Enquanto o Sol se Pôr escrita por murilo


Capítulo 7
Sim, eu tenho amigos!


Notas iniciais do capítulo

Sempre fico muito feliz com os reviews, e de acordo com a quantidade e a qualidade deles... as idéias saem melhor! O último capítulo teve maais, por isso, sinto q este aquii... bem, saiu BOM ! Espero que gostem...
Boa Leitura! (LÊ ATÉ O FIM)



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            Já era a quinta vez que minha mãe insistia comigo naquele dia, que eu saísse, que eu andasse um pouco. Logo ela, parecia que ela só queria o que eu não queria. Mas eu não iria sair, nunca. Não estava afim. Cláudia já me procurara três vezes naquele dia. Maria havia desistido nos três primeiros dias daquela semana, em que eu não saí mais. Lá no fundo eu queria que ela viesse atrás de mim. Mas ela não o fazia. Então declarei a sentença, debaixo dos lençóis por todo o resto da vida.

            É difícil lidar com os seres humanos, bichos imprevisíveis, diferentes... todos cheios de sentimento. Eu não estava pronto pra me envolver com alguns, não ainda. Eu não queria mesmo que a minha vida fosse outra, por tudo aquilo que estava acontecendo. Fiquei sem dormir algumas noites, só pensando, calado, no escuro. Não funcionara, era a primeira vez. Não tinha solução... Eu teria mesmo que não me envolver com alguém... Com o diabo que fosse, nem um simples contato.

            _Marcos! Marcos! – A voz vinha de fora da minha janela, minha mãe, que estava sentada à beira da cama foi olhar quem era e sorriu para o meu lado

            _Agora não tem jeito, eles vão te arrancar daqui! – Me disse, indo à porta

            _Quem é? – Perguntei puxando um pouco mais o lençol

            _Agora são dois. – E sorriu, sumindo pela porta

            Sentei na cama, dois? Não seriam duas? Me coloquei de pé, não fazia aquilo há tempos... Caminhei à janela, o sol forte me forçava a vista. Lá embaixo dois rostos me encaravam, ansiosos. Era Cláudia, e Rodrigo.  Mas... juntos?

            _Não vai descer? – Foi Cláudia quem gritou

            _Não! – Gritei de volta

            _Então a gente sobe! – Não era uma pergunta, era uma ordem, Cláudia se mostrava disposta àquela hora

            Eu não tive reação, só me virei, encarando o espelho. Estava um defunto, cheio de olheiras, despenteado, sem graça... sem vida.

            Eles chegaram logo ao meu quarto, primeiro Cláudia, depois Rodrigo, calado, pensativo, sem sorrisos. Não me olhava nos olhos, eu nem procurava os dele.

            _Acabou. – Ela me disse, se jogando à cama, confundindo-a com o sofá de Maria _ O Rodrigo me contou tudo...

            Eu congelei. Eu ia gritar, mas ela continuou:

            _Você tinha que ter me falado antes...

            _Como? – Havia tensão na minha voz

            _Que você estava gostando da Maria! Ela também gosta de você, é o que eu acho. Não precisava desse show todo, para chamar atenção... Maria não é dessas.

            Olhei Rodrigo, não entendia bem o que ele queria com aquilo. Ele não me olhou.

            _Quer uma dica? – Cláudia falou _Fale com ela. Troca de roupa, dá uma penteada no cabelo, escova os d...

            _Eu to doente! – Cortei Cláudia, Rodrigo me olhou pela primeira vez

            _Doente? – Ela se assustou, levantando da cama _É contagioso? É o que?

            Eu dei continuidade à brilhante idéia de Cláudia:

            _É muito, extremamente contagiosa. Ai meu Deus... essa cama ta infestada da doença, o quarto, a casa toda.

            Cláudia analisou o quarto, com uma expressão de medo. Tinha medo até de pisar no chão. Rodrigo permanecia me olhando, como se eu não dissesse nada demais, ele sabia o real motivo por eu estar ali.

            _Então Marcos, a gente tem que ir, a Maria ficou esperando lá na casa dela. Ela mandou um abraço... e... – Cláudia ia sumindo pela porta, puxando Rodrigo, ele me olhou, pela última vez

            E sumiram pelo corredor, vi-os atravessar o jardim, Cláudia quase corria. Achei engraçado, mas não conseguia sequer sorrir.

            _Vai sair hoje? – Minha mãe apareceu novamente no quarto, agora toda arrumada, uma roupa que eu não conhecia

            _Acho que não... Eu to desanimado. – Respondi, abaixando a cabeça

            _Eu sabia que uma hora ou outra isso iria acontecer, querido. Meu amorzinho... esse aí é como você realmente é, sozinho, calado... ou como gosta de ser. Eu simplesmente não acreditei quando te vi naqueles dias, cheio de vida, saindo... Fiquei com medo de que você fosse muito intenso naquilo e depois, acontecesse isso, você voltaria a ser... assim, e sofresse... Eu gostei muito de você daquela forma, eu gosto de você de qualquer jeito, querido, mas sou sua mãe, e eu sei quem você realmente é. E infelizmente você não é daquela forma que por algum tempo você foi– Ela me disse, num tom sabido _Mas, eu sei... você sente falta, não sente?

            Olhei para fora da janela, o sol começava a se pôr:

            _Eu sinto.

            Ela sorriu, colocando as mãos na cintura:

            _Mas não é tão bom o seu quartinho, querido... A cama, seu livros, você tem que voltar a estudar.

            Eu nunca havia olhado o por do sol com tanta intensidade como eu olhava naquela hora, o céu rosado, as folhas das árvores refletindo o último brilho do sol naquele dia...

            _Não! – Eu respondi firme, mas para mim do que para minha mãe _Eu não sou assim! Eu vivi assim, sozinho... mas não é a minha verdade. Eu tenho amigos... Eu gosto de estar com eles, eu não sou solitário, eu não posso ser...

            Pra quem eu queria provar aquilo? Eu sabia que era mentira. Mas eu não queria que fosse. E não seria, eu iria mostrar que era a mais real verdade, e ponto.

            Ela se espantou um pouco. Ficou séria, me olhou nos olhos e correu para arrumar a cama desajeitada, não agüentaria me encarar por mais alguns segundos. Fiquei pensando, sumi dali por uns instantes.

            _Mas se não vai sair, podia ir à casa de uns conhecidos comigo e seu pai, o que acha? – Minha mãe sorriu de novo pra mim

            Fiz uma careta qualquer, eu não iria mesmo.

            _Então deixa. Mas não saia de casa. Não demoraremos muito.  – E veio me beijar, dessa vez eu não escapei, examinei no espelho a enorme mancha de batom que minha mãe deixara antes de sumir do quarto

            Fui ao banheiro, atrás de um banho, um belo banho, como não fazia há tempos. Fiquei por ali, até ficar à noite. Escutei o carro do meu pai sair pela rua quando voltei ao quarto, já estava escuro.

            Vesti uma roupa qualquer e pela primeira vez na semana desci à sala. Me sentei no sofá, queria ver um pouco de televisão. Os pensamentos me abandonaram por grandes minutos, até que escutei a porta. Confesso que me veio um frio na barriga ao pensar em quem podia ser... mas podia ser tanta gente... E era a que eu menos esperava. Me olhava, parada na porta, os olhos brilhando, a boca semi-aberta. Era Maria.

            _Eu juro que eu não queria te procurar. – Ela disse sendo sincera _Mas, eu vi que você não queria mais me ver... Eu senti isso, Marcos. Eu comentei com a Cláudia e ela disse que não era isso, era uma coisa da minha cabeça. E ainda disse que era completamente ao contrário. Ela nem sabe que eu to aqui, mas o que ela quis dizer, Marcos, completamente ao contrário?

            Eu não sabia falar, era como se eu nunca soubesse.

            _Marcos? Você me ouviu? – Ela insistiu

            _Ouvi. – Respondi baixo _Eu não sei... eu não sei o que ela quis dizer.

            Ela respondeu contrariada:

            _Mas eu sei. – Respirou fundo _Você está gostando de mim, é isso? Ou é outra idéia da minha cabeça?

            Senti o rosto esquentar um pouco, o canto da boca tremia. Pisquei os olhos, forte.

            _Maria, eu...

            _Sim? – Ela estava completamente tomada pelos sentimentos, esperava alguma reação, que eu não queria, eu gostava muito dela, uma amiga.... somente, eu acho

            Olhei-a, medindo cada palavra que estava para sair da minha boca.

            _Maria... Você quer entrar? – Perguntei dando abertura

            Ela disse que sim com a cabeça, e esperou do lado de dentro da sala. Encostei a porta. Ela ainda esperava as minhas palavras, ali, em pé.

            _Olha... eu gosto muito de você... e... sabe, vocês foram o mais próximo de amigos que eu tive. – As palavras vinham atropelando umas as outras

            _O mais próximo de amigos? – Ela fez uma cara de nojo, que não me agradou muito, ela estava irritada _Marcos! Fomos amigos, somos amigos... não é nada parecido.

            Então era. Agora eu tinha amigos mesmo, não era um sonho, eu não era aquele Marcos, sozinho, sem ninguém. Sorri, não sei bem porque.

            _Obrigado. – Respondi, Maria não agüentou e sorriu também, veio atrás de um abraço, que eu não recusei

            _Por nada. – E me olhou bem nos olhos _ Você só tem que entender Marcos. Que agora você não está sozinho Que nos deve explicações dessas crises que você dá, essas ausências. E se abrir, a gente se importa com isso. A gente gosta muito de você.

            Eu não podia estar mais feliz, Maria segurava as minhas mãos, e estava parada a minha frente.

            _Eu gosto muito de você – Respondi sendo sincero _Você me faz sentir bem, e ter vergonha das coisas bobas que eu faço, que eu acho serem problemas. Você faz com que fossem, simplesmente, coisas bobas.

            Ela sorriu, soltou uma das mãos e passou-a no meu rosto. Os dedos, macios, estavam tão quentes quanto meu rosto. Sorria, tão feliz quanto eu. Me olhava, querendo decifrar cada pedaço dos meus pensamentos.

            _Marcos... – Me disse, sem piscar

            _Oi – Respondi, devolvendo o seu olhar, eu não sabia ser tão lindo quanto ela

            _Eu não quero ser sua amiga... – Continuava sorrindo

            _Mas... – Ela impediu que eu continuasse, me calando a boca com o dedo indicador

            _Me beija – Parecia uma ordem, ela se aproximou do meu rosto, eu não conseguia me mover, desviar

            Senti a respiração dela junto à minha. Conseguia ouvir meu coração. E por mais que eu queria, eu não conseguia tirar os olhos daquele rosto, provocante, que me queria, me desejava. Eu era assim, atraente? Eu despertava aquilo nela? Senti um calor imenso, que me fazia agir de uma forma que eu não sabia. Eu estava gostando daquilo tudo. Eu iria a beijar.

            _Você quer mesmo isso? – Perguntei, e ela não respondeu, só chegou mais perto, apenas alguns dedos da minha boca, meu peito disparara, ela estava me dominando, física e psicologicamente, eu faria ali, tudo o que ela mandasse

            Me aproximei mais dela, sentindo seu corpo, quente, que tinha um encaixe perfeito ao meu. Ela colocou uma das mãos sobre a minha nuca. E aquela era a minha parte. Eu a beijei, com os olhos fechados, sem acreditar naquilo que me ocorria. O momento era mágico, o beijo devagar. Não existia mais sala, casa, mais ninguém... Eu a queria, ali. O beijo foi se tornando mais intenso, mais rápido, a respiração mais forte. Senti alterações no meu corpo que me assustavam. A puxava contra mim, com toda a força que tinha, ela se soltara completamente, para o que eu quisesse.

            Eu não queria que aquele momento acabasse. Estava num transe inexplicável, era mesmo bom tudo aquilo... Até que paramos, alguns longos minutos depois, a respiração ainda não estava no seu normal. Maria me olhou, procurando a minha expressão. Sorriu-me, e eu respondi, com o meu mais verdadeiro sorriso. Estava feito, eu não podia voltar atrás, e nem queria.

 


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Notas finais do capítulo

Já escrevo mais ! Espero que gostem... o drama apenas começa. o/ Reviews, neaah ! Sempre faz bem...



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