O Futuro Deles escrita por Sokane Limiku e Fujisaki Nina


Capítulo 4
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– Tchau, tchau! – Nadeshiko acenava para Shaoran e Renesmee até os dois sumirem de vista. Virou-se para o portão e entrou junto com Mizura.

Não foi difícil encontrar a sala, as primeiras aulas foram ótimas e tudo correu muito bem. Porém, como nada na vida vem de graça, quando chegou a hora do intervalo, os dois, principalmente Nadeshiko, ficaram em choque com a figura que estava sendo o centro das atenções. Mizura olhou meio receoso para Nadeshiko, com medo do que a amiga poderia fazer. Aquilo não ia acabar bem!

No meio de uma rodinha enorme estavam os cabelos repicados e mistos entre castanhos e loiros e os olhos verde-avermelhados, que a loira esperava nunca mais ter de ver. Ela era pequena, mas nunca se esqueceu na pessoa que a fez sentir tanta raiva e medo, conseguiu reconhecer de longe Yamabuki Tonora.

Os olhares das suas se cruzaram e depois da surpresa conseguia se notar as faíscas de raiva. Para Nadeshiko, aquela era a pessoa responsável por quase separar seus pais, e ela nunca perdoaria a morena por isso, NUNCA!

– VOCÊ?! – As duas berraram ao mesmo tempo.

Tonora saiu da rodinha que a cercava e rebolou em direção aos dois. Empurrou Mizura pro lado como se ele nem existisse e disse:

– O que faz aqui? Procurando mais uma pobre coitada para espatifar no chão??

– Se não reparou aqui é uma escola, vim para aprender e não para recrutar um exército de fãs babões! – Nadeshiko se referia as pessoas atrás de Tonora, que pareciam prontas para defendê-la a qualquer custo caso a loira fizesse algo.

– Fala assim porque não é popular. – Tonora parecia uma cópia mal feita da mãe, fez direitinho a pose de nariz empinado de Saaya. – Também, não é de se admirar, uma loira burra como você sendo popular seria o fim da sanidade mental. – Riu da própria piada.

– Loira burra?! – Os olhos de Nadeshiko começaram a ficar mais vermelhos do que já eram.

As duas se matavam com o olhar, ninguém mais tinha corgjem de se meter, embora todos as rodeassem, esperando uma verdadeira luta. Exceto por Mizura que roía as unhas de preocupação. Porém, bem na hora em que Nadeshiko abriu a boca para xingar feio Tonora, uma voz se fez ouvida fora da roda.

– Já arrumando encrencas, Hotori-san, Yamabuki-san? – A maioria dos alunos sentiu um arrepio na espinha ao reconhecer a voz do diretor. Poucos eram os estudantes do primeiro ano que o conheciam, mas nem por isso aquela voz calma deixou de amedrontá-los.

– Hikaru-kun. – Nadeshiko murmurou, agora com um pouco de medo. Conhecia Hikaru apenas como um antigo amigo de seus pais e, pelo que eles lhe contaram, o loiro era bem frio e rígido.

– Yamabuki-san, pensei termos resolvido isso ano passado. – Hikaru se dirigiu à morena primeiramente. – Tanto você como todos os outros aqui sabem que abro as portas de Seiyo para qualquer estudante disposto a aprender... mas sabem também que sou uma pessoa justa, e pendente a isso lhe aviso pela ultima vez. – Ele a encarou em linha reta. Seu rosto continuava sem expressão, mas no azul de seus olhos vai-se uma seriedade estampada. – Se me der motivo, nem mesmo até o ultimo yen do bolso de sua mãe me impedirá de expulsá-la.

Tonora, que já estava com medo antes, agora sentiu seu sangue congelar com a palavra expulsão. Não podia deixar isso acontecer, não podia ser um desgosto para sua mãe... Não queria isso. Enquanto a morena se recuperava do choque, Hikaru se dirigiu a Nadeshiko, finalmente.

– E quanto a você Hotori-san, espero que se comporte até o fundamental. Estou aguardando sua entrada aos Guardiões. – Assim que Hikaru completou a frase um pequeno sorriso surgiu em seus lábios quando os múrmuros começaram. Não havia um aluno em qualquer unidade de Seiyo que não conhecesse os famosos Guardiões. – Afinal você e o Fujisaki-kun tem praticamente uma reserva lá. – Ele se virou rapidamente para Mizura antes de continuar. – Creio que farão um ótimo trabalho, talvez melhor até que de seus pais. O filho do Valete Fujisaki Nagihiko, e a filha do Rei e da Coringa, Hotori Tadase e Hinamori Amu.

Bastou isso para que uma roda, maior que as duas últimas, se formasse em volta de Nadeshiko e Mizura. Muitos alunos da época que Tsukasa era o diretor também matricularam seus filhos em Seiyo, por isso ouviram muito esses nomes. Com um sorriso singelo no rosto, Hikaru se afastou e voltou calmamente para sua sala.Quando voltaram para a classe do primeiro ano, Mizura não conseguiu se concentrar em mais nenhuma palavra da professora. Batia o lápis descompasadamen-te na carteira, olhando ora para a porta ora para o relógio de parede. Nadeshiko já estava ficando irritada e por isso perguntou:

– Qual o problema, Mizu-kun? Aquieta o facho aí. – Disse em sussurro.

– Será que está tudo bem lá no hospital? Meu pai já deveria ter ligado. – Falou mais consigo do que com a amiga.

– Não se preocupe. Já, já, você vai conhecer seu novo irmão.

– Será que é irmão mesmo? – Mizura encarou o nada, sério e um pouco triste. – Mesmo se tiver sorte de ter uma irmã, a Mizuki ainda vai ter de aparecer. Você sabe Nadeshiko, apenas o primogênito realiza a tradição. – O arroxeado desandou a falar. Nadeshiko era a única que sabia de seu segredo (embora ele quisesse contar aos outros) então ele se sentia livre para falar com ela sobre isso. – Mas sei lá... Se for uma menina talvez meu pai consiga convencer minha avó. – Ele deu um pequeno sorriso, considerando essa possibilidade.

Muitas crianças ficariam irritadas ou com vergonha se soubessem que o pai era um cross-dresser... mas Mizura não pensava assim. Na verdade, ele tinha muito respeito pelo pai. Sabia o quanto Nagihiko tentou livrá-lo dessa maldição de família e o quanto conversou com sua avó para deixá-lo se travestir apenas durante as apresentações e ensaios... Mas não adiantou de nada. Sua sorte foi que, mesmo contra as ordens da mãe, Nagi deixou que Mizuki só aparecesse quando fosse realmente necessário.

Os pensamentos do arroxeado foram interrompidos por uma batida na porta. Quando a mesma se abriu, surgiu uma mulher de quarenta e três anos com cabelos negros, amarrados em um coque mal feito, e olhos azuis como o céu. Nadeshiko abriu o maior sorriso ao reconhecê-la e cumprimentou-a animadamente.

– Yo, Kira-chan!A dos olhos azuis apenas sorriu de volta e lhe mandou um aceno. Kira era a antiga secretária de Tsukasa e agora de Hikaru. Na época em que Tsukasa era diretor, a morena gostava muito do trabalho... mais do que deveria aliás, e só continuou por lá depois que ele se aposentou a pedido do próprio Tsukasa, que queria que ela ficasse de olho em Nadeshiko por ele. Bom, por isso e também para ninguém suspeitar do verdadeiro motivo que a levou a gostar tanto do trabalho.– Algum problema, Kira? – A professora perguntou, detestando a ideia de que tinham interrompido sua aula por nada.– Não é bem um problema, mas tem uma mulher loira lá na recepção chamando o Fujisaki Mizura.Como num reflexo, o dito cujo se levantou recolhendo os materiais. Tinha certeza de que era Utau, tinha de ser ela!– Tchau sensei, amanhã trago um bilhete explicando tudo! – Mizura disse pouco antes de sair da sala em direção à recepção.– Pronto para conhecer seu novo irmãozinho? – Utau perguntou, assim que Mizura apareceu pela porta de vidro.– É um menino então? – Ele mais afirmou do que perguntou. Estranhamente, saber daquele fato não o desanimou em nada, ainda estava ansioso para conhecer seu irmão.– Ainda não sei. – Utau respondeu, surpreendendo-o. – Tudo o que eu entendi do escândalo que seu pai estava fazendo foi: Nasceu, nasceu!! – Ela começou a rir.Em menos de dez minutos, chegaram ao hospital. Assim que avistou o pai, Mizura foi logo perguntando:– Cadê a mamãe? Cadê o bebê?? É menino ou menina???– Calma, filho. – Nagihiko tapou a boca do menino para impedi-lo de gritar. – Tanto a sua mãe quanto o bebê estão lá dentro. – Ele apontou para um quarto, se voltando para o filho logo em seguida. – Quer ir vê-los?– Uhum. – Foi o que Mizura pôde responder, afinal Nagihiko ainda tapava sua boca.– Eu espero aqui fora. – Utau se pronunciou, antes que os dois entrassem.Assim que Nagihiko abriu a porta, Mizura deu um forte abraço em sua mãe, afinal fazia dias que não a via. E foi aí que viu, no colo de Nadja, um pequeno e lindo bebê. Infelizmente a coberta que o cobria era branca, então não dava para ter nenhuma ideia do sexo. O pequeno arroxeado já ia perguntar sobre isso, quando sua mãe, que parecia ter lido sua mente, falou:– Não é linda a sua irmãzinha?O queixo de Mizura teria caído ao chão se aquilo fosse possível. Seus ouvidos estavam lhe enganando? Tinha uma irmã, tinha mesmo uma irmã!– I-isso é sério? – Ele perguntou para ter certeza.– É sim, eu também nem acreditei. – Nagihiko já estava com lágrimas nos olhos novamente.Só quando viu o pai naquele estado que Mizura percebeu o quanto aquilo deveria significar para ele. Sempre ouvia do avô que o clã Fujisaki não tinha uma menina a mais de dez gerações.– Qual é o nome dela? – Ele indagou. Tinha de ser um nome bem especial, para comemorar.Nagihiko e Nadja de repente se entreolharam, tinham se esquecido completamente desse detalhe.– N-nós deixamos para você escolher. – A ruiva mentiu.– Sério? Então o nome dela vai ser... – Mizura analisou bem a menina: Ela tinha alguns tufos de cabelos castanhos e seus olhos eram da mesma cor, só que um pouco mais claros, como os de Nagihiko. Se lembrou de um anime que Nadeshiko o forçou a assistir uns tempos atrás, era sobre uma garota muito especial que, de tão imaginativa e sonhadora, podia mudar o mundo a sua volta. Com certeza, esse era o nome perfeito. - ...Haruhi.O momento estava lindo, digno de filme romântico com final feliz. Porém, o clima tranquilo repleto de alegria logo foi quebrado pelo toque do celular de Nagihiko. Nadja e Mizura ficaram preocupados ao vê-lo arregalar os olhos e atender o aparelho com certa relutância.– Alô, okaa-san? – Bastou Nagihiko atender a ligação, e revelar quem era do outro lado da linha, para Haruhi começar a resmungar e se mexer inquieta no colo da mãe. – Vou atender lá fora rapidinho e já volto. – Ele avisou dando um sorriso falso, tentando tranquilizar a esposa e o filho.– Então Nagihiko, menino ou menina? – Hiyoke foi direto ao ponto, sem nem dizer um olá para o próprio filho. Mas o arroxeado nem se importava mais com isso.– É... – Ele respirou fundo, procurando coragem para responder. Se estivesse conversando com seu pai ficaria mais tranquilo, pois ele só ligaria para o fato de que o jejum dos Fujisaki finalmente fora quebrado. Mas sabia que sua mãe só falaria da “maldição” e que Haruhi não mudava nada nesse quesito – É uma menina.Como esperava: silêncio. Demorou um pouco para que Hiyoke voltasse a falar, ela parecia ainda estar absorvendo a ideia de ter uma neta.– Você sabe que isso não muda em nada os fatos, não é? Mizuki ainda terá de seguir com a tradição, essa menina não fará a mínima diferença, será só uma peça adicional... você a trouxe para o mundo à toa, Nagihiko. – O arroxeado apertou o celular entre a mão, quase o quebrando.“Essa menina, como você diz, é a sua neta!!!” – Era o que ele tinha vontade de berrar. Não esperava que sua mãe levasse o assunto com calma e naturalidade, mas dizer que a própria neta não precisava nascer já era demais! Sempre ouviu que ser avô era igual a ter uma segunda chance, mas Hiyoke tratava Mizura do mesmo modo como o tratou durante toda a sua vida e agora agia como se Haruhi fosse apenas uma presença no esquema da família.– Eu sei, okaa-san. – Foi tudo o que ele pôde dizer sem soltar um xingamento. – Quer ao menos saber o nome? – Ele perguntou, tentando disfarçar ao máximo a ironia em sua voz.– Fale rápido, e depois passe para Mizuki. Ela está aí não está?– Está. – Nagihiko tentou ignorar a falta de curiosidade que a mulher tinha por sua filha. – O nome dela é Haruhi.– Nome bonito, pesquisarei o significado depois. – Ela disse pensativa, mas logo seu tom voltou ao normal e continuou: - Agora, deixe-me falar com Mizuki.Aquilo soou como uma exigência, mas que palavras vindas daquela voz não eram uma ordem para Nagihiko? Somente duas pessoas o controlavam assim: Sua mãe, claro; e Nadja. Mas os casos eram diferentes: Nadja não lhe exigia nada, ele só atendia prontamente tudo o que ela queria porque amava sua ruivinha; mas com Hiyoke ou ele a obedecia, ou seria castigado.– Mizuki. – Mizura pôs apenas a cabeça para fora quando ouviu o pai chamar sua outra identidade.Nagihiko lhe passou o celular e, como sempre que sua mãe ligava, ficou ao lado do filho. Não aguentava deixar Mizura falar com ela sozinho, era um tipo de trauma, graças a uma vez que Hiyoke ligou e o garoto não conseguiu engolir um choro de dar pena depois da conversa.– Obaa-sama... – O pequeno arroxeado atendeu o telefone, usando uma voz bem mais fina, delicada e feminina. Agora, era Mizuki quem falava.A falsa garota teve que falar muito pouco, na maioria das vezes somente assentia com a cabeça o que a avó dizia. Porém, quem prestasse, atenção veria que “ela” estava fazendo o mesmo esforço que Nagihiko para se manter firme durante a frieza de Hiyoke. Minutos depois se despediu, embora pela sua cara dava a perceber que a mulher não havia feito o mesmo.Mizura devolveu o celular para o pai sem falar nada e olhando para o chão. Mesmo assim, Nagihiko conseguiu perceber a tristeza no olhar do garoto. Odiava aquele olhar mais do que tudo! O contemplou a vida toda sempre que olhava-se no espelho, mas vê-lo em seu próprio filho era pior do que sentir em si mesmo.– Mizura, e-eu... – Ele olhava para todos os lados, como se aquilo fosse ajudá-lo a encontrar as palavras certas, e voltava-se para o filho. – Eu juro que se pudesse, já... – Abaixou a cabeça, cobrindo os olhos com a franja e desistindo de tentar falar.O pequeno arroxeado deu um sorriso compreensivo e pegou de leve na mão do pai. Agradecia muito a ele por tentar livrar-lhe do mesmo destino que seus antepassados, e não ficava bravo por não dar resultados. Sua avó era um “osso duro de roer” afinal.– Não se preocupe – Mizura começou. –, eu não te culpo por nada do que estou passando. Na verdade até agradeço por você ter amenizado as coisas. – Ele se referia ao fato de só virar Mizuki na hora dos ensaios, já que ainda não tivera nenhuma apresentação. Nagihiko levantou o rosto e deu um sorriso. Deveria ser ele a levantar a autoestima do filho, mas era Mizura que fazia isso com ele. - Se você e o vovô passaram por coisa pior, também aguentarei minha pena de cabeça erguida. Esse é o preço de ser um Fujisaki. – Mizura repetiu as mesmas palavras que Nagihiko disse a ele no dia em que lhe contou sobre a tradição da família, e que nunca mais saíram de sua mente.O mesmo não pôde evitar de dar um abraço no filho. Mizura levava aquilo com tanta naturalidade, e o enchia de alívio saber que ele não o desprezava nem tinha vergonha dele. Todos os dias agradecia imensamente à Kami, à Jesus, ao Buda, ao Bob Esponja, e quem mais quer que fosse por tem um filho tão compreensivo e maravilhoso.–-------------------------------------------------------------------------------------------------O dia passou e, depois de ter de aturar o resto da aula sozinha, Nadeshiko finalmente estava em casa. Ela e Taiga estavam zapiando os canais atrás de algum anime novo para elas, o que era uma meio missão difícil porque, mesmo sendo tão pequenas, as duas eram otakus de carteirinha.– Naddy, será que a sua mãe deixa a gente fazer um lanchinho? – Taiga perguntou, já segurando a barriga que roncava.– Acho bom ela deixar, não que seus roncos causem um terremoto, mas eu preferiria não ficar surda hoje. – Nadeshiko saiu de lá correndo antes que a amiga entendesse a indireta e começasse a brigar com ela.Foi para o quarto dos pais e só ouviu o barulho da água do chuveiro caindo. Só podia ser sua mãe. Amu poderia demorar e Tadase ainda não havia chegado, então só tinha duas opções: Esperar a mãe ou o pai e pedir que lhe fizessem algo para comer; ou ir até a cozinha e fazer um lanche por si mesma e sem permissão.Um sorriso cínico brincou nos lábios da loira, decidindo seguir a segunda opção. Já ia correr para o andar de baixo quando deu de cara com o enorme guarda-roupas de madeira que sempre desviava por pouco, mas desta vez não conseguiu.– Ai, meu nariz. – Nadeshiko reclamou baixinho. Seria aquilo uma espécie castigo adiantado pela bagunça que faria na cozinha? Não teve muito tempo para pensar no assunto, pois uma caixa branca e amarelada logo fez um estrondo no chão, caindo bem ao seu lado.Nadeshiko reconheceu a caixa e, na mesma hora, os pelos de sua nuca se eriçaram e o pânico começou a consumi-la. Aquela caixinha era o lugar onde Amu guardou suas lembranças do colégio, se soubesse que estava mexendo nela seria seu fim! Pegou a tampa que havia se desvencilhado com a queda e já ia coloca-la de volta quando uma foto, do que parecia ser um jornalzinho, chamou sua atenção.Abriu de vez a caixa e confirmou suas suspeitas: os dois adolescentes naquela foto eram seus pais ainda jovens, em seus tempos de Guardiões. Pegou a folha nas mãos e sorriu ao ver o anúncio que seguia com a foto. “Melhor casal”, era isso que diziam dos dois. Nadeshiko não sabia quem tinha escrito aquele jornal, mas deduziu que a pessoa era muito inteligente. Ela achava o amor dos pais a coisa mais linda do mundo e ficava feliz por ter em casa um exemplo tão bom de amor verdadeiro.Continuou a bisbilhotar a caixa, ora rindo, ora se emocionando com as lembranças que sua mãe guardara. Estava se divertindo tanto que se esqueceu completamente de que não deveria estar mexendo naquelas coisas. Só foi se lembrar desse mínimo quando ouviu o pigarro de Amu atrás de si.– Nadeshiko, o que pensa que está fazendo? – O tom da rosada era sério. Já havia pedido a ela, nem lembrava mais quantas vezes, que não mexesse em suas coisas sem sua permissão.– M-mãe... erh... – A loira respirou fundo, tentando formular em sua mente um jeito para não ficar de castigo. – Foi sem querer, desculpe! Eu acabei esbarrando no armário e a caixa caiu. Juro que ia pôr de volta, mas eu vi uma foto sua com o papai e vocês pareciam tão felizes, sem falar do... – E desandou a falar. Quanto mais falava sem parar pra respirar, mais a raiva de Amu sumia e era ocupada por uma vontade louca de rir.– Chega, eu já intendi. – Interrompeu-a antes que começasse a rir. Porém, logo ficou séria novamente. – Mas não volte a mexer nas minhas coisas sem meu consentimento.– Hai, eu prometo! – Nadeshiko bateu em continência. – Agora... já que esse assunto está resolvido... – Voltou-se para a caixa e pegou de lá a foto que mais lhe intrigou. – Pode me dizer por que guardou essa foto?Amu de cara reconheceu a foto e, mesmo um pouco corada, deu um sorriso bobo e nostálgico. Pegou a foto– Nadeshiko, isso... é muito importante para mim e para o seu pai também. – Ela responde avoada.– Mas me explique por que! – A loira resmungou. – Você e o papai estão apenas se beijando. Sei que se amam, mas o que fez desse tão especial a ponto merecer uma foto?– Acontece, filha... que esse foi o nosso primeiro beijo. – O sorriso de Amu se alargou mais.– Ah, agora faz sentido. – Nadeshiko pareceu intender. Olhou para a mãe que ainda estava hipnotizada, então resolveu perguntar: - Como foi o beijo, mamãe?– Foi muito bom. – Amu fechou os olhos, se lembrando das sensações daquele primeiro beijo de muitos. – Foi tão doce, como... um beijo de flor de cerejeira. – A rosada parecia perdida em seus próprios pensamentos, enquanto Nadeshiko também começava a se perder nos seus. Por isso, levou o maior susto quando Amu pegou a caixa e a botou em cima do armário com um baque.– Sakura kiss... – Nadeshiko murmurou para si mesma, antes de seguir a mãe para a sala no andar de baixo.Taiga deu o maior chilique quando a amiga disse que não falara com sua mãe sobre o lanche. “Por que demorou tanto então?!” ela perguntou, mas a loira não disse uma palavra sobre a conversa com Amu.– Quer parar? Já ganhei um castigo, vou ficar se sobremesa por uma semana. – Nadeshiko declarou, se cansando das reclamações da amiga.– E foi bem merecido, embora eu ache que apenas isso não é o suficiente. – Kiseki apareceu de repente, já falando mais do que deveria. Taiga saiu da sala de fininho, com um pouco de medo por estar no meio dos dois. – Princesas precisam ter disciplina.– E eu não sou disciplinada?! – Nadeshiko gritou com raiva.– Não. – O chara respondeu como se não fosse nada. – Vai precisar de um rei muito bom ao seu lado, pois se depender de você o mundo desmoronará.– Baka!! Não preciso de ninguém a meu lado para me ajudar a governar! – A loira rangia os dentes de raiva.– Acha mesmo que pode governar o mundo sozinha? – Kiseki lhe lançou o desafio.– Claro que não. – Nadeshiko admitiu. – Terei a ajuda dos conselheiros, mas é só. Sei muito bem que as rainhas não fazem nada e só servem para dar uma imagem melhor ao rei e produzir herdeiros... mesmo eu não sabendo o que significa isso. – Ela sussurrou baixinho para não perder a pose. – Se for governar, não quero ser a sombra de ninguém. Quero que minhas opiniões sejam levadas a sério e que os súditos obedeçam minhas ordens porque me respeitam. Quero mostrar minha própria força!Nadeshiko disse aquilo com tanta convicção que Kiseki ficou realmente impressionado e sorriu orgulhoso, porém o mesmo logo desapareceu. Nesse exato momento, uma estrela também brilhou mais forte no céu.A noite chegou e Nadeshiko se preparava para dormir. Já estava se deitando quando ouviu seus pais se aproximarem. Curiosa como sempre, colou o ouvido na porta e ficou quietinha.– Tadase, deixe isso para amanhã. Ela já deve estar dormindo. – Ouviu sua mãe dizer e teve de segurar uma risada.– Mas o natal já está se aproximando, gostaria de saber o que ela quer. – Reconheceu a voz do pai.– E precisa perguntar? – Indagou Amu ironicamente, porém com um tom divertido. – Vai ser a mesma coisa que ela pediu de natal no ano passado, de aniversário, e de dia das crianças.– Um cachorro! – Completaram os dois, juntos.


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