Sonho de Uma Noite de Verão escrita por Anny Taisho


Capítulo 15
Segunda chance?




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Cap. 15 – Segunda chance?
A noite estava amena, apesar de algumas nuvens indicarem que era possível cair um temporal mais tarde. Riza dirigiu com cuidado até a casa do moreno, sentia algumas fisgadas das costelas. O médico disse que até a formação do calo ósseo ela teria algumas dorezinhas, fora que a carne estava machucada, o impacto tinha sido direto.

A loira parou em frente a casa do moreno e desligou o motor. Ficou algum tempo ali pensando se deveria ou não bater. Se ele estivesse com alguém não seria nada agradável. Mas se estivesse sozinho...

- Vamos lá. Se ele estiver acompanhado, certamente nem vai abrir a porta.

A loura pegou um pequeno chaveiro no porta-luvas e suspirou novamente antes de sair do carro. Caminhou até a porta, subiu o pequeno lance de escadas e bateu na porta. Esperou alguns segundos e novamente bateu.

Nada. Nenhum barulho.

Ele deveria estar ocupado. E bem. Como era idiota, era lógico que o Mustang estava bem, ele não precisava dela para cuidar dele fora do quartel. Respirou fundo e quando começou a descer o lance de escadas a porta se abriu as costas dela.

- Riza?

A loura assustou-se e olhou para Roy. Ele estava com a farda, mas sem a jaqueta, a camisa branca estava para fora da calça e aberta até o centro do peito. O cinto estava desafivelado e como desconfiava, ele estava bêbado.

- Roy... Você está bem?

- Por que acha que eu não estaria?

- Quando eu falei com você no telefone...

- Ah... Sobre aquilo, desculpe... – ele parecia sem jeito – Eu estava, estou meio confuso.

A palavra na verdade era deprimido, mas o Mustang não assumiria isso.
- Então você está bem? Eu fiquei um pouco preocupada, você sempre diz que é deprimente demais para um homem beber sozinho.

- Hn... Eu não lembro de ter dito isso. – ele se afastou um pouco da porta – Entra.

- Não, obrigada. Eu só queria saber se você estava bem.

Riza tenta ir embora, mas ele a segura pelo pulso.

- Entra logo, você acha mesmo que o meu julgamento de estar ou não bem é perfeito?

O moreno foi entrando puxando a mulher para dentro sem cerimônia.
Ela não teve escolha, a não ser segui-lo, com certeza logo logo ele apagaria. E era melhor que ela estivesse ali para que o Mustang não se machucasse.

Roy guiou-a até onde estava sentado, na escadinha que dava saída para o quintal, sentaram-se lado a lado. Quando ele ergueu a garrafa para servir mais uma dose, ela tomou a mesma e o copo.

- Vamos parar, não é? – Riza colocou as garrafas de lado – Então, porque está bebendo assim? Você nunca bebe tanto, quanto mais em dias de semana e sozinho.

Roy olhava para um ponto qualquer na paisagem escura do quintal. Não queria falar sobre aquilo, se quer sabia muito bem o que estava acontecendo. O homem apenas deita a cabeça no ombro dela.

- Por que está aqui? Eu pensei que não era sua pessoa favorita.

- Roy... Não é bem assim.

- Você acha que eu roubei o seu lugar, acha que eu quero roubar a sua filha... E está aqui, preocupada comigo.

- Eu tenho muitas mágoas, o que não quer dizer que eu tenha feito um julgamento muito justo para você... Você não tem culpa dos meus dramas, só estava no lugar errado, na hora errada.

- Então você acredita que eu quero mudar?

Roy levantou o rosto para Riza. Mas a resposta que ele queria não veio, ela se quer respondeu.

Isso deixou realmente nervoso. Ela não acreditava nele, como todos os outros. Roy se levantou de súbito e passou a mão pelos fios negros, como sinal de impaciência.

- Roy?!

- Vá embora! Por que está aqui se não acredita em mim? Não seria melhor para você se eu me quebrasse todo?

- Calma, Roy...

- Por que eu vou querer mudar? Ninguém acredita nisso!? Não adianta eu me esforçar se sempre vão me olhar com desconfiança esperando que eu pise na bola.

- Você não tem que mudar por ninguém, e muito menos esperando que reconheçam isso. Se quer mudar algo, mude por você. E se fizer isso do jeito certo, vai ser reconhecido, mesmo que não note.

- Isso é papo de livro de auto-ajuda! Eu não vou mudar por uma coisa que ninguém acredita!! Eu vejo o jeito que você me olha, não me quer perto da Amy, não acha que eu sou bom o suficiente para ela!

Roy faz um movimento com a mão que acerta a parte dolorida do tronco da loura que por causa da dor perde o equilíbrio e cai para trás, sentada no chão. As costelas ainda doíam muito, por isso, Riza deita o tronco no chão.

- Riza???

Toda a raiva e frustração que o Mustang sentia, desapareceu, no momento que a viu caída. Será que tinha machucado-a mais?
Roy desse o lance e ajoelha-se perto dela.

- Calma, só está doendo um pouco.

- Desculpe, desculpe... Eu não estou sóbrio, eu estou nervoso...

Riza sentou-se, e Roy a abraçou.

- Calma, eu não me machuquei.

- Vamos entrar... – Roy estava ajudando a se levantar –

- Espera.

- O que foi?

Ela pega o rosto do moreno entre as mãos.

- Não é você que não é bom o suficiente para a Amy, sou eu. Eu sei que vou perder quando você entrar no páreo. Eu estou com medo, de novamente não ser boa o suficiente, por mais que eu me esforce.

- Eu não quero competir, quero acrescentar. Quantas vezes vou ter que repetir para que você entenda? Eu não estou aqui para tirar nada de você. E você sempre foi boa o suficiente... Não foi sua culpa o seu pai não te olhar.

- Eu não quero perder mais nada.

- E eu não quero tirar. – Roy a levanta, não estava muito firme, mas conseguiram entrar na casa –

O casal sentou-se no sofá e Roy colocou a cabeça no colo dela. Não disseram mais nada. Riza ficou ali até que Roy entrasse em sono profundo. E antes de ir embora, pegou uma coberta e colocou sobre o corpo dele.

Não sabia se ele se lembraria daquela conversa, mas estava com um peso a menos no coração. Não acreditava que as mágoas tinham sumido, mas acreditava que poderiam conviver melhor.

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Riza chegou em casa, deu uma olhadinha em Amy – essa que dormia profundamente – E foi dormir. Iriam passear no sábado de manhã.

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Era uma bela tarde de sábado, Roy e Maes estavam pintando de rosa, o quarto de hóspedes da casa do moreno, que agora pertenceria a pequena Amy. Era um rosinha bebê e branco, com alguns adesivos para parede.

Colocaram uma estante para os brinquedos, pintaram o guarda-roupa, os lençóis e o edredom também eram rosas com desenhos florais e um tapete felpudo ficava no centro do quarto.

- Sabe, acho que vou fazer uma coisa assim no quarto da minha Elycia, ela vai ficar tão felizinha!!!

Roy sorriu, Maes era incorrigível.

- Quando é que vai trazer a Amy aqui?

- Não sei, tenho que falar com a Riza...

Os dois vão para cozinha tomar uma cervejinha e conversar um pouco. A tarde estava quente.

- Hn... E a que pé anda o processo de mudança de paternidade?

- Está quase concluído. Só faltam algumas formalidades e a assinatura da Riza.

- Então logo a Amy Hawkeye, será Amy Hawkeye Mustang?

- Na verdade, Será de Amy Monteclaire Hawkeye Oshiro, para Amy Monteclaire Hawkeye Mustang.

- Kami-sama! Essa menina tem quantos nomes?

- Imagina quando ela for aprender a ler e a escrever. Tadinha...
Os dois riram.

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Já era noite, quando o Mustang se lembrou de relance que Riza tinha comentado que Amy queria saber quando o veria de novo.

- Mochi mochi

[ - Alô? Quem está falando?

- O Roy, com quem eu falo?

[ - Loy?!

- Oi, meu bem, tudo bem?

[ - Tudo. Quando você vem me ver de novo?

- Não sei, mas vai ser logo. Por quê?

[ - Estou com saudades... Ah... Oi Mami, é o Loy!

Roy riu, ela falava com a mãe sem tirar o rosto de perto do telefone
.
- Amy.

[ - Hn?

- Passa para a Riza, agorinha eu falo com você.

[ - Tá. MAMI?! O LOY QUER FALAR COM VOCÊ?!

Roy escuta Riza falar alguma com a pequena e depois pegar o telefone.

- Riza?

[ - Sim.
- É... Eu queria falar com você sobre a papelada. Será que a gente podia se encontrar para tomar um café?

[ - Claro. Mas hoje?

- Sim. Algum problema?

[ - É que o Kaio chamou a mim e a Amy para jantar no restaurante favorito dela.

- Kaio... – o moreno rosnou, mas se recompôs rapidamente – A Amy tem um restaurante favorito?

[ - Na verdade, ela ama qualquer lugar que tenha macarrão. Mas tem um restaurante em especial.

- Hn...

[ - Mas o Kaio leva ela sozinho, não tem problema.

- Não! Pode ir! Amanhã a gente se fala.

[ - Roy... – Ela baixa o tom de voz para que Amy não ouça – Eu sei que você não vai com a cara do Kaio, e muito menos ele com a sua, mas eu te garanto que ele nunca machucaria a Amy.

- Eu sei disso. Mas é que... Argh! Que seja, onde a gente se encontra?

[ - Na Coffe House? No centro?

- Certo. Às oito e meia.
[ - Ja ne.

Roy bate a mão na mesa. Kaio não largava do pé da pequena Amy e da mãe dela. Será que ele não enxergava que quatro era demais?

- Relaxa, Roy. Bater de frente com o desgraçado só vai te prejudicar!

Era melhor ir tomar um banho para acalmar a vontade de enfiar a mão na cara do Oshiro.

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Riza estava terminando de arrumar Amy para sair com Kaio. Vestiu-a com um vestido vinho de mangas longas e uma fitinha rosa no peito, meias brancas e longas, um sapatinho preto de boneca e um arquinho com um laço no cabelo.

- Por que você não vai com a gente, mami? Lasanha!!! A melhor lasanha!!

A loura riu. Amy adorava lasanha.

- Eu tenho que resolver uma coisa, mas tome cuidado, não queremos tomar banho de molho de tomate. Ou sujar o rostinho todo...

- Eu sei, mami.

- Vai obedecer o Kaio, não vai pôr o dedinho no nariz...

- Yare, yare, mami!!!

A campainha toca.

- Padrinho!!!

Ela sai correndo.

Quando Riza chega a sala, Amy já estava no colo de Kaio.

- Oi, Riza. Tem certeza de que não quer ir com a gente?

- Tenho sim. – ela sorri – E cuidado com o meu bebê!

- Como se fosse minha!

Riza faz uma careta, sabia que Kaio falava aquilo para forçar a barra.

- Vão logo, vocês dois!

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Riza chegou mais cedo ao café, por isso pediu um café para esperar o moreno. Um café com doce de leite e creme, não era uma opção muito saudável, mas o que isso importava?

Sentou-se numa mesa mais ao fundo e esperou. Foram bons vinte minutos até que Roy aparecesse, não que ele estivesse atrasado, ela que tinha chegado antes.

- Esperou muito?

- Não. – ela suspira – Não vai sentar?

- Oh claro... – Roy sentou-se e pediu um café puro – Bem, a papelada sai do cartório segunda e assim que você assinar vão mudar o registro.

- Pode levar os papéis que eu vou assinar. Teve algum problema?

- Não. Você não impôs nenhum problema.

- Certo... Era só isso?

- É... – Roy olha para o lado – Você queria estar com a Amy e o Kaio, não é?

- É... Mas é que eu esperava que fosse algo sério... E... Não importa.

- Esse Kaio precisa de limites.

- Roy...

- Seja razoável! Eu quero entrar na vida dela, mas com ele ali vai ficar difícil!

- Eu não posso pedir isso a ele, Roy. O Kaio gosta muito dela e sempre me ajudou...

- Ótimo! E eu não estou pedindo para ele sair do mapa, eu desejo muito isso, mas eu sei o quanto ela gosta dele. E isso a machucaria.

- Eu já falei com ele. O Kaio sabe o lugar dele.

- Eu não tenho tanta certeza. Mas e sobre contar a ela?

- Isso é tão complicado... Mas não sei, Roy... Você sabe o escândalo que vai ser. E eu não quero a minha filha na mira de falatórios.

- Vamos primeiro contar a ela, depois nos preocupamos com isso.

- Eu estou vendo que está tentando, mas tem certeza de que quer fazer isso? Não é brincadeira. É responsabilidade e se assumi-la, terão muitas cobranças.

- Olha, eu sei que pode soar grosso o que vou dizer, mas é para ver se entra na sua cabeça. – ele suspira – Você não fez a Amy sozinha, e a partir do momento que resolveu que a teria, ela passou a ser uma responsabilidade nossa. Quem está aqui hoje, não é o cara de cinco anos atrás. Eu podia ter vinte e cinco, mas ainda não tinha uma cabeça de tal... E hoje eu vejo que eu não era tão maduro quanto achava ser. Eu era um grande homem profissionalmente, mas ao que parece não fui o suficiente para que confiasse em mim e já passou da hora de eu assumir a vida de um homem adulto. Eu não tenho mais dezoito anos, já passou da hora de eu tomar um rumo na minha vida pessoal.

Riza ficou um pouco atônita com o discurso.

- Olha... Vai lá em casa amanhã, e a gente conta. Não existe uma maneira mais sutil do que verdade.

- Eu posso esperar mais, não quis te pressionar.

- Ela vai ter que saber, então que seja logo e também... – Riza sorri – Ela gosta muito de você. Nunca vi a Amy assim, ela é super sociável, mas não gosta tanto de alguém em tão pouco tempo. Mas o que queríamos, ela é uma garota e que garota não se encanta por você?

- Eu conheci uma.

- Eu duvido muito, garanto que era apenas uma medrosa.

- Eu não tenho tanta certeza...


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Não passava das nove da manhã quando Roy chegou a porta do prédio da loura. Sabia que era cedo, mas ela não tinha dado um horário específico. Ficou dentro do carro por algum tempo, mas não agüentou esperar mais que dez minutos.

Se estivessem dormindo, pediria desculpas e voltaria depois.
Entrou no prédio sem problemas, o porteiro já lhe conhecia. Mas não precisou bater na porta ou tocar a campainha, quando chegou ao andar de Riza, a enfermeira que o avô colocara com ela estava saindo.
- Bom dia, a Riza já está acordada?

- Já sim, está saindo do quarto, entre.

- Obrigado.

Roy entrou no apartamento e logo ouviu uma música, parecia algum tipo de coisa para criança, mas não era em um idioma conhecido. Parou na porta da sala e viu Amy a frente da televisão, com um pijama verde e o pé esquerdo sem meia. Ela pulava e cantava animadamente a música imitando os passos.

- A de amor, B de baixinho, C de coração, D de docinho, E de escola, F de feijão, G de gente, H de humano, I de igualdade, J juventude, L Liberdade, M molecagem...

Era tão bonitinho.

- Roy?!

O moreno olhou para o corredor, estava parado a porta do corredor que dava para sala, o restante das portas davam para os quartos e cozinha, na verdade, estava mais no hall do apartamento, Riza devia ter passado pela sala e ele nem notado.

Notou também que ela tinha fones de ouvido, estava de camisola, mas logo que o viu fechou o roupão de cetim azul claro.

- A enfermeira disse que eu podia entrar...

- ela tira os fones – Sem problemas, mas é que está meio cedo.

- Desculpe, foi mais forte do que eu.

- Yare, yare... – ela olhou para Amy – Ela tem a coleção, é capaz de ouvir e pular isso o dia inteiro.

- Por isso os fones?

- Bem, da primeira vez é bonitinho, mas depois irrita. – ela ri –

- E que língua é essa?

- Português, uma derivação do latim. Essa cantora é muito famosa no Brasil...

- E ela sabe o que significa?

- Sabe, tem legendas que ela me fez ler.

- Oh... Mas por que ela está descalça de um pé?

- Bem, uma mania dela. Eu sempre coloco meias e desde que ela tem meses de vida se enrola de um jeito estranho nas cobertas e acaba acordando sem o pé esquerdo da meia. – a loura ri – E esse era o pé que ela colocava na boca quando era bebê.

- Estranho.

- Eu sei... Quer falar com ela agora?

- Não, deixa ela ai. Parece estar tão divertido...

- Certo, vamos a cozinha, vou arrumar o café da manhã. Já comeu?

- Não, mas não costumo comer cedo.

- Hum, se quiser comer com a gente.

- Claro.

- Cinco patinhos foram passear, além das montanhas para brincar...

- Esses patinhos são de doer!

- Não são tão maus.

- Tente ouvir isso dez vezes seguidas durante uma semana.

- Deve dar dor de cabeça...

- Por isso os fones.

- E o que fica ouvindo?

- Depende muito do meu humor.

Continua...
oie!!
Aqui está mais um cap!!
Comentem!!
Amo vcs!!
E desculpe a demora!! Minha vida anda uma loucura!!
kiss kiss

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