Quando Will terminou a música, eu me senti completamente hipnotizada. Sua voz emitia uma magia, uma emoção, que me fazia sentir que era de outro mundo.

Não pude deixar de sorrir com aquela canção. Não era só a voz de Will que me deixava impressionada, e sim a letra da música também. Era muito bonita, e fazia qualquer um se sentir especial. Eu o olhei sem tirar o sorriso do rosto e consegui dizer isso:

– Will... Essa canção é... – Minha voz falhou por um instante – Perfeita! E a sua voz... Nossa a sua voz...

Não tinha nem palavras para descrever o quão maravilhosa sua voz era. Dei um suspiro apaixonante, em seguida fechei os olhos por alguns segundos, e depois os abri novamente, como se estivesse saindo de um transe.

– Você tá legal? – Perguntou-me Will.

– Sim. – Respondi – Aquela canção foi tão... Bonita.

Will me olhou um pouco envergonhado, é claro que ele sabia que tinha uma ótima voz e também sabia como aquela canção era magnífica, por isso a tinha cantado. Eu podia jurar que já tinha ouvido aquela música em algum lugar, só não me lembrava de onde.

– E o que fazemos agora? – Disse Will – Eu já dei meu show, você já adorou...

–... Vamos remar! – Eu disse – Vai você rema do lado esquerdo e eu do direito.

Will obedeceu. Nossa canoa flutuou por muitas partes do lago, e o sol estava ficando cada vez mais quente. Não sei muito bem, mas eu acho que estava suando feito um porco, de tanto calor que fazia. Nós continuamos remando por mais tempo, e levando em conta o calor, a água não me parecia uma má ideia.

Eu podia jurar que o lago havia lido meus pensamentos, porque de repente, a canoa começou a se mexer de um lado para o outro, e quando eu pude ver ela virou e nós caímos na água. Por sorte estávamos usando colete salva vidas, mas até que nem tinha muita profundidade. Will gritou algo como “que loucura!” e que chegou a fazer um pouco de eco por conta da canoa que estava em cima das nossas cabeças, enquanto do nosso pescoço para baixo, era somente água. Não pudemos deixar de rir daquela situação. A canoa tapava tudo, por isso estava um pouco escuro, somente a “luz” da água iluminava.

– Vai me ajuda a tirar essa canoa de cima da gente! – Eu disse.

Eu contei até três, e Will e eu levantamos a canoa na mesma hora. Ela foi para cima, então nós a empurramos pro lado e ela ficou normal, boiando na água, e nós ainda estávamos no lago.
Se não estivéssemos com os coletes salva vidas, com certeza teríamos afundado ou nos afogado, porque realmente era bem fundo. Eu não tinha percebido isso antes, mas agora, sem a canoa em cima, eu podia enxergar que era fundo. Meus pés estavam muito acima do solo aquático.

Will sabia nadar, – pelo menos era o que ele havia dito – enquanto eu só sabia mergulhar e boiar. Na minha antiga casa tinha uma piscina um pouco funda, mas eu não nunca fui muito boa com natação.
Mesmo assim, Will tirou seu colote salva vidas, o que me preocupou, já que o lago era fundo. Eu não pretendia fazer a mesma coisa, afinal, não sabia nadar.

– Não vai tirar seu colete? – Will disse.

– Ah não... Eu não sei nadar.

Dei uma risadinha forçada, só para não parecer tão boba. Will também riu, mas chegou perto de mim e tirou meu colete. Fiquei nervosa.

– É sério Will, eu não sei nadar e esse lago é muito fundo.

– Ei, relaxa. – Ele disse sorrindo gentilmente – Eu estou aqui, se você se afogar, estarei aqui para te salvar.

Não pude deixar de sorrir e abraçá-lo – o que demorou um pouco, já que embaixo d’água nosso corpo fica meio “lento”.

– Vem, vamos mergulhar. – Disse-me Will nadando.

O acompanhei. Mergulhei, usando as mãos para me ajudar a mergulhar mais rápido, o que funcionou. Quando faltou ar, levantei-me colocando a cabeça para fora da água, conseguindo respirar. Will também colocou a cabeça na mesma hora que eu.

Por um momento fiquei apreensiva. Provavelmente os campistas deveriam estar dando falta de nós. Sem contar que o que estávamos fazendo, deveria quebrar uma meia dúzia de regras. Mas, deixei pra lá e continuei me divertindo. Quem liga pra regras? Vamos nos divertir! pensei.

Minha roupa estava toda encharcada e coberta pela água, mas eu nem cheguei a me sentir desconfortável. Quando levantei a cabeça depois de outro mergulho, Will estava ali em cima também, e uma ideia me veio à cabeça.
Ataquei-o com água, e ele fez uma expressão do tipo “Ah você vai pagar!” e revidou me jogando água também. Logo, uma guerrinha tinha começado, como da outra vez em que fizemos isso. Mergulhei, para me livrar da água no rosto, e Will mergulhou para ir atrás de mim. Quando achei que o tinha despistado, levantei a cabeça para respirar. Mas, quando virei para trás, lá estava ele, sorrindo como se tivesse vencido. O que mais me assustou não foi dar de cara com Will e sim o fato de que estávamos a alguns centímetros de distância, e nesse momento eu fiquei muito nervosa. E foi então que eu vi ele se aproximar de mim, e agora eu podia jurar que haviam borboletas dentro do meu estômago.

Quando ele me beijou, senti que o mundo tinha paralisado, e somente nós dois estávamos vivos, juntos, e vivenciando aquele momento. Se me surpreendi? Sim, e muito. Não esperava que Will algum dia fizesse isso, na verdade, eu nunca cheguei a enxergá-lo dessa forma – mesmo ele sendo um gato.

E como já estávamos sem ar, Will se separou de mim, e sorriu. Eu tive que sorrir também, pra não parecer uma ignorante ou parecer que não havia gostado. Bem, eu havia gostado, mas ainda era estranho pra mim.

– Você...

Não terminei a frase, porque Will me interrompeu.

– Faz tanto tempo que eu quero fazer isso. – Disse ele – Bella, eu gosto de você. De verdade, gosto mesmo. Eu nunca fui de me apaixonar, apesar de ser filho de Apolo. Mas com você é diferente... Você é diferente.

Não sei ao certo como meu rosto ficou, mas eu estava chocada. Eu nunca poderia imaginar que Will se sentia assim, e eu não podia negar que nunca pensara nele assim. Mas não queria magoá-lo, nem acabar com a nossa amizade. Eu não sei como, mas daquele momento em diante, comecei a me sentir como ele se sentia. Me apaixonei por Will Solace.

– Eu... – Comecei – Eu também gosto muito de você Will.

Ele fez uma expressão surpresa, e depois sorriu de felicidade.

– Eu sei que é meio cedo, mas...

–... Sim. – Eu disse – Aceito ser sua namorada.

Para falar a verdade, eu nem sabia se era isso mesmo que Will ia me perguntar, mas fui apressada e aceitei antes que ele dissesse outra coisa. Podia sentir minhas bochechas corando bravamente, mas Will fez algo que eu não esperava: Mergulhou. E quando voltou, tinha algo nas mãos. Só consegui ver o que era quando ele me entregou. Era um circulo pequeno feito de algas. Ele colocou-o no meu dedo esquerdo, como um anel de compromisso improvisado. Agora foi a minha vez de mergulhar e dar à ele um anel improvisado feito de algas pardas. Coloquei-o em seu dedo, e nos abraçamos.

E, de repente eu não estava mais solteira.

***

Depois de tomar banho e trocar de roupa, já estava escurecendo. Fiquei treinando luta com espadas com alguns filhos de Hermes. Algumas vezes eu ganhava, outras eu perdia e eles comemoravam feito loucos. Um deles era Chris Rodriguez, e ele era um cara legal. Fazia piadas enquanto lutávamos, o que me distraía bastante, dando vantagem a ele.

Quando ele deixou sua espada cair no chão, eu a peguei, entregando-lhe e sorrindo. Ele parecia decepcionado consigo mesmo, provavelmente porque havia “perdido pra uma garota”.

– Fiquei sabendo que você e o Solace estão namorando. – Ele disse.

Como Chris ficara sabendo? Isso não era bom. Significava que o Acampamento inteiro estava sabendo, e agora eu era motivo de fofoca. Odiava isso, principalmente depois que Mandy Lawrence – a garota mais patricinha da escola, quando eu estudava em uma escola da minha antiga cidade – descobriu segredos meus e espalhou pra escola toda, na sétima série.

Mesmo assim, somente assenti com a cabeça, bufando e comecei a lutar com um irmão mais novo de Chris. Ele estava desesperado, golpeava como se estivesse lutando com um escorpião gigante, e tinha uma expressão de medo no rosto. Provavelmente era recém-chegado no CHB, porque parecia inexperiente com tudo aquilo.

Depois de vencê-lo, ouvi o som da concha do jantar soar por todo o Acampamento, e me despedi dos garotos para ir para o Pavilhão. Chegando lá, sentei-me na mesa do chalé um, mas estava sozinha. Me perguntei onde Jason poderia estar, já que ele odiava quebrar regras. E foi então que ouvi o som da sua voz rindo. Procurei por toda a direção e quando o encontrei com os olhos, ele estava na mesa do chalé dois – Hera – o que era estranho, porque até onde eu sabia ele pertencia ao chalé um, o que o fazia ser meu meio-irmão. Mas logo percebi o motivo. Sete semideuses sentavam-se na mesa dois, os mesmo semideuses que há semanas Travis e Connor me apresentaram quando eu era recém-chegada no Acampamento. Eles estavam rindo, e comendo ali, na mesa de Hera, que obviamente ficava vazia já que ela não traía o marido. Pensei em me juntar a eles, mas a timidez falou mais alto. Foi quando vi Will acenar pra mim e fazer um sinal do tipo “Venha” e eu assim fiz. Sentei-me ao seu lado esquerdo, e ao meu lado estava Silena. Jason posicionava-se ao lado de Piper, na minha frente. As harpias serviram o jantar, e nós fomos os primeiros a fazer oferenda.

Pedi a Zeus que me ajudasse com o treinamento, e que nunca desistisse de mim. Joguei meu melhor pedaço de bife e sentei-me na mesa de Hera novamente.

Quando terminamos de jantar, todos continuaram ali sentados, agora somente conversando sobre algum assunto que eu não prestei atenção porque fiquei pensando no Torneio.

E se eu perder? pensei O que vai ser de mim? Tio Hades vai adorar o presente de Natal adiantado.

Me livrei daqueles pensamentos balançando a cabeça, e comecei a prestar atenção no que eles falavam. Me arrependi, quando vi que eles falavam sobre Will e eu.

– Parabéns ao casal. – Disse Piper sorrindo. Agradeci.

– É, pombinhos. – Disse Connor e Travis gargalhou dizendo ao irmão “essa foi boa cara”. Foi engraçado ver ele rindo daquele jeito.

– Concordo, meus parabéns, Bella. – Disse Annabeth.

Ela havia dito aquilo como se tivesse acabado de receber uma grande notícia, mas estivesse sendo forçada a não comemorar. E eu não duvidava nada de que ela se sentia assim, pude ver ela escondendo um sorriso muito grande. Não sei como, mas parecia que ela e Percy tinham se entendido e continuado o namoro. Eu assenti forçando um sorriso pra ela, que sorriu feito criança ganhando chocolate.

Os outros, – exceto Percy – também nos parabenizaram.

Depois de um tempo, uma menina apareceu em frente à mesa. Tinha cabelos loiros, olhos azuis e um sorriso muito bonito. Na verdade, ela era muito bonita. Eu nunca a tinha visto no CHB, devia ser novata. Ela disse:

– Posso me sentar com vocês?

Todos assentiram, mas antes que ela sentasse, Will se prontificou dizendo:

– Senta aqui, Anne.

Eu estranhei muito, porque ele ofereceu o lugar que eu estava. Tive que chegar pro lado, e ela se sentou ao lado de Will e ao meu lado. Quem ela pensava que era? me perguntava o tempo todo. Ela logo fez amizade com todos, exceto comigo. Eu não disse uma palavra desde que ela chegara, simplesmente me calei.

Antes de abaixar o olhar, vi Percy sorrindo enquanto olhava pra mim e pra “Anne”. Eu não havia entendido o motivo de tanta alegria, mas não questionei.

Estava entediada demais, por isso, levantei da mesa e fui pro chalé um. Estava meio tarde, e eu me sentia tão excluída que nem me importei em sair assim do nada. Antes de cruzar a saída, pude ouvir o som de Will se levantar, mas alguém o impediu e veio em seu lugar. Não vi quem era, porque saí do Pavilhão antes de poder ver.

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Anne: http://images1.wikia.nocookie.net/__cb20130303084222/dumbledoresarmyroleplay/images/4/46/Amelie_Gif_4.gif