O Passado Nos Condena escrita por Fernanda Melo


Capítulo 2
Escrito Nas Cicatrizes em Nossos Corações


Notas iniciais do capítulo

Pessoal adorei cada comentário de vocês e espero que continuem gostando desta fic que está começando a ficar cada vez mais recheada de drama....
Boa Leitura!



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A brisa tocava seu rosto tão serenamente que lhe fazia lembrar ao toque gentil da mão macia de sua mãe contra a sua pele. Ela permaneceu de olhos fechados no intuito de tentar aproveitar ainda mais aquele doce momento, onde somente ela estava presente em uma parte isolado da tão pouco movimentada praia de La Push, em um dia de ventos gélidos e céu claramente cinzento. Não havia muitas almas vivas presentes naquele local e o pouco que ali se encontrava eram jovens inconseqüentes em fuga de um fim de semana chato na casa de parentes.

                A jovem moça de cabelos castanhos em um tom mediano como o de sua mãe, tinha em destaque em seu rosto um par de olhos verdes escuro sem vida, ia sempre naquele lugar para poder ficar um pouco só, tendo em um pequeno pedaço da praia em meio algumas pedras onde a água do mar não conseguia alcançar como seu lugar de refúgio, no qual ia todos os domingos no intuito de poder ouvir seus próprios pensamentos.

                Isso não queria dizer que não amava suficiente sua família, adorava a mãe e seus irmãos e acima de tudo agradecia por ironia do destino ter colocado Carlisle em seu caminho certa vez, há muitos anos atrás no qual se lembrava como se fosse ontem mesmo aquele fato inédito em sua vida.

                “Havia-se feito exatamente sete meses que já estavam em Forks, Esme havia conseguido um cantinho para morar com os filhos no barracão dos fundos de seu trabalho no supermercado. Foi para aquela cidade sem saber como seria sua vida ali, poderia morrer de fome ou por qualquer doença por não ter tido onde morar. Mas estavam juntos e bem longe de Jonathan, ela não conseguiria olhar para sua garotinha mais uma vez com vários hematomas pelo corpo, que foram feitas pelo próprio pai, alguém que deveria protegê-la de qualquer tipo de mal existente.

                Mas certa vez um homem jovem de cabelos dourados cruzou o caminho de certa garotinha de cabelos compridos um pouco desgrenhados, ela estava com semblante de choro e o médico mesmo estando atrasado para o trabalho não teria a total frieza para deixá-la ali, como muitos que passaram por aquela praça assim fizeram.

                A menina com um pouco de receio afastou-se do homem quando ele se aproximou, mas seu jeito gentil e carinhosos, aquele olhar que demonstrava confiança e aquela expressão leve de um homem bom fizeram com que a menina ficasse mais tranqüila, mas não fazendo os soluços cessarem.

                - Onde está sua mamãe? – A menina ainda de apenas quatro anos negou com a cabeça, e Carlisle logo entendeu, não sabia, estava mesmo perdida em meio aquela pequena cidade. – Você está perdida? – Ela voltou a acenar com um singelo movimentar com a cabeça desta vez dizendo um sim. – Venha com o tio, vou procurar sua mamãe. – Ele estendeu a mão. Mas a menina olhou para ele meio ainda desconfiada. – Pode vir, não vou lhe machucar. – Ele sorriu tentando amenizar o medo que a menina exalava através do olhar. Ela parou como se estivesse pensando se deveria mesmo ir e então depois de frações de segundos segurou a mão dele. Ele a pegou ao colo e encaminhou-se para o hospital.

                Chegando lá a enfermeira notando a presença daquela criança no colo do Dr. Cullen estranhou, por saber que aquele homem não tinha filhos.

                - De quem é esta criança Dr. Cullen? – A moça de cabelos ruivos, uma das melhores enfermeiras daquele hospital perguntou com uma curiosidade extrema que não conseguia conter.

                - Achei-a perdida na rua. – A jovem apressava os passos tentando alcançar o apressado Dr. Cullen que andava a passos largos com pressa de chegar ao seu consultório.

                - Você precisa atender alguns pacientes agora Dr. não pode ficar com esta criança.

                - Meu turno começa daqui quarenta e cinco minutos Victoria, por favor, vá até a recepção ligue para a delegacia e avise que encontrei uma garotinha perdida, peçam para que venham até aqui.

                - Tudo bem. – A mulher não teimou em não obedecer parou de seguir o homem e correu para a recepção.

                Carlisle entrou em seu consultório, colocou a pequena e miúda menina em cima da maca, olhou a suas roupas surradas e não pôde acreditar que ainda tinha tantas crianças assim no estado em que ela se encontrava. Pegou na pequena mão da menina sentindo mais seus ossos naquele lugar, a menina estava passando fome, esta era a única resposta.

                Ele olhou atentamente para o rostinho angelical da menina e sorriu, queria poder tanto encontrar uma mulher que lhe amasse pelo o que era e não por seu dinheiro e por fim formar uma linda família adorava crianças mais do que tudo neste mundo.

                - Como você se chama? – Ele disse olhando o as cicatrizes no braço da pequena.

                - Alice. – Ela mantinha um tom de voz choroso, seria somente uma pequena questão de tempo para que ela começasse a chorar. Estava sentindo falta de sua mãe e de seu irmão e não saber onde eles estavam lhe deixava angustiada. As primeiras lágrimas começaram a descer e seu beicinho foi formado.

                Carlisle ficou desolado, abraçou a menina segurando-a no colo como se ela fosse sua pequena garotinha. Os soluços eram ouvidos e ele esfregava as costas da menina para que ela se acalmasse.

                - Vamos achar sua mamãe, a cidade é pequena. – Ele disse aquilo mesmo pensando que tipo de mulher incompetente perderia sua filha e se isso foi mesmo somente uma mera coincidência, passava-se em sua mente uma mulher que não amava sua filha, as cicatrizes no braço da pequena só lhe deixavam ainda mais desconfiado de que esta mulher tenha deixado a menina de propósito.

                Três batidas leves foram ouvidas e em seguida a porta foi aberta revelando um jovem policial.

                - Dr. Cullen sou o policial Patrick Hamer, vim buscar a criança.

                - Ah claro. – Carlisle sentiu uma pontada de tristeza, não estava acreditando que havia se apegado tão rápido naquela criança.

                “- Policial Hamer está à escuta?”

                - Sim delegado Swan. – O rapaz pegou seu rádio de comunicação para conversar com seu superior.

                “- A mãe da garota comunicou conosco foi correndo para o hospital, não saia daí antes que ela chegue, ela tem cabelos médios de um castanho médio, olhos verdes claros, pele extremamente pálida, chama-se Esme.”

                - Sim Sr. Estarei aqui quando a mãe da garota chegar.

                - Posso ficar com ela enquanto isso? – O policial olhou para o médico que mantinha a miúda menina protegida por seus braços.

                - Pode sim.

                Poucos minutos se passaram e Carlisle estava na recepção com Alice agarrada ao seu pescoço, o policial olhava para a entrada esperando que alguma mulher das mesmas características entrasse pela porta.

                E assim aconteceu, uma mulher pálida de semblante preocupado entrou com um menino segurando sua mão, apressadamente ao ver aquele homem tão bem apresentável segurando sua pequena garotinha foi correndo ao seu encontro. Queria sua menina nos seus braços o mais rápido que pudesse. Carlisle meio que recuou assustado com a atitude apressada da mulher.

                - A Sra. que é então a mãe de Alice? – Ele a analisou olhando-a dos pés a cabeça, não pelo motivo de estar bem ou mal vestida, mas por achá-la jovem demais.

                - Não acha que seja mãe dela? Tenho a certidão de nascimento de minha filha e alguns devidos documentos, tenho como comprovar que ela é sim minha filha.

                - Mamãe. – A menina disse esticando os braços com a voz dengosa querendo ir as pressas para os braços da mulher.

                - Não julgue muito as pessoas pela aparência Dr. posso não parecer bem apresentável, mas sei cuidar muito bem de meus filhos. – Ela disse enquanto segurava a menina contra si.

                - Não é o que me parece, sendo que encontrei sua filha perdida no meio da cidade. Sem contar todos esses hematomas que a menina tem, o que é isso?

                Esme desviou o olhar do dele, mas não por não saber o que dizer, havia sim perdido as palavras e o medo que lhe dominara naquele instante não lhe deixara falar uma simples letra. Seus olhos demonstravam o incômodo que sentira naquelas palavras cuspidas contra ela.

                - Você não sabe nem da metade que eu passei para criar meus filhos, não venha tentando se dar um de superior... Aposto que sempre teve uma vidinha boa sem nada para se preocupar, no dia que você passar pelo o que eu e meus filhos passamos você pode dizer o que quiser, mas enquanto isso você abaixe sua crista e permaneça quieto no seu canto. – Esme não esperou que o homem louro se manifestasse, deu as costas indelicadamente para o homem e foi-se embora.”

            Não pôde deixar de rir logo no fim de se lembrar disto, era pequena e poucas coisas lhe vinham em mente neste dia, lembrava-se mais de como havia ficado assustada, porém não sabia como esses dois haviam, por fim, conseguido juntar-se no fim e tornarem o casal que hoje são, tão bem estruturados e amorosos um com o outro, não parecem mais aqueles jovens briguentos de antes.

            Alice se perdeu no vazio novamente, sem ter mais o que pensar de bom voltou a olhar para o mar e a pensar... Se perguntava inúmeras vezes porque a vida havia sido tão injusta com ela, sua mãe sempre costumava lhe dizer sempre que ouvia a filha dizer isto...”Não julgue a vida pelo erro humano, se você está sofrendo não quer dizer que você fez algo de errado, mas pode significar que depois das marés ruins virá algo de bom para se ser aproveitado por muito tempo”

            Mas aquela fala de sua mãe nunca conseguia ser compreendida por ela e por mais que se esforçasse ela nunca faria sentido em sua mente. Se afinal de contas não havia feito nada de errado porque tinha que sofrer? Tantas pessoas ruins no mundo continuando felizes praticando suas maldades e ela ali... Sem saber o que foi pelo menos uma vez na vida a felicidade.

            Por mais que sua família fosse seu porto seguro e a sua momentânea felicidade aquilo não a deixava bem por muito tempo. Eram frações de segundos até suas piores lembranças voltarem em sua mente estragando por fim todo o seu dia. Nem mesmo que sua tagarela e amorosa irmã ficasse o dia inteiro lhe falando sobre suas travessuras da escola não iria distraí-la por muito tempo.

            Alice às vezes se tornava insuportável de tê-la sua presença por perto, pelo menos era isso que ela pensava que as outras pessoas achavam, mas na verdade sua família ficavam mais preocupados com o que estaria acontecendo com ela. Esme nunca discutiria com a filha sabendo por tudo que ela passou, Carlisle mesmo em momentos mais difíceis era o mais calmo daquela moradia, Emmett era o super protetor da casa e prometeu sempre cuidar da irmã e Riley, era um doce de menina, podia aprontar mil e uma, mas tinha o bom coração da mãe.

            Alice então se pegou pensando em Emmett em como ele sempre esteve por perto lhe protegendo. Dizia sempre em seus momentos de insegurança e quando seus pesadelos eram mais constantes que ele estaria sempre ali ao lado dela. Ela acreditava em seu irmão, tinha fé no que ele lhe prometia e sempre sabia que por mais difícil que fosse ele estaria ali disposto a tentar.

            Alice não acreditava muito que sua vida sairia daquele ritmo, sonhava em encontrar alguém se apaixonar novamente... Como já havia se apaixonado por alguém, mas ainda o amava, ou não sabia, estava incerta do que sentia ainda por ele, talvez fosse por ele ser seu único amor na adolescência e logo após isso não se apaixonar por mais ninguém.

            Seu primeiro e único amor no momento havia sido Jasper Hale, irmão de Rosalie. Eles começaram a namorar aos dezessete anos, estudavam na mesma sala e eram inseparáveis desde os oito anos, quando se tornaram vizinhos e melhores amigos. Mas Jasper foi cursar o ensino superior longe dali enquanto Alice e Emmett foram somente para Seattle, não querendo ir muito longe.

            Soube que logo depois de se formar havia se casado com uma mulher, pensava em como ele havia se esquecido tão rápido daquelas promessas a despedida e o término do namoro haviam sido difíceis, porém ele conseguira seguir com a vida adiante e Alice estava ainda presa ao passado.

            “– Seu que está sendo difícil, mas prometo que vou voltar, o tempo passa rápido demais e quando você menos esperar estaremos aqui juntos novamente.

                A menina nada disse, não iria intrometer na vida de ninguém e muito menos impedi-lo de seguir com sua vida, porém ela passou a acreditar que aquele rapaz, ao qual ela jurava ser eternamente apaixonada, não a amava mais. Sentiu um arrepio subir por todo o seu corpo quando ele encostou aquela mão suavemente ao seu rosto.

                - Não fique assim minha pequena, daremos apenas um tempo para conseguir ter um grande futuro amanhã.

                E por mais que ele a prometesse tudo aquilo ela não conseguia acreditar nas palavras ditas por ele, ela não acreditava nas promessas de ninguém. Mas seria mais fácil deixá-lo ir o mais rápido possível, talvez assim o sofrimento fosse menor, ela teria que tentar.

                - Tudo bem... Vamos procurar por melhorias não é mesmo?! – Ela forçou um largo sorriso no qual convenceu Jasper, foi aí que ela percebeu que ele pouco a conhecia. – Eu sabia que algum dia tomaríamos esse rumo.

                - Você não está chateada?

                - Não, está tudo bem. – Ela disse com o seu sorriso convincente no rosto novamente, ela conseguia enganá-lo tão bem, ou ele que não a conhecia a ponto de não conseguir enxergar pelo o olhar da jovem moça que seu coração estava literalmente quebrado?!”

            Um vento gélido tocou sua pele a fazendo arrepiar, esfregava uma mão contra a outra para tentar aquecê-las e conseguindo aos poucos voltar-se a si. Ela balançou a cabeça um pouco como se tentasse afastar alguns pensamentos e olhou em sua volta, desta vez não tinha ninguém na praia e podia avistar o grupo de jovens partindo longe, ao horizonte.

            Estava começando a pensar em voltar para casa mesmo ainda olhando em seu relógio e vendo que era somente uma da tarde. Quando respirou fundo sentiu seu corpo congelar ao susto que levou ao ouvir uma voz máscula chamar pelo seu nome e quando sua mente aos poucos foi se lembrando daquele timbre de voz pôde olhar para trás completamente despreocupada.

            - James?! – Ela o reconheceu enquanto o via caminhar em sua direção.

            - O que faz uma jovem moça tão bela assim aqui sozinha?

            - Ah... Precisava ficar um pouco só. – Ela disse um pouco acanhada fazendo um desenho sem lógica alguma na areia.

            - Posso me sentar?

            - Claro.

            - Espero não estar incomodando.

            - Não se preocupe.

            - Posso saber o que tanto este rosto angelical está com uma expressão tão triste?

            - Ahn... Bem... Prefiro não falar sobre isso...

            - Claro me desculpe, não é da minha conta.

            - Não quis dizer isto, é que é complicado...

            - Entendo. – O silêncio foi decretado entre ambos, James ainda pensava em o que dizer para aquela jovem que tanto lhe atraíra a atenção. – Poço saber qual a sua idade?

            - Vinte e três anos. – Ela sorriu ligeiramente.

            - Não parece...

            - Tenho cara de mais velha ou mais nova? – Ela o olhou seriamente como se fosse discutir com ele caso falasse que era fosse mais velha

            - Mais nova, lhe daria no máximo uns vinte anos. – Ela soltou uma leve gargalhada no qual arrancara um breve sorriso do homem. – E quantos anos eu aparento ter?

            - Sou péssima nisso...

            - Vai tente.

            - Huum... Uns vinte e sete anos?

            - Você não é tão ruim assim, tenho vinte e oito.

 Ele abriu um largo sorriso que a deixou completamente desajustada, abaixando o olhar logo em seguida. James tinha um sorriso incrivelmente encantador e um olhar irreverente, no qual Alice sabia que aquele homem era muito cobiçado. Loiro, olhos azuis, sorriso branco, um corpo extremamente perfeito, não tinha como não se encantar com ele, nem mesmo ela estava resistindo a tanta beleza.

            - Acho que não tivemos um bom tempo para nos apresentarmos direito. – Ele pigarreou e em seguida voltou a olhar para ela. – Sou empresário e vim de Nova York.

            - Para passar férias?

            - Não, para morar mesmo.

            - Está fugindo de algo? – Ela comentou com um sorriso brincalhão, mas por um instante James sentiu-ser um pouco incomodado com aquele inocente comentário dela.

            - Não, na verdade queria recomeçar, tenho dinheiro para me sustentar bastante tempo sem um emprego.

            - Uma pessoa me diz que muito dinheiro acaba trazendo infelicidade.

            - Certamente esta pessoa seja sua mãe.

            - Como sabe?

            - Uma vez uma senhora me disse o mesmo, era mãe de minha ex-esposa, ela não gostava de mim. – Ele sorriu, Alice estranhou ao vê-lo rir sobre aquilo. – Sabe ela acabou conseguindo nos separar, se Caroline me amasse de verdade ela nunca teria escutado a mãe dela.

            - Talvez somente o mundo não reservasse um futuro para vocês, apenas isso.

            - É, comecei a pensar desta forma, mas no começo era muito difícil. Mas hoje vejo que foi melhor assim. – Ele olhou para ele com aquele olhar triste e logo ao piscar seus olhos duas vezes exatamente abriu outro largo sorriso. – Não vamos falar sobre isso, tem coisas mais interessantes sobre mim se você quiser ouvir é claro.

            - À vontade. – Ela disse curiosa.

            - Bem sou viciado em esportes, faço caminhada toda manhã e em tempos livres gosto de surfar. Na minha adolescência pensava em cursar engenharia da computação e acabei me formando em administração para ajudar ao meu pai com os negócios da família. Agora sou um empresário do gênero alimentício e tenho que viver viajando para presenciar as construções dos vários supermercados do meu pai espalhados por aí.

            - Uau.

            - E você trabalha em que?

            - Em biotecnologia, sou especialista imunológica, podemos dizer que tenho um grande exemplo dentro de casa.

            - Carlisle é um bom médico, assim que cheguei aqui ouvi dizer dele de imediato ele é clinico geral não é mesmo?

            - Sim, ele é bom no que faz. – Alice voltou a olhar no relógio e viu que o tempo havia passado rápido, mas achava que o momento estava tão agradável que sua mãe perdoaria toda a preocupação que ela talvez estivesse lhe causando.

            - Estava quase me esquecendo de lhe perguntar, por acaso você teria um irmão chamado Emmett?

            - Sim é meu irmão mais velho.

            - Ele me vendeu uma casa nesta semana, uma casa muito boa por sinal.

            - Ele me disse que havia conseguido fechar um grande negócio na corretora, realmente Forks é pequena demais.

            - Não tão pequena, conheço cidades menores.

            - Você gosta de viajar?

            - Não gosto de ficar muito tempo no mesmo lugar apenas, costumo me cansar rápido com as casas e as cidades. Você não quer sair daqui?

            - Sempre morei em cidades pequenas antes de vim para Forks eu morava em Medina, quando tinha quatro anos minha mãe veio para Forks e acabou conhecendo Carlisle alguns meses depois, depois disso morei durante alguns anos em Seattle para cursar minha faculdade e depois voltei.

            - Você ainda não conhece as belezas espalhadas por aí. Tem tanta coisa impressionante neste mundo que te deixaria de boca aberta.

            - Não tenho muita vontade de sair daqui, me sinto um pouco deslocada em cidades mais desenvolvidas e tenho que confessar que o avanço de Forks está me deixando um pouco incômoda.

            Ele sorriu ao ver a delicadeza daquela jovem, estava encantado obviamente, não podia acreditar que estava deixando-se ser atraído por alguém novamente, depois de tão pouco tempo que seu coração havia se endurecido e que estava negando se apaixonar por qualquer mulher que fosse naquele momento. Mas ele sentia algo diferente em Alice e não sabia descrever bem o que era, mas sabia que aquele sentimento que lhe incomodava o peito era sim atração por ela, por aquele doce sorriso e curiosidade por tanta tristeza expressa em seu olhar.

            - Você é extremamente encantadora Alice. – Ele fez uma breve pausa para olhar nos fundos dos olhos da jovem. – Adorei te conhecer.

            - Digo o mesmo. – Ela sorriu novamente sem jeito, ficando um pouco corada demonstrando ao homem que estava um pouco envergonhada. – Tenho que ir, está ficando tarde.

            - Eu te levo em sua casa.

            - Não precisa incomodar, estou de carro.

            - Tudo bem. – Ele suspirou demonstrando um pouco de desapontamento. – Espero poder um dia sair com você, este é o numero de meu celular. – Ele a entregou um cartão branco onde portava seu nome e numero de contato na frente, porém ele virou o cartão da mão da jovem indicando o número certo. – Este é o meu pessoal, os outros são de trabalho. Tem como a senhorita me passar seu número? Sou um cavalheiro a moda antiga...

            - Claro. – Ela disse tentando disfarçar o sorriso malandro que tentava ficar a mostra. E logo após de ditar os números de seu celular, ele ficou de pé estendendo a mão para ajudá-la a se levantar.

            - Te ligo para marcar um dia para jantarmo-nos.

            - Tudo bem. Então... Até um próximo encontro.

            - Até logo Alice. – Ele beijou sua face, fazendo a mesma arrepiar e sentir uma sensação agradável sorriu brevemente e mordeu seus lábios inferiores para tentar disfarçar. Então cada um seguiu seu caminho. James foi se perdendo ao longo da praia e Alice caminhou até seu carro.

            Ao chegar em casa e passar pela sala, sua mãe lhe encarou seriamente de um modo que ela entendera bem o recado. Olhou no celular e assustou pelo numero de ligações não atendidas.

            - Precisamos ter uma conversa. – Esme disse levantando-se do sofá, Carlisle segurou a mão da esposa e olhou carinhosamente para ela. Riley prestava atenção sabia o quão furiosa Esme estava, mas não iria gritar com Alice, nunca foi uma mulher assim, estava apenas preocupada por a filha ter sumido e não ter dado nenhum tipo de notícia.

            - Não brigue com ela meu amor. – Carlisle tentava tranquilizar Esme o máximo que podia e a mulher não seria capaz de não escutá-lo.

            - Não irei, não se preocupe. – Ela caminhou em direção ao escritório do marido e ao seu lado estava Alice. Ela logo se sentou no sofá e estava prestes a pedir desculpas, mas pensou... Sua mãe sempre sabia que ela saia nos domingos, mas, porém ela demorara um pouco mais que o normal. – Estou preocupada com você filha.

            - Me desculpe mãe... Eu sei que deveria ter ficado atenta aos telefonemas, mas, está certo eu estou errada deveria ter lhe dito onde iria e dizer que voltaria mais tarde.

            - Alice, sempre lhe dei permissão para você sair desde sempre onde quisesse, sei que agora você é maior de idade e não posso proibi-la de sair, mas não me deixe preocupada.

            - Eu sei que errei mãe. – Alice suspirou e fechou os olhos. – Eu sempre vou à praia de La Push, para ficar sozinha, eu preciso desse tempo somente meu. Às vezes sinto que estou a beira de explodir, penso em desistir de tudo isso, me bate uma ânsia de querer fugir, não consigo ser como a senhora e o Emmett...

Ela parou para respirar um pouco, estava ficando com falta de ar novamente. Uma crise de ansiedade estava lhe atacando novamente. Esme ajudou a filha a se sentar no sofá, encostou a cabeça dela em seu ombro, mesmo depois de tantas vezes com aquelas crises repentinas de Alice ela não conseguia se acostumar, mas mantinha-se calma para orientar a filha a ficar mais tranqüila.

            - Respire fundo Alice, fique calma filha, eu sei que tudo isso foi difícil, mas estamos bem agora, protegidos, nada irá nos acontecer.

            Alice aos poucos conseguia amenizar sua respiração pesada, era difícil para ela relatar algo que tinha haver com seu passado sem se ver assim em seguida, com as mãos trêmulas e a respiração pesada. Ela ainda não conseguia digerir todos aqueles acontecimentos do passado, certas coisas que seu cérebro fazia questão de lembrá-la e outras que por mais que ela se esforçasse não conseguia saber.

            - Por mais que eu tente ele sempre me vem em mente, todas aquelas cenas, todos aqueles dias de sofrimento mãe. Tudo aquilo no qual nenhum de nós merecíamos passar. Tiro os dias de domingo para ficar um pouco só, para ver se eu consigo de alguma forma me esquecer de tudo aquilo que já me aconteceu, mas parece que é pior.

            Ela soluçou alto, o choro já não tinha como ser escondido, sua mãe lhe ninava como fazia quando ela era criança. Ela não se sentia 100% segura naqueles braços reconfortantes. Alice tinha um enorme medo de enlouquecer por causa deste seu passado obscuro e não via a hora que aquilo poderia lhe acontecer.

            - Calma minha vida. Você ficará bem. – Esme beijou o topo da cabeça da filha tirando todo o cabelo do rosto de sua menina.

            Esme sempre cuidava mais de Alice, mesmo ela já tendo 23 anos, ela seria sempre sua garotinha. Alice era mais fragilizada e sentimental, Riley também era, porém ela tinha uma força e ânsia de correr atrás de seus sonhos, Riley conseguia ser mais adulta e corajosa que Alice e sabia que rumo tomar em cada situação diferente.

            Alice sempre exigiu mais cuidados, vivia extremamente assustada devido às histerias de seu ex-marido. A menina crescera traumatizada, tinha pesadelos todas às noites, era tímida demais, vivia se sentindo perseguida pelas pessoas, por isso não tinha muitos amigos. Esme vivia sempre preocupada com a filha, tinha medo de que as pessoas lhe entendessem mal. Então as idas aos psicólogos começaram aos treze anos, Alice vinha melhoras, mas depois de quase dois meses de freqüência ela começou a voltar para casa chorando depois da escola, se trancava no quarto e dizia sempre que nunca voltaria a um psicólogo. O porquê? Os colegas de classe pegaram no pé da garota dizendo que ela era uma maluca, que deveria ser internada e que pessoas normais não precisavam de tratamento psiquiátrico.

            Era uma vida difícil e complicada a de Alice, mas sua mãe a considerava uma guerreira por continuar sempre de pé. Conseguiu se formar na faculdade, era uma aluna exemplar focada sempre no futuro, tirava sempre as melhores notas. Era o orgulho de sua mãe e porque não dizer também de Carlisle que sempre quisera um filho ou filha que tivesse seu mesmo dom, que gostasse de medicina, como um amigo que soubesse a mesma linguagem de médico. Ele adorava passar o tempo livre conversando com Alice sobre as novas vacinas experimentais e os novos tratamentos para as crianças com câncer, ficava feliz por vê-la vencer a cada descoberta e via em seu incentivo a motivação para ela seguir em frente.

            Ele caminhou até o seu escritório abrindo a porta logo após ter avisado de alguma maneira que estava entrando. Alice ainda chorava nos braços da mãe, como uma criança perdida no mundo, com medo de perder os pais. Escondia o rosto para que ninguém a visse assim, mas Carlisle seria persistente.

            - Filha olhe para o pai. – Carlisle passou uma mecha do longo cabelo de Alice para trás da orelha. Ela ainda permaneceu quieta, com o rosto escondido na curva do pescoço de sua mãe. Ah aquelas recaídas, ele sentia-se tão mal por vê-la daquela forma, lembrava-se de quando ela tinha seis anos, aquele longo diálogo que tivera no dia que tivera um pesadelo.

            “Carlisle escutou um choro vindo do quarto da pequena Alice, eram três da manhã e Esme estava dormindo e o único fato que trazia Carlisle ainda estar de pé era a dedicação aos novos conhecimentos para o seu trabalho. Ele abriu a porta devagar vendo a menina coberta da cabeça aos pés. Ela ficou em silêncio por aquele momento, com medo de que seu pesadelo estivesse novamente se tornando real.

                - Tudo bem filha? – Carlisle puxou delicadamente o cobertor da menina que virou a cabeça na direção do homem ajoelhado ao lado de sua cama. – O que está acontecendo com minha princesinha que ela está chorando?

                - To com medo. – Ela disse com a voz chorosa e os olhos tornando a encherem de lágrimas.

                - Pesadelos de novo? – Ele acariciou o cabelo da menina para que ela ficasse mais tranqüila. Ela apenas gesticulou um sim e Carlisle levantou sentando-se na cama da garotinha e colocando-a em seu colo. – Eu sei que deve ser difícil para você e para seu irmão, mas agora você pode ficar tranqüila seu pai nunca voltará, ele nunca poderá mais encostar a mão em você.

                - Você é meu papai Carl, ele é um monstro... – Ela abraçou o homem que sorriu feliz ao ouvir daquela doce menina aquelas palavras, aquilo completava sua vida, fazia-lhe sentir feliz.

                - Eu sou seu papai, filha. – Ele beijou as bochechas molhadas de lágrimas da menina. – Eu te amo minha princesa e vivo para lhe proteger, você, a sua mãe e ao seu irmão.

                - Você promete não ser mau comigo?

                - Eu nunca seria capaz de fazer isso princesa. Como poderia encostar a mão em uma menininha tão linda feito você? – E ele havia conseguido fazer o que tanto queria, roubou um lindo sorriso daquela menina, aquela que ele considerava um anjo em sua vida, foi graças a ela que ele encontrou a mulher de sua vida, se não a tivesse encontrado-a naquela praça sozinha, ele não teria conhecido a mamãe leoa.

                - Posso dormir com você papai?

                - Huum deixe-me pensar. – Ele fez cara de pensativo e olhou de um modo engraçado para a menina que a fez soltar uma doce gargalhada e ele não se conteve em sorrir com aquele ato tão inocente. – Tudo bem. – Ele levantou rapidamente com a menina no colo, quando já ia caminhando Alice se manifestou ao lembrar que se esquecia de algo, ou melhor, de alguém importante.

                - Papai o timtim. – Ela apontou para o ursinho sobre a cama.

                - Tudo bem aquela cama é como um coração de mãe sempre cabe mais um.

                Ao entrar no quarto Esme estava prestes a se levantar da cama e ficou mais tranqüila ao avistar seu marido e sua filha entrarem no quarto. Prontamente ela ascendeu à luz do abajur.

                - Olha quem estava acordada mamãe. – Carlisle colocou a menina na cama ajeitando a coberta nela em seguida ele sentou no seu lado da cama colocando o celular no modo silencioso.

                - O que aconteceu Carl? Ouvi barulho no corredor. – Esme abraçou a filha que se aconchegou nos braços quentes da mãe.

                - Nossa pequena princesa teve um pesadelo, mas o charmoso cavalheiro subiu até as torres e salvou sua preciosa princesinha, restaurando a felicidade no reino da família Cullen, não é mesmo minha princesa? – Carlisle pegou e beijou a mão da menina sorrindo meio travesso.

                - É sim papai. – A menina recebeu um beijo na testa de Carlisle que lhe acariciou as bochechas ainda sorrindo olhando para aquele rosto angelical.

                - Durma bem minha filha. – Ele fez questão de enfatizar a palavra ‘minha’ e Esme sentiu-se tão realizada vendo sua pequena menina sentindo-se pela primeira vez tão protegida e bem amparada.

                - Papai... – Ela disse em um tom de voz dengoso.

                - Oi?!

                - E se o homem mau quiser me pegar de novo?

                - Ele não vai querida e sabe porquê? Papai vai estar sempre aqui para lhe proteger, você confia em mim?

                - Sim. – Ela sorriu carinhosamente e Carlisle olhou para Esme que tinha o mesmo sorriso expresso em seu rosto. Ambos ficaram velando pelo o sono da pequena menina que estava abraçada fortemente ao timtim, seu fiel companheiro de sono.

                - Deus como alguém teve coragem de encostar a mão nesse anjinho? – Carlisle disse enquanto acariciava a bochecha rosada da menina.”

            Carlisle sorriu ao se lembrar daquela noite, era tudo tão mais fácil quando ela era pequena, Alice havia se distanciado tanto dele na juventude e não entendia por que.  Por fim ela voltou o olhar para ele completamente envergonhada, sempre o ouvia chamá-la de filha, mas naquele momento parecia diferente, parecia até mesmo mais carinhoso.

            - O que está acontecendo com você princesa? – E bastaram somente aquelas palavras, e como passe de mágica uma lembrança boa voltou em sua mente ao meio aquele turbilhão de sentimentos ruins, ela se lembrou daquela noite, lembrou da forma que Carlisle se referia a ela e de como ele sempre cuidou bem dela. Ele era um grande pai, não somente para Riley, mas quanto para ela e Emmett, que sempre que precisaram dele, ele estava ali por perto.

            - Me desculpa. – Ela baixou o olhar novamente, ele sabia que quando ela estava envergonhada ela sempre fazia aquilo. – Eu não... Eu não devia fazer vocês passarem por isso, eu sou sempre um problema.

            - Nunca foi e nunca irá ser um problema, você apenas passou por momentos difíceis em sua infância, algo que abalou suas estruturas. Você não tem culpa de nada, está me ouvindo? – Ainda chorando sentiu que deveria concordar Carlisle nunca mentiria para ela. – Sinto tanta falta daquelas vezes que você me chamava de pai. Onde foi parar aquela menina? Que vivia feliz e alegre ao me ver chegar do trabalho?

            - Talvez tenha se perdido ao meio tanta confusão, ou deixado se levar por palavras maldosas de outras pessoas.

            - Não deveria escutar muito que as pessoas de fora lhe dizem, sua felicidade é você quem constrói.

            - Eu sei, agora eu sei. – Ela respirou fundo tentando conter o choro. – Mas pensei que depois que me distanciei que você não quisesse mais...

            - Nunca iria fazer isso com minha filha. – Ela sorriu e olhou para aqueles profundos olhos azuis. – Me dê um abraço. – Ele abriu os braços e Alice voltou a se sentir aquela garotinha de antes, aquela extremamente protegida e amada pelos pais. Levantou-se e abraçou Carlisle fortemente e chorou, por estar feliz, por estar novamente ao lado de seu pai, de sua inspiração.

            - Obrigada.

            - Não precisa agradecer filha. – Esme levantou-se e ao mesmo tempo foi puxada por Carlisle para um abraço em família. – Venham vocês dois atrás da porta também. – Carlisle disse desmascarando a jovem menina e o enorme rapaz que ouviam toda a conversa atrás da porta. – Que coisa feia vocês dois. – Carlisle pegou a orelha do filho mais velho e quando ia para puxar a orelha da mais nova ela correu para trás da mãe.

            - Mamãe...

            - Você estava fazendo algo errado Riley.

            - Não tão errado se olhar pelo lado que eu estava preocupada com minha irmã e que se eu pedisse vocês não me deixariam entrar.

            - Não tente inverter sua situação mocinha. – Carlisle fingia estar bravo ainda segurando a orelha de Emmett.

            - Aiai pai está machucando. – Alice não podia deixar de rir da cara do irmão, mas sentia pena deles.

            - Pai não faça isso.

            - Tudo bem, desta vez estão liberado e agradeçam a irmã de vocês.

            - Ah maninha te amo. – Emmett aproximou-se de Alice abraçando-a e tirando-a do chão.

            Em seguida o abraço entre os três irmãos foi selado. Aquela família aprendera tanto com o tempo e tinha agora tanto o que ensinar. Mas Alice ainda sentia que sua vida ainda poderia ter alguma solução, apesar de tudo aquilo ela tinha sua família, tinha uma mãe maravilhosa, um irmão bobalhão e engraçado, uma irmã extremamente carinhosa e um pai, algo que ela pensou que jamais teria ao decorrer de sua vida, um grande homem, que lhe protegeu e cuidou com todo carinho e amor, esse sim poderia chamá-lo de pai.


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Notas finais do capítulo

Digam o que acharam sobre o capítulo e se estão gostando da nova fic hein, não me deixem morrendo de curiosidade...
Bjos!
Até o próximo capítulo!



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