Black Wings escrita por Lilly


Capítulo 2
Raven


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo, bom, mostra como surgiu a personagem
Eu escrevi ele todo hoje, assim como o prólogo, então não sei se ficou tão bom
Enfim.. Enjoy!



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Hanna teve uma infância feliz. Poucas crianças tiveram uma família tão unida quanto a dela. A mãe, loira dos olhos claros e a mulher mais linda que Hanna já vira, conseguia ser doce e severa ao mesmo tempo. O pai, moreno e alto, pra quem Hanna puxara os cabelos e os olhos, de olhar duro, porém a pessoa que a garota mais amava no mundo. E tinha o pequeno irmão, quatro anos mais novo que ela, ruivo dos olhos claros, que ela teria coragem de arriscar a vida para protege-lo. Viviam uma vida perfeita na cidadezinha de Bad Kreuznach, Alemanha, cidade natal e pequeno recanto da pequena Hanna, ela pertencia àquele lugar e não queria sair de lá nunca.

Todo natal a família se divertia com os preparativos, mas naquele natal em especial, tudo seria diferente. O pai andava estranho, quieto, não tinha falado nada sobre os preparativos e quando a garotinha (de 9 anos na época) o perguntava, desconversava. A mãe era a mesma coisa, chegou uma vez a pega-la chorando escondida. O mais estranho era o irmão que não via há quase duas semanas. Ela já não conseguia se sentir segura, não sabia o que estava acontecendo, estava com mais medo que nunca. Naquela noite de natal, a mãe de Hanna saiu pela porta sem aviso prévio e tinha a sensação que não a veria tão cedo.

Passaram anos assim, por incrível que pareça. Ela nunca mais viu o irmão nem a mãe novamente, aquilo a corroia por dentro e a fazia chorar todas as noites. O pai recusava a dar qualquer explicação à garota com a desculpa que ela era nova demais para entender. Talvez nunca entenderia o que fez sua família se partir ao meio. Naquela hora não queria ter que entender. Hanna, agora com 15 anos, ouvia vozes estranhas na sala naquela manhã de domingo. Levantou e espiou pela porta, viu três homens, dois fortes vestidos iguais, com camisas brancas e calças pretas, e um com terno e uma maleta na mão. Colocou a maleta na mesa da sala e se dirigiu à seu pai:

– O dinheiro está aí, onde está a garota?– O pai se mantinha sério, não falou uma palavra sequer, Hanna sabia que a garota era ela e se apavorou, seriam eles que acabaram com sua família? Viu o pai indo em direção a escada e correu para o quarto, não sabia o que iria fazer então apenas fechou a porta e se escondeu em algum canto, segurando o choro.

– Hanna! – O pai bateu em sua porta e ela se manteve em silencio. Pôde ouvir o pai suspirar e em seguida arrombar a porta. Ele a pegou pelo braço e praticamente arrastou-a rumo à sala.

– NÃO, NÃO DEIXE ELES ME LEVAREM, PAI POR FAVOR, EU SEI QUE ELES VÃO ME LEVAR, EU NÃO QUERO IR, ME SOLTA! – Ela gritava e ele se mantinha em silencio, chegou à sala e pôde ver o sorriso estampado na cara do sujeito de terno, que segurava um lenço na mão. Olhou para a maleta e entendeu, o pai a vendera. Precisava de dinheiro e recorreu à única preciosidade dele: a filha. Como ele pudera ter feito aquilo? Olhou para a maleta cheia de dinheiro e em seguida olhou incrédula para o pai. Chorou como nunca chorara em sua vida, e como nunca mais choraria. De repente ela sentiu um cheiro forte e apagou.



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Acordou num lugar estranho, branco, claro demais pra sua vista. Logo que abriu os olhos sentiu pontadas na cabeça. Estava ligada em fios, onde estava e por quanto tempo esteve ali ainda era um mistério para ela. Olhou em torno de si e viu vários aparelhos, parelhos demais para um hospital. Fixou o olhar em um canto específico e pôde ler as siglas GOF (Geheime Organisation der wissenschaftlichen Forschung, ou Organização Secreta de Pesquisas Cientificas). Já ouvira falar da organização uma vez numa discussão de seus pais, há muito tempo atrás antes de sua mãe ir embora, será que eles levaram seu irmão? Será que estavam com sua mãe? Então era isso? Ela se tornara uma pesquisa científica? Viu uma pasta em cima de uma bancada fixada na parede, precisava de respostas. Tentou se levantar, mas os fios a impediram. Começou a tirá-los e fazia caretas com a dor que as agulhas rasgando sua pele provocava. Quando se viu livre de todos os fios, se sentou na maca e sentiu um formigamento nas pernas. Precisaria se recuperar, devia ter ficado tempo demais naquela posição. Respirou fundo e começou a mexer com os pés e pernas até que se sentisse segura para se pôr de pé.

Esticou-se um pouco e pegou a pasta, abriu-a e pôde ver um tipo de histórico dos dias dela ali. Não pôde acreditar quando folheou e notou que ficara lá por quase oito meses. Leu a primeira página e seus olhos se arregalaram. Ela serviu de pesquisa, injetaram nela uma substancia radioativa que até então era desconhecida. O que eles fizeram? Ela se sentia sim diferente, mas o que nela estava diferente? Estava absorta em pensamentos quando um barulho na porta a interrompeu, era a enfermeira. Quando viu a garota, se assustou e fechou a porta bruscamente, com os olhos arregalados tirou uma arma do avental branco e apontou para a garota, que ficou sem entender. Hanna soltou os papéis que segurava e fez um gesto de rendição, ainda confusa.

– Se acalme, abaixe a arma, eu preciso de respostas. – A enfermeira continuava na mesma posição. – Abaixe a arma. – Hanna falava em um tom calmo, sem demonstrar o medo que sentia. Precisava arrumar um modo de sair dali – Abaixe a arma, eu não sou uma ameaça. – Falou em voz firme e viu a enfermeira a sua frente abaixar a arma e olha-la com cara de perdida. As coisas ficaram cada vez mais confusas na cabeça dela.

– Onde estou? – Hanna perguntou ainda com a voz firme, a enfermeira apenas olhava-a com cara de perdida. Pensou um pouco, a enfermeira parecia com medo quando vira a garota acordada, ela estava em um lugar com pessoas treinadas então era potencialmente uma ameaça. Resolveu demonstrar isso. – Responda! – A voz se tornou mais firme ainda, a enfermeira continuava com cara de perdida, mas respondeu à pergunta.

– Base do Centro Secreto de Pesquisas Cientificas, Berlim. – Hanna arregalou os olhos, estava um tanto longe de casa. Pensou um pouco, lembrou que não tinha mais casa, seu pai lhe vendera, não queria nunca mais olhar para a cara dele. Olhou para a enfermeira que continuava parada na mesma posição a fitando com cara de perdida, estranho. Precisava sair dali, não queria saber para que a usariam.

– Você sabe pra que me querem aqui? – Perguntou para a enfermeira, que não lhe respondeu de imediato. – Responda!

– Para lhe usarem como arma, a mais poderosa alemã, querem torna-la perfeita. – A enfermeira lhe respondeu e ela arregalou novamente os olhos. Puta merda o que a vida dela se tornou. Ela tinha que sair dali, não queria aquilo. Fitou uma porta na parede ao seu lado e supôs ser o banheiro.

– Posso ir ao banheiro? – Perguntou levantando da maca. A enfermeira permanecia na mesma posição. A olhou desconfiada e resolveu ir. Parou na porta do cubículo, olhou para trás temendo o que a enfermeira faria mas por incrível que parecesse ela estava na mesma posição encarando a maca, agora vazia. Entrou e fechou a porta.

Respirou fundo, procurou uma janela que pudesse sair, mas não havia nada, suspirou. Foi se olhar no pequeno espelho que estava ali e deu um pulo. Se assustou e se afastou até se encostar-se à parede. Permanecia estática com medo do seu reflexo. Seu globo ocular estava totalmente preto, ela piscava uma, duas, três vezes, não conseguia. Fechou os olhos, respirou fundo e os abriu novamente, continuava preto. Esfregou-os ate começarem a arder, continuavam pretos. Jogou água, respirou fundo e se olhou novamente, os mesmos globos oculares pretos como a noite continuavam ali. Tentou se acalmar, se concentrar, permaneceu uns bons minutos com os olhos fechados, abriu-os novamente e tinha voltado ao normal. Soltou a respiração, aliviada. Abriu a porta do banheiro e viu a enfermeira confusa olhando para a arma em sua mão, quando viu a garota se assustou novamente e apontou a arma, estava quase atirando quando Hanna berrou:

– PARE! – A enfermeira parou e voltou a fita-la com cara de perdida. Hanna entrou no banheiro se olhou no espelho e confirmou, seu globo ocular estava novamente escuro. Resolveu testar seu novo poder, voltou para o quarto e fitou a enfermeira que continuava parada no mesmo lugar:

– Caminhe até mim e me dê essa arma – A enfermeira o fez – Agora troque de roupa comigo. – a enfermeira calmamente trocou o uniforme que vestia pela camisola de paciente de Hanna, que já tinha uma idéia de como fugir daquele lugar.



Caminhava calmamente pelos corredores do que parecia ser um prédio, havia guardas por todos os cantos e ela tentava ao máximo não olhar diretamente para ninguém e não ser reconhecida. Até que ouviu uma voz detrás de si



– Ei, você. – Ela parou, mas não olhou para trás - Achou que seria fácil assim? – Ela gelou, aquela voz lhe parecia familiar, se virou e deu de cara com um homem moreno dos olhos claros, nem tão alto. – Agora pro seu bem, volte para a sala e permaneça por lá, mocinha. – De repente flashes lhe vieram, pôde ver o rosto daquele homem junto de seu pai, entregando-lhe a maleta de dinheiro, olhou intensamente para ele e falou entre dentes:

– Me obrigue. – Estava com raiva e no momento em que disse, o rapaz se assustou e deu dois passos para trás, ela sabia que seus olhos ficaram escuros e sorriu. Ele ia colocar a mão em algum comunicador para chamar reforço quando ela o repreendeu: - Não se mova. – Ele a olhou com a mesma expressão perdida que a enfermeira olhara, e ela sorriu mais. Estava adorando os novos poderes.

– Me conte o que vocês pretendiam fazer comigo? - Ela ainda o fitava, ele não respondeu nada, continuava com a cara de bobo, Hanna suspirou cansada – Ande, tenho todo o tempo do mundo. – Ele por si continuou calado. Hanna precisava se concentrar mais, olhou no fundo dos olhos dele e tentou se concentrar, mas levou um susto. A garota conseguira entrar na mente dele, viu cada segredo sujo que guardava, viu até o paradeiro de sua mãe. Quando voltou a si, precisou se apoiar na parede para absorver a quantidade de informação recebida, o homem na sua frente voltava ao normal, com cara de confuso, olhou para a garota enquanto chamava por ajuda. Ela ainda estava tonta, precisava correr, precisava resgatar sua mãe, depois de tanto tempo.

Ela corria, na maior velocidade que podia. Sentia que ninguém conseguia a alcançar, vários guardas altamente treinados e velozes corriam atrás de si. Tentou abrir a porta que levava à escada de incêndio já que esperar um elevador não parecia uma boa alternativa, mas a porta pedia senha. Continuou correndo até que trombou em um guarda. Levantou-se e tentou correr para a outra direção, mas o guarda a segurou e ela estava exausta demais para se desvencilhar. Não conseguia, lágrimas saiam de seus olhos e tudo que estava na cabeça do homem de terno estava na sua agora, era muita informação suja. Dois guardas a seguravam, um em cada lado quando ela em um puro ato de desespero explodiu em um grito que assustou a todos. De algum modo os guardas se afastaram, o que ao ver da garota foi estranho. Olhou ao seu redor e ela havia criado asas. Grandes asas pretas, como as de um anjo. Não, como as de um corvo. Ela se assustou e viu os guardas a olhando com o mesmo olhar.

– Afastem-se. – Ela disse firme e eles não se moveram. – EU DISSE, AFASTEM-SE. – ela gritou e pôde ver a face dos guardas passarem de duvida para confusão e eles começarem a se afastar. Pôde sorrir com aquilo e respirar um pouco mais leve. Caminhou, com um pouco de dificuldade pelas asas que pesavam, e parou em frente à um guarda: - Me leve até a saída. – Ele saiu caminhando com cara de bobo pelos corredores do prédio e ela a seguiu. Parou de frente à um elevador e passou um cartão, que abriu instantaneamente, entraram e ele apertou o botão T, de térreo provavelmente. O elevador era espelhado e ela pôde se ver de todos os ângulos possíveis, notou que a blusa de enfermeira atrás de si estava rasgada, pelas asas, que de algum modo estranho lhe caíam bem. Mas como ela as esconderia em público? Tentou se concentrar, fechou os olhos e respirou fundo. Ficou alguns segundos daquela forma quando ouviu o barulho do elevador, que havia chegado ao seu destino. Abriu os olhos e se encarou no espelho, o método havia funcionado. Olhou para o guarda ao seu lado e ele permanecia em transe.

– Me guie até algum lugar seguro – Ela ordenou e ele caminhou na frente, com ela a seguindo. Ninguém até o momento havia dado conta de que a garota fugia, todos passavam apressados por eles, até que saíram do prédio e Hanna pôde respirar. Puxou o ar com vontade várias vezes tentando sentir a liberdade dentro de si. A partir daquele momento, sua vida mudaria mais que o esperado, mais que ela previra, mais que qualquer um imaginaria.


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Notas finais do capítulo

AI QUE SEM NOÇÃO, mas ta aí, atualização antes do esperado
Vc passa a se envolver com a fanfic, é foda

Aguardo reviews
xx



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