O Passado Nos Condena escrita por Fernanda Melo


Capítulo 4
Discussão, Preocupação e Um Edredom de Zebrinha




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O sol já estava em sua colocação no céu, o dia estava quase perfeito, poucas nuvens se movendo pelo céu, hora tampando o brilho do sol, os poucos raios solares que caiam sobre a cidade de Forks para aos poucos ir aquecê-la. O dia estava um pouco gélido mesmo sendo 9horas 35minutos da manhã, mas logo o tempo encaminharia de normalizar toda aquela loucura das súbitas mudanças climáticas.

Até parecia que no quarto de hospital parecia estar pior, particularmente a jovem menina de cabelos dourados sentia que estava no pólo norte. Suas pálpebras tremeram involuntariamente e ela se agarrou ao cobertor. Queria conseguir voltar a dormir novamente quando todas as lembranças da conversa com seu pai na noite anterior vieram a tona.

Ela imaginava que não era algo tão grave assim, até ouvir, enquanto fingia dormir, a conversa de seus pais com seu médico responsável, eram tantas privações e tantos nãos que tivera que ouvir e fingir que estava tudo bem para não alarmá-los de que estava ouvindo cada letra pronunciada naquele diálogo.

Ela sentiu-se no fim do mundo, principalmente em saber que seus exercícios pesados teriam que ser cortados para seu próprio bem. A alimentação diferente... Seu dia a dia com a sua mais nova companheira que faria com que ela ainda continuasse viva, a insulina. Ela se questionava se conseguiria se lembrar de aplicá-la todos os dias, medos repentinos e alguns até insanos demais para serem soltas em algum diálogo com o profissional. Passava por sua mente que agora a única coisa que teria que fazer era colocar em sua mente e obrigá-la aceitar seu novo modo de vida.

Antes de abrir os olhos se questionava se não estava sendo dramática demais, até então só pensara em pontos tão negativos e absurdos, mas não teria outro ponto de vista, nem ao menos um lado bom. Aquilo era a morte a um passo de pegá-la e um vacilo ela partiria para outra.

Incapaz de se manter atenta aos seus pensamentos por mais um mero segundo ela abriu os olhos abruptamente e os semicerrou assim que a claridade incomodou extremamente. Piscou inúmeras vezes na tentativa de que aquilo fosse à solução para que ela acostumasse com o clarão do dia com os brancos da parede. Ela suspirou forte e olhou para o lado contrário que até então observava.

Sentiu-se um pouco incômoda por ver sua mãe dormindo naquela poltrona que para ela parecia imensamente desconfortável, queria poder estar em casa, mas as lembranças do dia anterior lhe fizeram agradecer por estar naquele maldito hospital. Se nada disso houvesse ocorrido talvez agora estivesse na escola e provavelmente teria ignorado Ben o máximo que conseguisse ou simplesmente teria discutido com ele.

O frio que sentia era incomodamente ruim e uma leve coceira na ponta do nariz fez com que a menina perdesse o controle e espirrasse. Esse ato fez com que sua mãe acordasse de seu profundo sono. Esme havia dormido apenas três horas desde então, passou a noite em claro observando a filha e pedindo para que ela entendesse que sua rotina mudaria, mas que não seria o fim de tudo para ela.

- Está com frio meu anjo?

- Não mãe, estou bem. – Seu tom de voz era forte aparentemente tranqüilo, de um jeito que se sua mãe não a conhecesse acharia que ela estava extremamente bem...

- Se eu não lhe conhecesse esse tom de voz seria seu ponto chave para se livrar de minhas crises de preocupação. – Esme acariciou o cabelo da filha, que olhava para a mãe com olhos amedrontados. – Não fique assim meu anjinho, estou aqui com você.

- Por que... Eu não consigo imaginar... Mãe... – A última palavra dita pela boca da menina, veio com o timbre de agonia, havia um nó preso na parede de sua garganta. Ela equilibrou seus braços na cama para poder sentar, em seguida desviou o olhar do rosto de sua mãe sentindo uma leve queimação ao redor de seus olhos. – Eu to com medo mãe. – A menina voltou o olhar para a mãe com seus olhos cheios de lágrimas e a voz chorosa deixava explicito os seus sentimentos.

Esme abraçou a filha e beijou o topo de sua cabeça, a menina não conseguiu segurar mais, os soluços eram altos e a insegurança da menina estava sendo demonstrada ali naquele momento. Riley poderia ser forte quando queria, mas o medo havia tomado conta de seu corpo e não tinha mais como controlá-lo. A dúvida sobre a doença lhe deixava ainda mais apreensiva e isso piorava a situação.

- Fique calma meu amor, vai ficar tudo bem... Eu prometo.

- Eu não vou perder partes do meu corpo né?! – Esme olhou para sua filha e acariciando suas bochechas molhadas por poucas lágrimas abriu um curto sorriso no rosto.

- Lógico que não meu amor, você irá se cuidar e poderá ter uma vida como a de todos os amigos.

- Só que sem poder comer qualquer coisa que tenha açúcar.

- Você terá uma alimentação diferenciada, não será o fim do mundo. – Ela afastou o cabelo da menina para trás de sua orelha. – Eu vou estar sempre do seu lado meu amor.

- Você promete?

- Prometo. – Ela sorriu docilmente para a filha, não tinha como mãe, não sentir seu coração apertado cada vez que olhava no fundo dos profundos olhos azuis de sua filha.

- Mãe... Pensando melhor eu estou com frio sim, cairia bem meu edredom de zebrinha agora. – O timbre infantil na voz de Riley soou como uma menina inteiramente mimada e Esme não pôde deixar de rir da situação.

- O médico disse que mais a tarde te liberaria, logo estaremos em casa e você poderá aproveitar seu edredom.

                ***

                No horário de almoço Alice aproveitou para ir visitar a irmã e Esme viu uma brecha para poder fazer uma alimentação digna. O silêncio era constrangedor dentro daquele quarto e Riley não sabia por onde começar seu pedido de desculpa. A noite anterior havia sido extremamente conturbadora para ambos os membros da família.

                - Mingalzinho você me desculpa?

                - Por você me chamar de mingauzinho? Posso pensar.

                - Não... Por ontem. Não devia ter gritado com você e muito menos com Emm.

                - Tudo bem, não tem como eu não lhe perdoar, você é minha irmã. – Alice mantinha um breve sorriso no rosto enquanto conversava com sua irmã.

- Será que Emm está bravo comigo? – A menina dizia ainda com seu tom inocente e infantil, enquanto enrolava o lençol em seus ambos os dedos indicadores, sem em momento algum olhar para Alice.

- Ele está preocupado com você e chateado por não poder ter vindo te ver. – A jovem moça aproximou-se da irmã caçula fazendo leves cafunés. – Ben me ligou preocupado com você.

A menina se sobressaltou da cama preocupada com o que a irmã diria em seguida. Fechou os olhos com força ao imaginar que a irmã tenha dito algo que não devia

- Diga que você não disse a ele que estou no hospital.

- Qual o problema? Ele queria vir lhe ver.

- Não... Não pode, quero dizer eu não quero vê-lo.

- Por quê? O que aconteceu ontem que você não quer me contar?

- Nada. – A menina desviou o olhar do de sua irmã e logo voltou para o lençol, sua tão momentânea distração.

- Riley, sei que ontem você não estava bem e tem algum motivo forte por trás disso e vejo agora que tem tudo haver com o Ben não é? – Alice fez com que a atenção da menina voltasse para si. Então Riley se viu em uma encruzilhada não muito difícil de se escolher o caminho certo, confiava em sua irmã de olhos fechados, colocaria a mão no fogo por ela e sabia que Alice faria o mesmo por ela, Alice era mais que sua irmã, era sua amiga e quando preciso até mesmo sua segunda mãe.

- O Ben... Ele... Eu o vi beijando a Molly... Ele não podia ter traído assim minha confiança ele sabe que eu e Molly nunca nos demos bem e ele é meu melhor amigo.

- Você gosta dele não é?!

- Lógico que não, ele é apenas meu amigo.

- Vocês ainda estão confusos sobre os sentimentos que sentem um pelo outro, mas todos que estão por fora vêem o que acontece com vocês e sabem que ambos se amam.

- Eu... Então se eu gostava dele mesmo desta maneira já terminamos a relação antes mesmo de começar.

- Vocês ainda estão muito novinhos e você com a cabeça quente demais, assim que ver que realmente o ama o perdoará por isso.

E foi neste exato momento que a atenção de Riley foi roubada por três batidas leves na porta, o que fizera imediatamente com que seu coração gelasse e falhasse de imediato uma leve batida desregulando por completo seus sentidos. Alice deu a volta na cama e foi rapidamente abrir a porta e para a surpresa na jovem loira era a mesma pessoal na qual ela não queria ver tão cedo em sua frente.

Sua primeira reação foi desviar o olhar para a janela pensando rapidamente em como ficaria aquele diálogo e seus sentimentos. Ela não esperava vê-lo, pelo menos não naquele dia, estava apreensiva e não conseguia imaginar sequer a olhar para aqueles expressivo olhar de Ben.

- Oi, soube do que aconteceu com você... Como está? – Foi a primeira coisa que ele pensou em dizer, algo bem ensaiado durante as aulas de física e biologia para que ele não dissesse alguma besteira em frente a ela. Riley surpreendeu-se ao olhar para o lado e notar que tinha apenas ela e Ben no quarto.

“Sua traidora.” – Era o único pensamento que passou na mente de Riley naquele momento, com os olhos estreitos e expressão desafiadora, algo que assustou Ben no mesmo momento.

- Está tudo bem?

- Não... – Ela disse em um tom de voz bravo e sério demais, até mesmo soara mais como uma ameaça de morte, ele sentiu vontade de recuar alguns passos ou até mesmo sair disfarçadamente daquele quarto.

- O que houve? Você parece estar... Brava.

- Nada. É só isso?

- Não eu...

- Então tchau.

- Eu fiz alguma coisa?

Riley sentiu seu peito arfar, um suspiro forte que transmitia irritabilidade. Pela primeira vez olhou nos olhos de Ben naquele instante, e se perguntava por que estava com tanta raiva dele, se fosse somente por aquele motivo ela teria apenas o alertado, como tanto fizera nos anos anteriores quando Molly ou sua irmã tentaram acabar com a amizade de ambos os jovens.

E pensando um pouco melhor viu que por um ponto de vista, que mesmo que para ela fosse distante, que havia algo entre os dois, um sentimento no qual nenhum ainda tivera coragem de assumir que sentia um pelo outro. Mas na mente de Riley nada disso justificaria aquela cena deplorável do dia anterior. Sacolejou um pouco a cabeça afastando as mil e uma desculpas que rondavam sua mente para não dar uma prensa em Ben, o xingaria sim, o ignoraria por uma semana e por fim acharia essa atitude extremamente infantil, apesar que ela ainda achava que era uma eterna criança e por este motivo nunca aceitara namorar com Josh, o garoto mais popular de seu colégio, e por isso, também, não namoraria com seu melhor amigo.

Eram jovens demais, tinha mentalidade de criança, Riley sabia disso e entendia bem, até porque se sua mãe lhe permitisse, dormiria em sua cama quando tivesse pesadelos por mais idiotas que fossem.

- Não diga que não se lembra de coisas que aconteceram em menos de 24h garanhão.

- Como assim? – Ben estendeu os braços fazendo gestos de quem não entendia o rumo daquela discussão e muito menos o porquê estavam discutindo.

- Apenas uma palavra eu acho que seja capaz de refrescar sua memória... Molly.

O menino paralisou no mesmo instante, sentiu seu corpo congelar de cima a baixo como se fosse naqueles desenhos animados. Não estava acreditando que Riley havia presenciado aquela cena, aquele pequeno mal entendido.

- Eu posso explicar, não é o que você imagina.

- Sua reação já diz tudo Ben não tente mentir.

- Não beijei a Molly, ela me segurou, fui pego de surpresa.

- Vocês homens tem força o suficiente para se esquivar de uma mulher ou afastá-las quando bem entendem. Não venha com essa desculpa de novela das oito que não vai colar. Sei muito bem o que aconteceu eu vi com meus próprios olhos, ninguém precisou me contar.

Uma curta pausa de silencio se manteve no recinto, um pouco menos de meio segundo, algo que fosse somente a conta certa para que Riley pudesse retomar o fôlego.

- O mais engraçado é que vocês escolheram o lugar mais estratégico, bem na lanchonete logo a frente ao estúdio de dança no qual faço aula de dança. Engraçado não é?

- Isso não é verdade.

- Ben eu vi e apenas não fotografei para jogar na sua cara porque fiquei mesmo com medo que aquela cena ridícula queimasse a tela de meu celular.

- Você tem que acreditar em mim... Somos amigos há tanto tempo, não acredito que você vai cair em mais uma armação da Molly.

- Não sou eu quem caiu na armação dela mais uma vez Ben. Foi você, desde o começo ela sempre pegava você nas armações e como sempre você cai. Quantas conversas tivemos sobre isso? Quantas vezes eu disse que um dia ela conseguiria acabar com a nossa amizade por sua inocência?

Naquele momento Ben já não conseguia mais olhar nos olhos de Riley, um ponto de vista ela estava sendo extremamente dura com ele, mas na mente do garoto ela tinha razão.

- Você é sempre tão bom com todo mundo, quantas vezes Josh já te sacaneou? Lembra de quando ele te obrigava a responder os deveres dele? Se eu não tivesse tomado iniciativas você estaria fazendo isso até hoje. – Mais uma pequena pausa havia sido decretada. – Você da muitas chances para pessoas que não merecem nem uma sequer. Eu admiro isso em você, mas você tem que parar e pensar que estamos em um mundo que todo mundo quer tirar aproveito de todo mundo. Ben...

- Você tem razão... Mas não devia se meter tanto em minha vida... Tudo que sempre fiz foi para agradar você e até agora o que recebe é mais ordem de você general.

A expressão de Riley mudou de imediato para uma feição assustada com o tom de voz de seu amigo.

- Sempre estive ao seu lado Riley, como estou fazendo aqui agora, podia estar em casa à toa ou até mesmo na locadora de meu pai. Deixei meus afazeres para trás, gastei minhas economias com essas malditas flores para vir aqui escutar sermão de uma garota mimada como você. Às vezes acho que Molly tenha razão, que você não é realmente quem demonstra ser.

- Ben... Não estou lhe menosprezando, você sabe mais do que ninguém que eu gosto de você, somos amigos, fomos criados juntos. Tudo que eu digo é para o seu bem, não para lhe magoar.

- Pode guardar suas opiniões para você então.

- Bem que minha mãe às vezes tem razão... As pessoas estão tão acostumadas em ouvir e viver em mentiras que quando ouvem uma verdade, mesmo sendo para o bem, elas não gostam.

- Eu vou ir embora.

- Ben... – A menina tentou segurar os pulsos de seu amigo o olhar vazio e frio do garoto até lhe assustou. – Aconteceu algo não foi? Você não é assim...

- Aconteceu sim, eu vim aqui para lhe agradar e recebi desprezo, foi isso que aconteceu.

O menino puxou seu braço com força para que ela pudesse soltar e sem olhar para ela, saiu do quarto batendo fortemente a porta.

Riley que por sua vez ainda estava assustada não viu o momento que começou a chorar. Mas a raiva repentina que sentira de Ben a fez enxugar as lágrimas rapidamente um pouco antes de alguém entrar em seu quarto.

- Fala maninha estressadinha do meu S2. – Emmett chegou com uma sacola que parecia um embrulho de presente. Logo Riley forçou um sorriso para o irmão e olhou diretamente para a sacola.

- É pra mim?

- Lógico que não... Ainda não tenho filho desse tamanho. É para o meu bebezinho.

                 Riley ficou inteiramente sem jeito com a fala do irmão que ao ver suas bochechas corarem logo começou a soltar aquela sua doce gargalhada estilo Emmett.

                - É claro que é para você pirrallha, passei em frente à loja e pensei que gostaria.

                - O que é?

                - HQ edição limitado de Iron Man... – A menina olhou com uma expressão desconfiada e logo Emmett achou um meio para tirar aquele pequeno e repentino sorriso do rosto da criança. - Não mentira, é uma blusa, vai abre.

                Com delicadeza ela abriu a sacola e tirou uma blusa bege de dentro, virando a parte da frente da camisa para si soltou uma pequena gargalhada ao ler a seguinte frase estampada: “Eu amo meu irmão”.

                - Gostou? Se você falar que não...

                - Eu adorei Emm, vou procurar uma igual para lhe dar em seu aniversário.

                - Sabia que você iria gostar... Posso lhe perguntar por que Bennison saiu do hospital com cara de quem teve seu pirulito roubado por uma criança de sete anos e não conseguiu pegar de volta?

                Antes de responder a fala do irmão lhe arrancou um curto sorriso, somente ele conseguia aquelas lindas proezas de lhe arrancar um riso.

                - Nós brigamos... Acho que... Eu peguei pesado com ele, tem certas coisas que não devemos falar, por mais que seja a verdade devemos continuar com a mentira.

                - O que o palhaço fez?

                - Nada Emm. Não devia ter discutido com ele apenas isso, não peça para lhe contar, realmente prefiro manter isso apenas para mim, pelo menos por enquanto.

                - Tudo bem pirralha, apenas saiba que vou estar aqui no seu lado.

                - Obrigada grandão e me desculpe por gritar com você ontem...

                - Não esquenta às vezes eu saio dos limites mesmo.

                - Oi não sabia que estava aqui. – Esme surpreendeu ambos os irmãos ao entrar no quarto.

                - Pois é vim trazer um presente pra ela, mas infelizmente meu trabalho me chama... – Ele aproximou-se da irmã dando-lhe um beijo e em seguida em sua mãe. Despediu-se e deixou ambas ali sozinhas.

                ***

                A tarde havia passado rápido e Riley se queixava dizendo repetitivamente para a mãe e às vezes quando o pai por lá aparecia, que o médico havia se esquecido dela.

Por fim, quando o relógio já marcava 3horas e 45minutos o médico apareceu no quarto dizendo que a paciente enfim estava liberada para voltar para a casa, mas antes passou todo aquele sermão para ela no qual seu pai fizera questão de estar presente.

No dia seguinte teria que comparecer em uma nutricionista para poder regrar sua alimentação. Na volta para casa Esme já passou na farmácia para comprar a insulina e o glicosímetro que seriam necessários de agora em diante para a vida de Riley.

Em sua casa naquele instante não seria necessário comprar verduras ou legumes algo que tinha diariamente em sua casa e que nunca mais poderiam faltar, frutas também nunca deixava de ter por perto, agora apenas teria que regrar os horários de alimentação da filha e a quantidade certa a ser ingerido por ela.

Assim que Esme estacionou o carro na garagem e ambas adentraram na enorme casa, Riley então se jogou no sofá, sua expressão de desânimo também deixava evidente o seu cansaço. Mas não era apenas isso que ela sentia, passar algum tempo no hospital deixava qualquer pessoa naquele estado, mas estava preocupada com Ben e por mais que ela sentisse raiva dele naquele instante ela não sabia explicar porque tanta preocupação.

- Aconteceu alguma coisa filha? Desde quando voltei no seu quarto depois do almoço você está tão triste.

- Não é nada mãe. Eu estou apenas cansada.

- Tem certeza?

- Absoluta você se importa se eu for tomar banho? Prometo que assim que acabar desço para lhe ajudar no jantar.

- Não se preocupe pode ir tomar banho aproveita e descansa um pouco, amanhã você terá aula ou está achando que irá faltar mocinha?

- Aaah mãe estava contando com isso... – A menina fingiu um desanimo e um pouco de chateação e logo deu um pequeno grito histérico e batendo palmas, enfim havia voltado a ser apenas a Riley de sempre. – Meu edredom de zebrinha... Até que enfim vou poder me enrolar em você.

Esme começou a rir da situação infantil da filha, algo que tinha que adimitar que adorava imensamente, a completa inocência naquele coração. Logo em seguida a menina abriu um largo sorriso para a mãe e foi para o seu quarto arrumar suas coisas para o banho.

Logo após o banho ligou o som em uma música suave e tranqüila enquanto desembaraçava seu cabelo. Foi em seguida para cama deitando-se confortavelmente e sua mente não parava de apertar na mesma tecla sempre. Ben era a razão pelo qual ela não conseguia sentir-se nem um pouco confortável naquele momento e muito menos de ir à escola amanhã.

Pegou em seu telefone e indo até a agenda olhou inúmeras vezes para o numero de registro no qual retinha o nome de Ben. Ela não sabia se deveria ligar, mas queria pedir desculpas, por algo que ela fez achando ser certo e ela ainda tinha a total certeza de que estava certa, mas desta vez decidiu abaixar as barreiras.

A ligação havia sido efetuada e a cada barulho de chamada seu coração apertava e sentiu-se ainda pior quando a chamada foi redirecionada para caixa de mensagens.

“- Ben... Eu... – Ela suspirou forte o suficiente, que com certeza daria para ouvir do outro lado da linha. – Eu não deveria ter dito aquelas coisas para você, pelo menos não hoje... Percebi que estava mal e queria mesmo saber o porquê, me preocupo com você, como me preocupo com Emmett e Alice, você é um irmão para mim e... Me desculpe, mesmo... Sinto muito por ter lhe dito aquilo, mas é o que eu sinto e sempre gostei de deixar claro o que penso. Espero que... Que me desculpe algum dia...”

***

“-... Espero que... Que me desculpe algum dia...” – A mensagem havia sido finalizada, e a símbolo de informação de recebimento de mensagem desaparecera logo em seguida.

- Se depender de mim ele nunca irá te perdoar.

O sorriso maligno de Molly mostrava a junção de dentes perfeitos, seus olhos verdes irresistíveis e os cabelos extremamente compridos e castanhos faziam uma jogada certa e reluzente com o formato de seu rosto.

Logo jogou o celular no menino de volta na mesinha de centro enquanto ouvia passos se aproximarem.

- Desculpe pela demora, está aqui o livro. – Ele estendeu um livro de contos de ficção e entregou para a menina que logo mostrou um largo sorriso fingindo inocência.

- Obrigada Ben, você irá salvar meus tempos livres. – Ela inclinou-se para lhe dar um beijo na bochecha e logo se virou em direção à porta. – Nesta sexta minha irmã estava querendo fazer uma reunião pequena em nossa casa com alguns amigos, você não quer vir?

- Bem... Acho que não tenho nenhum compromisso.

- Ótimo, vou adorar te ver por lá, até amanhã.

- Até... – Ele esperou ela sumir em seu ponto de visão para só então fechar a porta e se sentir sortudo por isso.

Enquanto caminhava em direção do carro do pai ela ligou cautelosamente para um amigo que não demorou muito a atender ao telefonema.

- Segunda parte é com você Josh... – A menina mal disse e logo desligou o telefone jogando-o de volta na bolsa e adentrando o carro sem nenhum tipo de suspeitas...


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