Enquanto o Sol se Pôr escrita por murilo


Capítulo 8
Doce Como Chocolate


Notas iniciais do capítulo

este capítulo, exatamente este, você que táá com menos de 18 anos, mas taa doido pra ler uma sacanagenzinha, vai ficar doido pra ler ! Eu não aconselho, maas... bem vamos láá, neah! (LÊ ATÉ O FIM)



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            Acordei antes do almoço, apesar de demorar a pegar no sono àquela noite. Desci as escadas, correndo, à procura de minha mãe. Quando a achei, ela se assustou:

            _Menino, o que foi? – Perguntou _Foi mordido pelo bicho da alegria?

            Eu estava realmente fora de mim, não porque beijara Maria, isso pouco contava, mas porque finalmente me acometera a idéia de que existiam alguns poucos que se importavam comigo. Meus amigos. Como eu demorara a entender aquilo.

            _Alguém me procurou? – Perguntei, procurando algo para comer

            _Não! Ninguém... – Ela respondeu

            _Ninguém? – Insisti

            _Nem uma formiga. – Ela respondia sem expressões

            Catei algum pedaço de carne, enquanto ela se distraía com o arroz, e saí correndo sala a fora. Corri até a porta, arrumando o cabelo.

            _Vai sair? – Era meu pai, eu nem tinha o visto sentado no sofá

            Respondi que sim, e fingi não ouvir quando ele perguntou aonde eu iria. Tudo que eu queria era sair de casa, não importava pra onde fosse, me fazia falta a luz do sol. Eu estava decidido, iria ver Maria, Cláudia... e aí então me acertar com Rodrigo, ele haveria de entender... eu ainda queria a amizade dele.

            Segui pelo jardim, e logo à calçada. O dia estava muito ensolarado, fazia calor. Era um domingo, as ruas vazias, como se fosse uma cidade deserta... Eu nunca vira uma alma sequer por ali nos domingos. Andava, rápido, ansioso, em direção à casa de Maria.

            _Marcos! – Era uma voz atrás de mim, gritada

            Me virei, e avistei, Rodrigo vinha rápido em minha direção, trazia uma mochila nas costas. Estava calmo, uma expressão regular, nem tão feliz nem tão triste, conseguiria o encarar daquela forma. Sorri para ele, mesmo meio sem graça. Ele também sorriu.

            _Onde você está indo? – Ele me perguntou, passando a mão pelos cabelos

            _Atrás da Maria... e da Cláudia. – Respondi, voltando a andar

            _Então você... sarou? – Ele riu, divertindo-se

            Eu o olhei, apertando um pouco os olhos.

            _Você sabia que eu não estava doente!

            _Eu sei que não... mas você... sarou mesmo? – A voz saiu mais baixa

            _Eu acho que sim. Estou bem. – E sorri, novamente

            _Então está tudo bem, comigo? Com a gente?

            Hesitei um pouco, analisei qual seria a minha resposta.

            _Por mim sim!

            _Que bom. – E ele sorriu, com todos os dentes

            Então ele tirou a mochila das costas e a abriu, me olhando, misterioso. Achei aquilo divertido, olhei para dentro dela. Ele a escondeu, atrás de si.

            _Para! – E forçou uma cara feia _É surpresa!

            Rodrigo me mandou fechar os olhos, eu fiz, apertando-os forte. Ele prendeu uma gargalhada. E disse, sorridente:

            _Abre.

            Quando eu abri, Rodrigo segurava em uma das mãos algo retangular, um pouco maior que a sua mão. Tinha um embrulho dourado brilhante. Ele me disse, esperando a minha reação:

            _É uma barra de chocolate! Eu me lembrei que você disse que gostava muito de chocolate. Eu já ia na sua casa entregar, mesmo que você não quisesse me atender, eu ia entregar pra sua...

            _Rodrigo! – Eu o impedi, com um sorriso de criança, eu não podia recusar, era chocolate, não se pode recusar chocolate _Obrigado!

            E arranquei minha barra das mãos dele, admirando-a. Rodrigo se divertiu com a minha cara. A alegria não cabia mais em si.

            _Que bom que você gostou! – Ele disse

            Naquela hora já estávamos em frente à casa de Maria, parados.

            _Eu vou retribuir, pode deixar. – Respondi

            Foi quando Cláudia apareceu na janela de cima da casa de Maria, como que não acreditando na cena. Tentei entender, deveria ser porque eu estivesse ali. Mas não era!

            _Eu não acredito que isso é o que eu acho que é! – Ela gritava, como se eu estivesse na janela da minha casa

            _É sim! – Agora era Maria quem estava na janela, ao seu lado _ É chocolate!

            As duas sumiram da janela, deviam estar descendo, o mais rápido que podiam. Lancei um olhar de piedade à Rodrigo, ele riu, lamentando:

            _Ainda dá tempo de você correr.

            Eu ri.

            _Só se você vier comigo! – E já comecei a voltar, pelo caminho que chegara

            Rodrigo veio atrás de mim rindo:

            _Você vai mesmo correr delas? – Ele não acreditava, mas era chocolate, mais valioso que a última garrafa de água do mundo

            Segui pela rua, me divertindo com o que eu estava fazendo. Corria, mas não era dos melhores com isso. Correr, sinceramente não era meu forte. Passei umas quatro casas, até que avistei uma delas, abandonada pelo tempo, velha, mal pintada. O jardim, amarelado, a árvore sem folhas, uma garagem escura, com a porta tombada.

            _Ali! – Ordenei, correndo para a garagem, empurrando um pouco a porta, podia jurar que escutava as vozes histéricas das meninas

            Rodrigo me seguiu, sempre correndo ao meu lado, dando estrondosas gargalhadas. Entramos, o cheiro ali não era dos melhores. Corri para um canto onde a luz não me encontrava, muito menos as meninas, Rodrigo veio também. Eu já não via nada, nem Rodrigo, nem o chocolate, somente a porta, lá na frente, e um pedaço da rua.

            _Eu não acredito que eles correram! – Cláudia gritava, no meio da rua

            _Eles devem ter ido pra casa do Marcos! – Maria alertou, com uma voz cansada

            _Ou pra casa do Rodrigo.

            _Ah não! – Maria mostrou-se indisposta _Lá eu não vou não...

            Rodrigo prendeu o riso do meu lado, só aí eu vi que ele estava bem perto de mim.

            _Rodrigo... – Eu sussurrei

            _Shhh... – Ele pedia silêncio, me calei _Espera elas irem.

            Fiquei calado, sentindo minha respiração, estava realmente pesada. A corrida me cansara. Ouvi um barulho, como que pés se arrastando no chão.

            _É você? – Perguntei, ainda sussurrando

            _Claro, né! – E riu-se mais um pouco, a voz parecia mais próxima

            _Acho que a gente já pode ir. – Eu disse, analisando o pedaço da rua que ainda dava pra ver

            Rodrigo não respondeu. Eu o cacei no escuro, inutilmente. Passei as mãos no vento, acertei algo do meu lado direito, muito perto de mim, quase se encostando.

            _Ai. – Rodrigo prendeu o grito

            Eu me virei pro seu lado, tentando o ver, apertando um pouco mais a vista. De nada valera. Aí senti algo sobre a minha coxa esquerda, algo quente. Não me mexi. Eu sabia o que ele queria. Como eu fora tão... burro. Que idéia a minha, entrar numa garagem escura, com um cara que... me amava?

            Coloquei a mão sobre o que estava sobre a minha coxa, era a sua mão, que tremia, à procura de alguma coisa que talvez não eram as minhas coxas. Minha respiração ainda permanecia forte, e eu tinha certeza que não era da corrida. O que eu não suportava era aquele frio intenso na barriga.

            Rodrigo se aproximou ainda mais de mim, sem falar uma palavra, sua mão correu à minha barriga, com uma força, que me arrepiou a nuca.

            _Rodrigo...- Eu tentei falar, ele iria me escutar, mas era eu quem não queria falar naquela hora, eu não queria que ele parasse

            Eu tremia, tremia muito, não sabia me mexer. Levantei uma das mãos até encontrar o seu rosto, quente, macio, a barba pequena... Era um rosto de homem,eu nunca me imaginaria passando a mão por um. A barra de chocolate caiu da outra mão. Um estalo no chão. Não nos importávamos. Eu estava bêbado nos movimentos daquela mão, que correu até meu sexo, nervosa, sem pudor.

            Eu estava no auge da vontade, nunca vira meu órgão tão vivo e ativo, beijei o seu pescoço, com raiva, eu o queria, mas não podia. Ele não podia me obrigar àquilo. Ele não podia me provocar aquele sentimento. Mas eu o queria, queria muito. Minha bermuda caiu, junto à cueca, Rodrigo me apertava. O beijei, antes que ele me beijasse. Ele me beijava, me mordia, estava fora de si. Tinha um gosto doce, diferente. E eu o mordia também.

            E ocorreu-se ali, o meu maior pesadelo, ou maior sonho.

 

~ / / ~

 

            Eu estava muito suado, quando cheguei à claridade do jardim amarelado, Rodrigo vinha ao meu lado, a barra de chocolate quebrada em suas mãos, me olhava, pelo cantos dos olhos. Eu estava exausto, cansado, mas não arrependido. Ele me puxou por um dos braços, para que eu o olhasse.

            _Marcos. – E me olhou no fundo dos olhos, as sobrancelhas suadas _Eu gosto muito de você.

            Eu ainda devia estar bêbado nos acontecimentos, ou tonto com os movimentos dos nossos corpos, e não podia crer naquilo que estava prestes a falar:

            _Eu também!

            Nem percebi que as meninas vinham pela calçada, com as mãos nas cinturas. Foi Maria quem disse primeiro:

            _Filhos da mãe! – Apontou o dedo pra nós _Eu já não ia procurar vocês mais.

            Eu fiquei sem graça. Mas Rodrigo sorriu para o lado delas.

            _O chocolate é da mãe dele, por isso ele não podia repartir. – Ele disse me passando a barra de chocolate

            Eu confirmei com a cabeça. Cláudia parecia indignada, talvez fosse tão apaixonada por chocolate quanto eu.

            _Eu nem queria. – Maria deu de ombros

            _Eu queria! – Era Cláudia, fazendo cara feia

            Mas Maria veio pro meu lado, esquecendo a barra de chocolate:

            _Nós vamos lá pra casa, ver um filme. – Disse, pegando o meu braço, o sorriso malicioso que eu conhecera há pouco tempo _Não quer vir?

            Olhei pra Rodrigo, analisando sua expressão. Ele me olhou, seus olhos pareciam dizer mais que sua boca. Estava sério, mas só eu via. Pensei bem.

            _Não. Eu não vou, tenho que entregar a barra de chocolate pra minha mãe. – E me soltei de Maria

            As duas estranharam um pouco, mas saíram pela calçada, despedindo. Segui com Rodrigo para o outro lado, minha mão coçando, pedindo a dele.


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Notas finais do capítulo

Reviews! Gostaram? Não? ~ Mas leiam sempre...



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