O Passado Nos Condena escrita por Fernanda Melo


Capítulo 3
Dias Difíceis Sempre Virão


Notas iniciais do capítulo

A princípio quero que saibam que o capítulo não está tão bom... Na verdade ele ficou meio sem pé nem cabeça, até porque a falta de criatividade reinou esta semana... Tentarei postar outro capítulo quinta, até porque atrasei este daqui então é uma forma de recompensar...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/368465/chapter/3

O dia não estava alegre como era esperado para aquela estação de primavera do ano, o céu encontrava-se brevemente cinza que causava uma breve tristeza e desânimo ao olhá-lo. O vento era cada vez mais forte a cada aparição e estava gélido demais para não sair muito bem agasalhado. Para o começo de semana e fim de férias para certas pessoas, esse tempo não seria um bom começo.

A preguiça havia reinado sobre o corpo de Alice ao sentir o frio entrar por qualquer parte indecifrável de seu quarto, o despertador do aparelho celular havia tocado pela segunda vez, seu ultimo aviso para não chegar atrasada ao trabalho. Indo sorrateiramente até o banheiro com o roupão já em mãos visando um belo e não demorado banho.

A noite de sono da jovem moça havia sido calma em relação a sonhos, mas seu corpo pesava demais como se tivesse toneladas sobre suas costas e que a qualquer momento não conseguisse mais segurar aquele peso psicológico sobre seus ombros. Estava cansada demais até mesmo para conseguir soltar um breve suspiro desanimador.

Logo após de fazer sua higienização pessoal ela seguiu até seu quarto novamente escolhendo uma roupa simples e básica para ir ao trabalho, nada que chamasse muita atenção e nada que a deixasse apagada demais logo que saísse de seu cansativo trabalho. Pegou uma bolsa usada na transversal colocando alguns pertences necessários, um gloss, pequeno espelho, seu celular e sua agenda de afazeres.

Alice tinha um grave problema e uma batalha longa contra sua desorganização. Costumava se achar muito acomodada quando pequena e ainda via-se perdendo certos objetos de seu dia a dia como ela bebia água. E antes de sair do quarto voltou até a gaveta do criado mudo pegando duas canetas, uma sendo extra caso perdesse a sua de uso diário.

Pensava antes de sair de casa as últimas atualizações no caso da vacina de HIV, o hospital particular de Londres ajudava intensivamente com a pesquisa querendo o mais rápido possível uma vacina algo que amenizasse ainda mais a doença viral, mais o principal foco de Alice e sua parceira e amiga de faculdade Ângela, é encontrar a cura para esta doença.

- Bom dia pai. – Alice chegou à cozinha vendo seu pai apressando o café da manhã, ele agia tão rápido que a um calculo errado na posição de sua mão ele poderia colocar tudo a perder.

- Ah, bom dia filha... Está com fome?

- Não muito.

- Mas como eu sou um bom pai irei obrigá-la a sentar-se nesta mesa para tomar um bom café da manhã. – Ele fez uma pausa e olhou para a escada. – Seu irmão ainda não desceu?

- Emmett?! Até parece que você não o conhece... Vou ir acordá-lo.

- Obrigado e aproveita e acorde a Riley também a chamei e até agora ela não levantou.

- Esses jovens de hoje. – Alice fazia um gesto de negação sorrindo, por mais que ela estivesse cansada ela ainda tinha algum senso de humor que restara graças ao gracioso dia anterior. – Loirinha, acorde estamos te esperando para tomar café da manhã. – Alice disse em um tom de voz baixo enquanto abria a porta bem devagar.

- Ah tudo bem, já vou levantar daqui dez horas no mínimo. – Sua voz saia abafada por seu rosto estar de encontro ao travesseiro, o único membro de seu corpo que ela mexeu foi seu dedo indicador, estava com tanto sono que não importaria nem um pouco de hibernar durante meses dentro de sua caverna, como ela chamava seu quarto.

- Vamos sua preguiçosa você irá atrasar o papai. – Alice foi até o som de Riley, típico e excêntrico som com rostinho de panda o qual Esme quase o destruiu por tantos barulhos que agora eram rotinas no dia a dia da casa da família Cullen. Alice o ligou no volume mínimo e foi aumentando rapidamente a música que tocava naquele momento, o clássico Shoot to Thrill de AC/DC. Alice apenas sorriu fazendo um singelo sinal de negação com a cabeça. Chegou até a cama de Riley e puxou o cobertor da menina que se encolheu ao ato da irmã.

- Qual é...

- O que você disse? – Alice fingiu não ouvir o que sua irmã dizia apenas para irritá-la e fazê-la sair rapidamente daquela cama.

- Me deixa dormir... – Ela disse em um tom de voz choroso, como uma criança prestes a fazer uma birra por não conseguir o doce que tanto queria de seus pais.

- Você vai criar raízes nesta cama se você não sair daí.

- Ótimo assim nunca mais preciso sair daqui. – Ela sorriu ainda de olhos fechados.

- Tudo bem plantinha, vou buscar água para te regar.

- Isso, vai lá. – Riley virou-se abraçando seu travesseiro de modo que transmitisse a mensagem de que não estava disposta a sair daquela cama tão facilmente.

Logo após a menos de um minuto, Alice voltou ao quarto de Riley com um copo de água gelada, estava mesmo disposta a molhar a irmã caso ela continuasse com aquela sua birra.

- Não vai mesmo levantar? – Desta vez Riley nada se manifestou apenas fez um sinal para que Alice saísse. Alice por sua vez molhou sua mão e jogou um pouco de água na irmã que abriu os olhos de imediato, espreguiçou-se e então fulminou sua irmã com o olhar.

- Está bem... Já estou de pé satisfeita?

- Não... Vá tomar um banho rápido, papai já foi para o trabalho eu vou te levar para a escola, mas se atrasar irá desgastar mais um pouco das solas de seus lindos sapatinhos.

A menina revirou os olhos logo após de pegar o seu roupão com sua irmã, soltando um pesado suspiro em seguida rastejando até o banheiro.

O café já estava na mesa quando Riley desceu Alice já estava de prontidão, observando cada ato atrasado de sua irmã. Reparou que sua preguiça foi tanta que fez apenas um simples rabo de cavalo ainda por cima torto. Ela abriu um singelo sorriso para sua mãe que lhe beijou a testa.

- Bom dia.

- Bom dia mãe. – A menina sentou-se e observando primeiramente o que tinha espalhado por toda a mesa. Começou percebendo que havia um bolo de cenoura fresquinho, seu predileto. Pões em variedades e torrada e foi então que se encontrou na total incerteza do dia, o que comeria no café da manhã?

Começou colocando um pouco de leite em um copo e partindo um pedaço do bolo, e assim que começou a comer passos firmes foram ouvidos descendo os degraus da escada.

- Bom dia minhas lindas anãs de jardim.

- Bom dia Emm. – Alice nem ligava mais para os vários apelidos que Emmett colocava quanto nela, quanto em sua mãe e irmã. Ela não era baixa tinha-se lá seus 1,65 m de altura e Riley ainda deu mais sorte ainda por não ter herdado os poucos 1,59 m de dona Esme, a menina mesmo sendo caçula tinha 1,67 m de altura, isso tudo tinha sido também com a ajuda de suas aulas de balé pagas pelo pai.

- Não chame sua mãe de anã menino. – Esme disse batendo um pano de prato no peitoral do filho. – E arrume esta gravata torta.

- Nem havia percebido.

- Oh grande muralha provida de uma rara inteligência alienada. – Riley disse como se recitasse um poema. – Como alguém não percebe que a gravata está desarrumada?

- Nosso irmão. – Alice completou olhando no relógio e batendo no mesmo com o dedo indicador, mostrando a sua irmã para que ela se apressasse.

- Mãe ele é mesmo meu irmão?

- Riley não fale assim de seu irmão. – Esme repreendeu a menina antes que começasse mais uma vez aquelas chatas discussões de irmãos. Emmett e Riley adoravam implicar um com o outro, pareciam até mesmo duas formiguinhas atômicas desesperadas.

- Pirralha nascemos da mesma mulher. – Riley o encarou séria por alguns segundos antes de ir até a fruteira e pegar uma maçã.

- Tchau ser desprovido de inteligência. – Ela bateu levemente a palma de sua mão na cabeça do rapaz, caminhando até onde sua irmã se encontrava. – Tchau mãe. Ah não me espere para o almoço hoje tem aula de dança.

- Tudo bem, pegou o dinheiro para você almoçar?

- Está aqui mãe, beijo. – Ela mandou um beijo no ar e caminhou juntamente com Alice.

- Meu Deus essa menina está ficando a cada dia mais atentada. – Emmett disse enquanto ajeitava a gravata.

- Vocês brigam, mas se amam.

- É... Ah mãe, grandes novidade, provavelmente a reforma da minha casa ficará pronta nesta quarta, então acho que esta casa ficará sem uma diversão.

- Fico feliz por você meu filho.

- Depois vou tirar quinta e sexta de folga para poder emendar com o final de semana e ajeitar os móveis na casa e começar a montar o quarto do bebê, hoje me parece que Rose irá ao médico saber qual é o sexo do bebê.

- Que ótimo, você irá com ela?

- Acho que não irá dar... A senhora poderia ir com ela mãe? É sempre bom ela estar acompanhada.

- Claro.

- Ligarei para Rose e verei que horas exatamente será a consulta e lhe aviso. – O rapaz acabou de beber o café rapidamente e em seguida limpando a boca com um guardanapo. Chegou perto da mãe dando-lhe um beijo. – Te amo mãe. Vou sentir falta disto aqui quando for para minha casa.

- Eu também sentirei sua falta.

E mais um dia Esme passaria algum tempo sozinha naquela enorme casa. Teria companhia somente de sua nora no horário de consulta médica fora isto passaria o tempo livre lendo alguns livros de gramática.

***

Alice por sua vez acabara de chegar à porta do colégio de Riley e logo a garota achou quem ela tanto procurava aflita em meio aquela multidão de adolescentes malucos que corriam como se logo à frente houvesse acontecido um apocalipse zumbi em meio aquele campo. O menino se aproximou com um pequeno sorriso lateral.

- Tchau mana. – Riley disse abrindo a porta rapidamente.

- Tchau, e cuidado. – Alice dizendo isso fazia Riley se lembrar de sua mãe. Alice cuidava de sua irmã mais nova como uma pequena boneca de porcelana, uma pequena boneca de porcelana que havia comido muito fermento.

Na fase da adolescência de Riley ela havia desenvolvido muito rápido, apenas 15 anos e já era maior que a irmã. Era uma menina muito esperta e comunicativa, mas também tinha lá seus grandes defeitos. Gostava de todos ao seu redor, mas se alguém implicasse com ela... Faria questão de infernizar o ano estudantil inteiro daquela pessoa, e era isso que ela normalmente fazia com as patricinhas do colégio. Andy e Moly eram as garotas nas quais não deveriam ter cruzado o caminho de Riley.

Riley era o tipo de menina com rosto angelical, seus olhos azuis e sua pele clara ficavam ainda mais em contraste com a cor loira de seu cabelo. Com suas feições poderia enganar muitas pessoas, que de primeira vista podem lhe achar uma menina extremamente meiga e gentil, apesar de na grande maioria ser, mas como ela costuma sempre dizer para seu amigo de longa

- Trato as pessoas como elas merecem... Apenas isso.

- Se eu fosse você parava de corresponder às implicâncias das gêmeas, além do mais, é mais fácil as coisas ficarem feias para o seu lado.

- Elas que começam discutindo comigo e eu que sou a ruim da história? – Ela parou abruptamente na frente do amigo. Ele se assustou imaginando que seria agora que apanharia. - Tudo bem não me importo nem um pouco, sabe por quê? Eu adoro as pessoas más.

- Se eu não te conhecesse desde pequeno diria que você havia sido seqüestrada por alienígenas e fizeram um implante cerebral em você.

- Hahaha... – Ela forçou uma risada completamente sem humor algum até mesmo por dois motivos, primeiro pela a falta de graça da fala do amigo e segunda... – Deus porque quando eu acho que não pode piorar o senhor ainda me manda uma dessas?

- O que? Ah... Não precisa me responder vamos embora. – Ele olhando rapidamente para o carro que acabara de estacionar onde saia duas gêmeas extremamente empolgadas em busca de confusão e logo que disse saiu arrastando a menina o mais rápido que podia para dentro do colégio. – Mudando de assunto temos agora horário de...

- Artes. – Riley, por fim, recuperou sua animação ao lembrar que hoje terminariam seus projetos. – Já pensou o que irá desenhar para hoje?

- Nem um pouco... Você sabe meu nível de organização escolar nem sei como ainda me tem coragem de fazer umas perguntas dessas. Para dizer a verdade fico me perguntando onde estava com a cabeça quando coloquei artes como uma das opções de estudo.

- Você estava pensando em mim obviamente... Ou você acha que eu não reparei que você escolheu definitivamente todas as matérias iguais a mim?!

- É... É que eu... – Ben havia ficado nervoso demais, tanto que sua garganta havia travado para que nenhum tipo de palavra sequer fosse pronunciada.

- Estava brincando seu bobo, não precisava ficar vermelho e se entregar que você é inteiramente apaixonado por mim... – Ela soltou mais uma de suas doces gargalhadas e Ben ficava a cada minuto cada vez mais vermelho. – Hei.

- Eu...

- Você quer uma água?

- Não, eu estou bem... Eu acho.

- Ótimo recomponha-se, e vamos para a sala. – Ela disse ajeitando o óculos de grau despojado da cara do menino. Bem é o típico, ou melhor, não é um típico menino nerd. Ele gosta de estudar tira notas altas em quase todas as matérias menos em literatura. Ele é o filho do meio, Robert era seu irmão mais velho que odiava estudar completou somente o ensino médio e desde então ajudava na vídeo locadora do pai e, agora tinha sua irmã de apenas três anos, Lisa.

Ben era um menino de difícil compreensão, é bem humorado com a família e amigos, mas não era fácil se aproximar dele a fim de amizade. Ele era preservado demais e o motivo de conversar com Riley era simples, se conheciam desde a maternidade, Esme e Carmem haviam engravidado quase na mesma época, a diferença de idade dos dois eram de somente um dia e doze horas. Já eram grandes amigos e primos de segundo grau. Desde então na verdade Ben não consegue mais imaginar-se sem Riley, só não compreendia ao certo esta forma de pensamento quanto à amiga.

                ***

                Alice já havia chegado ao laboratório fazia algum tempo, já bem arrumada de acordo com as normas do hospital testava ver o desenvolvimento do vírus ao meio de isolamento.

                Quando Alice encontrava-se perdida no trabalho não havia outra coisa que lhe tirava a concentração, por horas seria somente naquilo que ela pensaria em como encontrar um meio de anular o avanço daquele vírus. Em meio a tantas tentativas falhas ela às vezes se via derrotada, mas Alice tinha tempo o suficiente para reiniciar toda a pesquisa se fosse necessário.

                Mais tarde quase no horário de almoço, saiu com Ângela para almoçarem na cantina do hospital, por acaso Carlisle estava em uma mesa com um amigo conversando sobre várias outras coisas das consultas duradouras que tiveram.

                Marcus reclamava imensamente que precisava tirar algum tempo de suas férias acumuladas para descansar, caso ao contrário surtaria.

                - Digo que está sendo complicado e se tiver que cumprir mais um maldito plantão... – Ele jogou as mãos para o ar em seguida redirecionando as mesmas a sua xícara de café que tanto fazia questão de tomar após o almoço.

                - Sempre lhe disse que não era esse seu potencial... – Carlisle riu da cara do amigo enquanto tomava mais um gole de seu suco de laranja. – Você tem mais jeito de ditar regras para as pessoas seguirem, médico seria sua ultima opção.

                - Não é que eu não goste de medicina, porém estou esgotado demais para mais algumas horas de trabalho, estão jogando cargas horárias demais para cima de mim.

                Carlisle apenas acompanhava as falas de seu amigo com muito humor, estava acostumado a sempre ouvir as reclamações de Marcus, até mesmo parecia que se o homem não reclamasse que jamais ficaria satisfeito.

                Enquanto caminhava pelas mesas pode avistar Ângela em uma mesa perto das janelas  e obviamente reconheceu aquela jovem menina de rabo de cavalo que estava de costas para si. Despedindo-se do amigo caminhou até a mesa das garotas e surpreendeu Alice ao depositar um beijo no topo de sua cabeça.

                - Como vai o trabalho garotas?

                - Bem Dr. Cullen. – Alice disse em um tom de brincadeira.

                - Bem é bondade sua... Já é a terceira vez que temos que reiniciar o processo de isolamento do vírus. – Ângela dizia sem qualquer forma de empolgação. Alice olhou com um meio sorriso para a amiga em seguida voltando à atenção para o pai.

                - Já almoçou?

                - Ah sim, estou tentando aproveitar o tempo que ainda me resta, na vou incomodar mais tenham um bom almoço.

                - Obrigada. – Ambas as meninas agradeceram em seguida voltando à atenção para a refeição, mas a calmaria de Alice não estava durando tanto assim durante este dia. Seu telefone vibrou sobre a mesa e o numero registrado não era de nenhuma surpresa, James.

                - Quem é este tal de James? Conheço?

                - Não, é um homem que conheci no fim de semana, acho que até sei para que ele está me ligando.

                - Quer sair com você amiga? Ai que lindo você bem que merece um namorado, está encalhada desde os 17 anos.

                - Ótima amiga você Ângela, não quer sair espalhando por aí sobre minha vida não?!

                - Vai atende sua maluca, está querendo perder a oportunidade?

                - Mal o conheço e ele já quer sair assim comigo, não acho uma boa idéia.

                - Você sabe o nome dele já é um ótimo passo.

                - Para ser mais exata, nome, idade, endereço e em que ele trabalha.

                - Ótimo já pode casar então... – Ângela disse tirando o telefone da mão da amiga e o atendendo. – Alô?... A sim é dela sim, só um minuto irei passar para ela. – Ângela esticou o braço entregando o telefone para Alice que lhe encarava com uma expressão de como estivesse prestes a ter um grave surto.

                - Oi...

                ***

                A conversa havia sido curta o bastante para uma simples programação de um novo encontro. James não estava na cidade, havia ido a Seattle resolver alguns problemas voltaria na quarta de manhã e queria se encontrar com Alice no mesmo dia, porém a mesma alegou poder sair somente na sexta mesmo não tendo nada para fazer em qualquer dia da semana.

                O dia de trabalho havia se encerrado para ela, estava voltando para casa finalmente. Sabia com quase a completa certeza que não teria muita paz, mas era o único momento que ela não teria que pensar nos vírus e suas tentativas frustrantes de ganho de resultado. Quando parou o carro no estacionamento percebeu que seu irmão não havia chegado ainda.

                Entrou em casa e tudo estava tão silencioso, apenas um sinal indicava a existência de alguém naquela casa, o cheiro do jantar estava exalando longe, aquele cheiro inconfundível da comida de dona Esme.

                - Sabia que estou morta de fome?

                - Acho que sim... – Ela olhou para a filha por um curto instante e percebeu a jovem se debruçar sobre a mesa. – Está cansada também.

                - Bondade a sua só parece que eu preciso de férias novamente.

                Ambas sorriram uma para a outra e Alice então viu uma pequena brecha para finalmente escapar para seu relaxante banho. À medida que o tempo passou Emmett e Carlisle chegaram do serviço e em seguida puderam todos jantar em família. Todos conversavam alegremente sobre fatos do trabalho ou simples fatos corriqueiros que passaram no noticiário. Riley era a única que se mantinha concentrada no jantar e já partia para o segundo prato, porém pensando em quando poderia ir descansar finalmente.

                - Pra onde vai toda essa comida em você pirralha?

                - Emmett deixa sua irmã. – Esme o chamou a atenção, sabia desde quando Riley chegou em casa que ela não estava lá com seu total bom humor de todo o dia, o que era relativamente estranho.

                - Ela está estressadinha hoje?

                - MAIS QUE DROGA EMMETT. – Riley havia perdido completamente o controle de sua raiva momentânea. Não sabia explicar bem o que estava acontecendo consigo sendo que ficara com falta de paciência involuntariamente, tirando as poucas provocações das gêmeas, mas isso era algo tão normal de seu dia a dia que já estava tão acostumada a ignorar... Realmente não entendia o porquê estava assim.

                - Riley onde está a sua educação? – Carlisle perguntou um pouco chocado, mesmo sabendo que a filha podia ter tido um dia difícil não teria motivos para ter gritado assim com seu irmão. Ela que sempre foi tão tranqüila, era difícil perder a cabeça pelo menos dentro de casa ela era muito calma.

                - EU ESTOU CANSADA... Chega, vou para meu quarto.

                - Não vai não. – Carlisle usou seu tom de voz autoritário pela primeira vez com a menina, ela não havia se assustado o suficiente para obedecer ao pai, apenas olhou para ele antes de se virar e subir para o quarto. – Eu vou falar com ela.

                - Carl. – Esme o segurou pelo braço. – Dê um tempo, talvez agora não seja muito apropriado tentar falar com ela.

                - Ela não pode simplesmente agir desta maneira e ficar por isso.

                - Não estou lhe dizendo para não conversar seriamente com ela, mas pelo menos acabe de jantar, assim ambos esfriam a cabeça por um tempo.

                Esme sentiu a decepção em Carlisle somente quando ele soltou o suspiro preso em seu peito. Sabia que ele não havia ficado nada bem com aquele ato da filha, até porque não esperava isto dela.

                - Pai... Deixa a Riley pensar um pouco, obviamente deve ter acontecido alguma coisa, normalmente ela não reage assim.

                - Tudo bem, tudo bem... – Carlisle disse passando a mão pelos cabelos de uma forma para tentar se acalmar.

                ***

                Riley estava completamente irritada, com uma pessoa em particular, ou duas, o que viu hoje na sorveteria depois que saiu da aula de dança não teria como somente uma pessoa ser a culpada. Ela forçava para não chorar a medida que aquelas vagas memórias invadiam sua mente, não queria acreditar de qualquer forma que tudo aquilo havia acontecido.

                - Riley, abra a porta vamos conversar. – A voz de Alice foi ouvida do outro lado da porta, Riley que estava em pé perto da porta logo fez menção de abri-la, mas queria inteiramente ficar sozinha, não ao menos sabia por que se sentia tão traída por Ben. Por um lado pensava que era simplesmente pelo mesmo ter beijado sua maior inimiga, Molly.

                - Me deixa em paz.

                - Sei que aconteceu algo, você nunca fica irritada a toa. Vamos abra a porta.

                - Me deixa... Mais que droga. – A ultima palavra soou como forma de desespero, a voz chorosa entregara que algo havia mesmo acontecido. Mas pelo o que conhecia de sua irmã ela não seria tão fácil.

                - Tudo bem, papai está uma fera com você... Se você não me contar o que é sei onde descobrir. – Alice esperou alguns segundos na esperança de que a menina perguntasse como ou simplesmente abrisse a porta, mas nada disso aconteceu. – Vou ligar para o Ben então, acho que ele saiba o que houve com você.

                - Ele será a ultima pessoa que saberá lhe informar. – Ela disse aquilo baixo demais para que Alice ouvisse antes de sair dali já com o celular em mãos.

                Descendo a escada discou o número do rapaz enquanto via Emmett sentado ao lado da mãe, ambos inteiramente preocupados. Carlisle assistia a TV, mas ela estava mesmo ligada apenas para gasto de energia visto que ninguém prestava atenção. Carlisle olhava fixo para a mesma como se prestasse a atenção no noticiário, mas todos ali sabiam que sua mente viajava em mil e uma questões sobre Riley.

                A voz de Alice foi ouvida e todos naquela sala prestaram atenção no que ela dizia com o menino do outro lado da linha, que negava em saber o que ouve.

                - É, nada.

                - Talvez seja somente estas coisas de mulher, vocês ficam irritadinhas a toa. – Emmett comentou tentando cortar o clima um pouco tenso.

                - Até parece que você não conhece a irmã que temos Emm. Aconteceu alguma coisa com Riley.

                - Chega, eu vou subir lá e vou descobrir o que aconteceu. – Carlisle disse sem dar a oportunidade de alguém argumentar sobre algo, subiu rapidamente a escada e parou por alguns segundos em frente à porta do quarto de Riley por alguns instantes pensando no que dizer. – Riley abra esta porta. – Ele manteve o mesmo tom autoritário de antes com esperança que desta vez funcionasse.

                Ao invés de escutar o barulho de uma chave girando e o da maçaneta ele ouviu um barulho estridente de guitarra e bateria vindo da tão divina caixa de som de Riley. E quanto mais ele chamava pelo o nome da garota mais ela aumentava o volume.

                Irritado e ainda assim mantendo a calma ele esperou por volta de dez a quinze minutos antes de descer até a sala, abriu uma gaveta de uma cômoda e voltou até o segundo andar, estava mesmo disposto a intervir naquela grande palhaçada.

                Abrindo a porta ficou meio surpreso por princípio não ver ninguém ali, foi até o som e o tirou da tomada e quando voltou na direção da cama de Riley deparou-se com a menina caída ao lado de sua cama.

                Ele pegou-se pela primeira vez assustado e em pânico. Correu até sua filha e sentindo-se um pouco impotente tentou lembrar-se dos primeiros passos de socorros, olhou o pulso da garota, mas era como se não conseguisse, os nervos não o deixavam ficar tranqüilo.

                Agindo mais rápido pegou a menina no colo e encaminhou-se com ela para fora, indo diretamente para a sala, a reação de todos ali presentes não poderia ser diferente, surpresa, dúvida e preocupação.

                - Alguém pegue o carro rápido. – O que estava com as chaves do carro mais rápido era Emmett que foi logo correndo para o carro. – Vocês dois fiquem aqui, eu e Esme ligamos para dar notícias assim que tivermos alguma.

                - Mas o que aconteceu?

                - Não sei, entrei no quarto e ela estava desmaiada no chão, eu prometo que ligo.

                ***

                No hospital a maior tortura seria esperar por algum sinal de vida vinda de algum médico, mas até que não havia demorado muito, até porque o caso de Riley não era tão complicado, pelo menos não nos diagnósticos.

                - Carlisle, tenho notícias que não podem ser muito agradáveis para sua filha. Pelo o rápido diagnóstico pelo o que tudo indica é que ela esteja mesmo com diabetes tipo um que é muito comum em jovens da idade dela, a taxa de açúcar no sangue já foi amenizada... Vamos fazer alguns outros exames os materiais já foram recolhidos e já estão no laboratório, por enquanto ela terá que dormir aqui no hospital, mas seja bem provável que receba alta somente amanha à tarde.

                - Tudo bem... Qual o quarto ela está?!

                - 201, queria poder muito acompanhá-lo até lá, mas tenho outros pacientes, mais a tarde passarei por lá.

                - Tudo bem... Obrigado. – Carlisle agradeceu com um breve aperto de mãos com o médico plantonista.

                O caminho até um dos quartos de hospitais nunca havia sido uma grande tortura, fazia aquele trajeto todos os dias, porém agora era extremamente diferente. Ao chegarem ao quarto e verem a filha deles repousando na cama hospitalar era uma imagem completamente estranha. Riley foi sempre provida de boa saúde e vinha no hospital apenas para consultas e exames de rotina, mas agora sua vida começaria a mudar, por um lado não seria a mesma coisa, tanto Carlisle quanto Esme sabiam disso, não adiantaria fingir que nada aconteceu, Riley precisaria de cuidados e de vários puxões de orelha para as novas mudanças, mas o questionário seria se ela aceitaria essa mudança repentina de alimentação e habito de vida naturalmente ou não...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Passado Nos Condena" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.