Enquanto o Sol se Pôr escrita por murilo


Capítulo 11
Amor Proibido


Notas iniciais do capítulo

Meus dedos desataram, agora correm com vida própria... sim, estão mais rápidos, o desafio de terminar o mais rápido possível... não que esteja corrida a fic, e desinteressante. Muito pelo contrário (meu Deus como tenho melhorado a cada capítulo), espero que gostem. Este... é um dos meus prediletos ! Fiz com toodo cuidado do mundo.



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_Ele está acordando! – Foi a primeira frase que ouvi, antes de abrir os olhos
     Ali estava uma luz forte, que me forçava a vista. Olhei para os lados, um pouco perdido. Quando meus olhos se acostumaram que vi de quem se tratava, Cláudia estava sobre mim, como uma criança admirada com um animal diferente. Ao seu lado meu pai se agachava para caber na casinha da árvore, Rodrigo estava do outro lado, também me olhando.
     _Ele acordou? – Uma voz irrompeu lá de baixo, minha mãe devia estar quase morrendo de vontade de subir na árvore
     _Marcos! – Meu pai disparou _Você ficou doido, garoto? Porque veio dormir aqui? Sua mãe só faltou ligar pra polícia. A sua avó já até passou mal...
     _Não foi nada... – Interrompi me sentando
     _Nada? – Cláudia resmungou, puxando os meus braços, olha seus cotovelos, estão vermelhos de sangue, você caiu? Te bateram? O que foi?
     Encarei Rodrigo, e os outros dois rostos.
     _Não foi nada, eu... só escorreguei. Ta tudo bem, eu tava precisando pensar um pouco, e quis vir pra cá.
     Cláudia torceu a boca, balançando a cabeça:
     _Já não bastasse a Maria, você vem dar um susto desse na gente.
     _Ela apareceu?
     _Não. – Cláudia disse, baixo
     Fiquei agachado, procurando uma forma de sair dali. Abri caminho até a porta, Rodrigo me seguia com os olhos. Desci pelas escadas, minha mãe apertando os dedos das mãos contra o rosto, num desespero incomum.
     _Que foi, mulher? Não aconteceu nada!
     _Ai meu Jesus! Meu filhinho, achei que tinha acontecido...
     Se eu desse corda ela emendaria com um choro, então nem parei para explicar. Passei pela casa da minha avó, sem dar explicações, queria ir logo pra casa. Cheguei à varanda com pressa.
     _Marcos! – Era Rodrigo que vinha apressado
     Olhei-o, parando em um dos passos.
     _O que foi? – Eu forçava a fingir que aquela cena, aquilo tudo, fosse normal, mesmo sabendo que não era
     _Você não vai me dizer o que aconteceu de verdade? – Ele me olhou, passando a mão pelos cabelos loiros, as sobrancelhas franzidas, ele sabia quando eu mentia, quando eu estava escondendo alguma coisa, tínhamos a mania de sentir quando o outro não estava no seu estado normal
     _Rodrigo, eu... – E parei, abaixando os olhos _Rodrigo, eu...
     Estava prestes a falar algo que não acreditaria que falasse um dia. Rodrigo me olhava, esperando que acabasse a fala.
     _...eu não te amo mais.
     Rodrigo arregalou os olhos, assim como eu esperava, a frase saiu forte, demais até pra mim. Engoli em seco. Estava dando o meu melhor, pra que Rodrigo não percebesse que eu estava mentindo, porque eu tinha de fazer aquilo. Nós... nós não podíamos ficar juntos.
     _Marcos... – Ele me segurou os dois pulsos _Vai embora daqui! Você não sabe o que está falando, você escorregou, e... bateu com a cabeça no chão. Vai embora, a gente conversa depois...
     _Rodrigo. Não tem mais conversa. Eu não vou na sua casa nunca mais, e eu não quero que você me procure também. – Algumas lágrimas começavam a surgir dos meus olhos, amigas das que corriam soltas pelo rosto de Rodrigo
     _Porque você está fazendo isso comigo? – A voz de Rodrigo saía sofrida, e fraca, estava com medo que ele entrasse em desespero _O que foi que aconteceu? Você não me queria, demorou a entender que fomos feitos um pro outro... e agora isso? Marcos. Marcos, eu te amo! Não faz isso comigo. Está com medo de que? Dos seus pais, do mundo? Você é maior que isso, a gente luta junto... se ninguém te apoiar, você mora lá em casa... Você não está sozinho...
     _Não é nada disso. – Eu o olhava, desejando que ele entendesse logo
     _Então o que é? Me fala porque eu não consigo entender. Você me esqueceu, é? Esqueceu que você me ama, e que você me prometeu que eu não iria te perder? Então me ensina a esquecer assim, rápido, porque eu não sei.
     Rodrigo me puxou pelos ombros, procurando o meu beijo. Eu recuei, empurrando seu peito. Ele já chorava, sem medo.
     _Fala que não me quer Marcos? Fala?
     Eu não conseguia, eu não iria falar nunca.
     _É a Maria? Você ama ela? – Ele parou, os olhos vivos nos meus _Foi o beijo que vocês deram que fez isso? Só aquele beijo? Marcos, eu já te beijei muito mais...
     Eu não podia crer naquilo.
     _Como...?
     _A Cláudia me contou... Mas não importa. Eu não ligava pra isso... Você beijar ela, mas ainda assim ser meu... mas eu vi que não é assim. Por favor Marcos, fala que você não se apaixonou com aquele beijo.
     _Eu me apaixonei sim. – A mentira crescia cada vez mais, e parecia cortar o corpo de Rodrigo a cada palavra, ele sofria, se contorcia, me olhando, pedindo piedade, ele me amava de verdade
     Ele me olhou, no fundo dos olhos, eu não conseguia desviar o olhar do seu. E Rodrigo correu, para a calçada, sem olhar para trás, as lágrimas fazendo rastros no vento. Um choro contido, mas desesperado.
     Eu me castigava, sem saber o que fazer. Mas não podia ser diferente... o pai do Rodrigo me obrigara aquilo, eu sabia que ia ser difícil, triste, doído... mas necessário. O mundo é assim... a gente tem que abrir mão das coisas, pra sobreviver, para não se dar mal. É triste, mas é a realidade. Não existe espaço pro que é diferente, fora do padrão... você é taxado, desprezado, só por não ser igual. E nós, nós não podíamos passar por aquilo. A começar pelo pai do Rodrigo... Eu vira de perto do que ele era capaz, contra mim, contra o próprio filho... Eu estava certo. Não iria me envolver com o Rodrigo, não mesmo, nunca mais.
~ / / ~

     E dois dias se passaram, com a pressa do ser mais devagar do mundo. Eu ali, no meu quarto, quase sempre, dias e noites, o sol nascia, e se punha, sempre da mesma forma.
     Era noite quando eu decidi ir beber água, a casa estava escura, apesar de não ser muito tarde. Saí pelo corredor e cheguei às escadas. Foi quando aquelas vozes me vieram aos ouvidos, parei, sem mover um músculo:
     _... e ele não quer mais comer, não sai do quarto. Nem no trabalho ta indo. O Rodrigo é outro agora. Eu não sei mais o que eu faço. Naquele quarto só a Pauline, a irmãzinha dele que entra, eu quase não o vejo mais. – Era uma voz de mulher, parecia ser a mãe do Rodrigo
     Algumas xícaras foram batidas, deveria ser minha mãe servindo, ou retirando o chá.
_Deve ser pela amiguinha que desapareceu. – Era a voz da minha mãe _Já tem bem alguns dias. O Marcos também andou muito estranho depois que aquela menina sumiu.
_Sumiu? – A outra voz perguntou _Que amiguinha?
_Marilza, ou algo assim... Uma bonitinha.
_Não conheço. Sei daquela pequenininha...
_A Cléria.
_Cláudia!
     _Isso. Não, mas é a outra, que andava muito com ela, tadinha. Sumiu.assim, do nada, sem explicação, sem vestígio. Olha, tão dizendo por aí que os pais dela estavam querendo separar, e ela quis passar um susto neles. Mas se for isso, já passa da hora da menina aparecer. Três ou quatro dias já...
_É... – As duas se calaram logo, então eu desci as escadas, fingindo não saber de nada
_Marquinhos. – Minha mãe logo sorriu pra mim, e a mãe de Rodrigo também
_Eu só vim beber uma água...- Expliquei atravessando a sala
A mãe de Rodrigo me olhou, tinha a expressão de Rodrigo quando queria me dizer alguma coisa. Eles se pareciam tanto.
_Marcos. Eu posso falar com você? – Tinha o rosto da conversa reservada, que aparentemente só o Rodrigo e eu conhecíamos
Eu respondi que sim, peguei a minha água e pedi pra que ela subisse. Minha mãe insistiu em seguir-nos por dois degraus, mas lancei-lhe um olhar feio, e ela logo arrumou uns biscoitinhos pra preparar.
Fomos pro meu quarto, onde sentamos na cama. Ela completamente séria, e contida nos movimentos, os cabelos loiros caindo sobre os ombros, o mesmo dourado dos cabelos de Rodrigo.
_Marcos. – Ela começou _É difícil começar essa conversa. E todos poderiam estar atirando pedras em mim por faze-la. Mas quero correr esse risco, você sabe, sou mãe... Faço isso pelo bem do meu filho.
Eu confirmei com a cabeça, e ela continuou:
_Você sabe, tanto quanto eu que o meu filho não está daquela forma a não ser pelo fato de querer te ver, não é? De estar com você.
Abaixei os olhos, encarando o colchão. Ela não parecia intimidada.
_E você, vai continuar negando o que essa coisinha aí no seu peito ta pedindo? – Ela colocou a mão no meu coração, e levantou a minha cabeça, sorria, um sorriso tímido, mas sincero _O Rodrigo te ama, garoto. E você também o ama. Não tenha medo de errar, corra atrás da sua felicidade. E isso aqui, esse lugar, essa solidão, não é do que estamos falando.
Meu coração palpitava forte. Sentia um temor imenso, um frio intenso na barriga. Sentia as bochechas arderem um pouco. Estava com vergonha, não queria encarar a mãe de Rodrigo de frente. Ela nos entendia, que bom... Que ruim!
_Mas... eu não... eu não posso. – Falei, abrindo um pouco a boca _As pessoas podem... sei lá, podem nos bater, nos condenar...
Só me vinha a imagem do pai de Rodrigo à minha frente. Eu não contaria aquilo à ela, não mesmo. Era o seu marido, um casamento em jogo. Mesmo que ele estivesse errado, isso não o impediria de me esmurrar assim que eu contasse pra alguém o que ele tinha me feito, ainda mais se aquele “alguém” fosse a sua mulher. E me mataria se ela pensasse em se separar dele por isso.
_Te condenar, Marcos? – Ela passou a mão sobre meus cabelos _É disso que você tem medo? Você tem que ser firme como uma rocha, e persistir. Não é impossível sobreviver com esse preconceito, com tudo isso. Seja como a montanha, que mesmo parada, imóvel, esconde a maior estrela, o sol, que mais ninguém consegue esconder. A cada pôr do sol é uma vitória da montanha. Você já encontrou o seu primeiro pôr do sol, assim que escolheu o meu filho pra te proporcionar todos os outros por do sol. E você vai ter que seguir, em busca de mais um por do sol, mas uma vitória.
Eu a olhei, eu não tinha palavras suficientes para expressar os meus sentimentos naquele momento, eu queria Rodrigo, queria mesmo. Mas tinha tanto medo.
_Vem comigo, vem comigo só essa noite? – Ela me disse, por fim
E se levantou, segurando meu braço. Eu disse que sim com a cabeça, numa hipnose perturbadora. Eu iria. Tinha medo, mas queria ver Rodrigo. Saímos do quarto, minhas pernas mal me sustentavam, descemos às escadas, onde a mãe de Rodrigo conversou com a minha, dizendo umas palavras que não me lembro bem, minha cabeça estava longe dali. Nem tão longe, à apenas algumas casas.
Seguimos pela calçada, olhando a rua, vazia, escura. A mãe de Rodrigo parecia contente, e me olhava de vez em quando, como que para ter certeza que eu estava indo mesmo atrás de Rodrigo. Estava feliz. E eu, surpreso.
Eu parei assim que uma luz atravessou a rua e veio direto para nós, um feixe fraco e amarelado de luz. Era um carro, que vinha na nossa direção, devagar.
Eu o olhei, os olhos arregalados, não podia ser... Mas era, o carro que deixara Maria em casa a última vez que eu havia a visto. Quando passou por nós, os vidros abaixados, pude ver quem estava lá dentro, a nos olhar, desconfiado.

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Notas finais do capítulo

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