Colégio Interno escrita por Híbrida


Capítulo 56
Vadia pior, gastrite e stalkers


Notas iniciais do capítulo

Eu vou pedir pra vocês não me matarem, mas eu sei que é difícil
Gente, eu tô no meu último semestre de curso técnico, e tá corrido por causa da copa
Tentem me entender, vão! Não me matem D:
Se ainda tiverem leitoras, eu ficarei muito feliz. Comentem para que eu saiba que não desistiram de mim



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— Você disse... Grávida? – disse, tentando processar a informação.

Gabriel assentiu levemente mais calmo e eu ri ironicamente. Incrível como esses mauricinhos metidos á besta achavam que eram superiores e que tinham as respostas pra tudo e queriam controlar os passos de todos os outros moradores do campus. Suspirei, fitando meu pé.

— Ok, quinze dias? Eu posso quebrar mais alguma coisa e me esconder por mais uns três meses – disse, envolta em pensamentos – Eles querem achar que eu estou grávida? Vou dar motivos pra que achem.

Gabriel me fitou assustado, e realmente devia estar. Aqueles malditos europeus iam ver com quem estavam lidando.

Três meses depois

Eu havia conseguido quebrar meu pulso e braço e ficar mais três meses trancada no quarto. Há tempos não via a luz do sol e a garota brasileira mais branca que a maioria dos europeus locais agora estava praticamente transparente. Naquela manhã, levantei-me cedo e me arrumei. Já estava melhor de todos os meus ‘acidentes’ e estava pronta para voltar pras aulas.

Alguns suspeitavam que eu havia sido expulsa por transar no campus, outros que algo havia acontecido com meu bebê. O melhor boato fora o de que Gabriel havia me traído e eu estava depressiva, trancada no quarto sem querer sair nem mesmo pra ir embora da escola.

Ah, eles iam ver quem estava deprimida.

— Bom dia – disse Lisa, que era declaradamente uma vadia maior do que a pobre Natalie. Ao contrário dela, não havia um motivo aparente pra que a garota nos odiasse.

— Bom dia – respondi, antes de me trancar no banheiro, onde passaria os próximos 20 minutos na minha transformação de garota que não sai do quarto há meses em vadia mor.

Ao sair do quarto, senti os olhares sobre mim. Gabriel havia dormido em seu quarto e já me esperava na sala, então, estava sozinha. Ouvi sussurros entre amigas e alguns dedos apontavam pra mim. Por dentro, eu gargalhava. Por fora, mantinha a pose e feição blasée.

Quando cheguei à sala, sorri pra Gabes, mandando-lhe um beijinho. O professor jazia sentado à sua mesa. Era aula de Francês, e eu havia entregue todos os trabalhos e obtido notas maiores que a maioria dos alunos que frequentavam as aulas.

Bonjour, M. Garner ­– sussurrei – Desculpe o atraso. O senhor já está ciente dos meus... Problemas?o

Deslizei a mão sobre a barriga e alguns dos alunos mexeram as bocas, formando Os. Segurei a risada e o professor assentiu, pedindo para que não me preocupasse com isso. É provável que nem tenha percebido o que eu havia feito com a mão ali. Era um senhorzinho muito velho que substituíra uma professora muito boa. Mas eu o adorava. Era como ter aula com o papai noel.

A aula se iniciou e me sentei ao lado de Gabriel. Ele riu baixinho e segurou minha mão.

— O que diabos você está fazendo?! – me perguntei.

— Quero que achem que eu abortei o bebê – sussurrei – Esses filhinhos de papai mimadinhos querem uma polêmica? Terão.

— Quem vê, pensa que minha pequena não é uma filhinha de papai.

Mostrei-lhe o dedo do meio e continuei concentrada na aula. Quando fomos dispensados para o almoço, passei muito tempo no banheiro coletivo, sentada e simulando vômitos. Tudo parte do plano, coisa que depois entenderão.

Minha missão inicial, depois de fingir que botei os bofes pra fora, era descobrir quem havia divulgado tantos boatos. E Bernardo, meu pequeno stalker, me ajudaria nisso.

Casiraghi, A. F diz: Preciso de você.

B. diz: Sei disso. Precisa de mim como precisa de ar pra respirar. HAHAHA

* Tá, diz que que foi.

* Pera, ainda tô em aula, princesa. Já já subo pro seu quarto, ok?

Casiraghi, A. F diz: Oki, obrigada, meu anjo.

Subi para o quarto com uma salada e um copo de suco. Depois de ter atacado minha gastrite devido a quantidade de salgadinhos e café que eu ingeria, minha mãe havia ligado para a escola e pedido para que não me vendessem mais café. Retiraram minha maravilhosa máquina de café e agora eu estava praticamente em abstinência. Era terrível, mas eu era obrigada a sobreviver. Espetei a folha de alface com o garfo, brincando com ele entre o tempero (muito sal e vinagre, para que aquilo ficasse no mínimo tragável e eu pudesse me alimentar decentemente) e o enfiei na boca. Liguei a TV e coloquei num desenho qualquer (minto. Era O fantástico mundo de Gumball, meu desenho favorito desde que chegara à Suiça) e esperei que meu amorzinho, Bernardo, chegasse.

A porta do elevador se escancarou e revelou Gabriel, subindo com seu monte de tranqueiras, as quais eu não poderia nem chegar perto. Meu namorado não respeitava minha rígida dieta e sempre vinha almoçar comigo, trazendo todas as besteiras que ao menos ele ainda podia ingerir.

— Me desculpe por isso, pequena – disse, prendendo o riso.

— Vá se foder.

Ele riu e beijou minha bochecha, fazendo-me limpá-la e resmungar alguns palavrões. Bernardo entrou no quarto e se sentou ao meu lado, beijando demoradamente minha testa.

— Vamos lá – disse, ajeitando-se e batendo as mãos nos joelhos, parecendo, como sempre, uma criança hiperativa – Qual é a missão de hoje?

— Hoje não preciso do meu melhor amigo, mas do garoto stalker que consegue descobrir qualquer coisa.

— Eu... Atrapalho? – disse Gabriel, com a boca cheia de seu raclette, um prato típico e delicioso suíço, que consistia basicamente em queijo derretido e batatas cozidas com casca.

— Na verdade, meu anjo, é com um grande pesar que digo que sim – disse, rindo – Eu e Bernardo temos uma missão pela frente.

— Bernardo, Bernardo, sempre Bernardo, nunca seu amor – resmungava, enquanto saía do quarto – Quando seu melhor amigo acabar, me chame.

— Sabe de quem eu tô gostando, então não fode – disse, por fim, Bernardo.

Não sabia quando meu namorado e melhor amigo começaram a trocar segredos, mas de certa forma, apesar do ciúme que sentia de ambos, aquilo me deixava feliz.

E mais tranquila, já que enquanto dividiam segredos e confissões, os dois não se matariam.

Gabriel saiu do quarto, derrotado, e eu e Bernardo nos entreolhamos. Aquele olhar cúmplice que só ele e eu entendíamos. Era como aquele sorrisinho de canto de boca, ou a piscadela rápida. Eram nossos códigos. Coisas que passariam batido para qualquer outra pessoa. Era apenas um encontro de olhares, afinal. Mas no fundo, aquilo tinha tanto significado quanto mil palavras ditas.

E foram ditas. Com os olhos.

— Ok – disse, estralando os dedos e pegando o celular – Temos muito a fazer e pouco tempo. Tenho que ir fazer meu trabalho de Álgebra logo, logo.

— Você nem sabe Álgebra – disse, rolando os olhos

— Com isso quis dizer: você tem que fazer meu trabalho de Álgebra. Meu couro pelo seu, pequenina. Sempre foi assim. Nossa relação de mutualismo prevalece a tudo. Ao tempo, a relacionamentos, ao oceano de distância que existe entre nós e nossa casa.

Naquilo ele tinha razão: independente do que acontecesse, era eu por ele e ele por mim. Ao infinito e além.


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