou ali. Dessa vez, eu gemi. Senti meu corpo perder as forças sob o seu e eu achei que fosse cair, mas ele me segurava de jeito firme e estável. Mordi sua boca com força e o senti tremer. Agarrou-me ainda mais firme, como se fosse possível e fomos cambaleando, tropeçando em nossas pernas, até que minhas costas bateram na lataria do carro.

Pressionou seu quadril em mim e eu o senti. Um gemido nasceu no fundo da minha garganta, mas não me atrevi a separar nossas bocas e desentrelaçar nossas línguas. Desaceleramos e o beijo se aprofundou. Ele me segurou pelos cabelos da nuca enquanto meus dedos exploravam seu corpo por baixo da camisa ensanguentada e minhas unhas traçaram linhas em arranhões em sua pele do peito e barriga. O beijo ficou rápido outra vez e eu não conseguia respirar. Mas eu não queria parar. Quando ele tentou parar, prendi minhas mãos em seu pescoço mantendo sua cabeça ali, sua boca sempre na minha. Tomei um impulso e enrolei minhas pernas ao redor de sua cintura e ele me segurou por baixo, tomando liberdades. Eu ri ao senti seus toques e só então eu percebi o quanto meus pulmões estavam vazios.

Separei-me dele arfante e Jared estava com o rosto mais vermelho que nunca, respirando tão fundo quanto eu. Eu nunca tinha visto Jared tão ofegante. Inclinei-me para beijá-lo outra vez, mas ele me impediu. Pegou-me brutamente pelo pescoço e me prendeu ao carro. Ele aproximou o rosto do meu, colou sua testa na minha e passamos alguns segundos apenas suspirando, compartilhando o ar que vagava na pequena distância entre nossos lábios.

"Não quero transar no carro de novo." Ele disse e sorriu. Sorri também. "Eu fico muito limitado e quero explorar outros terrenos com você."

"Tudo bem." Comentei sem fôlego e assenti.

"Vamos pra casa." Ele disse. Assenti outra vez e descruzei minhas pernas de seu corpo, deslizando para baixo. Ele riu baixinho e murmurou um ‘caralho’ entre os dentes e se afastou, correndo para o outro lado do carro.

Entramos no veículo, mas fiquei no banco de trás onde eu podia ficar deitada e não corria o risco de distraí-lo enquanto dirigia. Aproveitei o tempo em silêncio para pensar. O que estava acontecendo comigo, afinal? Oh, Luna. Aquele com certeza havia sido o melhor beijo da minha vida! Jared corria com o carro pela avenida, desviando do tráfego constante, como se os outros carros fossem um interminável obstáculo. Estacionou em frente à casa da minha mãe, onde costumávamos ficar. Onde ele quase me queimou. Sorri. Esse pensamento me parecia tão distante agora. Como se não tivesse acontecido. Ele disse que não queria ter feito isso. Ele confessou isso pra mim.

Saímos do carro e caminhamos lado a lado e trocamos alguns olhares cúmplices, mas não nos tocamos. Jared parou de andar de repente e estreitou os olhos.

"Jared." Sussurrei. Ele me olhou e pôs um dedo sobre os lábios. Dessa vez, apenas fiz mímica com os lábios: "O que está acontecendo?"

Ele atentou os ouvidos por um momento e depois voltou a andar. Quando percebeu que eu não o acompanhei, vez um gesto de cabeça para que eu o seguisse para dentro. Afora isso, tudo parecia normal para mim. Ele começou a tatear as próprias coxas, provavelmente procurando por seu telefone.

"Preciso avisar a Isaac que Alastor está morto." Disse ele. "Por que você não entra, toma um banho e me espera no chuveiro?" sugeriu ele sorrindo e deu uma piscadela.

Ergui as sobrancelhas para ele e um sorriso cresceu no canto dos meus lábios.

"Tudo bem." Aceitei. Encaramo-nos por uns dois segundos e fiz meu caminho para dentro de casa. Peguei a chave no esconderijo, abri a porta passando a língua nos lábios. Eu ainda conseguia sentir o gosto dele ali.

Suspirei. Aquilo era tudo o que eu precisava naquela noite. Um sexo bem gostoso com Jared e passar a noite toda com ele. Meu único medo era que ele estragasse tudo. Ele tinha um dom para estragar as coisas. Tirei meus sapatos, acendi as luzes e entrei sorrindo. Quando olhei para frente dei de cara com um par de olhos verdes que fizeram meu queixo cair. Puta que pariu. Eu não conseguia pensar em outras palavras. A pele pálida, a curvatura do queixo, os olhos vibrantes, o sorriso de canto. Ele era a cara de Jared! Se não fosse pelo cabelo escuro, eu juro que teria... Ai, merda...

"Você tem um sorriso lindo." Ouvi-o dizer em um sotaque britânico e sorriu abertamente para mim. Não. Ele não era nada como Jared. Seus olhos tinham uma suavidade gentil.

"Quem é você?" perguntei em uma espécie de murmúrio e me apoiei à parede para manter o equilíbrio.

"Alguns me chamam de Tomás, mas..." antes que ele concluísse ouvi o estrondo da porta se abrindo. Jared entrou e seu olhar vagou de mim para o estranho em uma expressão de fúria gélida.

Meu olhar também seguiu de um para o outro. Cacete. Eles eram muito parecidos! Não idênticos, mas era difícil dizer as diferenças com exceção da cor do cabelo. Eles eram gêmeos. Ai caralho.

"O que faz aqui?" perguntou Jared com desgosto e se aproximou.

"Vim conheceu meu... hm... Tomás." Respondeu o outro, sorrindo e encolhendo os ombros.

"Saia daqui por bem, se não quiser sair sem vida." Jared rosnou para ele.

"Jared..." eu o chamei e ele me olhou.

"Kate." Ele me encarou como se quisesse me dizer alguma coisa. Seus olhos desceram para minha cintura, onde estava minha adaga enfeitiçada.

Automaticamente minha mão desceu para a adaga e eu a desembainhei murmurando o Omnia. Aquela sensação tomou conta de mim outra vez.

"Vai!" Jared gritou para mim e eu avancei em seu irmão gêmeo sem saber ao certo por que.

O irmão segurou meu braço e o torcei para trás. Eu esperava sentir dor, mas não senti nada além de um desconforto. Ele me segurava firme, mas não forte. Ele simplesmente me mantinha imobilizada, mas sem me machucar. Ele me manteve ali e olhou para Jared enquanto eu tentava inutilmente sair de seus braços.

"É assim que você me recebe?" perguntou e então me encarou. Suas mãos deslizaram gentilmente do meu ombro até minha mão e ali ele plantou um beijo. "Como eu ia dizendo," disse voltando-se para mim "Alguns me chamam de Tomás, mas eu prefiro que me chame de Owen."

Sorriu.


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Notas finais do capítulo

EEEEEEI! O QUE ACHARAM??? Então, gente. É aqui que eu declaro: AGORA A P**** começa a ficar séria. ;99 Comentem tudo! Quero reviews para compartilharmos esse momento. E mais: Quem aí viu as fanarts? Não viram? Confiram as fanarts lindas que fizeram para nós no twitter (@beijared) e no tumblr (shipkatered.tumblr.com). Se quiserem mandar fanarts para nós, podem mandar. Tenho um pedido especial da Musa para vocês: O que acham de fazer plaquinhas com uma mensagem bem gostosa sobre Híbrido e mandar pra gente? Queremos fazer uma edição especial e receber o carinho de todos vocês, leitores. É isso aí, gente. Aguardem o próximo capítulo. Beijared ~Monique