POV Vic.

Não, não, não, eu gritava em silêncio não podia acreditar no que havia acontecidos, momentos de paz cederam lugar a uma tempestade, caminhava de um lado para o outro dentro da pequena sala de espera do hospital, Enzo entrava me acalmar em vão, tudo o que eu queria era ter a certeza de que Sarah ficaria bem, e também queria poder socar aquele que um dia chamei de pai, após muito insistir aceitamos deixar Sophi com Greace, já fazia horas que ela estava em uma sala de cirurgia, pelo que entendi a batida forte lhe causou um coágulo no cérebro, ou algo do tipo, sinceramente tudo o que não estava fazendo era prestar atenção nas coisas, logo que o medico se aproximou Enzo me abraçou me obrigando a ficar quieta.

- então Doutor como ela esta? - Enzo perguntou tentando se demonstrar calmo, encarei o médico que exitou em falar.

- não me diga que...

- eu sinto muito fizemos tudo o que podíamos, mas ela não resistiu. - senti suas palavras me atingirem como facas sendo fincadas em meu peito, me neguei a aceitar o que ele esta me dizendo.

Desliguei me de tudo o que ele dizia e me sentei na cadeira mais próxima, não consegui digerir as palavras, apenas queria poder chorar, como se as lágrimas fossem aliviar minha dor, Enzo conversou com o medico me obrigando a voltar pra casa e ficar com Greace e Shophi enquanto ele resolveria todo o que precisava, me deixei ser dominada pelo sono assim que tomei um banho e Greace me pediu para descansar.

....

Lagrimas e mais lágrimas teimaram invadir meu rosto e a dor meu coração, esqueci como se respirava por um momento, engasgando com meu próprio choro, não podia acreditar, não queria, não era certo o que ouve ela não passava de uma menina, uma jovem, boba e sonhadora menina, vivendo em torno de seus sonhos, tentando assim amenizar a dor de não ter uma vida normal, uma vida em que fosse apenas uma menina de quinze anos, mas, não ela teve sua vida menosprezada e tirada pelo demônio em forma paterna, seus sonhos doces de criança agora eram só lembranças. 

Ver seu corpo em um caixão me serviu como um choque de realidade, um doloroso e cruel choque, acho que até aquele momento não havia realmente acreditado nisso tudo, na verdade não queria acreditar, queria apenas viver a ilusão de ser um pesadelo do qual a qualquer momento eu iria despertar, mas não isso não iria acontecer, pois o pesadelo era real, senti Enzo beijar o topo de minha testa, graças a ele não tive que tomar as decisões dolorosas de seu funeral, alguns poucos amigos se encontravam presentes, assim como Erick que se desfazia em lagrimas junto ao corpo, apoiado pela sua familia, percebi ali que George não tinha destruido apenas uma vida, também havia destruido um amor jovem e puro, daqueles que encontramos apenas uma vez na vida, segui até ele o puxando para um abraço, e choramos juntos por um tempo, a dor da perda me minha irmã e de seu tão jovem amor.

Cada minuto diante de seu corpo sem vida se tornavam uma tortura, uma tortura que não podia evitar, pois não queria ficar longe dela um minuto se quer, não podia deixar de registrar um um único detalhe de sua face, seu nariz delicado, sua boca bem desenhada, Sarah era linda, muito mais linda do que ela mesma imaginava, Sophi se recusava a deixar o colo de Enzo e chorava de maneira compulsivamente nada que tentassemos á acalmava, já se aproximava da hora do almoço, mas eu não sentia fome tão pouco queria sair dali, era triste pensar que seriam as ultimas horas ao lado dela. 

- Vic se  você quiser posso levar a Sophia para almoçar e a trago depois. - Grace se ofereceu e tive força apenas para assentir. - vem comigo vem querida.  - incrivelmente Sophi gostou de Grace e aceitou de bom grado ir com ela.

- Obrigado, Graece. - Enzo agradeceu visivelmente afetado, voltando a me abraçar. - Você nunca vai estar sozinha, vou te segurar até a dor passar. - surrou em meu ouvido, me passando certo conforto.

- obrigada você é a melhor coisa que me aconteceu nos ultimos meses. - sorri sem humor beijando de leve sua bochecha.

Graece retornou quando já estavamos seguindo para o carro, Enzo colocou Sophi no banco de trás, e seguimos para o cemiterio, essa palavra nunca me soou tão doida, o cortejo até o tumulo ao lado de minha mãe foi curto e logo as ultimas palavras foram ditas por um religioso amigo de minha mãe, cada um ali jogou sua rosa e saiu em minutos estavamos apenas, Enzo, eu, Sophi e Erick, que ainda se encontrava muito abalado.

- Obrigada por ter dado á ela pelo menos um pouco de felicidade. - agradeci sincera o fazendo chorar ainda mais.

- você esta brincando, se não fosse por mim nada teria acontecido.. - fiz sinal o interrompendo.

- teria sim, fosse por uma louça suja, uma nota baixa a comida queimada qualquer motivo seria valido para ele agredi-lá e não é de hoje, mas acredite no que lhe digo, se Sarah teve momentos felizes foram graças a você. - beijei de leve sua face saindo acompanhada de Enzo.

Sophi se apressou em pular para o chão e segurar em minha mão e de Enzo, a alguns passos da saida vislumbrei alguém correndo em minha direção, estanquei ao ver quem era, sorri sem humor e meio sem graça para o loiro assustado em minha frente, que antes de tudo me puxou para um abraço apertado, seu cheiro suave trouxeram lembranças, mas também comparações, vi Enzo se afastar com a Sophi e podia imaginar no que aquela cabecinha estaria pensando, encarei novamente a pessoa á minha frente, pessoa que á anos não via ou tinha noticias.

- eu sinto muito. - disse por fim.

- obrigada. - disse passando toda minha tristeza.

- eu voltei, pra ficar. - assenti percebendo que sua presença não me afetava, não mais.

- fico feliz por você. - tentei sorrir sem sucesso.

- podemos conversar? - neguei.

- não agora preciso ir a Sophi me espera e minha cabeça esta a mil. - me despedi com um breve abraço o ouvindo murmurar, um eu vou te achar ao longe..