Aquele Professor É Um Lobisomem escrita por Lady Pompom


Capítulo 16
Capítulo 15: Flores que Florescem em Maio


Notas iniciais do capítulo

Essa obra não tem qualquer relação com pessoas, lugares ou fatos da vida real, é uma história de ficção para puro entretenimento.



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Uma semana se passou desde o episódio anterior, Isshvan ainda se recuperava. A vida de seus alunos corria normalmente, eles nunca mais tinham ouvido falar de vampiros ou lobisomens, Alícia e o caçador que ela contratou pareciam estar fazendo algo suspeito de novo, mas ela não dizia nada a Silas.

. . .

Dia 25 de abril,

Pela manhã...

. . .

— Você parece estar se recuperando bem, Isshvan... –Illiel deu um sorriso-

            Ele estava sentado numa cadeira ao lado da cama do professor, e acabara de examiná-lo.

— Eu não tenho certeza, mas como hoje é uma lua cheia e suas habilidades alcançam potencial máximo, talvez isso acelere sua recuperação... –o médico dizia em dúvida-

— Isso é ótimo! –Ária disse animada-

— Tenho certeza de que foi porque alguém cuidou muito bem dele enquanto não estive por perto!-o doutor brincou com a mulher, que sorriu-

—... Ainda assim, ficar tanto tempo acamado é... –Isshvan suspirou pesadamente-

— Quando estiver recuperado, vai poder voltar à escola... Além disso, eu irei lá todos os dias para visitar as crianças por você! -Ária dizia feliz-

— Bem, acho que é minha deixa, então... –o doutor se preparou para sair- Eu voltarei daqui a alguns dias, para checar seu estado novamente, se acontecer algo, é só me ligar! –ele deu um sorrisinho, acenou e saiu dali-

            A mulher acompanhou-o até a porta, depois voltou correndo para o quarto do noivo, sentando novamente ao lado da cama.

—As crianças disseram que não viriam aqui hoje, eles acham que se vierem, você ficará preocupado por eles ficarem tristes por você... –ela deu um riso abafado- Não são uma gracinha?

Ele não respondeu, apenas ficou encarando fixamente a noiva com a expressão estática enquanto ela falava, até que ela preocupou-se:

— O que foi...?

— Nada... –ele desviou o olhar para o teto-

—...?

. . .

Enquanto isso,

Na escola,

. . .

            Hoje já é dia 25 de abril... É uma lua cheia... Desde que aquilo aconteceu com o professor, eu e Karen estivemos preocupados. Alícia ficou um tanto desconcertada também, mas ela e aquele caçador estão envolvidos em algo suspeito novamente, andando por aí pela cidade...

            Nós fizemos visitas frequentes ao Sr. Leonhard nestas duas últimas semanas... No começo ele nem abria os olhos, mas agora ele até fala conosco... O doutor que cuidou dele (se não me engano um amigo de longa data ou algo assim), que também sabe o quê o professor é, está tomando conta dele e dando medicamentos que funcionam... (imagino de que são feitos e como ele descobriu isso...)

            Como hoje é lua cheia, talvez os poderes regenerativos do professor, que estarão no seu potencial máximo, sejam úteis e acelerem a recuperação dele... Enquanto isso, a escola parece um pouco vazia sem ele aqui, quero dizer, estávamos tão acostumados a tê-lo por perto que sentimos falta de algo com ele saindo tão repentinamente...

            Nunca imaginei que viveria para ver o dia em que ele estaria ferido assim, daquela vez ele se recuperou tão rápido, mas agora...

            Desde que ele saiu de licença, colocaram um professor substituto, e ele ficará até o professor Leonhard voltar... Imagino quanto tempo isso vai durar...

— Silas! –alguém chamou meu nome-

— Ah... Algum problema, Karen? –respondi olhando para ela, que tinha vindo correndo-

— A Alícia saiu mais cedo hoje de novo... –disse preocupada- Queria saber o que ela e aquele caçador estão tramando.

            Karen está preocupada e com razão... Alícia está se metendo a fazer tudo sozinha de novo. Não gosto disso. Não posso deixá-la fazer tudo só, sou o vice-presidente do clube, tenho o dever e obrigação de saber tudo que envolva os assuntos que ela pesquisa para o clube, além disso, é da vida dela que estamos falando... 

            Ah- Eu ainda estou com aquela chave do armário do clube que ela havia falado... O que será que tem naquele armário? Hum... Seria bom descobrir, provavelmente tem tudo que ela está deixando de nos contar agora...

— Silas? –Karen me desconcentrou-

— Hum?

— Parece pensativo... O que houve?

— Nada... Só estou preocupado com a Alícia...

— Bem, uma hora ou outra ela aparece e explica tudo...

— Espero... –disse sério- Ah, falando nisso, Karen... Eu vou ficar mais um pouco no clube hoje, está na hora de assumir minhas responsabilidades como vice-presidente...

            Eu não sei se a Karen gostou muito da última parte, porque ela fez uma cara de quem não se agradou... Deve estar preocupada, afinal, há alguns meses eu dizia que nunca seria o vice-presidente, e em tão pouco tempo decidi assumir essa tarefa, a tal ponto que posso dizer com extrema convicção sobre minha posição neste clube.

— Ah! E lá vai mais um... –ela suspirou- Você vai acabar ficando igualzinho à Alícia um dia, sabia?

Eu gargalhei do comentário da Karen, sei que ela disse num sentido mau, mas não deixa de ser engraçado.

— Seria bom mesmo se eu ficasse inteligente como ela.

— Ah! Já que você e a Alícia estão cheios de segredinhos e não me contam, eu vou embora! –Karen inchou as bochechas de ar-

— E-espera! –eu tentei impedir, mas ela fingia que não me escutava- Ai, ai... Acho que isso vai acontecer bastante se eu não aprender a mentir melhor daqui para frente... –suspirei- Imagino quanto tempo essa confusão dos vampiros na cidade ainda vai durar...

. . .

            O menino tomou seu rumo até a sala do clube, estava determinado a descobrir as misteriosas informações que Alícia vivia escondendo dele. Esperava também descobrir as fontes as quais a garota sempre contatava para obter todo o conhecimento sobre as criaturas e os caçadores.

            Abriria aquele armário e desvendaria o mistério sobre os segredos de Alícia de uma vez por todas!

            Com certo nervosismo, ele pegou a chave do armário do clube, e abriu a portinha, inseguro. Quando viu o que havia dentro, surpreendeu-se.

— Hã...? Era isso que ela colocava aqui...? Papéis...?

            Havia uma pilha de papéis e um livro por cima da pilha. Silas retirou o conteúdo do armário e colocou sobre a escrivaninha que havia no clube. Sentou-se e decidiu espiar o que havia naquelas folhas de papel, se não fosse importante, a líder não teria dado tanto valor e escondido ali, certo?

— Uou! –ele impressionou-se- Isso tudo são pesquisas? Vejamos... Tem informações sobre vampiros, lobisomens, lugares onde apareceram no passado, relatos... –ele passava os olhos por algumas folhas, admirado- Era isso que a Alícia ficava pesquisando todo dia...? –ele sorriu- Humn?

            Estava impresso em um dos papéis uma imagem de Silver e um relato escrito ao lado falando sobre o caçador, parecia ter sido impresso de algum blog ou site da internet.

— Então, esse é o Silver... –o garoto franziu o cenho- Mas espera, esse relato é de alguns meses atrás... Então era assim que a Alícia descobria? Com a internet? –abismou-se-

“Agora que eu vejo isso... Tem muitas informações interessantes aqui, tudo que a Alícia nos ensinava sobre vampiros e lobisomens estava no armário do clube esse tempo todo! Tenho que estudar isso tudo! E vou ter uma conversinha com a líder quando ela aparecer na escola de novo!”

            Ele ficou curioso ao notar o livro antigo, a capa era de um amarelo já velho e sujo, com alguns símbolos sinistros desenhados, e o nome do livro estava escrito numa língua estranha. Parecia um livro de magia negra. O jovem teve um calafrio só de pensar na possibilidade, ainda mais vindo da líder de clube dele, que tinha alguns parafusos a menos.

            Ele abriu o objeto, com medo de ser amaldiçoado. Mas logo perdeu o receio, quando começou a folhear o livro: havia apenas imagens, e o conteúdo estava escrito em português.

            Aquilo era um livro formado por um conjunto de encantamentos antigos para afastar todo tipo de criaturas sobrenaturais, desde fantasmas, demônios até lobisomens e vampiros.

“F-feitiços? Não sabia que ela guardava algo assim aqui... Eu sei que ela se preocupa conosco, mas ocultismo é... Embora o foco do clube seja isso, quero dizer, nós estamos o tempo todo falando em criaturas sobrenaturais e coisas ocultas...”

            Enquanto folheava, um papel caiu de dentro do livro. Uma folha dobrada e volumosa.

“Ah! Droga! Onde isso estava? Será que ela estava usando para marcar alguma página importante? Hein?”

            Silas ficou interessado por o papel, era volumoso e não era feito de um material comum, parecia papel de revista. Ele abriu, curioso...

— Um mapa... da cidade? –ele ficou perplexo- E-ei, tem uma foto colada no mapa!

            Numa região do mapa, havia uma foto colada com durex em apenas uma das extremidades. A foto era escura, impressa em papel, mas podia-se ver claramente que havia uma silhueta e os olhos vermelhos do que estava retratado na foto.

— U-um vampiro? –Silas engoliu seco, assustado- Onde ela arranjou isso, e por que está colado nesse mapa?

            Quando observou atentamente ao mapa, o garoto começou a entender...

“Tem áreas da cidade circuladas em vermelho... Aquele bairro onde estavam acontecendo alguns casos de pessoas sendo vítimas de agressão durante a noite... Tem outros locais também e... Os galpões?! Não me diga que isso são os lugares onde apareceu alguma criatura...!”

— Por que essa foto está colada nos galpões...? Alícia... O que exatamente você esteve fazendo para conseguir informações...?

            O garoto continuou a olhar aqueles arquivos diligentemente, até o anoitecer. Guardou-os da mesma forma como estavam, onde os havia encontrado. Mas sua sede por conhecimento não parou, após chegar a sua casa, trancou-se em seu quarto e passou a noite pesquisando mais sobre tudo aquilo. Estava na hora de reunir suas próprias informações.

. . .

Naquela mesma noite,

Pelas ruas da cidade,

. . .

— Você os encontrou? –a líder de clube sorriu-

— Sim, eu já extingui a vida de dois deles, Milady... –o caçador disse cordialmente-

— Isso é bom... Mas precisamos chegar até o chefe deles, entendeu? Só dessa forma poderei questioná-lo sobre suas intenções nesta cidade... –ela sorriu- Há algo muito grande prestes a acontecer, você sabe...

— Sim, Milady, se não, os outros caçadores não decidiriam se reunir nesta cidade...

— Hehehehe isso será interessante... –a menina riu entusiasmada-  Fiquei surpresa em ver Silver por aqui, mas descobrir que tem mais caçadores vindo... Isso me faz inflamar! Temos que achar logo esse chefe dos vampiros e descobrir o que ele está tramando na minha cidade! Vamos lá, Sanmoto!

— Imediatamente, Milady!

            E a garota, juntamente ao caçador, saíram em uma jornada noturna, perseguindo o mal sob a cortina das sombras da noite.

. . .

Mais uma semana passou-se tranquilamente, Silas gastou seu tempo pesquisando e lendo com cuidado o que havia na sala do clube; Karen ficava preocupada com a líder e o vice-líder do clube vez ou outra, mas não sentia realmente que poderia ajudar em algo. Quanto à Alícia...

            Sentada à mesa da sala do clube, ela analisava alguns papéis cuidadosamente, com uma expressão reflexiva.

— Hum... Sanmoto conseguiu exterminar três deles, mesmo que só tenha sobrado um dos que eu vi naquele dia, parece que houve mais casos de ataques noturnos... Isso significa que eles continuarão a se multiplicar... –franziu o cenho, perplexa- O que o chefe dos vampiros almeja... Será que ele quer transformar toda a cidade ou... Ele pretende criar um exército...?

            O raciocínio da presidente foi interrompido quando alguém abriu a porta da sala, e ela imediatamente olhou para ver quem estava ali.

— Ah, menina Karen... –sorriu e acenou-

— Olá, Alícia! Sabia que estaria aqui... Tem estado bem ocupada com o clube recentemente, não é?

— Sim...

— Ah, é! Quase esqueci, eu vim aqui para perguntar sobre o Silas, ele não estava aqui com você?

— Não menina Karen... Não o vi hoje...

— Entendo... –ela sorriu e deu um tchauzinho- Eu vou procurá-lo agora, te vejo mais tarde, Alícia!

 A líder de clube foi até o armário onde guardava suas importantes pesquisas, pegou o mapa da cidade e começou a rabiscar algumas letras no verso. Depois olhou os papéis, e percebeu algo...

— Eles estavam nessa ordem...? Tenho certeza de que não estavam assim quando os organizei da última vez... –ela ponderou por alguns segundos- Heh... Parece que temos alguém bisbilhoteiro se interessando por os assuntos do clube... – um sorriso brotou nos lábios dela-

. . .

            Karen andou pelos corredores do colégio, desolada. Suspirava, Silas havia sumido. Ele nem foi à escola com ela, quando a menina chegou à sala, ele já estava lá, entretido com algum livro estranho, como estava concentrado, ela não quis interromper. E mesmo agora na hora do intervalo, ela não conseguia encontrá-lo em lugar nenhum.

— Silas está mesmo ficando igualzinho à Alícia... –ela inchou as bochechas, um pouco irritada-

            Foi quando o dito cujo apareceu correndo na esquina do corredor, e estancou o passo ao ver a menina ali.

— Karen! –disse o vice-presidente com um sorriso-

— Finalmente apareceu... Onde você estava? Eu fiquei preocupada! –ela cruzou os braços, bronqueando-

— Ah! Desculpe, mas eu não consigo não ficar feliz... –ele alargou o sorriso- Estava te procurando, tenho uma ótima notícia para lhe dar!

. . .

Enquanto isso,

Na sala dos professores

. . .

            Houston, o professor de matemática, estava sentado à escrivaninha, navegando na internet em seu notebook. O que ele buscava, porém, não era algo comum: pesquisava sobre o nome Leonhard Graham. Achou alguns resultados, e olhava cuidadosamente as informações dispostas na tela.

            Sua implicância com o colega de trabalho só aumentava, nunca havia gostado da personalidade, popularidade do outro, e depois que descobriu sobre a noiva, teve ainda mais raiva.

“Ele tem que ter algo suspeito no passado, ou algum envolvimento ruim... Eu irei achar qualquer coisa!”

            Ele encontrou o endereço do professor, e desconfiou imediatamente.

“Um professor vivendo numa mansão de luxo?! Impossível!! E-então deve ser assim que ele consegue uma noiva tão linda... Isso é, se ela for mesmo noiva dele!”

            Enquanto se enfurecia ao ver a imagem de Leonhard Graham em sua mente, bateu na mesa irritado, decidido a descobrir mais partes do passado daquele homem estrangeiro. Assim que saiu da sala dos professores, para seu desagrado, encontrou-se justamente com a pessoa que mais o irritava.

— Graham?!-Houston franziu o cenho-

—... Houston... –Leonhard cumprimentou-o cordialmente-

— Está mesmo bem o suficiente para vir aqui?

— Sim, obrigado... Meu médico me deu alta... –respondeu sem muito interesse-

— Bom... Espero que tenha mais sorte da próxima vez... –disse num tom metido-

            O professor lobo não respondeu, apenas ajeitou os óculos e seguiu com os olhos enquanto o outro saía dali. Antes que pudesse entrar na sala dos professores, ouviu passos apressados vindo em sua direção, havia mais de uma pessoa. Virou-se para trás, eram seus dois alunos favoritos.

—  Professor! –Karen disse com um sorriso radiante nascendo em sua face-

— Que bom que o Senhor voltou! –Silas completou, também feliz-

—... Como sabiam que eu estava aqui...?

— A Senhorita Ária nos contou!

— Ah... –ele suspirou- De qualquer forma, vocês deveriam estar voltando para sua sala, o intervalo acaba em 5 minutos...

— Mas nós queríamos te ver antes, professor! –Karen falava eufórica- Estamos tão felizes que o Senhor está bem agora!

Ele ajeitou os óculos e eles não enterram se aquilo foi um gesto de rispidez ou se ele estava feliz em ouvi-los dizer aquilo.

— Ora! -uma voz feminina surgiu por trás dos garotos- Vocês vieram correndo para vê-lo?

            Era Ária, tocando nos ombros dos dois estudantes, com seu sorriso habitual.

— Que alunos mais fofos você tem, Isshvan!

— Ária... Até você... –o professor suspirou pesadamente- Quantas vezes tenho que repetir...? Não pode vir aqui todos os dias...

— E quanto a você, Isshvan? –ela estreitou os olhos e cruzou os braços- Illiel ainda não lhe deu alta, seu mentiroso! Não deveria ter vindo à escola!

— Não posso ficar o tempo todo em casa, tenho que trabalhar, sabia? Além disso, eu já me sinto bem o suficiente para andar por aí...

— Vocês estão ouvindo isso, crianças? O professor de vocês é um sujeito terrivelmente teimoso... –ela murmurou para os garotos que estavam um tanto sem jeito ouvindo a discussão- Como quer dar exemplo pros seus alunos sendo assim?!

            O sinal tocou e os dois estudantes se despediram e foram em direção à sala de aula, com certa hesitação, pois preferiam ficar mais um tempo conversando com o amado professor deles. Isshvan preparou-se para dar aula também.

— Bem, já que você está bem, eu vou embora. -Ária abraçou o noivo rapidamente e saiu dali-

. . .

            Ah! Já é dia nove de maio. Hoje é uma lua nova... Já faz alguns dias que o professor voltou à escola, Silas e eu estivemos visitando ele quase todos os dias quando ele estava ferido... A Senhorita Ária ficou tão preocupada, tenho pena dela... E Alícia não o visitou, ela parecia ocupada com algum tipo de planejamento...

            Falando nisso, Silas tem se engajado cada vez mais no clube, e agora, assim como Alícia, ele está escondendo algo de mim de novo... Ah... É sempre assim. Será que esses dois acham mesmo que eu não noto? Queria saber que tipo de segredo tão espantoso é para que eles não me contem...

            Oh... Que lindo, na casa do professor tem um canteiro de Azaleias! Eu amo maio... É um clima agradável, chove de vez em quando, e tem flores lindas...

            Ah, é, agora mesmo eu estou na casa do professor Graham... Fiquei bastante surpresa hoje de manhã, mas a Ária foi à escola e falou comigo e com o Silas que o nosso professor queria nos oferecer um jantar na casa dele, para agradecer pela nossa apreensão durante o tempo que o noivo dela estava machucado...

            E aqui estamos eu e Silas, em frente à casa chique do professor! Esse canteiro de azaleias no jardim de entrada é tão lindo! Aposto que é a Senhorita Ária quem cuida disso... 

— Eu vou tocar a campainha... –Silas disse impaciente-

            Ele deve estar bem ansioso porque o professor chamou a gente aqui por vontade própria desta vez! Isso é esplêndido!

            O próprio Sr. Graham atendeu a porta, mas... Ele parece um tanto confuso de nos ver aqui... Por que será...?

— Silas... Karen... –ele arqueou o cenho- O que estão fazendo aqui...?

— Como assim? Já se esqueceu, professor? O Senhor nos chamou para jantar aqui hoje! –o garoto sorriu dando tapinhas no ombro de Isshvan-

            Tem algo errado... O professor parece... Irritado? Nós dissemos algo de errado? Ele não nos chamou para vir aqui? Será que não deveríamos ter vindo...?

— Ária! –ele virou as costas para os dois na porta e chamou pela noiva-

— Sim?

            Ah, agora Ária apareceu na porta também, com um sorriso daqueles. Ela está tão animada!

— Ária... O que significa isso? –o professor saiu da frente dos alunos e apontou-

            “Isso”... Fomos reduzidos a coisas agora?

— Ah, eu não te disse~?-ela sorriu- Vamos jantar todos juntos hoje à noite!

— Ária, explique isso direito... –disse de cenho franzido-

— Ora, não seja tão mau! Eu os convidei aqui porque eles foram ótimas crianças se preocupando com você, temos que agradecê-los, não é Isshvan?

Leonhard pôs uma das mãos no rosto e suspirou. Sabia que havia algo de errado... Estamos falando do professor afinal, ele gosta de ser bem recluso... E eu fiquei tão feliz quando pensei que ele tinha mesmo nos chamado aqui...

— Não se importem com o que ele diz, entrem, entrem! -a mulher puxou os dois jovens para dentro da residência-

            Me sinto até sem graça de entrar assim... Ária nos enganou desta vez... Espero que o professor não fique irado conosco... E pior, ela correu para algum lugar da casa e nos deixou na sala de entrada, sozinhos com ele... Estou tão nervosa!

O professor lobo suspirou pesadamente e relaxou a expressão, apesar de ter sido a contragosto, ele não deixaria de ser educado conosco:

— Sentem-se, por favor, e perdoem a Ária, ela faz essas coisas de vez em quando...

            O Sr. Graham sumiu pelos corredores da casa... Não importa quantas vezes eu tenha vindo aqui quando estava visitando-o, esse lugar é enorme! Nosso professor é rico... Será que é por que é um nobre?

. . .

Enquanto isso na cozinha da casa,

. . .

— Ária, o que significa isso? –ele franziu o cenho-

— Eu já falei, os chamei para jantar. –disse enquanto cozinhava a beira do fogão-

—... Você só está fazendo isso porque hoje é uma lua nova e queria que eu ficasse em casa? Fez isso só para me manter aqui, não foi?

Ela encarou o noivo com uma expressão emburrada, parece que ele havia acertado em cheio, mas ela não deu o braço a torcer:

— Não é bem assim, eu iria convidá-los para jantar de qualquer jeito, e não queria que fosse lá fora como da última vez... –ela abriu um sorriso- Então aproveitei a oportunidade e matei dois coelhos numa cajadada só!

— Eu disse que aquilo não vai mais acontecer... Foi um dia ruim, e eu nem me transformei de verdade não é como se fosse acontecer toda lua nova... –ele suspirou-

— Não quero ouvir suas desculpas. -ela virou o rosto- Agora vá ocupar o tempo conversando com seus alunos, você é o anfitrião da casa!

            O homem foi embora e ela deu um sorrisinho, assim que ele passou pela porta.

— Hoje será um ótima noite! -disse cantarolando-

. . .

            Quando o homem chegou à sala de estar, os dois jovens estavam perto da porta de entrada.

— Ah, professor, bem... Nós estamos indo... –Silas disse sem graça-

— Desculpe o incômodo. –Karen disse também sem jeito-

— Esperem... Não precisam ir...

            Os dois alunos olharam para o professor, ainda acanhados. O homem suspirou mais uma vez, e continuou:

— Vocês podem jantar aqui hoje, apesar de ter sido tudo tramado pela Ária, já que estão aqui, não tem problema... Apenas... Me consultem da próxima vez que ela disser algo assim de novo...

            Os dois mais novos se entreolharam e sorriram.

. . .

— Uou! –Silas impressionou-se com as variedades- Foi você quem cozinhou isso tudo, Senhorita Ária?!

— Sim! Aproveitem, crianças!

— Muito obrigada por nos deixar ficar, professor!       

Eu tinha que agradecer... Nunca esperei que fosse viver um dia assim... Eu, Silas, Ária e o professor, todos sentados à mesma mesa, comendo juntos. É uma ocasião tão especial... Tenho certeza de que isso se tornará uma boa lembrança...

. . .

Naquela mesma noite,

. . .

            Enquanto o professor lobisomem, sua noiva e seus alunos criavam memórias felizes, um ar maligno de conspiração do destino pairava sobre os galpões.

            Alícia Aven, a autoproclamada detetive e seu fiel (novo) servo, o caçador Sanmoto caminhavam no terreno escuro e assombrado.

            A luz de um dos postes piscava, e podia-se ver os pequenos insetos voando à meia-luz dos postes. O céu, com uma lua encoberta por nuvens noturnas negras, e as estrelas ocultas pela escuridão da noite. Ouvia-se o sonar dos morcegos, comunicando-se uns com os outros.

            Alícia passava os olhos pelo local, suavemente e atenta. O caçador também observava o mínimo movimento que havia ali, até o mesmo o som do vento uivando por entre os estreitos becos. Ele deixava a mão apoiada sobre a espada, pronto para sacá-la num instante caso a situação exigisse. 

            No teto de um dos galpões, um terceiro indivíduo assistia aos dois que caminhavam, com seus olhos conspícuos, brilhando em vermelho na noite.

— Aquele caçador e a garotinha de novo... –Raphiel estreitou os olhos enquanto murmurava para si- Seria bom me livrar daquele homem, e tem aquela mestiça que frustrou a batalha de Silver... Porém, o mais importante agora é nos livrarmos daquele puro-sangue...

            Raphiel deu um leve sorriso maligno ao fitar o caçador por alguns segundos.

— Acabei de ter uma ideia excelente... Como dizem no mundo humano, será como pegar ‘dois coelhos em uma cajadada só’...

            E o vulto do vampiro desapareceu repentinamente, como se ele nunca tivesse estado ali.

O astuto caçador sentiu uma presença ameaçadora observando-o e pôde ver um vulto sobre um dos galpões, imediatamente sua postura se eriçou, seus sentidos ficaram em alerta, tinha certeza de que era uma criatura perigosa, ele direcionou o olhar para o topo dos galpões, e segurando firme no cabo da espada, procurou a réstia daquela criatura, no entanto...

Quando ele olhou, não havia mais ninguém lá...  Sanmoto ficou perplexo, ele havia certamente sentido uma presença, e seus olhos captaram de relance uma sombra, mas não havia nada ali, e a presença havia sumido repentinamente... Teria sido apenas ilusão?

— Algum problema? –a presidente do clube fitou o caçador, preocupada-

— Não... Não é nada, Milady... Não é necessário se preocupar... 

Ele estreitou os olhos, irritado, não gostava de se sentir caçado, principalmente se a pessoa quem o caçava era a própria presa.

Alícia e o caçador continuaram sua jornada na noite, procurando as criaturas malignas que tentavam fazer um alvoroço na cidade. Mas o que Raphiel tramava? Quem seriam seus alvos?

Uma névoa espessa recobre a cidade e os planos que estão para serem postos por os corrompidos vilões. O que se sucederá?

 


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Notas finais do capítulo

Após muitooooo tempo sem postar, três capítulos de uma só vez!!! Espero opiniões!!



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