O domingo é domingo em qualquer lugar do mundo. Mesmo em um lugar como Minerva, era um dia monótono e sem grandes acontecimentos.

Bem, na verdade, muita gente estava descansando da festa da noite anterior e se curando da ressaca. Eu passei a manhã quase toda dormindo, almocei no refeitório com Tyson, Luke e Annabeth (que já tinham feito as pazes, aparentemente) e durante a tarde joguei videogame com a rapaziada no saguão do refeitório.

De noite, fiquei escutando música e apresentando bandas e discos para Grover, Nico, Tyson e Juníper (até cerca de onze horas, eram permitidos garotas e garotos no mesmo quarto). Quando Dionísio expulsou a namorada de Grover de lá, decidi dormir. O dia seguinte, eu sabia, seria bastante movimentado e eu queria estar bastante descansado.

Mas, claro, dormi muito mal. Eu me mexia para um lado, tirava o lençol, ia ao banheiro, mudava a posição do travesseiro... Nada dava certo. Acabei acordando com olheiras discretas. Eu me lembrei da minha mãe dizendo que quando se tinha olheiras era porque a maturidade tinha chegado. Se fosse isso, Nico então era bastante precoce.

A primeira aula do dia era de matemática, com a professora Dodds. Eu recordava vagamente que um dos gêmeos Stoll tinha mencionado que ela era terrível, então estava preparado para o pior.

Ela era velha, mas não uma dessas velhas com rosto bondoso que parece avó e assaria uma torta para te agradar, mas um velha com rosto cheio de asco que parece uma bruxa e te assaria para você parar de encher o saco. Tinha uma voz estridente e parecia odiar os alunos, a profissão, a vida e todo o universo. Mesmo sendo o primeiro dia de aula, ela passou bastante matéria e já deixou dever para a próxima aula. Além disso, apenas Grover de conhecido fazia parte daquela turma junto de mim.

A outra aula da manhã foi de história, com o senhor Brunner. Além dele ser um ótimo professor e ser bastante querido por todos os estudantes, a turma era praticamente formada pelas pessoas que eu conheci na última semana, o que deixava a aula ainda mais divertida. Mesmo com ele passando matéria, eu gostei bastante.

Depois, almocei com a galera no refeitório (e a comida daquele dia foi pizza, para a alegria geral) e fui para as aulas da tarde. Inglês, onde fiquei na mesma turma que Grover, Tyson e Annabeth. O professor apenas explicou como seria o curso e deixou a gente ficar conversando.

Na aula de Espanhol, fiquei junto com Thalia, Nico, Jason e Hazel (uma garota que eu ainda mal tinha trocado algumas palavras). Nico e Thalia me ajudaram a me enturmar com os outros dois. Eles eram legais, embora tenha achado que Jason tinha a tendência a ser um pouco convencido.

Depois, fui junto com Jason e Hazel para a aula de Literatura. Lá, encontramos Annabeth novamente, além de Frank, Leo e Piper. A professora tinha um jeito meio neurótico, do tipo que parece que toma dois litros de café de manhã ou que é viciado em anfetaminas, mas era bastante engraçada e simpática. Também deixou a gente conversando.

A quarta e última aula do dia foi Informática. Annabeth também era dessa turma, além dos meus companheiros de quarto Grover, Nico e Tyson. Além deles, Thalia, Zoë, a carrancuda Clarisse e a enigmática Rachel Elizabeth Dare.

– Ei, Rachel! - cumprimentei. - Se lembra de mim?

– Claro. Percy Jackson, não?

– Isso - sorri.

– Está gostando do primeiro dia de aula?

– Estou. Até agora fizemos pouca coisa, exceto na aula da senhora Dodds.

– Realmente, ela é terrível. Prepare-se para estudar matemática como se não houvesse amanhã.

– Certo.

– Percy, o que você está...? - chamou Grover. Tyson também veio em minha direção. - Ah, oi.

– Rachel, esses daqui são Grover e Tyson. Eles são meus companheiros de dormitório.

– Eu sei quem eles são - ela comentou, com expressão neutra. - São do time de basquete, não são?

– Somos sim. Prazer - acenou Grover.

– Olá, Rachel - disse Tyson, com um imenso e simpático sorriso. Era incrível como alguém tão grande podia ter expressões tão bondosas e simpáticas. Rachel devolveu o sorriso.

– Olá.

O professor finalmente chegou e eu me sentei. Estava um pouco distante de Rachel, então não poderia continuar conversando com ela. Fitei-a e dei um meio sorriso.

– Quem é ela, Percy? É aluna nova também? - perguntou Annabeth.

– Não, ela entrou aqui no ano passado.

– Engraçado, eu nunca vi essa menina antes.

– Bem, é um colégio enorme, com bastante alunos. Acho que isso é bem normal.

Annabeth assentiu em silêncio e se virou para o professor, que começava a explicar o curso. Virei para observar Rachel novamente, mas esta olhava perdidamente pela janela, sonhadora.

Depois da aula, mal pude conversar com o pessoal, pois estava ansioso para ligar para minha mãe e contar sobre as aulas. Nunca tinha ficado tão animado com um colégio em toda minha vida.

– Alô, mãe?

– Percy, meu amor! - ela quase gritara do outro lado da linha. - Como foi o primeiro dia, meu filho?

– Mãe, você não vai acreditar, mas foi muito maneiro.

– Ah, meu filho, a mamãe fica tão feliz que você tenha gostado - ela disse, realmente emocionada.

– A professora de matemática parece ser meio casca-grossa, mas os outros são legais também.

– Você já sabe se terá aula com o Paul?

– Não, não vou ter não - respondi. - Ainda bem, ia ser meio constrangedor ter aula com o padastro.

– É verdade. E já fez muitos amigos?

– Já. Meus companheiros de quarto são ótimos. E vou tentar entrar para o time de basquete.

– Que bom, meu querido.

– E como está sendo ficar sem mim por uma semana?

– Ah, a casa parece tão vazia. Vou sentir falta de você aprontando.

– E eu vou sentir falta de você me dando bronca, mãe.

– Filho, eu te amo, mas preciso ir. Tenho que cobrir um turno na loja.

– Cobrir um turno? Mãe, você tá precisando de, hã, dinheiro.

– Não - ela riu. - Obrigada por se preocupar, Percy, mas não. Na verdade, com a bolsa generosa que o Paul te conseguiu, acho que tenho mais dinheiro do que antes.

– Que ótimo - eu falei, sorrindo.

– Deixa eu ir, filho. Até mais e juízo, hein?

– Claro, mãe. Tchau.

Desliguei. Era tão injusto que minha mãe tivesse um filho problemático como eu... Afinal, ela era a melhor e mais agradável pessoa que conheci. Prometi a mim mesmo que estudaria o máximo possível para me sair bem. Era o mínimo que eu devia fazer.