Aquele Professor É Um Lobisomem escrita por Lady Pompom


Capítulo 4
Capítulo 03: Lobisomens...


Notas iniciais do capítulo

Essa história não tem relação alguma com fatos ou pessoas reais, é uma obra de ficção com fins de entretenimento.



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Silas Belmont, o garoto que descobriu o segredo de seu professor, Leonhard Graham. Após passar a noite em claro, estava agora a caminho da escola, ainda indeciso sobre sua vontade de ir ao lugar.

— Sil, você não conseguiu dormir ontem à noite?-Karen, a garota que andava ao seu lado lançou um olhar de preocupação-

— Hã...? –disse tonto de sono, com olheiras visíveis -

— Teve pesadelos de novo...?

“É, acho que pode ser considerado um pesadelo Karen, mas um bem real!” ele virou os olhos para cima, ponderando.

— Não... Só não consegui dormir muito bem.

— Onde estava ontem à noite? Eu fui à sua casa, mas você não apareceu...

— E-eu devia estar escutando música... –forçou um sorriso-

— Poxa! Pensei que tivesse saído de casa! Coloque a música mais baixa da próxima vez, se usar muito esses fones, vai acabar ficando surdo!

            Como de costume, os dois adolescentes discutiam seus assuntos triviais durante seu caminho até a escola. Dois estudantes comuns, levando uma vida comum, ou nem tanto assim...

            Assim que pôs os pés no terreno do colégio, o garoto estremeceu internamente, com medo do que poderia lhe acontecer. Para sua surpresa, a aula correu normalmente, seu professor continuava como todos os outros dias, normal para os outros, mas suspeito para ele. Lembrou-se da sua colega de classe, Alícia, que fazia parte do clube de ocultismo, ficou curioso em perguntar o quanto ela sabia sobre o professor.

            “Será que ela desconfia de algo? Talvez ela só achasse que tinha algo estranho...”

            Olhou para o lado, sua colega estava na sala. Devia confirmar o que ela sabia... Se ela soubesse muito poderia estar em perigo. Seu professor era bom em esconder emoções, podia parecer calmo, mas quem sabe se não estava maquinando a morte de alguém em seu íntimo? E ainda mais agora que descobrira o tipo de criatura que ele era...

. . .

No horário de almoço...

. . .

— Alícia... –chamou a atenção da menina-

— Oh! É o garoto Silas! Finalmente se decidiu? Vai entrar para o clube?-disse animada-

— Eu preciso conversar contigo antes. –respondeu sério- Em particular...

— Hum... Neste caso, vamos para a sala do clube...

. . .

            A sala era pequena, tinha um sofá, muitos pôsteres de vampiros, lobisomens, Monstro do lago Ness, e diversas criaturas de lendas. Alguns Ufos de papel pendurados no teto. O local era um que o rapaz considerou impróprio para ter uma conversa séria.

— Então, vai se juntar ao clube?

— Antes, eu gostaria de perguntar o que você sabe sobre o professor Leonhard.

— Isso de novo...? Bem, a condição foi que eu te contaria se você se unisse ao clube.

            Cerrou o punho. Era ridículo ele, que sempre desprezou lendas e mitos, estar aos seus 16 anos se unindo ao clube de ocultismo. Porém, o que esteve acontecendo com sua vida desde que esse misterioso professor apareceu era a prova viva que não havia nada normal naquela história e que algo estava além de seu entendimento.

Se quisesse investigar a fundo, explicações plausíveis não seriam o suficiente, então o que lhe restava era abrir portas para um novo tipo de entendimento.

 – Eu entrarei para o clube! Mas... Tem que prometer que vai me ajudar e não vai dizer a ninguém sobre esta conversa que tivemos! –disse decidido-

— Mas é claro~ O que se fala no clube, fica no clube! Fico feliz que esteja determinado a participar, você finalmente se interessou por este mundo não foi?-alegrou-se-

— Disse que achou o professor Graham estranho e sabia quem ele realmente era... Alícia me responda... Quem ele é...?

— Bem, naquele dia eu falei que ele tinha uma aura estranha certa? –sorriu-Não notou nada em particular?

—... Ele... gância? –disse incerto-

— Sim, mas não notou também aquela seriedade, virilidade, sua educação e boa aparência, tudo nele não lhe soa perfeito demais?

— Oh... –algo clareou sua mente- Então ele é um Psicopata...?!

— Claro que não, é um lobisomem, bobinho! –revirou os olhos como se fosse óbvio-

— Heeeein?!! –gritou surpreso- C-como você...?

— Descobri? Estava bem claro desde que ele entrou não é, dãã, é só observas as características de lobisomens e comparar! –falou como se fosse algo normal entender aquilo-

— V-você acredita mesmo nisso?

— Claro que acredito! É para descobrir esse tipo de gente que estamos aqui, sabia?

—... M-mas...

—Agora Silas, assine isto, por favor, será o mais novo membro do clube!

            E assim foi feito, após assinar o nome num tipo de contrato, ele se submeteu a ser o mais novo investigador do oculto e sobrenatural, mal sabia ele que o mundo o qual ele estava visando era algo além do que ele poderia suportar.

— Não conte a ninguém sobre o professor lobo. –a menina advertiu- Ele não está fazendo mal a ninguém, deixe-o em paz.

— S-sim!

— Hehehhe, mas se prepare, no dia 25 deste mês terá a lua cheia, nesse dia nós vamos seguí-lo e tentar gravar ele se transformando!

— Não acabou de dizer para o deixarmos em paz?!

— Garoto Silas, você ainda é muito tolo! Faremos isso pelo bem do clube, é pesquisa~ pesquisa~!  Não postaremos na internet nem nada assim, basta nós vermos com nossos próprios olhos! A emoção de fazer estes trabalhos está nisso sabia~?

— Não... É perigoso!

— Essa é a parte mais excitante!

            E assim ele sentiu que talvez o clube de ocultismo lhe desse alguma dor de cabeça...

— De qualquer forma, quero pesquisar mais sobre... Você sabe...

— Devia ter dito logo, vamos lá! –pegou um notebook-

            Colocou o computador sobre uma mesinha no canto da sala e arranjou duas cadeiras, começando a pesquisar sobre as lendas e mitos que o garoto queria saber.

. . .

— Sil, onde esteve durante o almoço?

— Erm... Eu estava no clube...

— Clube? Você não faz parte de nenhum...

— Na verdade faço sim... Hoje eu entrei para o clube de ocultismo... –coçou a cabeça sem jeito-

            Um riso saiu dos lábios da garota, que colocava a mão na boca, tentando se conter.

— E nunca pensei que de todos os clubes você escolheria logo esse!! Que gosto estranho!

Ele sentiu-se envergonhado, mas, mais importante do que o seu orgulho ou sua vergonha, era descobrir se o fato de seu professor ser... Peculiar... Representava alguma ameaça para ele e seus colegas, quem dirá até mesmo para toda a cidade.

Na verdade, interiormente o garoto se perguntava se o homem era realmente um lobisomem, ele não o tivera visto se transformar de fato, mas a semelhança entre o lobo e o tutor era preocupante além dos fatos que se encaixavam estranhamente...

            Voltou a observá-lo durante as aulas, tentando encontrar algum movimento em falso por parte do “professor perfeito”, mas ele continuou usando sua máscara impecavelmente.

. . .

            Notou algo estranho após o almoço... A líder de seu clube não estava na sala de aula. Por quê?

“Hã? Tenho certeza de que ela saiu da sala do clube comigo... Será que esqueceu algo e se atrasou para a aula?”

            Infelizmente não foi como ele pensava, e durante toda a tarde a garota não apareceu na sala de aula. Isso despertou preocupação, medo do que pudesse ter acontecido já que eles estavam cientes do segredo de alguém potencialmente perigoso...

“Alícia sumiu... Não é possível... Será que o Sr. Graham...?!”

            Assim que as aulas terminaram, ele saiu pelos corredores perguntando se alguém havia visto a menina, a maioria respondeu que não e alguns se quer sabiam quem era ela.

            Não teve outras conclusões, correu para alcançar o professor que se encaminhava ao estacionamento.

— Professor! –gritou se dirigindo ao homem-

— ? –o sujeito se virou para ver o aluno-

— Onde ela está? O que fez com ela? –franziu o cenho-

— Do que está falando?

— Você fez algo com ela só porque descobrimos sobre você?! –controlou a voz para que os outros não ouvissem-

— Não estou lhe entendendo Silas Belmont. Acredito ter dito que não sou um assassino.

— Então me diga onde ela está?

— Não sei de quem está falando!

O garoto grunhiu e cerrou o punho, indignado com a expressão cínica do tutor:

— O que fez com a Alícia?

— Alícia? ... –ponderou- Ela faz parte da sua turma...  Mas ainda não entendo por que acha que fiz algo com ela... O que o faz pensar que eu machucaria um de meus alunos?

            Mesmo sem mudar o tom da voz frívola, ele podia dizer que o que o homem a sua frente lhe dizia era verdade. Pelo que seu professor lhe respondia, parecia realmente confuso sobre as indagações que o aluno fazia.

“Então ele não fez nada...?”

— Gostaria que se restringisse de levantar suspeitas maldosas sobre mim. –ajeitou os óculos- Não sou um monstro. Aqui, sou apenas seu professor e preferiria ser tratado com o devido respeito.

—... Mas se o Senhor não fez nada com ela, então por que ela sumiu depois do almoço...?

            O homem simplesmente deu as costas e se encaminhou ao estacionamento.

“Esse cara não pretende me responder mais nada...! Odeio essa personalidade dele! Bem, se a líder aparecer morta, saberei quem a matou...”

— Sil! –a amiga do garoto o chamou- Hahaha, você estava conversando com o professor!

— Hã?

— No início eu pensei que o odiasse, costumava implicar tanto com ele, mas agora vejo que se dão bem... –sorriu-

— Não é bem assim, Karen...

— Fico feliz que se tornaram amigos! Se o professor tiver amigos aqui no estrangeiro ele com certeza dará um belo sorriso, não acha?

—... Eu não sei...

. . .

            Silas tentou fazer contato com sua líder de clube de todas as formas, mas não teve retorno, e assim, o sétimo dia de Fevereiro, com uma lua minguante acabou.

“Dia 25 será uma lua cheia... será que ele só pode se transformar no dia de lua cheia e está esperando essa oportunidade para me matar...? Mas se for assim, então não teria sentido ele ter matado a Alícia hoje, se está sem poderes... Eu achava que eles eram meio-homens e meio lobos quando se transformavam, não esperava que eles virassem lobos de verdade... Ah! Ainda preciso aprender muito sobre lobisomens!”

. . .

            Os raios de sol batiam no rosto do rapaz durante sua caminhada até a escola. Quando entrou na sala, uma surpresa: lá estava sua líder de clube, Alícia sentada na banca.

— Alícia?! –correu até a garota-

— Hum?

— O que houve, por que você sumiu ontem?

— Ah, eu... –falou baixo- Fingi que estava mal pra comprar nossos equipamentos de pesquisa...

— O quê? –quase gritou, atraindo a atenção de quem estava na sala-

            Tapou a boca com as mãos, tentando não chamar mais atenção desnecessária.

— Eu pensei que o professor tinha feito algo contigo porque descobrimos sobre ele... –sussurrou-

— Não! Claro que ele não machucaria quem sabe o segredo dele se nós o estamos guardando, certo?-disse como se a frase tivesse toda a lógica do mundo- Ainda mais somos alunos dele!

— É... Eu acho...

— Vocês parecem se divertir no clube de ocultismo... –a voz feminina soou atrás de Silas-

— K-Karen! –virou-se de susto-

— Sim, amiga do garoto Silas, você pode vir ao clube e ser um membro também, se quiser. –sorriu-

— Pensarei na proposta. –ela riu-se.–

— Não faça isso Karen, ela pode parecer legal, mas só está tentando conseguir mais membros.

— Não diga isso garoto Silas! Me sinto ofendida!

— A-Alícia! –disse nervoso- Você disse que aquilo era um segredo do clube, se ela entrar, vai acabar descobrindo... Mas entenda que quanto menos pessoas souberem disso, melhor! –falou baixo atiçando a curiosidade da amiga de infância-

— Oh! Verdade!

— Quanto mais gente souber, mais perigoso fica! –o garoto sussurrou-

— Sil, está escondendo algo de mim? –disse a amiga de infância num tom brincalhão-

— Humrrm –pigarreou- O clube de ocultismo não é para você, encontre algum clube comum e tenha uma vida normal, Karen. –disse tocando nos ombros da garota-

“A Karen não pode saber do segredo do professor, será um problema... Não é bom que ela saiba desse tipo de realidade do mundo... Já a Alícia está envolvida nisso até o pescoço...”

            O professor entrou na sala, aquilo fez todos os estudantes se organizarem em seus respectivos lugares e esperarem pela aula.

. . .

— Sil, não vai almoçar no seu clube?

— Não, ontem fui lá porque queria entrar no clube, mas hoje eu vou ficar depois da aula para as atividades...

— Parece divertido.

— Não, não é... –suspirou-

“Karen não entende que eu só entrei no clube para poder investigar o Sr. Leonhard...”

— Ah! É o professor Graham! –a garota acenou-

“Falando no diabo...”

            Ele acenou de volta. Estava vindo em nossa direção.

— Professor! O que faz aqui...? –Karen o cumprimentou com seu sorriso-

— Eu esqueci algo na sala, se me der licença... –reverenciou e foi embora, lançando um olhar de perfil para Silas-

—...

— Às vezes ele parece meio deslocado do mundo não é? –a menina comentou-

Algo no olhar da garota incomodou seu amigo, Que parou para refletir sobre a frase dita.

— O que quer dizer com isso...?

— Sabe, o professor é extremamente popular, mas ele está sempre distante de todo mundo, nunca o vi conversar com amigo nenhum, ele está sempre sustentando as formalidades. –encarou o amigo- Não é solitário?

O adolescente torceu o cenho sem saber que resposta dar.

— É por isso que você Sil, tem um grande trabalho a fazer! –deu tapinhas nas costas do outro- Você parece se dar bem com ele, então se esforce para ser um bom amigo, pra que o professor Graham não se sinta sozinho! 

— H-hein?

“Ah! Você não entende... Eu não quero ser amigo de alguém perigoso, gostaria muito de ser neutro nessa história, embora eu não possa mais voltar atrás agora que sei o que ele realmente é...”

. . .

            Após as aulas, o rapaz foi até seu novo clube, precisava aprender mais sobre seres míticos.

— Garoto Silas, venha cá, rápido, rápido~! –gesticulava ansiosa-

            A garota que falava era baixa, tinha os cabelos negros lisos, que batiam na metade das costas e uma trança feita de uma mecha de cabelo no lado esquerdo. A franja cobria toda a testa, mas deixava à mostra os orbes castanhos da garota. Esta era a líder do clube de ocultismo, Alícia Aven.

— O que é tudo isso...? –olhava os equipamentos sobre a mesinha-

— Tudo para que possamos filmar a transformação do professor lobo! –pegou a câmera filmadora de última geração- Temos escutas, duas câmeras, caso alguma delas quebre, hum... Temos também essas pulseiras de prata e um calendário só com as fases da lua!

— Pulseiras de prata...? –disse com descrença-

— Sim, eles são fracos à prata, por isso precisamos ter algo desse material com a gente... –colocou a pulseira no pulso do rapaz- Se ele tentar fazer algo usamos isso pra afastá-lo, entendeu? –colocou uma em seu próprio pulso- Embora eu não ache que ele machucará algum de seus alunos...

— Pra quê tudo isso?

— Bem, vamos bolar o plano ‘seguindo o professor lobo durante a lua cheia’, que será feito no dia 25, quando ele estiver prestes a se transformar.

— Que tipo de plano é esse?! Eu reprovo! É muito arriscado, presidente! –indignou-se-

— Ora, vamos, nós temos as pulseiras! Lobisomens são fracos à prata!

— Como pode saber disso, você por acaso já viu algum outro lobisomem?

— Não~

— Já testou se essa é a fraqueza deles mesmo?

— Não~

— Então o plano está reprovado, nossa segurança fica acima da necessidade de pesquisa!

— Eu pensei que você quisesse ir... –disse desanimada- Até comprei uma pulseira para sua amiga... 

— Não envolva a Karen nisso!!! –disse abismado- E mais, é lógico que uma pulseira não vai afastá-lo! É só uma pulseira!

— É prata!

— Em uma quantidade pequena!-contestou-

— Mesmo assim, deixe-me lhe explicar. Hurmrrm –pigarreou- Lobisomens se transformam durante a lua cheia, e durante a lua nova, perdem grande parte de suas forças, ou seja, ficam mais próximos da constituição de um ser humano.

— Apesar de terem aparência humana durante o dia, nas noites de lua cheia ela se altera drasticamente. Possuem diversas habilidades sobre-humanas que incluem olfato aguçado e visão de lobos; empatia com animais; velocidade anormal; força descomunal e regeneração a níveis espantosos.

— Durante a lua nova, porém, estas capacidades se reduzem e permitem que eles se tornem seres próximos a um humano, o que não significa que perderam suas habilidades.

— Se você for arranhado ou ferido por algum, lentamente você se tornará um lobisomem também, por isso é bom evitar contato e proximidade quando ele estiver em sua forma inumana.

—A prata é a única fraqueza que apresentam. Uma bala de prata durante a lua nova, e ele estará acabado. Outro modo de se eliminar é decepando a cabeça, uma vez que estiverem sem ela, habilidade nenhuma funciona.

            Após a longa explicação da presidente do clube de ocultismo, o garoto calou-se. Grande parte das informações ele havia visto na internet em outra ocasião, algumas delas um pouco diferentes das lendas que havia ouvido.

— Evitar contato...? Nós estamos fazendo o oposto não é?

— O professor lobo não parece ser uma criatura violenta, então não há por que nos preocuparmos, mas com outros lobisomens é diferente~!

— O-outros? –teve um arrepio na espinha-

— Claro! Existem muitos outros por aí, espalhados pelo mundo! Temos é sorte de ter encontrado um logo na nossa cidade, e ainda é nosso professor, hahahaha!

— Não temos não, preferia não ter que conhecer esse tipo de criatura...

— Anime-se! Somos privilegiados de saber de assuntos que os outros não sabem, vice-presidente! –sorriu-

— Vice... –arregalou os olhos- Espera! Não quero ser o vice-presidente do clube! Eu não q-

— Aqui, dê essa pulseira para aquela sua amiga, se algum lobisomem tentar atacá-la isso o afastará. –colocou na mão do rapaz- Tem um encanto antigo que afasta o ‘homem-lobo’ que eu fiz pra que fosse mais eficiente...

— O quê?!Não, espera! Eu não quero ser o... –desistiu ao ver a garota saindo da sala dançando de felicidade-

— Esteja aqui amanhã, Vice-presidente! –gritou do corredor-

“Em qual mundo ela vive? ‘Encanto do homem lobo’...? eu não entendo a Alícia... Só espero que não tenha nenhum outro lobisomem aqui além do professor...”

. . .

— Sil... Uma pulseira de prata...? –olhou o amigo, perplexa-

— Ah! –suspiro- Sim, veja, eu também tenho uma. A presidente do clube comprou três e me mandou lhe dar esta. Ela está insistindo muito na ideia de que você entre para o clube! Mas não vá na onda dela! –advertiu-

— Obrigada! De qualquer forma. –sorriu- Parece ser um bom lugar, esse clube...

— Não diga isso, lá é terrível!

— Se fosse tão ruim então por que você continuaria lá?

— Bem... –coçou a cabeça- Eu tenho meus motivos!

“Não posso deixar o clube agora, tem muitas coisas que eu não sabia e que não sei, e o único lugar em que eu posso pesquisar sobre isso livremente é lá...”

. . .

            À noite, sob a lua minguante, numa casa luxuosa de primeiro andar, dentro de um condomínio rico.

— Alô...? –o homem de olhos azuis acinzentados falou ao telefone-

[Oh! Isshvan, é você!]

— Por favor, não diga meu nome assim no telefone...

[Claro, claro, desculpe! Agora é conhecido como “Leonhard Graham”, o professor...]

— Quero saber se já terminou de analisar o que te pedi...

[Sim... Mas é melhor você vir aqui...]

— Certo.

            Desligou o telefone saiu de sua casa, se lançando às ruas escuras da cidade...

. . .

            Numa rua do comércio, numa lojinha que ficava num beco, o homem conhecido como Leonhard Graham entrou.

Ele estava diferente do comum, não usava os óculos e também não usava terno, mas sim uma roupa mais casual: uma jaqueta preta por cima de uma camiseta branca e uma calça jeans.

            A parte interna da lojinha tinha um balcão e uma porta por trás deste. Ele pulou o balcão, abriu a porta que dava num corredor com uma escadaria, desceu as escadas.

            Entrou lugar claro, a luz artificial branca iluminava a sala que era toda da mesma cor. A brancura explicitava as ferramentas metálicas nos balcões e pias, e as macas.

— Chegou rápido, como sempre! –um senhor apareceu na sala-

            Era um senhor, lá entre seus 60 ou 70 anos, com uma careca na parte de cima da cabeça, e pouco cabelo que lhe restava dos lados era um misto entre um loiro e branco; era baixinho, barrigudo, usava uma bata de laboratório por cima da roupa. Usava luvas de laboratório e tinha óculos de grau, junto com um simpático sorriso.

— Analisou o corpo que eu lhe trouxe...?-o homem de cabelos negros encarou seriamente-

— Claro! –o “doutor” fez um gesto- Aqui...

            Andou até uma maca, tirou o lençol branco que cobria o corpo, que era justamente o do homem que havia atacado Silas e Karen não mais do que dias atrás...

— Como você pensava, ele não é um sangue-puro... Foi transformado há pouco tempo... Não estava acostumado com a mudança ainda... Por isso se descontrolou...

—... –o professor franziu o cenho-

— Não creio que você tenha saído por aí transformando pessoas. Sei que tenta ser discreto. Ainda mais, num lugar calmo como esse qualquer notícia diferente vira a cidade de cabeça para baixo...

— Não deveria ter um transformado aqui...

— Isso mesmo, você deveria ser o único capaz de transformar humanos, mas não o fez, então...

— Tem outro lobisomem nesta cidade... –disse pensativo- E pode ser ele... —disse com ódio na voz-

— Então continua procurando por aquela pessoa... –suspiro- Eu te ajudei com esse corpo porque é meu amigo, mas sabe que minha opinião sobre o que está tentando fazer é o oposto da sua...

—...

— Eu acho que seria melhor se você simplesmente parasse sua busca e fosse viver em lugar tranquilo com uma mulher bonita, como um humano normal.

— Não posso fazer pouco caso do que está acontecendo... Desviar os olhos destes acontecimentos e fugir para uma vida pacífica é covardia. –cerrou o punho- Devo pará-lo antes que isto se torne ainda pior...

—... –o loiro suspirou- Só espero que isso tudo acabe logo... Antes que seja tarde demais para que você possa ter uma vida...

—... Agradeço pelo favor, estarei me retirando por hoje...

            E assim, o estranho “professor” Leonhard retirou-se do recinto com a mesma expressão que sempre manteve em seu rosto, frívola e agora com um toque de ódio.

            Quem é a pessoa que este homem quer parar? Que tipos de acontecimentos espreitam a calma cidade? O que acontecerá com os pacíficos dias da vida deste professor?


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