Até então tudo parecia um mar de rosas. Will e os outros campistas que eram do time do chalé de Apolo comemoravam feito loucos, abraçando uns aos outros e gritando de felicidade. Mas Percy era o único que não comemorava. Ele tentava chamar as pessoas para ajudarem Bella, mas ninguém lhe dava ouvidos. E foi então, que ele conseguiu chegar até Will, que estava no meio de todas as pessoas. Ele gritou:

- Will! É a Bella, ela está desacordada perto do punho de Zeus!

Primeiramente Will não ouviu. Por esse motivo, Percy disse outras vezes, em vão novamente. Então ele gritou o mais alto que pôde:

- CALEM A BOCA! BELLA ESTÁ DESACORDADA E A PONTO DE ENTRAR EM COMA, SERÁ QUE ALGUÉM PODERIA AJUDÁ-LA OU PREFERE QUE ELA MORRA?

Depois de gritar assim, todos paralisaram e o silêncio penetrou pelo espaço. Quíron estava na enfermaria cuidando dos outros e a maioria dos sátiros levava campistas para a enfermaria. E finalmente Will havia se dado conta de que sua melhor amiga estava desmaiada no chão. Sua primeira reação foi gritar algo como “seu imbecil, onde ela está?”, deixando todos abismados com a agressividade do filho de Apolo. Percy não se deu ao trabalho de responder àquela pergunta ignorante, simplesmente o levou até o punho de Zeus. Will se desesperou ao vê-la naquele estado. Annabeth não estava mais caída no chão, provavelmente havia sido levada por algum sátiro. Will derramou algumas lágrimas instantaneamente, ele não gostava de ver Bella mal, muito menos desmaiada no chão. Foi até ela se ajoelhando em sua frente e disse quase como em sussurro:

- Bella, acorde! Por favor! – Suas lágrimas molharam o rosto da menina, que nem se mexia – Eu... Eu te amo.

Bella provavelmente não havia escutado, mas se mexeu um pouco. Aquilo fez Will ter esperanças, e abraçá-la quase que na mesma hora. Percy os olhou um pouco incomodado, e se posicionou ajoelhado na frente dela, ao lado de Will.

- É melhor levarmos ela para a enfermaria. – Ele disse.

- Eu faço isso! – Will falou um segundo depois.

- Não precisa, você está mal, eu levo. – Percy insistiu.

- É claro que não, ela é minha! – Will analisou a frase e tratou de consertá-la rapidamente – Melhor amiga.

Ele se levantou e a pegou no colo antes que Percy se manifestasse novamente, e a levou até a enfermaria. Devia ter em torno de seis ou sete campistas ali. Alguns dormiam, outros gemiam de dor. Will a colocou em uma cama e, observando-a sorrindo, ajeitou seus cabelos que estavam tapando seu rosto. Vê-la naquele estado o deixava mal, ele gostava tanto dela que quase podia sentir a dor que ela sentia agora.

Depois de tanto observá-la, Will foi até o armário da enfermaria e pegou néctar e ambrosia, dando-os à Bella logo em seguida. Ele – sendo filho do deus da medicina – cuidou dos cortes e feridas dela, e tirou a armadura pesada de seu corpo angelical, deixando-a mais confortável com a blusa preta – onde lia-se no meio “rock é vida” e uma foto do símbolo do rock ficava abaixo.

Passados alguns minutos, Will ainda cuidava dos cortes mais graves de Bella, quando ouviu alguém entrando na enfermaria. Ela virou-se e viu Percy Jackson com uma expressão preocupada no rosto.

- Ela está melhor? – Ele disse.

- Sim. – Will respondeu deixando escapar um sorriso – Eu cuidei dela.

- Hum...

- Mas por que isso te interessa? – Indagou Will – Desde quando você se importa com a Bella?

- Ué, ela é minha amiga. – Ou quase pensou Percy.

- Estranho. Eu nunca te vi falando com ela.

- Ah, o importante agora é a Bella, certo? – Disse Percy fugindo de ter que explicar.

Will murmurou algo como “é claro que sim” e virou-se novamente para cuidar da menina. Alguma coisa dentro dele dizia que ela não abriria os olhos tão cedo novamente. Ele balançou a cabeça, se livrando daqueles pensamentos. Percy continuou lá por mais alguns minutos e depois saiu em direção ao chalé seis. Mesmo ele sabendo que era o culpado por Annabeth estar machucada, queria vê-la. Certificar-se de que ela estava bem, mesmo sabendo que não estava. Foi até o chalé de Atena, mas não conseguiu entrar porque três irmãos de Annabeth o impediram, dizendo que ela não queria vê-lo.

- Ela não quer te ver “cabeça de alga” – Riu um deles – Além do mais, o culpado por ela estar assim é você. É muita cara de pau dar as caras por aqui.

- Eu só queria... – Começou Percy.

-... Não queria nada mané, saia daqui antes que façamos você sair! – Ameaçou o outro.

Percy tentou insistir novamente, mas os irmãos de Annabeth o empurraram e ele quase caiu dos degraus do chalé. Saiu dali se sentindo um lixo, achando que merecia estar no Tártaro pelo que fizera.

Por um lado ele tinha raiva da namorada pelo que ela fizera com Bella, mas por outro tinha raiva de si mesmo por tê-la ferido daquela forma. Ele nunca se perdoaria por fazê-la chorar. Foi para o chalé três e se deitou em sua cama, pensando no que havia acontecido naquela tarde.

Enquanto isso, Will continuava na enfermaria rezando aos deuses, – principalmente seu pai – que Bella ficasse bem e acordasse logo. Sentia falta de ver ela sorrir, abraçá-la, ouvir o som de suas gargalhadas quando ele fazia alguma piada, enfim, sentia falta dela. Mesmo que não admitisse, Will gostava muito mais do que aparentava gostar de Bella e agora ela estava naquela situação. Will não podia deixar de se culpar por ela estar assim, afinal, ele a colocou para vigiar a bandeira, sabendo que seria perigoso. Pensando assim, ele se sentiu pior do que já estava.

Quando o som do toque de jantar ecoou Will teve de se separar de Bella, dando-lhe um beijo na bochecha. Saiu da enfermaria ainda com as roupas sujas, – já que passara a tarde intera lá – e em algumas partes rasgadas. Claro, tomou um banho antes ir para o Pavilhão. Chegando lá se sentou junto de seus irmãos que estranharam um pouco a demora do líder deles. Will não pôde deixar de explicar o porquê do atraso. Mas o que mais o preocupava era que todos os campistas que haviam se machucado na captura da bandeira já haviam melhorado e saído da enfermaria, e somente Bella estava lá. Quíron levantou-se da cadeira de rodas, tomando a forma de corcel branco e falou em alto e bom som:

- Heróis, gostaria de parabenizar o chalé de Apolo pela grande vitória na captura da bandeira. – Aplausos e comemorações na mesa de Apolo – Embora alguns tenham se machucado e outros tenham ficado gravemente feridos, pode-se dizer que fizeram um bom jogo.

Naquela hora, Will e Percy sabiam exatamente a quê Quíron se referia.

- Enfim, mesmo o chalé de Ares tendo perdido desta vez, vocês sabem que todos aqui são vencedores. – Disse por fim Quíron.

Todos sorriram, – exceto o chalé de Ares – e aplaudiram. As harpias serviram o jantar, e cada chalé foi fazendo sua oferenda. Quando chegou a vez do chalé de Apolo, Will foi o primeiro a se levantar, oferecendo seu bife bem passado, coisa que ele amava e jogando-o ao fogo, dizendo:

- Pai, eu gostaria de te pedir que desse bênção à Bella, em relação à medicina. Ajude-a para que ela fique boa logo.

E depois voltou ao seu lugar, ainda apreensivo. Will esperava que Apolo atendesse ao seu pedido e ajudasse Bella. Isso o faria ser grato ao pai pelo resto de sua vida.
Depois do jantar, Will passou na enfermaria com esperanças de encontrar Bella acordada, mas nada havia mudado. A única coisa diferente era que ela estava limpa, vestindo um pijama de raios em nuvens e coberta por um cobertor fofinho, e agora ele podia ver que ela respirava normalmente. Isso o tranquilizou um pouco mais, pelo menos ela estava melhor. E assim o filho de Apolo foi para seu chalé, deitou-se em sua cama e depois de dez minutos encarando o teto, ele finalmente adormeceu.

***
Por Bella Swan

Quando abri os olhos minha visão ainda estava um pouco turva, mas logo voltou ao normal. Observei tudo ao meu redor, até perceber que estava na enfermaria do Acampamento Meio-Sangue. Não tinha mais ninguém lá – o que era estranho – e eu estava vestida com meu pijama de raios nas nuvens, o cabelo preso em um rabo de cavalo bagunçado. Meu estômago roncava de fome. Sentei-me na cama, com um pouco de dor de cabeça ainda.

Eu me lembrava de estar na captura da bandeira e de lutar com Annabeth, até ela me fazer desmaiar. Provavelmente isso deveria ter sido ontem, suponho. Eu pensei em levantar da cama, mas ainda estava um pouco dolorida. Bebi néctar de um copo que estava no criado mudo ao lado da cama da enfermaria, e instantaneamente me senti bem melhor.

Estava prestes a levantar da cama e sair da enfermaria, quando vi alguém entrando. Na mesma hora deitei novamente, me cobrindo com o cobertor fofinho, sem fechar os olhos. Quando o “alguém” chegou mais perto, pude ver que era Will. Ele me olhou, depois abaixou a cabeça como se estivesse decepcionado, e depois me olhou de novo, agora com uma expressão do tipo “OH DEUSES VOCÊ ESTÁ VIVA!”, e foi isso que ele disse. Me abraçou, comemorou e até chorou de felicidade. Eu nunca pensei que eu faria tanta falta assim pro Will.

- Vai com calma solzinho, – ri – por que tanta comemoração, eu desmaiei ontem, nem faz tanto tempo.

Will me olhou, como se eu tivesse dito “I’m sexy and I know this” e depois disse:

- Bella, você dormiu por três dias. – Ele disse como se estivesse se lembrando de algo ruim.

Não sei ao certo como meu rosto ficou, mas eu estava completamente chocada. Nunca tinha dormido por tanto tempo. As pessoas devem ter achado que eu estava morta, ou só em coma.

- Por Zeus! – Exclamei – Hipnos estava distribuindo bênção? – Will fez que não com a cabeça – O que houve comigo?, eu nunca fui de dormir por mais de doze horas.

Will conseguiu dar uma gargalhada e eu fiz o mesmo. Apesar de ser verdade que eu nunca havia dormido por mais de doze horas.

- Eu não sei, mas você estava muito mal. Se eles tivessem me deixado dormir na enfermaria eu poderia ter visto como você reagia à noite. – Disse-me Will.

Fiz uma cara tipo “Hum...”

- Então... Você ficou aqui o tempo todo? Quer dizer, exceto à noite? – Perguntei abismada.

- É claro! – Ele disse normalmente – Você é minha melhor amiga Bella, eu nunca te deixaria sozinha num estado desses!

Eu corei e sorri ao mesmo tempo. Will era um cara tão legal, que me dava vontade de vomitar arco-íris.

- Obrigada – Eu disse lhe abraçando – Bem, pelo menos eu estou melhor agora. – Dei de ombros – O que tem agora?

- Os campistas estão nas atividades. Eu ia ficar aqui à tarde interia com você, mas já que acordou, por que não vamos a algum lugar? – Perguntou Will.

- Tive uma ideia... – Eu disse me levantando – Vá se trocar, eu vou fazer o mesmo. Me encontre no lago de canoagem.

- Mas...

-... Vá logo menino! – Eu disse.

Will obedeceu e saiu às pressas. Eu levantei da cama, agora conseguindo me fixar no chão e saí da enfermaria correndo, tentando não ser vista por nenhum campista, já que eu usava um pijama de raios em nuvens.

Quando cheguei ao chalé um, Jason não estava lá, o que não me surpreendeu nem um pouco. Troquei de roupa, colocando – como sempre – um shorts jeans e a camisa laranja do Acampamento, completando com meu tênis All Star mais velho que minha avó Gertrude. Prendi novamente o cabelo em um rabo de cavalo bem feito e depois de escovar os dentes e lavar o rosto, fui até o lago de canoagem.

Will já estava lá, todo animado e vestindo uma bermuda marrom, a blusa do Acampamento e um tênis All Star bem melhor que o meu. Seus cabelos loiros estavam um pouco desgrenhados, – como sempre – o que o deixava mais bonito.

Quando ele me viu, a primeira coisa que fez foi perguntar o que eu estava fazendo. Não respondi, somente peguei dois coletes salva vidas, entreguei um à Will e coloquei o outro. Ele não perguntou, só colocou o seu. Finalmente, expliquei a ele:

- Vamos andar de canoa, é bem legal. – Eu disse – Venha, tem uma ali. Pegue aqueles remos – apontei – e sente-se aqui.

Indiquei o lugar da canoa que ele tinha de se sentar e assim ele o fez. Sentei-me à sua frente, em uma madeira da canoa que servia como banco. Peguei um remo e Will ficou com o outro, ainda sem entender muito bem. A água do lago não estava muito agitada, mas nem muito parada. Estava normal, o que facilitou a canoagem. Alguns outros campistas – aproximadamente uns quatro ou cinco – também praticavam o esporte. Will remava do lado esquerdo e eu do direito.

- Por que exatamente você nos trouxe aqui? – Perguntou ele.

- Ah eu gosto de canoagem. – Eu disse – Antes de morar em Forks, eu e mamãe sempre íamos ao lago da cidade e andávamos de canoa. Eu amava!

Não pude deixar de sorrir ao me lembrar daqueles tempos. Era maravilhoso quando mamãe me levava para andar de canoa, e nós comíamos pretzels e cupcakes que ela sempre levava. Sentia muitas saudades desses tempos.

- As únicas vezes em que eu andei de canoa foi aqui no CHB, é bem divertido, principalmente quando se tem... – Ele disse imitando o som de tambores – MÚSICA!

Will falou a última palavra como se estivesse em um programa de competição musical, e ele fosse o apresentador galã. Eu o olhei com uma cara do tipo “Cadê as câmeras?” como se fosse uma pegadinha.

- Sabe, eu sou filho do deus da música, – Disse ele se gabando – então, vou aproveitar isso e fazer um showzinho para você, meu bem.

Aquilo soou como se ele fosse um milionário dono de uma mansão com piscina, e eu não pude deixar de rir. Will cerrou os punhos, colocando-os em frente a seus lábios, como se fosse um microfone.

- Eu vou cantar You Can Come To Me da Laura Marano

- Acho que já ouvi essa música em algum lugar. – Eu disse.

- É deve ter ouvido sim. Bem, o show vai começar em 3... 2... 1

Depois de dizer “1” Will aproximou um pouco mais o microfone-punho e começou a cantar. Sua voz era perfeita quando ele cantava, e me fazia sentir como se estivesse em um campo de margaridas olhando o pôr do sol. Ele cantava muito bem, e a cada verso, ele melhorava.

If you wanna cry, I'll be your shoulder

(Se você quiser chorar, eu serei seu ombro)

If you wanna laugh, I'll be your smile

(Se você quiser rir, eu serei seu sorriso)

If you wanna fly, I will be your Sky

(Se você quiser voar, eu vou ser seu céu)

Anything you need that's what I'll be

(Qualquer coisa que você precise, é o que vou ser)

If you wanna climb, I'll be your ladder

(Se você quiser escalar, eu serei sua escada)

If you wanna run, I'll be your Road

(Se você quiser correr, eu serei seu caminho)

If you want a friend, doesn't matter when

(Se você quiser um amigo, não importa quando)

Anything you need, that's what I'll be

(Qualquer coisa que você precise, é o que vou ser)

You can come to me

(Você pode vir a mim)