Lena apertava firmemente a lamina fria no meu pescoço. Minha mão, discretamente, foi deslizando até o meu canivete suíço, meio que sem pensar.

Primeiro converse. Depois, se não der certo e forem te matar de qualquer maneira, ataque e tente causar o máximo de dano possível.

–Solta ela, Lena.- a garota ainda assim não me soltou. -Marlena.- Charlie repreendeu-a. Esse era o nome dela. Não Lena. Marlena.

Ela me soltou e eu consegui respirar tranquila.

–Quem são vocês?- eu perguntei.

–Sou Charlotte.- Charlie disse.

–Marlena Black.- a garota que estava me atacando a segundos atrás disse de maneiro presunçosa.

–Katherine Hastings. Mas prefiro Hastings.- a outra disse, olhando tranquila para mim. -Quem é você?

–Eu sou Julieta Argentum.

Marlena levantou uma das sobrancelhas em sinal de deboche.

–Sério? Da merda da Seleção? Projeto de Princesa puta?

–Sim, faço parte do harém puritano do príncipe. Algum problema com isso?- eu respondi, grossa. Não gostava do tom dessa menina. Marlena me lançou um sorriso feroz. Olhou para as outras e disse:

–Gostei dela.

Charlotte revirou os olhos e Hastings bufou.

–Claro que gostou. Você adora qualquer um que deteste qualquer coisa que tenha haver com a família Real.- Charlotte disse.

–Bem, eu posso não gostar da Seleção, mas não quero matar a família Real.- eu disse, pensando em Nate. Ele não merecia morrer por causa de erros de seus antepassados.

–Não queremos mata-los.- Hastings me tranquilizou.

–Só queremos transformar esse país em uma republica. Sem monarquia.- Charlotte me explicou.

–Falem por vocês. Por mim, o Rei podia morrer. Ele é um grande filho da puta.- Marlena disse em tom amargo.

–Isso te faria neta da puta.- Charlotte observou e eu arregalei os olhos.

–Você é filha do Rei?- eu perguntei.

–Minha mãe foi estúpida e teve um caso com o Rei. Quando ela me teve, aquele pedaço de merda nem se quer piscou quando declarou a sentença de morte da minha mãe. Fim da história.- ela disse, eu podia sentir seu ódio em cada palavra.

–Sinto muito.- eu disse, realmente triste. -Mas o que atacar o castelo tem haver com o sonho republicano de vocês?- eu perguntei, genuinamente curiosa.

–Sonho republicano.- ouvi Marlena resmungar, seguido de vários xingamentos.

–Temos que encontrar um dos diários de Gregory Ilea. Ele é nossa melhor aposta para encontrar uma prova de como essa monarquia é estúpida.- Charlotte me explicou.

–E vocês estão me contando isso por que...

–Você não se intimidou. Eu te achei determinada.- Charlotte disse.

–Você parece decente. Mas não vejo problema em matar você.- Hastings disse e eu a olhei assustada. -Brincadeira.

Ri de nervoso.

–Já disse que gostei de você.- Marlena disse enquanto examinava atentamente a lamina da sua faca.

–Queremos saber se você quer se juntar a causa.

Pensei em Matt. Ele me diria para dizer não. Diria que era perigoso e não era o melhor pra mim. Diria que me ama e que eu iria me machucar.

Mas então me lembrei de Nate. O que ele diria?

Então pensei em Dean. Ele diria: "Por que não?"

Eu responderia que eu poderia me machucar.

Aí ele diria "Você se importa de se machucar?"

E a resposta seria não.

Eu não me importava.

Porque eu estaria lutando por algo que realmente me importa.

Isso era o melhor para mim.

–Eu quero.

–----*-----*-----*-----

Saí da floresta como se nada tivesse acontecido. Eu fui até o meu quarto e tomei um bom banho. Me vesti e fui até o meu lugar preferido do castelo: os corredores.

Eu não sei porque, mas eu amo me esgueirar pelos corredores. Ouvir conversas que deveriam ser privadas, descobrir segredos e fofoca.

Como diria minha amiga Abby: Adoooooro.

Quando eu estava em meus passeios, ouvi barulhos de... Pegação?

Nate era rápido!

Fui ver quem era a escolhida e me surpreendi.

Emily era quem estava sendo beijada.

Mas não era pelo príncipe.

Era um dos soldados.

Mas quando vi o rosto do soldado, minha cabeça girou e eu senti que iria vomitar.

Lucca.