Cap. IX – Ursinho
Roy voltou para a mesa, mas não conseguiu terminar a noite como costumava terminar. Não estava com a menor cabeça para aquilo. Deixou a moça em casa e foi para o hospital, precisava saber melhor o que estava acontecendo.
Assim que entrou na recepção viu o general sentado em uma das poltronas. Seu semblante era sério, mas não tinha sinais de medo, o que lhe pareceu ser um bom sinal.
- Roy?
- Oi. Eu acabei de ficar sabendo, como ela está?
- Bem... Como ela foi atendida rápido, os danos foram minimizados, no entanto, uma segunda leva de exames constatou um leve trauma no crânio que não havia sido notado. O que causou uma convulsão após ela acordar há duas horas.
- Meu Deus...
- Ela está em coma induzido para que o trauma seja curado.
- Mas o quadro é estável?
- Sim, mas sem previsão certa para acordar.
Um peso ainda maior invadiu o moreno.
- Mas como foi que tudo aconteceu?
- Bem, quando eu chegue o policial civil que fora chamado depois que o hospital fora acionado disse que muitos só viram ela caída, mas que uma senhora a viu na beira do lago e que ela não parecia bem... Estava muito alienada e quando o carro veio para cima dela, ela não teve a menor reação, nem tentou correr.
O Mustang baixou a cabeça e começou a pensar naquela tarde. Ele havia deixado-a sozinha, nunca pensou que aquela conversa acabaria assim.
Ela estava tão mal e ele não fora capaz de ficar com ela.
- Não se culpe, a Elizabeth tem muitos traumas, mas um dia ela teria de enfrentar você. Eu já imaginava que ela acabasse meio alienada, mas nunca que ela teria tamanha falta de amor a própria vida... Mesmo que ela corresse, não conseguiria escapar, mas nem isso ela quis. Eu nunca devia tê-la deixado com o Richard e muito menos ter ido para Ishival.
Grumman relembrava seus erros, talvez se tivesse feito diferente, ela tivesse uma vida diferente.
- E eu não fui capaz de compreender... Eu preciso tomar um rumo.
- Não se muda de um dia para o outro, meu jovem.
- Até o meu melhor amigo me deu uma cutucada hoje... Mas isso não importa, eu posso vê-la?
- Não, o horário de visitas já acabou, só amanhã.
- Se o senhor quiser ir embora... Eu fico aqui.
- Não se preocupe comigo. Vá para casa descansar e se você quer um conselho, se aproximar da Amy agora não seria errado.
- Amy... Ela está na casa do Maes...
- E você bem que podia aparecer lá para brincar um pouquinho com ela.
Roy gosta da idéia.
- Alguma idéia de presente?
- Bem... A Amy tem tudo o que uma criança quer em relação a brinquedos... Talvez um urso de pelúcia.
- Pelúcia? O que?
- Ela adora ursinhos.
- Já sei! O que vou comprar!
- Eu sei que ela vai gostar.
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Assim que saiu do hospital, Roy foi a uma loja de brinquedos. Uma que via sempre quando andava pelo centro, e como estava sempre cheia, deveria ser um bom lugar.
Já passavam das nove, mas como era outubro, o começo do natal nas lojas, com sorte, ela estaria aberta.
Parou o carro e a passos rápidos furou a multidão e foi para a loja que estava aberta. Estava com sorte.
Sabia muito bem o que queria comprar, um grande urso. Um que deveria ser maior que a pequena Amy e que havia visto um dia desse na vitrine.
Assim que entrou na loja, viu um homem de cabelos castanhos, alto e de olhos verdes carregando um gigantesco urso.
O bicho era de cor caramelo e usava uma boina e um cachecol xadrez.
- Boa noite e obrigado.
O homem passa por Roy e sai da loja.
- Boa noite, senhor, em que posso ajudar?
- Eu gostaria de um urso de pelúcia como o que aquele homem comprou.
- Oh... Desculpe, mas aquele era o último.
- Último?
- Sim. Mas nós temos outros tipos...
- Não, eu queria aquele. Você não sabe quando chega um novo lote?
- Na segunda receberemos alguns brinquedos.
- Bem... – Roy pega um papel e uma caneta que estavam sobre o balcão – Esse é o telefone da minha sala, se chegar um urso como aquele na segunda você poderia me ligar?
- Oh... Claro que sim. Será um prazer.
A moça era muito bonita e estava quase se jogando sobre Roy. Que como não era cego, viu o quanto era bonita, mas não estava interessado.
- Obrigado.
Roy sai da loja deixando a moça suspirando.
- Kuso! Mas eu não vou deixar de ir vê-la amanhã!
Roy foi para casa dormir, iria para casa de Maes assim que amanhecesse.
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Era manhã de domingo e a pequena Amy estava radiante. Na poltrona da sala se encontrava sentado um grande urso de pelúcia.
- Tody? Mas ele não tem cara de Tody, Amy!!
- Tem sim, Ely! Olha bem!!
- Hum... Para mim ele tem cara de Todão!! Olha o tamanhão dele!
- Mas vai ser Tody o nome dele!! Apesar dele parecer mesmo um Todão!
- Se essa é a cara de um Todão, quer dizer que eu tenho cara de Elycia?
- Deve ser. Minha mami vive dizendo que assim que olhou para mim viu que outro nome não ia ficar bom. Então eu devo ter cara de Amy.
- Faz sentido!
Na cozinha, Gracia servia um pouco de chá para Kaio.
- Você não precisa levá-la, eu e o Maes não nos importamos de cuidar dela.
- Vocês já têm a filha de vocês, o general já avisou a Kristen e eu vou ficar um pouquinho com ela.
- Você gosta muito dela, não é?
- Eu acompanhei toda a gravidez da Riza e vi a Amy nascer. Essa menina é como se fosse minha.
O singelo sorriso de Gracia se desfaz.
- Você foi ao hospital?
- Fui. A Riz ainda está em coma induzido, mas parece que já a trarão de volta amanhã.
- Tomara que logo, a Amy sente muita falta dela.
- Eu sei.
Do lado de fora da casa, Maes que havia ido comprar pães na padaria, encontrou Roy quando voltava para casa.
- Não acredito que você dispensou sua companhia, está com febre?
- Não. Só não conseguia parar de pensar na Riza e na Amy.
- Como estamos progredindo.
- Hahahaahaha! Não tem graça!
- Você vai adorar quando ela te chamar de pai.
- Pai...?
Para o Roy aquela palavra ainda soava tão distante.
- Não vai soar estranho quando a pequena disser.
Os dois entram em casa e vêem o urso de pelúcia na sala.
- Que urso é esse?
- A casa é sua, como é que vou saber?
- Gracia!
- Na cozinha querido.
Maes e Roy entram na cozinha e vêem o homem.
- Olá querido, esse aqui é o Kaio, trabalha para o general Grumman.
- Kaio Oshiro, prazer.
O homem estende a mão e os dois retribuem.
- Aconteceu alguma coisa?
- Oh, não. O general só me ligou para que eu viesse para a cidade ajudá-lo, a estadia dele terá que ser estendida.
- Hum... Mas o que você faz aqui?
- Maes?!
Gracia não gostou do tom do marido.
- Não tem problema, vim buscar a Amy, a babá já está a espera dela.
- Buscar a Amy?
Roy não gostou muito daquela noticia! Quem aquele homem pensava que era para levar sua Filha para sair.
- Sim, e aproveitar...
- PADRINHO!!
As duas meninas entram correndo na cozinha e Amy vai até o homem que a pega no colo.
- Eu já achei um nome para o urso.
- Já? E qual é?
- Tody!
- Tody?
- Isso! Apesar dele parecer um Todão!
O homem sorri.
- Então você gostou mesmo do presente?
- Anrã! Ele é muito grande!! Muito lindo! Ele parece o Ted, só que tamanho extra-grande!
Ela sorri graciosa.
- Que bom! Então que tal a gente ir para casa? A Kristen está te esperando.
- E a mami?
- Não, ela ainda não, meu bem.
E assim o lindo sorriso se desfaz, estava com tanta saudade da mãe.
- Hum... Mas eu não quero ir ficar lá com a Kris!
- Você não gosta dela?
- Gosto, mas...
- O que foi? Me conta, bebê.
- Eu queria que você ficasse comigo.
Ela faz beiçinho.
- Então eu fico. Eu tenho um tempinho...
- Jura??
Os olhinhos começam a brilhar, ela adorava Kaio. Ele era sempre tão bonzinho com ela, era quase como um pai.
- Juro!
- Então eu vou!!!
Ela abraça Kaio para desgosto e raiva de Roy. Ela se quer havia notado sua presença.
- Então eu acho que está na nossa hora.
- Eu vou buscar as coisas dela.
Gracia e Elycia saem da cozinha.
- Então lindinha, como anda sua vida?
- Muito bem... Só que eu queria que você fizesse um favorzinho para mim, já que está aqui, Padrinho!
- O que?
- A festinha da escola... Eu queria que você fosse com a mami.
- Por quê?
- Ela chega mais perto do ouvido dele e fala para que só ele ouvisse – Todo mundo vai levar um papai...
Aquela frase quase cortou o coração de kaio, o pedido era tão singelo, mas tinha tanto significado, jamais negaria isso a menina.
- Hum. Eu vou sim.
- Obrigadu!!
Ela dá um beijo na bochecha dele.
- Aqui está Kaio.
O homem pega com a mão livre a bolsa com os pertences dela.
- Tchau, madrinha! Tchau, Ely! Tchau, tio Maes! E... Tchau, Loy?
Ela acenava com a mãozinha.
- Tchau querida.
Gracia dá um beijo nela.
Kaio a leva para o carro, arruma tudo e depois volta para pegar o urso.
- Desculpe aparecer tão cedo e o general pediu para agradecer.
- Não foi nada, diga que se ele precisar pode mandá-la para cá de novo.
Kaio vai embora.
- Bem... Acho que já está passando da minha hora.
- Tchau, Elycia.
Ele sorri para a afilhada.
- Já, Roy-san?
- Sim, eu... Bem, já está na hora.
- Eu vou até na porta com você.
Os dois caminham para fora da casa do amigo.
- Idiota.
- Quem?
- Aquele cara!
- Ciúmes?
- Eu queria ver se você is gostar de um cara que rouba a atenção da sua filha!
- Cruz credo!
- Mas o duro é que ela gosta dele!
Roy não sabia muito bem o que sentia, mas era ruim. Era um aperto no peito.
- Eu nunca vi aquele cara, mas ele parece ser o mais próximo que ela tem de um pai. Se você visse a cena que eu vi ontem...
- O que?
- O jeito com que ela olhava para mim e para a Elycia...
- Aquele cara não vai ser pai dela! Eu sou o pai dela!
- Eu vou te falar uma coisa, man, ele só vai ocupar o espaço na vida dela que você deixar que ele ocupe.
- Ele vai ser o padrinho e só isso!
- Obrigado pela parte que me toca.
- Maes, eu não podia te chamar para padrinho! Eu não sabia da Amy até três dias atrás.
- Mas eu quero ser o padrinho!
- Quem sabe quando eu tiver um segundo filho.
- Já pensa num irmãozinho para ela?
- Um dia. Mas dessa vez com tudo nos conformes.
- E já tem alguma candidata?
- Não... Ainda não.
- Sei...
Continua...
Mais um cap!!
Que tal? Ficou legal??
Comentem para que eu fique sabendo!!!
Kiss Kiss