O Passado Nos Condena escrita por Fernanda Melo


Capítulo 22
Meu Apocalipse




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Tudo estava andando normalmente naquelas semanas, o planejamento de Alice para sua ida para NY ia muito bem, Jasper já estava lá com Henry arrumando o novo apartamento de luxo, enquanto Alice apenas dizia que não precisava de tal exagero, mas ele era um grande empresário, sua empresa de publicidade e propaganda era muito reconhecida e instalada na cidade perfeita, já estava com plano para a abertura de uma filial, até mesmo parecia que a vida era agora um conto de fadas.

Bastava que essa semana passasse para que eles voltassem a se reencontrar matar a saudade que sentiam um do outro, começar a planejar o casamento e marcar a data, pois Alice e Jasper não queriam esperar por tanto tempo mais.

Aquele dia antecedia a um feriado e Esme encontrou enorme dificuldade de tirar Riley da cama, a menina dizia que não queria ir a aula por preguiça, por amanhã ser feriado e por outros vários motivos, mas Esme era uma mãe rígida quando se falava de estudos e a garota se viu obrigada a ir para a escola.

– Aproveite maninha, essas serão nossas ultimas idas para sua escola. – Alice disse vendo a menina tomar café da manhã com extrema insatisfação.

– Eu apenas não queria ir, não estou com disposição. – A menina se queixou enquanto abria a geladeira tirando um frasco de insulina para levar para a escola.

– Está se sentindo bem?

– Sim, não é a diabetes é que... Eu não sei explicar. – A menina se jogou logo em seguida na cadeira para poder tomar seu café da manhã.

– Se a mãe pudesse lhe deixaria ficar aqui em casa comigo, ficaríamos deitadas nessa manhã fria lendo um bom livro ou assistindo um filme de sua preferência, mas depois você irá me agradecer por isso. – Esme disse beijando o topo da filha sentindo seu coração apertado por ver o rosto da filha de desolação.

– Tudo bem, é só mais um dia. – A menina disse meio desanimada, com a voz arrastada.

Quando Alice e Riley terminaram seu café foram se despedir da mãe para darem início ao novo dia, mas Esme estranhou o modo como sua caçula se despediu aquele dia, o único beijo costumeiro de Riley para se despedir da mãe foi mais além, ela abraçou a mãe fortemente como se precisasse daquilo para passar pelo dia.

– Eu te amo querida. – Disse Esme ajeitando o casaco da garota. – Não deveria levar mais uma blusa?

– Estou bem assim, logo estarei em casa. – Ela sorriu. – Eu também te amo mãe. – E somente então ela foi embora, Alice fez como o de costume deixou a irmã na porta do colégio viu ela conversar com Kate no meio do caminho e cumprimentar Ben, esperou para vê-la entrar e somente então foi para o trabalho.

Quando chegou ao trabalho se concentrou inteiramente para o estudo de uma vacina que infelizmente estava causando efeitos colaterais nada agradáveis nos testes. Ângela fez suas costumeiras piadinhas sobre o trabalho durante algum tempo de sobra e quando era hora do trabalho levou tudo a sério. No momento do almoço Alice conversava animadamente com Ângela sobre sua ida para NY e a amiga já demonstrava sua extrema saudade de jogar conversa fora ou pelo simples ato de estar ao lado dela.

– Você sabe que me fará falta não é mesmo? Não encontrarei uma parceira como você.

– Não exagera Ângela, manteremos contato, não irei sumir. E você encontrará alguém que talvez trabalhe até melhor do que eu.

– Mas isso nunca vai acontecer. – Ângela soltou uma doce gargalhada fazendo Alice sorrir. Alice agradecia sempre por Ângela estar em seu caminho, era o tipo de amiga que não queria perder jamais, para ela não existia momentos ruins, mesmo com seu pai abandonando ela e sua mãe quando tinha apenas 5 anos, passou por algumas dificuldades, mas era o orgulho de sua mãe e também o orgulho de Alice.

– Obrigada Ângela.

– Pelo o que Alice?

– Por ser minha amiga de verdade, eu sempre vou valorizar esse seu jeito, sempre. E eu prometo que farei o impossível para que você permaneça na minha vida, a nossa amizade é tudo, algo valioso.

– Para, você está me fazendo chorar. – Ângela riu com os olhos congestionados por lágrimas enquanto acontecia o mesmo com Alice.

Neste momento o caminho do trabalho de Alice é interrompido pelo seu celular, ela parou onde estava para observar bem o número que não estava registrado em sua agenda telefônica ela atendeu sem rodeios e logo paralisou no tempo, em seu rosto o semblante de pânico e preocupação eram evidentes e Ângela ficou preocupada com a amiga.

– O que aconteceu Alice?

– James fugiu da prisão.

***

– Hey Ben espera. – Riley gritou no outro lado da rua, o garoto olhou com seu olhar de garoto gentil que sempre foi. – Vamos com você. – Riley disse com a Kate ao seu lado.

– Tudo bem caras damas, queiram acompanhar este jovem perdido.

– Fico feliz que tenha voltado a ser o Ben de antes. – Disse Kate com os braços entrelaçados aos braços de Ben.

– Tenho amigas que não desistiram de mim. – Ele sorriu para as meninas. – E o que vocês farão nesse feriado?

– Eu ficarei em casa meu pai não terá folga no hospital e Alice tem que resolver últimos detalhes para a viagem.

– Então ela irá mesmo para NY? – Perguntou Kate.

– Sim, vou sentir tanta falta dela.

– Sei que vai, mas você tem a nós. – Disse Ben fazendo cócegas na amiga. – O que é isso Riley? – Ele apontou para uma parte do abdômen dela que se descobriu durante a brincadeira, uma marca roxa bem aparente.

– Não é nada. É que eu aplico a insulina aqui, papai disse que é normal. – Ela disse meio envergonhada. – Que tal combinarmos de fazer algo na minha casa? Minha mãe não se importa mesmo, irá achar até melhor.

– Por mim tudo bem, não tenho que pedir permissão a ninguém mesmo. – Disse Kate, que mesmo com um sorriso nos lábios mantinha certo rancor do pai.

– Vou falar com meus pais, mas eles te adoram então combinado. – Disse Ben entre risos. – Levarei filmes e jogos novos que eu comprei.

– Ótimo.

– Bom chegou à minha parada. – Disse Kate se despedindo de Ben com um abraço e dando um beijo na bochecha de Riley. – Ligo para você mais tarde.

– Tchau. – Ambos disseram em uníssono som e voltaram a caminhar em direção a suas casas.

– E como vai o namoro?

– Bem obrigada, apesar de ficar com saudades dele.

– Logo você estará lá também. – O garoto disse sorrindo, aquilo não lhe incomodava mais, desde do dia que descobriu que o amor que sentia por Riley era amor de irmão e sentia-se extremamente envergonhado de olhar para os olhos dela e lembrar do dia que quase fez a maior besteira de sua vida.

– Tomara, Jasper disse que poderia me oferecer um estágio na empresa dele isso não é uma loucura?

– Não, isso é a oportunidade, não é loucura. Você merece.

– Obrigada, você é um ótimo amigo, senti falta disso. – Ambos riram.

Quando chegaram à casa de Ben eles se despediram, Riley ainda teria que subir mais uma rua para chegar a sua casa, a garota ficava se perguntando se na época seu pai não gostava de muita vizinhança.

Quando ela atravessou a rua que estava pouco movimentada viu um carro parar rapidamente perto ao meio fio, ela apreensiva paralisou no meio da rua, mas não podia contar que um homem sairia dali tentando lhe levar para dentro do carro. Ele usava uma touca ninja, mas ainda conseguiu ver seus olhos, aqueles mesmos olhos azuis frios que lhe encararam o tempo todo durante o tribunal, os mesmo que lhe fizeram sentir medo uma vez.

Ela tentou se soltar do homem, mas ele era forte e alto, mordeu seus dedos tão fortemente que ele não conseguiu segurar a dor, ela conseguiu se soltar, mas não conseguiria correr muito, gritou pelo nome de Ben, que apareceu na janela do segundo andar meio apavorado com o modo pelo qual chamavam seu nome.

– Mãe liga para a polícia tem alguém na rua tentando agredir a Riley. – O menino disse em disparada descendo as escadas da sala. Sua mãe atendeu ao pedido chegando à janela para ver o que estava acontecendo de verdade e se assustou ao ver a cena.

Mas toda a confusão não passaria de um minuto para acontecer, Ben tentou intervir avançou para cima do homem, furioso ele jogou Riley contra o carro que bateu a cabeça no veículo ficando com a vista turva. O homem agarrou o garoto pela gola do casaco e lhe deu diversos socos no abdômen, finalizou o trabalho dando um soco certeiro no rosto do garoto que lhe fez desmaiar.

Quando viu alguns vizinhos se aproximando apontou uma arma para eles deu dois disparos para o alto e em seguida pegou a garota e lhe jogou para dentro do carro.

***

– Carl estou preocupada, ela não atende ao telefone, ela sempre chega no horário e quando tem que fazer algo me avisa antes.

Disse Esme no celular se comunicando com o marido extremamente preocupada.

“- Já tentou ligar para Kate ou Ben?”

– Ben também não atende.

“- Irei ligar para Kate e ver o que aconteceu, mas fique calma querida ela logo deve aparecer isso é coisa de adolescente.”

– Mas não é coisa da nossa filha Carl, você sabe como ela é muito bem.

“- Tudo bem meu amor, eu vou ligar para Kate agora e já te retorno está bem?”

– Tudo bem estarei esperando.

Esme se manteve ansiosa, com o coração em mãos, esperando a todo momento para que sua menina entrasse por aquela porta, mas algo dizia que ela não iria entrar ali.

Carlisle ligou para Kate que confirmou o que havia acontecido pelo o que ela sabia, disse o horário certo que se separou dos amigos e que eles estavam caminhando rumo a casa, Carlisle não conseguiu entender, apenas ligou para Esme e confirmou que eles haviam ido à direção de casa.

Enquanto ainda estava ao telefone um garoto desceu da ambulância com o rosto ensangüentado e desacordado, ao ver a mãe desesperada do garoto Carlisle sentiu o chão sob seus pés desmoronar, aquele menino que entrava no hospital era Ben, o amigo de sua filha o mesmo que ela estava há horas atrás e apenas rezou para que nada houvesse ocorrido com sua filha.

Os policiais vieram no sentido da recepção e logo a atendente apontou para Carlisle e ele sentiu um gelo tomar seu coração.

– Dr. Carlisle Cullen?

– Sou eu. – Sua voz demorou a sair, o único ato que teve de rapidez foi desligar a ligação para que sua esposa não ouvisse o que for que seja a notícia durante o período que estivesse sozinha em sua casa.

– Eu receio em lhe informar, mas aquela senhora nos informou que um homem agrediu seu filho e levou uma garota que ela diz ser sua filha.

– Riley, oh meu Deus. – Seus olhos estavam cheios de lágrimas naquele momento, elas não hesitavam em cair.

Carlisle era um homem de fé e aquilo lhe movia, sua família lhe movia. Era um homem realizado e sempre bem reconhecido por manter seu foco dentro do hospital, mas ele perdeu toda sua pose naquele momento, sua filha havia sido levada e somente Deus saberia onde ela estaria naquele momento e em que situação.

Alice quando havia desligado a ligação correu para o hospital e Ângela se manteve atrás da amiga o tempo todo. Mas quando avistou Carlisle ao longe suas lágrimas escorrendo sem piedade pelo seu rosto e o policial ao seu lado tentando reconfortá-lo não teve dúvidas de que algo de ruim havia acontecido.

– Carlisle. – Ela chamou por seu nome e a única reação que o homem teve naquele momento foi de abraçá-la, tão forte para tentar levar as dores embora. – O que está acontecendo? – Ela não conseguia se manter mais, as lágrimas caiam, as pernas estavam bambas, suas mãos trêmulas.

– Sua irmã, ela... Ela foi seqüestrada.

Alice recebeu o baque da notícia, sua mente não conseguia processar direito os acontecimentos, apenas queria acordar daquele pesadelo enquanto podia, mas não era um sonho ruim era a verdade, a vingança que aquele homem inescrupuloso prometeu alguns meses atrás está sendo cumprida.

– É tudo culpa minha.

– O que querida, não.

– James, ele fugiu da prisão. Recebi a ligação agora e ele prometeu que se vingaria de mim da pior maneira.

– Alice não é culpa sua querida, não se culpe por algo que você não fez.

– Eu realmente não fiz, mas desencadeei.

– Temos que ser fortes, por sua mãe. Ela ainda não sabe, mas já estava preocupada com a demora de Riley em chegar casa. – Ele enxugou as lágrimas e mudou a expressão em seu rosto. – Vou ligar para Emmett.

Tudo naquele dia se tornara um caos, o dia que antes estava apenas em um tom de cinza claro tomou uma tonalidade mais escura no céu. Quando Ben recobrou a consciência pôde dizer aos policiais o que havia acontecido, apesar dos ferimentos o garoto estava bem.

Alice e Carlisle voltaram para casa com escolta policial, Emmett chegou junto com o padrasto e a irmã que tinha um olhar de sofrimento evidente em seu rosto.

– Mamãe ainda não sabe?

– Não filho.

– Ele devia se meter com alguém do tamanho dele.

– Filho não adianta ter raiva agora. Irei entrar e contar para sua mãe, fique aqui fora com Alice por um instante ela não agüentará ver a mãe sofrendo, já está abalada demais com isso tudo.

– Fico sim pai. – Emmett saiu de perto de Carlisle indo para o lado de Alice, abraçou a irmã de tal modo que não queria soltar mais e Alice deixou seu corpo cair em lágrimas, deixou a tristeza sair. Emmett a sentiu apertar ainda mais sua camisa quando o choro de sua mãe era ouvido do lado de fora. – Nós vamos encontrá-la, eu prometo.

Naquela noite ninguém naquela casa dormiria, Rosalie havia avisado Jasper que mesmo contrariando Alice voltaria para Forks para ficar ao lado da noiva, deixaria Henry na casa dos avós maternos e embarcaria no primeiro vôo.

Ben olhava através da janela do hospital à noite la fora envolver seu coração de tristeza. As gotas de chuva deslizavam pela janela como suas lágrimas em seu rosto. Tudo que queria era ver sua amiga entrar por aquela porta, amanhã ir a sua casa como combinado e aproveitar o dia, rir das palhaçadas e fazê-la rir, mas não poderia, não mais, por algum tempo.

***

Enquanto a garota acordava ouvia uma música irritante ser assobiada se assustou ao ver James sentado em uma cadeira logo a sua frente, seu sorriso vitorioso e ao mesmo tempo amedrontador lhe fez arrepiar, seu olhar doentio pairava sobre si como se aquilo fosse o bastante para matá-la. Ele ilustrava seu revolver, como um jovem ilustra seus troféus esportivos com orgulho e pela primeira vez ela teve medo de desafiá-lo.

– Não irá dizer nada cunhadinha? Onde está aquela garota destemida? Que acabou com meu noivado e me fez perder a ‘minha’ mulher?

– Ela não é sua mulher. – Ela disse com a voz fraca. – Alice não propriedade de ninguém.

Furioso ele levantou e se aproximou da garota apontou o revolver para a testa da garota que fechou os olhos apenas esperando que ele puxasse o gatilho, ouvir o ultimo barulho e nunca mais acordar, mas aquilo não aconteceu.

– Não vou te matar assim tão fácil, quero ver você definhando aos poucos aí, sozinha, assim como eu estou.

Ele se levantou e saiu do quarto. Riley deixou o choro de desespero sair, estava com medo, apavorada em pânico. Parecia que o ar era rarefeito, que eles não entravam mais em seus pulmões, a sensação de vômito era não tão ruim, mas prevalecia ali. Ela repousou a cabeça sobre o travesseiro e chorou chamou por sua mãe, por seu pai. Queria estar em casa e ter a certeza que a qualquer momento não seria morta por um doente feito James, mas aquela era sua realidade agora e não teria como fugir. Aquele era seu fim.


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