Eu estava no meu quarto enrolada no meu cobertor e com uma caneca de chocolate quente, que minha mãe tinha feito, sim, eu estava na casa da minha mãe, não quis ficar com meu papai. E minha mãe não hesitou é claro.

Alguém bateu na porta , era minha mãe.

– Pode entrar.

Sabe de uma coisa, eu acho que ao invés de eu ficar com trauma , vai ser minha mãe, a cada meia hora ela bate aqui na porta pra ver se eu to bem, ela já brigou com meu pai , já conversou 300 vezes comigo, já disse que vai por um alarme aqui em casa, nem eu to assim, mas eu entendo, claro. Até eu acho a ideia do alarme uma ótima.

– Tem alguém querendo falar com você.

– Você pode falar pra essa pessoa que eu fui pra... - Eu não queria ver ninguém, mas dessa eu náo ia escapar.

– Sem chances, eu já estou entrando. - Disse Cam, bem, essa dava pra aguentar.

– Eu vou deixar vocês conversando, qualquer coisa é só chamar, eu to lá em baixo.- E saiu do quarto. Cam ficou me encarando e eu sabia que a qualquer momento eu ia começar a chorar.

– Você pode por favor parar de me encarar. - Eu pedi, mas meus olhos já estavam marejados. Fechei os olhos. Cam tirou a caneca de minhas mãos e me aconchegou em seu colo.

– Ta tudo bem amiga, tudo bem, agora você ta em casa, em segurança e com a melhor pessoa do mundo ao seu lado. - Ela tentou arrancar um sorriso de mim e conseguiu, mas em meio as lágrimas náo servia de muito.

Eu não queiria falar naquele momento e Ela sabia, então começou a mecher em meus cabelos em silêncio. Depois de certo tempo eu sai do colo dela e fui lavar o rosto.

– Sabe o que eu não entendo ?

– O que ?

– O fato do meu pai ter me achado no meio do nada e de dizer que nossa familia estava protegida.

– A amiga, seu pai tem os contatos dele, ele conhece bastante gente, deve ter pedido ajuda.

– Pois é, mas alguém devia saber onde estávamos, e que "proteção" é essa ?

– Talvez sim, bem provavelmente, você não viu nenhum carro seguindo vocês ? - Eu já tinha respondido está mesma pergunta a polícia.

– Não tinha ninguém, nenhum carro, nenhuma bicicleta, skate, nada.

– E Thomás ? - Ela chegou aonde eu queria.

– Pois é, ele era a única pessoa que poderia nós seguir, descobrir onde estávamos. Mas não seguiu, e nem poderia, como ele iria saber.

– Jessi, você já pensou na possibilidade de Thomas ser a tal da " proteção "de vocês ?

– O que ? Cê ta cheirada ? Ele é só um garoto,meu pai não ia por as nossas vidas nas mãos de um garoto.- Ela ficou me encarando para que eu pensasse na possibilidade. - Ou ia ?

– Pergunta a ele. - Disse ela ainda me encarando da cama.

– Pra Thomas ?- Me espantei com a ideia.

– Não, pro seu pai, agora se ele não quiser te falar você pergunta a Thomas, ou eu mesma pergunto.

– ah, mas meu pai não vai querer falar.- voltei me sentar na cama.

– Ah claro que vai, você acabou de ser sequestrada, ameaçada de morte,merece saber quem está cuidando de você, será até uma forma de se proteger, por que ai você saberia a quem recorrer em um momento como esse e além do mais ele não vai ter nada a perder, só a ganhar.

– Quer saber, você tem razão. Caramba, que bom que ainda pensa, obrigado.

– Hey. - e jogou o travesseiro em mim.

– Hey, eu acabei de " quase morrer" tenha dó de mim.- Eu disse o mais dócil possível.

– Pois é mocinha, você " quase" morreu, mas não morreu. O que significa que ainda tem que me aturar.

– Será que o sequestrador ainda ta lá? - Falei como se quisesse fugir dela e RI.

– Você é uma boba sabia ?- sorrimos.- Que bom que você está bem, eu li que geralmente as pessoas ficam com traumas, demoram a reagir.

– Graças a Deus 1_ eu sou diferente 2_ Minha mãe ficou com a parte dos traumas. - Rimos juntas. - e 3_ Por que raios você leu sobre isso ?

– eu queria saber se você ia ficar bem, já vi muito em novela coisas bizarras.

Cam ficou junto comigo por mais algum tempo e depois foi pra casa cuidar da prima chata dela. Kayke me ligou perguntando como eu estava, se já tinha comido, dormido, tomado banho, e blá blá e também para se desculpar por não poder estar comigo, por que teve que ir passar o final de semana com sua avó que esta doente.

– Kayke, Kay - ele me enterrompia preocupado.- KAYKE eu to bem, eu juro, já comi, tomei banho, agora mesmo eu estou na minha cama junto com uma caneca de chocolate quente, Cam até falou que eusou diferente, por que estou me recuperando fácil e tal. Agora a dona Francisca não, vai cuidar da minha avó e manda um beijo pra ela e diga que Deus está com ela.

– Tudo bem meu anjo, mas por favor, diga que você vai ficar bem, que vai se cuidar e que se precisar de qualquer coisa não vai hesitar em me ligar. Prometa.

– É claro, eu prometo, pode deixar, qualquer coisa eu te LIGO.

– Ótimo, agora eu vou ver minh vó. Fica com Deus, eu te amo. - Ele sussurrou o " eu te amo", acho tão lindo quando ele faz isso, ele não gosta de falar essa frase,a não ser que seja muito verdadeiro, é o que ele diz.

– Tenha uma boa noite, eu também te amo. - Também sussurrei o "eu te amo".

Depois desse dia cheio, sim cheio, parece que todos resolveram aparecer, me ligar, me ENCHER O SACO, eu resolvi ir dormir. Mas quem disse que eu consegui ? Rum, fiquei pensando na possibilidade de Thomas ser... Bem, náo quero pensar nisso, é tipo histórinha de filme, de novela sabe ? Loucura, mas minha mãe sempre diz que toda história tem um fundo de verdade, então quem sabe.

– Amanhã você não me escapa "papai".

Fiquei com medo de ter pesadelos novamente, mas tive que passar por cima deste medo, não queria ficar igual a um zumbi.