Cecília escrita por Claire Capelotti


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Capítulo finalizado.



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A coordenadora me odiava e me queria fora do colégio o mais rápido possível, eu não pretendia dar esse gostinho a ela, mas a noticia da minha mudança não deixaria meu plano prosseguir.

– Vamos nos mudar. De vez. Sua mãe vai trabalhar a distancia, eu acho, ainda vamos resolver. De qualquer modo, é incrível não?

Não, não era. Queria responder a meu pai. Não quando as poucas coisas que você tem irão ficar para trás. Talvez algumas pessoas pensem que é mais fácil quando se tem poucos amigos para deixar e um relacionamento amoroso que mal começou, mas na verdade é pior, porque você passou a cuidar dessas poucas coisas como tesouros, afinal: É tudo que você tem.

Apesar de a notícia ter me chocado, me revoltado, me machucado, ou sei lá, eu não chorei, não gritei, não tive um ataque de nervos, porque eu meio que já sabia que isso ia acontecer, tinha dito em voz alta para Chay e a única coisa que faltava era a confirmação.

Nós iríamos em uma semana. Uma semana apenas que eu teria que fazer todos meus desejos antes de abandonar meu país que eu sabia a historia detalhadamente para morar em um lugar desconhecido onde eu não conheço ninguém. Uma semana era o tempo suficiente para cuidar das coisas do meu colégio e do trabalho da minha mãe.

Não vi nem falei com Chay durante a semana de provas. Todo o meu tempo estava sendo dedicado a estar na casa de Manu e assim que acabasse eu dedicaria um dia inteiro a ele.

PONTO DE VISTA DO CHAY

Depois de uma semana longa e complicada estava segurando a mão de Cissy enquanto andávamos conversando. Ela estava triste apesar de não falar ou demonstrar. Eu sabia.

– Alguma notícia boa? – Perguntei.

– Se tirar o meu aparelho conta, essa é a notícia. – Ela respondeu chutando uma pedra.

– Vai ficar mais feia do que já é.

– Obrigada. Por isso nós combinamos. Dois feios. Na verdade, uma feia e um horroroso.

“Por isso nós combinamos”

– A gente combina? – Perguntei provocativo, sabia que ela ficaria desconfortável.

– Não sei. – Ela respondeu séria, ficamos em silêncio. – É verdade que os meninos acham que as garotas excluídas e deprimidas são atraentes?

– Na verdade, não. – Respondi – As pessoas já têm suas tristezas, às vezes ajudam as outras com tristezas “piores”, não por pena, mas sim porque se sentem melhores ao saber que existem pessoas em situações piores, mas depois de um tempo você se cansa de escutar a depressão alheia apesar de a pessoa ser muito legal e você tenta fazê-la melhor, mas ela continua mal e te deixando mal também, isso é horrível, então você, apesar de gostar da pessoa, quer se afastar dela. Eu acho.

– É assim que você se sente em relação a mim?

O que a fazia pensar assim? Cecília era tão forte – talvez a pessoa mais forte que conheci -, a vida dela podia estar uma bagunça, mas ela continuava alto astral, evitava falar de seus problemas porque achava desnecessário já que não ajudaria em nada e no final ela resolvia tudo sem ajuda de ninguém, nem dos pais. Cecília era incrível e isso não era porque estava apaixonado por ela.

– Não mesmo.

Ela nunca chorava em público como outras garotas faziam para chamar atenção ou ser alvo de pena. Ela odiava isso. Também não gostava de pessoas carinhosas demais, então no momento que quis elogia-la, me contive.

***

PONTO DE VISTA DA CECÍLIA

Nós conversamos sobre vários assuntos enquanto jogávamos UNO no chão da sala da casinha, era incrível como a conversa fluía tão bem com ele, íamos pilando por coisas tão distintas e eu nem conseguia perceber como. Começamos a falar de comida passamos para moda em seguida profissões e terminamos com programas de TV.

Mas era só um passatempo, não temos nada, além disso. Somos apenas amigos que se pegam casualmente. Ele é legal, passamos bons momentos juntos, mas só isso. Tenho que repetir para mim, para me fazer acreditar. Cissy, o bloco de gelo estava derretendo.

Eu estava começando a olhar as coisas pelo lado positivo, não dá para fugir das mudanças, tudo tem um lado bom. E o lado bom de me mudar para NY era fugir da Cecília romântica que estava começando a tomar conta de mim.

***

Liguei para Manu e contei para ela esse pensamento, achei que ela iria se irritar, dizer que era um pensamento egoísta e idiota, perguntar se eu não pensava nela e nas pessoas que iam sentir minha falta, mas não.

– A parte boa de ir para Nova York é que não vou mais precisar sentir essas coisas por Chay, essas coisas que me deixam fraca. Vou sentir sua falta, mas eu prefiro ir a ficar no Brasil com Chay e essa merda no peito.

– Você é uma porra de uma medrosa. Uma medrosa do caralho, com medo do amor, de se apaixonar. Eu entendo Cissy, o amor não enfraquece, o amor fortalece, fugir não vai adiantar, o amor está em toda parte, aqui, Nova York... Não adianta fugir. Essa coisa que você sente é amor!





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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora!!!!



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