Sonho de Uma Noite de Verão escrita por Anny Taisho


Capítulo 14
Desenho




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Cap. XIV – Desenho
Roy pegou uma foto em que a pequena Amy estava toda prosa fazendo pose e colocou na carteira. Kami-sama, foto na carteira era a coisa mais brega do planeta, o Maes fazia isso. Mas o Maes não tinha uma foto na carteira, tinha mais de vinte.
Na verdade, a carteira do amigo tinha uma série de plásticos especiais para guardar as fotos. Iria perguntar onde ele comprou a carteira.
Depois desse pensamento, o moreno começou a rir, chamando a atenção dos presentes.
- O que foi, senhor?
- Nada rapazes. – o moreno abre uma gaveta que tinha chave e guarda o envelope com as fotos – Só a ironia da vida.
- Eu tô falando, a cada dia ele está mais estranho.
- Deve ser crise de idade.
- Ou será que ele tomou o fora?
- Pra mim é falta de ter a capitã. Acho que a vontade de ter uma mulher que nunca vai dar moral para ele está deixando-o meio pinel.
Roy não ouvia perfeitamente o que os subordinados diziam, somente sussurros, mas riu com o que entendeu. Ah, se eles soubessem o quão mais complicada era a situação dele.
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Naquela noite, Kaio voltou ao apartamento para ver Riza. Essa que estava no banho, fazendo-o se aproveitar para ir até a Amy, sabia que a pequena que tanto gostava era seu trunfo contra o Mustang.
Enquanto Amy o quisesse perto, Riza não cortaria sua presença.
- Padrim!!!!
- Oi, lindinha!! O que está fazendo?
- Desenhando.
- Posso ver?
- Claro.
A garotinha era boa, tinha talento, talvez com algumas aulas se tornasse uma expert. Ela gostava de desenhar rostos. Kami-sama, como alguém com menos de cinco anos fazia traços tão perfeitos? Aulas seriam apenas para mostrar algumas técnicas.
Viu o rosto do bisavo dela, da mãe, de Kristen, o dele, do cachorrinho... E o que ela fazia era do Mustang.
- O que está desenhando, princesa?
- O Loy. Ele é legal!
- É?
- Muito, ele passou o dia todo comigo ontem.
- Ah...
- O que foi? Não gosta dele?
- Não o conheço direito... Ele é que não gosta de mim.
Amy não entendeu o motivo do “Loy” não gostar do Kaio, ele era tão legal. Na verdade, achava Kaio o cara mais legal do mundo. Ele estava em suas primeiras lembranças.
- O Loy devia estar meio bobo quando achou isso.
- Então quer dizer que você não vai deixar de gostar de mim, não é?
- Claro que não!
- Kaio!!
Riza aparece na sala com um vestido xadrez e os cabelos molhados.
- Oi. Eu estava aqui vendo a Amy desenhar.
- Eu vi... Quer um café?
- Claro.
- E você, pequena? Quer um suco?
- Claro!
- Um minuto.
Os dois vão para a cozinha.
- Onde estão a enfermeira e a Kristen?
- Foram a casa da Kristen, você não as viu sair?
- Não, estava ocupado com a Amy.
Riza serviu uma xícara de café a Kaio e foi a geladeira pegar suco para Amy. Pegou um copo especial com tampa, com intuito de prevenir sucos em tapetes, cama...
Agora a pequena só usava a mamadeira para tomar leite para dormir ou assim que acordava. Fora as vezes que ela furava o trato feito e tomava leite na mamadeira em outra hora do dia.
- Oh Kaio... Não devia ficar mimando a Amy assim.
- Eu só dou atenção a ela. Isso não é crime.
- Mas Kaio, você já sabe do Roy e... Por mais que eu queira, você não é o pai dela.
- Você sempre deixou claro que eu podia amar a Amy, mas que não era o pai dela. E eu sempre me portei igual e você nunca se importou.
- Kaio, o Roy vai me arranjar problemas. Parece que baixou um santo ou não sei o que nele e... Vocês vão acabar se estranhando.
- Ele te falou para afastar a Amy de mim?
- Não. Mas vai acabar pedindo se você continuar a tentar ser o pai dela.
- Você se importa com isso?
- Não... Mas...
- Então o Mustang que se entenda comigo. Eu não vou deixar de gostar da minha pequena por causa de um cara que apareceu agora.
Os dois voltaram para a sala e Riza deu o copo com o suco para Amy.
- Obrigada, mami.
- De nada. O que está desenhando?
- O Loy.
- O Roy? – Riza pareceu surpresa e pegou o desenho – Nossa, está muito bonito, você está melhorando.
- A Kris trouxe uns livros de desenho da faculdade, leu e me ensinou umas coisas novas.
- Vou te colocar numa aula de desenho.
- Tem aulas para crianças tão pequenas?
- Hey!! Eu tenho quase CINCO anos, padrinho!
- Eu sei que você tem quase cinco anos, bonequinha, mas é que as crianças dessa idade não costumam desenhar tão bem então não é comum ter aulas.
- Sei... – ela olhou desconfiada – Cinco!! Cinco, viu!
Ela se sentou perto da mesa de centro e voltou a desenhar.
Fofinha!
Amy era uma figura a parte.
- Ela vai ser uma adolescente de personalidade.
- Vai.
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Roy estava olhando para o teto quando Maes entrou na sala.
- E ai, man? Como anda a vida?
- Você não trabalha, não?
- Trabalho, mas vim fazer uma visitinha.
- Claro, você e suas visitas.
- Como está azedo hoje. O que foi? Brigou com a Riza de novo?
- Não. Estava pensando.
- E?
- Preciso arrumar minha casa.
- Nossa! Muito filosófico.
- Maes, á minha casa é a casa de um homem solteiro e sem filhos. Preciso dar uma geral para virar apenas a casa de um homem solteiro.
- E um quartinho muito lindo para sua filhinha!
- Fala baixo! Quer que todo mundo saiba?
- Oh certo! Ainda é segredo.
- Mas gostei disso, a Riza vai ver meu empenho e a Amy vai ficar feliz.
- Nossa! Riza, Riza, Riza... Apaixonado ou vai continuar negando?
- Olha, eu nunca me apaixonei. Não sei como é isso. Mas se for com a Riza vou ficar muito feliz, NO ENTANTO, isso não é o mais importante, a Amy é minha prioridade.
- Claro, mas a mãe dela tem sérias feridas que te impedem de chegar perto dela e da menina. Isso também é um contra, não é?
- Eu não sei como chegar perto da Riza. Feliz?
- E não deve chegar se não quiser algo muito sério, caso contrário, deixe o Kaio com esse serviço.
- Agora virou um defensor daquele idiota?
- Não. Mas ele faz bem a Riza, você achando bom ou não.
- Ele só estava no lugar certo, na hora errada
- E como seria se ele não estivesse? Você pode não ter culpa de não ter estado com ela, mas não estava e ela precisava.
- Valeu, Maes, jogando na minha cara o que eu não fiz. Muito legal.
- Desculpe, mas esse Kaio fez muito por ela e Roy eu a vi no hospital. Aquele olhar despedaçado...
- Eu sei.
- E acha que pode cuidar dela? Que pode oferecer o que ela precisa?
- Eu posso.
- Não tome nenhuma decisão precipitada. Só tire o Kaio do jogo se realmente for entrar de cabeça.
- Eu posso cuidar dela.
- Mas sem jogar sujo.
- Ele dita as regras do jogo, se eu levar uma rasteira, passo uma nele.
- Vocês dois ainda vão sair nos tapas.
- Eu iria adorar quebrar a cara daquele maldito.
Roy fez uma cara de sonhador.
- Vai querer ajuda para fazer um quarto para a sua filhinha, que deveria ser minha afilhada e que é quase tão fofinha quanto a minha Elycia?
- Eu não tenho culpa, okay. E quanto a ajuda, seria bom. Eu não sei nem por onde começar.
- Bem, no sábado depois que eu levar minha princesinha no parque, almoçar com a minha mulher que eu amo, acho que tenho um tempinho para você.
- Certo, às três?
- Pode ser, eu passo na sua casa. Agora eu vou terminar a minha papelada. Fui.
Maes sai da sala do moreno e logo os rapazes que estava fora para um cafezinho voltaram. E viram uma cena incrível: Roy trabalhando.
- O senhor está doente?
- Hã?
- Fala sério cara, você anda estranho.
- E se não bastasse as crises de riso do nada, os momentos filosofando sobre sua existência e a não saída com quaisquer moça, VOCÊ ESTÁ TRABALHANDO SOB LIVRE ESPONTANEA VONTADE.
- Quem sabe eu não esteja tomando juízo?
Os rapazes caem no riso.
- Talvez encantado, no máximo, um extremo que nós duvidamos: Você está apaixonado.
- É tão difícil imaginar que eu realmente goste de alguém e queira ter uma família?
Os rapazes fazem um minuto de silêncio e depois tem uma crise de riso que derruba alguns deles ao chão.
- Ai cara, que piada.
- Com certeza. – Fallman estava com a mão na barriga –
- Se estiver mesmo apaixonado, não dura mais que um mês, ou até uma moça mais bonita. E quanto a ter uma família, um dia, quem sabe... Mas a mulher tem que ser muito louca ou muito cega para não ver os chifres que vai colocar nela.
- Ou ser uma parecida com você que vai devolver os chifres e como dizem: Chifre trocado não dói.
Apesar do tom de brincadeira, Roy sabia que era assim que todos o viam. Um homem incapaz de amar que não vê valor em família. Não podia falar que era um exemplo, mas podia afirmar que sempre fora sincero. Nunca ofereceu a qualquer moça o que não podia dar a ela.
Nunca fez promessa de casamento ou união estável ou um simples namoro.
Talvez porque não acreditasse em amor até ali, ou não quisesse acreditar. Já que a mulher perfeita para si estava ao lado.
Mas será que ele era perfeito para ela?
Seria mesmo capaz de cuidar dela com havia afirmado para Maes?
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O resto da semana passou relativamente calmo. E Roy parecia cada vez mais estranho aos olhos dos amigos.
No momento estava dando uma geral em seus livros, organizando-os em ordem nas estantes. As xícaras de café e louças demais já tinham sido recolhidas.
Tirando isso, a casa era arrumada. Não costumava deixar roupas jogadas ou poeira acumular. O problema era adormecer com os livros e os cafés. Porque ao contrário do que os amigos achavam, não saia todas as noites. Muitas vezes saia apenas nos finais de semana, o resto do que fazia durante a semana, ele queria mesmo saber quem via.
O dava uma média de três a quatro mulheres por semana e muita dor de cabeça.
Apesar da falta de promessas, as mulheres grudavam nele. Ligavam, iam atrás, o encontravam “casualmente” na rua.
Será mesmo que Riza tinha razão em não querer tê-lo perto da pequena?
Aquela noite com ela aconteceu por algum bom motivo, ela jamais iria para cama com ele, mesmo que chapada, porque deu na telha.
Mas da parte dele... Ela não sabia, mas ele tinha ganho uma apostinha feita a muito tempo dentro do quartel do Leste. Um soldado os tinha visto juntos e ele não conseguiu não se vangloriar um pouquinho. Mas sempre deixando claro que Riza não era qualquer uma, isso melhorava um pouco as coisas não?
Com a mente que tinha na época, tentou imaginar o que faria. E talvez todos tivessem razão, julgaria-na sem falar ou talvez num momento de susto a julgasse com palavras ferinas.
Pegou uma garrafa com Whisky, um copo e se sentou na grama do quintal.
Estava confuso.
Talvez fosse melhor para todo mundo se afastar daquilo.
E se amigos tivessem razão?
E se qualquer tipo de união estável que tivesse acabasse ao passar de uma moça bonita? Ou porque a traísse e ela descobrisse?
Não acreditava que Riza devolvesse na mesma moeda. Ela jamais trairia por vingança.
Ela só ficaria machucada.
Não valia a pena o risco de quebrar mais o coração da lourinha.
O som de seu telefone tocando o fez sair daquele transe. Levantou-se meio tonto e foi até o telefone tropeçando muito pelo caminho.
[ - Mochi mochi
- Roy?
[ - Eu. Quem está falando?
- Riza, você está bem?
[- Riza? O que foi? Contaram para você que eu estou fazendo alguma coisa errada e você quer confirmar para jogar isso na minha cara?
- Não... Roy, você está bêbado?
[ - Fala logo o quer.
- A Amy... – ele ouve um suspiro – Ela está perguntando quando você vai vir vê-la de novo.
[ - ...
O moreno bate o telefone na cara da loura.
Estava com raiva e culpa demais.
Riza estava tentando como prometera. Mas por que não podia faltar com a palavra para que ele pudesse sentir que não era o único culpado ali?
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Riza achou estranho. Roy não era de beber muito sozinho. Ele dizia que era deprimente demais para um homem.
E aquele tom de voz...
Tinha ficado preocupada.
Kristen já tinha ido, mas a enfermeira podia ficar com Amy. Não era uma má idéia só ver como ele estava.
Pegou um casaco no armário e quando estava prestes a sair parou um minuto para pensar.
Ele devia estar com uma de suas amiguinhas, ela que cuidasse dele.
Jogou o casaco na poltrona e foi para o quarto da filha. Iria cuidar da pequena Amy que ganhava mais.
- Vamos arrumar para dormir, mocinha?
- Você falou com o Loy?
Riza foi até o armário dela e pegou pijamas e um par de meias.
- Ele não estava em casa, eu ligo depois.
Amy estava sentada na beirada da cama balançando as pernas.
- Hum... Diz para ele que eu tenho um presente.
- Pode deixar. – Riza tira o vestido que a filha usava e põe o pijama e as meias, os dois eram verde-claro com branco – Vamos arrumar esse cabelo para ele não acordar todo embaraçado amanhã.
A loura pega uma escova macia e penteia com cuidados os fios louros da menina. Sempre com o cuidado de não puxar os fios.
- Eu tô parecendo um pé de alface.
- Eu pensei que gostava desse pijama, foi você que escolheu.
- Eu gosto, mas que eu estou parecendo um pé de alface, eu estou.
Riza riu e abraçou Amy.
- Um pé de alface muito lindo. – a loura afundou o rosto na curva do pescoço da filha –
- Ai mami... Faz cocequinhas!
Amy se deita, Riza a cobre e dá um beijo no alto da testa.
- Durma bem.
- Boa noite.
Riza saiu do quarto e pensou em Roy. Se ele estivesse sozinho podia se machucar.
- Eu sei que vou acabar me arrependendo.
A loura vai até o quarto e pega o casaco.
- Vai sair, Riza-san?
- Tenho que sair um minuto, você pode olhar a Amy para mim? Ela já está dormindo.
- Claro, mas o que foi?
- Eu só preciso ver uma coisa.
- Hai, e cuidado, suas duas costelas ainda não estão curadas.
- Hai.
Riza pega as chaves do carro e sai. Só iria ver se ele estava bem.
Continua...

Novamente desculpas, não deu tempo de ajeitar a formatação que o nyah deixou o texto como no dois primeiros!!!

juro que vou arrumar nos outros!!!
Comentem!!
kiss kiss

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