Depois que saimos do parque, eu e Kayke fomos lanchar na lanchonete do Blayne, uma das melhores que eu conheço.

Sentamos em uma mesa perto da janela e pedimos dois hambúrguer, duas porções de batatas fritas e dois refrigerantes.

- Daqui a pouco eu vou virar uma leitoa e nem vou passar mas na porta de casa.- Eu disse sorrindo.

- Você ? Cara você come pra caralho e nunca engorda, acho que não vai ser agora que você vai engordar né ?

- Cê acha ?- Eu disse arqueando a sobrancelha.

- Uhum.- Voltei meus pensamentos ao que eu estava pensando antes. O ciúme louco que Kayke tem de Pamela.

- Aah, o Kayke me responde uma coisa.- Ele me olhou.- Por que, que você sente tanto ciúmes de Pamela hein ?- Ele sorriu.

- Não é.. “ ciúmes” é que, poxa sabe eu.. acho que posso admitir isso com você.- Ele sorriu.- Sabe, eu sou um galinha né, eu pego todas as garotas que eu quero, minto pra elas as vezes e sinceramente, posso te afirmar que de 100% dos garotos que eu conheço 98% é como eu. E poxa eu não queria que minha irmã sofresse por um idiota qualquer, já basta a minha mãe né , que ainda sofre pelo meu pai, que é um idiota e foi quando traiu ela, e com certeza não foi só uma vez.- Ele disse meio desanimado.

 Fiquei meio sem graça por ter tocado no assunto, sabe eu conheço Kayke muito bem e sei como é difícil pra ele falar sobre o pai dele e sobre o que dele fez com a mãe dele, que por sinal não merecia, por que é uma pessoa maravilhosa.

- Ata.- Falei meio desajeitada.- Desculpa, eu achar que isso é só um ciúme maluca.- Sorri pra ele.- Mas você tem razão, você é assim mesmo sabia ? Um galinha que pega todas o tempo todo...- Eu disse rindo dele e ele riu e bagunçou meu cabelo.

- A para, só você mesmo.- Ele disse.- Até que enfim, estou morrendo de fome.- Disse ele quando os lanches chegaram.

Comemos o lanche e depois ele me levou em casa.

- Hei, que horas são ?- Eu perguntei a ele.

- São..19:30 por que ?

- Vamos lá no labirinto ?

- é, pode ser.

 E fomos ao labirinto que fica ao final da rua aonde eu mora, que se localiza no condomínio Grandma, um lugar agradável de se morar, e é onde Kayke e Camila moram também.

E fomos nós. Chegando lá andamos pra lá e pra cá.

- Merda, eu sempre me perco.- EU disse.

- A gente num já passou por aqui ?- Disse ele e eu olhei em volta.

- Aah, sim. Já sei, ali é a entrada, vem da a volta.- Puxei ele.- Então a gente vira aqui e.. aqui ee... chegamos.- Falei apontando para aonde estávamos procurando e sentamos no banco que graças a Deus estava vazio. – Que bom que está vazio, to com o pé doendo de tanto andar.- Kayke me olhou confuso.

- Cara, você nem andou direito, se andou uns 5 metros, foram muito.- Olhei pra ele

- Não andei só isso.- Olhei pra ele serrando os olhos.

- é, ta bom não foi só isso, mas mesmo assim andou pouco.- Neguei com a cabeça- Aqui é lindo né ?

- É sim.- Cruzei as pernas em cima do banco. Como diria minhas professoras do primário, a “ perninha de índio” .. RS

- Então eu to com um sono sabia ?- Ele disse se deitando no meu colo.

- Abusado você sabia ?- Eu disse.

- Sim, sabia.-Ele riu.

- Ah, é ?- Eu disse bagunçando o cabelo dele.

- Hum, os pombinhos ai André.- Disse Thomas, abrindo o portão e entrando, rapidamente minha expressão mudou, e fiquei séria.- O que vocês estão fazendo sozinhos aqui hein ? A ó Jessica, sua mãe já deve estar preocupada não ? Olha só a hora, já são 20:00 horas.- Inevitavelmente um sorriso sarcástico brotou em meu rosto.

- Sim, talvez, mas e vocês hein o que iriam fazer aqui sozinhos se não estivéssimos aqui hein ?- EU disse e juntamente com Kayke me levantei e Kayke não parava de rir e André soltou um sorriso.

- Pra sua informação nós viemos aqui encontr..

- Não eu não quero saber da sua intimidade com o André, olha eu vou embora e vocês podem aproveitar aqui sozinhos ok ?- Fiz sinal de positivo com as mãos. E me dirigi a saída com Kayke e estávamos morrendo de rir.- Cara, ele é um idiota mesmo né ?

- Cara, tenho que admitir que você mandou bem hein.

- Ah, eu sei.- Eu disse dando de ombros e sorrindo.

- Hum, convencida..- Ele me abraçou de lado e saímos de lá.

 (...)

 No dia seguinte acordei, me arrumei colocando a primeira coisa que vi pela frente, que fora uma regata branca, uma calça Levis escura e meu All star preto, ah é claro a minha mochila. E fui pra escola ouvindo música e cantando baixinho, até por que não sei cantar em inglês. 

Avistei Thomas saindo de casa e resolvi atravessar para o outro lado da rua, para evitar ter que falar com ele logo pela manhã. E lá estava eu novamente distraída cantando com o meu lindo inglês a música da Avril Lavigne- what the hell

- TA cantando bem hein.- Falou Thomas pegando na minha cintura e eu soltei um gritinho pelo susto.

- Ai que merda garoto.- Eu disse baixo. Ele riu, um riso sínico.. Ai que nervoso me da de ver ele rindo assim.

- Que foi hein, você devia prestar mas atenção sabia ? E se fosse outra pessoa, um assaltante.- Ele deu de ombros, e repentinamente me fez lembrar da ligação que eu recebi na segunda-feira com uma pessoa desconhecida mandando eu tomar cuidado. Ri sem grça e agora com um pouco de medo.

- É, até que você tem razão, vai saber né ?- Eu disse. Vai que não era um trote ?

- Hm, André não gostou nem um pouco do que você disse ontem sabia ?- Olhei pra ele.

- Ah é ?

- É..- Ele disse e colocou as mãos no bolso da frente de sua calça preta, combinando com seu casaco preto fechado e seu coturno que por sinal eu amei.

- E você ?

- Eu o que ?- Dei um sorriso.

- Ué, você gostou né do que eu falei ontem né ?- Falei quase afirmando e ri.

- Na verdade, eu não gostei, mas como já estou acostumado com a sua criancice nem liguei.- Ele deu de ombros e passou o braço por cima do meu ombro. Oi ?, arqueei as sobrancelhas e olhei pra ele.

- Bom, na verdade se a minha atitude foi igual a de uma criança, acredito que a sua também né “amor” ? E tire seu bracinho daqui.- Falei retirando o braço dele de cima do meus ombros. Ele sorriu.

- Sempre com uma resposta na ponta da língua né princesa ?- Ele disse olhando pra frente agora. Fechei os olhos.

- Eu. Já não te pedi pra “parar” de me chamar de princesa ?- Eu disse gesticulando com as mãos.

-Provavelmente sim, mas eu gosto de te chamar de princesa.

- A é ? e por que ?- EU disse com o tom da voz mas alterado, já que eu já estava ficando irritada.

- Por dois motivos. Primeiro: Você fica irritada quando eu te chamo assim.- Ata, agora entendi.- E segundo ..- Ele parou e me virou para ele e sorriu.- Por que você parece uma princesa, mas é claro, uma princesa talvez .. assim.. do Rock, ta bom assim ?- Revirei os olhos e voltei a andar.

- A é ? E pra quantas você já disse isso hein ?- Eu disse e senti que ele ficou pra trás, andei mas rápido ainda. IDIOTA. RIDICULO. PALHAÇO.

 Pra quantas ele já não disse isso ? e..e qual é a dele hein ? num dia ele fica falando merda minha e de Kayke e no outro fica falando essas coisas que provavelmente ele diz pra todas as idiotas que ele quer ficar, transar ou sei lá o que.

 Cheguei na escola e eu ainda tinha 10 minutos antes de ir pra sala de aula.

Avistei André conversando com um garoto de longe e resolvi ir até ele.

- Hey, oi.- Sorri pra ele.- Será que eu poderia falar com você ?

- Claro.- Ele disse e se afastou do menino.- Tudo bem ?- Ele disse com um sorriso lindo no rosto. Ele vestia uma blusa xadrez azul, cinza e branco fechada, uma calça clara e um all star de couro branco.

- Sim tudo bem, é... ah.- Eu respirei fundo antes de falar, até por que eu odeio pedir desculpas para os outros.- Então, eu queria te falar que ontem eu só falei aquilo por que eu já estava irritada com Thomas e que não era nada com você ta, assim se você ficou bolado, foi mal ai.- Acabei não pedindo exatamente desculpas né, mas ta valendo.

- Ah, não ta tudo bem, eu imaginei que fosse por que você já estava irritada com ele mesmo.- Ele riu.- As vezes ele é meio irritante né ?

- As vezes ?- Falei rindo e mexendo a cabeça negativamente.- Ele riu. Olhei para o lado e vi Thomas vindo em nossa direção e estava diferente, não estava com o mesmo sorriso no rosto que estava a 5 minutos atrás.- Então,é bom ter você aqui na escola, viu ? E.. agora eu tenho que ir, tchau.- Dei dois beijos na bochecha dele, mas um pegou no canto da boca. Queria sair dali antes que Thomas chegasse, já estou me cansando dele.

 (...)

Quinta-Feira- Acordei, fui pra escola e.. nada de bom aconteceu. Não vi Thomas na escola hoje, poderia até dizer que fiquei preocupada, mas eu estaria mentindo então, deixa pra lá. Ele também não foi lá em casa chamar meu irmão como de costume.

(...)

Sexta-Feira- Fui pra escola e dessa vez Thomas foi, mas estava estranho, mal olhou pra mim, não implicou comigo, ele estava mesmo estranho, o olhar dele estava frio.

Mas mudando de assunto hoje de manhã eu recebi mas uma ligação do tal desconhecido ele disse para eu tomar cuidado com as minhas amizades. Agora eu fico confusa, não sei se essa pessoa esta querendo me ajudar ou se esta querendo me assustar.

 Lá estava eu voltando pra casa e morrendo de frio, não levei casaco pra escola, só estava usando uma blusa de manga branca com um desenho que eu não sei identificar e minha calça Levis escura, na tentativa de me esquentar cruzei os braços sobre o peito.

- Toma bota a minha jaqueta.- Disse Thomas praticamente jogando a sua jaqueta preta em cima de mim.

- Não quero a sua jaqueta.- Eu disse devolvendo a jaqueta dele.

- Deixa de ser teimosa.

- Ok.- Resolvi aceitar já que estava morrendo de frio. – Toma segura.- Disse jogando minha mochila em seus braços e ele segurou sem dizer nada.

- Toma.- Ele disse me entregando a mochila quando eu botei a jaqueta, que por sinal estava com o cheiro do perfume delicioso que ele usa, é um cheiro diferente, tipo um cheiro amadeirado, um cheiro cítrico, a sei lá só sei que era muito bom.

- Obrigada.- Eu disse, pegando a mochila e as jogando por cima do ombro.

- é, eu queria falar com você.- Ele disse.

- Sobre ?

- Olha, eu sei que você pode não gostar de mim, ou achar que eu só quero te afastar dele, não sei mais, olha.- Ele segurou meus cotovelos fazendo com que eu ficasse de frente pra ele.- Se afasta de André ta, ele não é como você pensa que ele é.

- E como ele é ?- EU disse séria.

- Jessica presta atenção, eu nem devia ta te falando isso, mas por favor se afasta dele ta ?-  Caramba ele me chamou de Jessica, acho que ele não está de brincadeira.

- Ah, o que ta acontecendo Thomas ?- EU fiquei meio intrigada, primeiro a ligação dizendo pra mim tomar cuidado com as minhas amizades e agora isso, será que era ele, fazendo as ligações, querendo me botar medo ?

- Nada.- Ele disse e se afastou voltando a andar. Me posicionei ao seu lado e andei com ele.

-Por que você não veio pra escola ontem ?- Tentei mudar de assunto vendo que ele não iria me contar nada nem se eu ficasse de joelhos. E pra saber o que ele estava fazendo já que não foi pra escola.

- Pra que você quer saber ?- Ele me olhou de soslaio.

- Só por curiosidade.

- Ahan.. Eu tinha que resolver algumas coisas. Só isso.

- E não podia resolver de tarde ?- Nossa saiu sem querer, daqui a pouco ele vai me dar um fora, e eu não quero mesmo que ele me de um fora.

- Não, não podia.- Olha que legal, ele não me deu um fora.

- Hm.. ah toma seu casaco.- Eu disse vendo que já estávamos em frente a casa dele.

- Não, eu vou te levar na sua casa.- Oi ? Pra que ?

- Por que ?- Perguntei confusa.

- Por que, eu preciso falar com seu irmão.- Aah, claro.

- Ata.- Acho que cheguei a ficar decepcionada.. Mas fazer o que ?!

Chegamos na minha casa e Thomas ficou conversando com Pedro. Subi pro meu quarto para tomar um banho e reparei que não devolvi o casaco de Thomas , então desci pra devolver, mas ele já não estava mas lá.