Enquanto o Sol se Pôr escrita por murilo


Capítulo 10
Maria o que?


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam gostando até agora, bem... os capítulos tão saindo rápido, a história dando uma guinada legal... uma alma de detetive surgindo aqui em mim, o que vai fazer a hitória tomar alguns rumos novos... pra encher mais de "graciosidade" o drama. Gostando reviews... to precisando tanto!



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Rodrigo me olhava fixo nos olhos, pensativo, curioso. Estávamos no meu quarto, espiando o pôr do sol.
     _Marcos. – Ele me dizia sério _Tudo isso está acontecendo tão rápido... eu me sinto preso a você de uma forma... tão forte. Você sente isso por mim também?
     Eu sorri, analisando cada canto do seu sorriso, era a perfeição em forma de boca.
     _É claro, Rodrigo, eu te amo muito. E... é forte mesmo...
     _Eu não quero te perder. Nunca... – Ele me olhava mais firme, se mostrando verdadeiro em cada sílaba
     Olhei-o de volta, e avistei o sol indo embora, nas montanhas.
     _Você não vai me perder...
     _Marcos. – Ele disse, agora olhando o céu _Enquanto o sol se pôr, eu serei sempre seu. Enquanto o sol se pôr eu te amarei, com toda força que eu tiver. – As palavras dançavam nos meus ouvidos, eu podia o escutar toda a vida que fosse, mas a vida toda só durou até a hora que meu pai chegou à porta, me chamando
     _Marcos! – Ele me chamou, segurando o controle da televisão _Te ligaram há pouco. Era a Cláudia, e ela disse que era urgente, eu ia te chamar, mas ela desligou.
     E meu pai sumiu, pelo corredor. Olhei Rodrigo, esperando a sua reação, ele deu de ombros.
     _Você quer ir atrás dela? Eu vou embora.
     _Não. – Discordei _Você vem comigo.
     Ele fez uma cara não tão boa, e eu fingi que não vi. Saí, ele seguindo todos os meus passos. Descemos as escadas, minha mãe nos parou na sala.
     _Querido, vai sair?
     _Eu vou na casa da Claúdia. – Respondi tentando ser breve na conversa, mas aquilo nunca deu certo com ela, e ela estendeu a conversa mais um pouco, e Rodrigo sempre respondendo com toda a calma, ele sabia conversar com ela, tinha a paciência dos deuses
     Saímos pelo jardim à fora, andando com um pouco de pressa. A casa de Claúdia não ficava muito longe, eu já tinha ido lá algumas quatro vezes, ou cinco. Gritei-a, ainda na calçada. Ela saiu da porta correndo, com verdadeira pressa. As palavras vieram à tona, num misto de respirações ofegantes, nervosismo... e algumas coisas mais:
     _Maria sumiu.
     Senti as pernas vacilarem, e apoiei em Rodrigo um pouco.
     _Maria o que? – Era impossível, não tinha explicação
     _Ela sumiu. – Ela continuou, nem notando a presença de Rodrigo, só me olhava com os olhos arregalados e as mãos abanando, nervosas _Chegou ontem à noite em casa, o pai a viu entrar no quarto calada...e...
     _E... – Rodrigo e eu falamos juntos
     _E nada mais. Ela não amanheceu na casa. – Cláudia terminou passando a mão na testa _Ninguém a viu... Eu não to conseguindo comer, nem pensar
     Eu também não conseguia pensar. Mas o que era aquilo agora? Olhei para os cantos da rua, como se esperasse que Maria estivesse ali, encolhida. Não a avistei.
     _E os pais dela? – Falei, enfim
     _Estão loucos. O pai, principalmente. Marcos, ela não deixou nem um bilhete, uma pista... e agora? – Claúdia estava muito aflita
     Eu não tinha respostas. Mas Cláudia falava comigo, como se só eu pudesse ajudar, que era eu quem iria achar Maria. Me veio a imagem de Maria na noite passada, como num delírio instantâneo, vi a rua escura, o carro parado. Fiquei calado.
     _Marcos. – Era Rodrigo que falava agora _ Você não quer ir lá em casa comigo?
     Ele me lançou um olhar que só eu entendia, e significava que ele queria conversar comigo, sozinho, sem a Cláudia por perto. E não parecia ser coisa boa. Eu respondi que sim, Cláudia ainda me abraçou, resmungando algumas coisas tristes sobre Maria.
     Deixamos a calçada e seguimos à pé, pela rua. Assim que estávamos bem longe, Rodrigo falou as primeiras palavras.
     _Você sabe o que eu to pensando, não é? – Ele me disse, olhando a rua
     _Não. – Fui sincero
     _Ela gosta mesmo de você. Ela fugiu porque você não quis ficar com ela. Ta na cara... Não tem outra explicação. É o que eu acho.
     Eu não acreditava naquilo. Maria não era daquela forma. Mas o que Rodrigo colocava na cabeça, nem eu conseguiria tirar, tratei logo de trocar de assunto.
     _Eu acho melhor não irmos pra sua casa. – Disse, olhando Rodrigo
     Ele parou, pensando um pouco:
     _Por causa do meu pai, do que aconteceu? – Ele disse, e eu respondi que sim _Pode ficar calmo, ele saiu cedo, deve voltar só amanhã de manhã
     Começara a escurecer. Cheguei à casa de Rodrigo e entramos. Na sala Pauline se divertia com algumas coisas do sofá, e sua mãe mexia nos seus cachos loiros. Era a segunda vez que eu a via. Era uma mulher simpática, bonita, mas de poucas palavras. Sorriu para nós, antes que subíssemos a escada.
     Entramos para o quarto e o Rodrigo fechou a porta, e veio me beijar. Não recusei. Caímos no chão, ali mesmo, nos beijando ardentemente. Parei, Rodrigo me olhou sem entender. Era Maria que não saía da cabeça.
     _Não é nada! Respondi, mas Rodrigo sabia o que estava acontecendo
     _Você gosta dela. – Ele disse baixo
     Eu afastei o rosto um pouco do dele.
     _Rodrigo. Não, eu não gosto dela... não da forma que você está pensando. Quando vai entrar na sua cabeça que eu gosto muito dela como amiga. Que amar, mesmo, eu amo só você?
     Abaixei a cabeça, eu não acreditava que Rodrigo estava mesmo fazendo aquilo. Maria havia sumido, e ele ainda com ciúmes dela? Ele parecia nem ligar pro fato dela ter desaparecido. Balancei a cabeça negativamente. Ele pareceu não perceber.
     _Então me beija. Eu te quero agora.
     _Não Rodrigo. Eu não to com cabeça pra isso. – Respondi seco, desviando o rosto
     Rodrigo procurou meus olhos, mas não encontrou, ficou calado por um instante e disse:
     _Desculpa, eu acho que minha cabeça não está funcionando direito. Não tem clima pra isso agora, não é? Eu sei...
     Eu disse que não tinha mesmo, e sentamos na cama. Falamos sobre Maria, tudo o que sabíamos dela, mas me esqueci de comentar o caso da noite anterior. Falamos dela, o maior tempo que já tínhamos falado, e só paramos quando a mãe do Rodrigo bateu à porta, oferecendo uns pedaços de pizza, que não recusamos. Eu mais por educação, a fome ainda permanecia longe.
     Ela desceu com a bandeja vazia, comemos muito. Eu gostava da mãe dele. Ela tinha o que faltava na minha mãe, alguma confiança maior no filho, que a minha mãe não depositara em mim. Afinal, eu sempre era tratado como uma criança de sete, e não de dezessete.
     Quando acabamos, eu decidi ir embora, precisava tomar um banho. Apesar de contestar Rodrigo me acompanhou à porta, e eu deixei o jardim, sozinho. A porta se fechou atrás de mim, com Rodrigo se despedindo, e à minha frente novos passos na grama eram escutados. Levantei a cabeça e percebi aquele homem que vinha na minha direção, sem camisa, trocando as pernas, suado. Era o pai do Rodrigo, cheirando a álcool de longe, meu estômago revirara ao ver ele. Tentei não demonstar nenhuma reação, mas, infelizmente, daquela vez ele não me ignorou.
     _Garoto. – Ele disse, um tom entre fala e grito _O que você tava fazendo aí dentro? Me diz? Que merda você estava fazendo na minha casa?
     Engoli o ar um pouco, agora era eu contra ele, não tinha mais ninguém por ali. Meus olhos arregalados demonstravam o meu medo.
     _Eu... eu... – Eu sempre gaguejava, que merda _Eu tava conversando com o Rodrigo.
     Ele me olhou, da cabeça aos pés, e parou, os braços cruzados.
     _Eu não vou deixar que você acabe com a minha família, garoto. Você não vai...
     Eu parei, analisando algum lugar que eu pudesse correr, caso ele viesse pra cima de mim.
     _Como assim, o senhor deve ta confundindo...
     _Cala a boca! – Ele gritava, vindo pro meu lado
     Eu tremia. Tinha medo, e a voz não saía... Eu não conseguiria gritar.
     _Você ta achando o que.. afeminadinho? Que vai ficar assim, de agarraçãozinha com o meu filho, e vai ficar tudo bem? Eu não sou obrigado a aceitar essas coisas. E o meu filho não vai ser assim... enquanto eu mandar nessa casa. E enquanto eu morar nela.
     _Então por que você não vai embora? Deixa a gente em paz? – Meu Deus, era mesmo eu que estava falando, o peito esquentou de repente
     O homem saltou pra trás assustado.
     _O que? – Ele gaguejou _A casa é minha, é do meu filho que estamos falando... Quem é você para mandar eu fazer alguma coisa?
     Ele veio até mim, meus pés sambavam no chão. Senti a mão grande e grossa segurar a gola da minha camisa, me forçando a olhar naqueles olhos grandes e vermelhos. Ele estava muito bêbado.
     _Me solta. – Ordenei, a voz presa na garganta
     Ele sorriu, os dentes amarelos.
     _Você não vai querer voltar aqui mais, vai?
     E me empurrou no chão, caí nos cotovelos, olhando-o espantado, um sorriso maléfico que me dava medo. Ele passou por mim, sem me olhar e entrou pela porta. Escutei o estalo da porta bater, e então com dificuldade me levantei.
     Meus olhos encheram de lágrimas, enquanto eu caminhava pela calçada. Não quis ir pra minha casa, continuei andando à procura de um novo destino. Segui, calado, prendendo as lágrimas, andei muito... e só parei à porta da casa da minha avó. Eu nunca havia ido lá a pé... Olhei a porta, pensando se bateria, se entraria, mas o que eu iria falar? Que não queria ir pra minha casa? Não, olhei o muro ali por perto. Decidi pular, e ir para o jardim de trás.
     Olhei ao redor, ninguém por perto. Pulei, com alguma dificuldade, e caí do outro lado, apoiando as mãos na grama fria. Avistei o jardim escuro... e a árvore lá no fundo, com a casa, escondida pelas folhas. Lá fora a minha primeira conversa com Maria, a primeira de muitas... quando eu decidira que nunca mais queria sair de perto dela. Quando pra mim só a presença dela me fazia bem, e de ninguém mais. Conseguia enxergar ela subindo, sem dificuldade alguma as escadas... Conseguia sentir a presença dela ali. Subi a árvore, mas como esperava, não havia ninguém lá.
     Aproveitei para refletir a vida, pensar em Rodrigo, em Maria... em tudo. O vento entrava pela janela, e a lua iluminava bastante. Me recostei em uma parede de madeira, olhando as estrelas, escondidas por algumas nuvens... O tempo passava até o céu ficar todo escondido pelas carregadas nuvens escuras. E choveu. E mesmo contra a minha vontade, eu adormeci, ali mesmo, descoberto do vento, e escondido do mundo.

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Notas finais do capítulo

Opiniões? sim, briigado
Reviews? ISSO! / assim vc ganha nyah cash (pensa nisso)! kkkk



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