- Você sempre foi inútil, pessoa que eu não sei o nome. - Ele disse, e eu me lembrei que ainda não tinha dado meu nome à ele.

- Cara, você é tão mané. - Eu disse.

- Retire o que disse ou você volta andando pra casa. - Ele disse.

- O fato de você ter me dado uma carona te torna 0,001 menos mané. - Eu disse.

- Já me dou por satisfeito... - Ele retrucou. Ficamos em silêncio por um tempo, o que eu logo quebrei.

- Colega você tem idéia de que nós perdemos os três primeiros horários ? Eu fui dispensada, mas você tá meio que matando aula agora. 

- Sim, tenho idéia. Vir a aula faz parte, já matar aula é arte.

- Mate feliz a sua aula, seu assassino. Vou embora de ônibus. 

- Certeza ? -  Ele perguntou.

- Sim, até porque eu não iria te dar meu endereço mesmo... - Eu disse, e ele riu. 

- Acho que também vou pra minha casa, se eu voltar pra aula hoje acho que vou ser suspenso . - Ele disse.

- Com certeza  vai. - Eu me virei, e fui embora.  O ônibus estava passando naquele exato momento, e eu subi. Foi uma viagem normail, exceto por uma mulher que estava gritando muito com alguém no telefone. Desci do ônibus. Agora era só andar mais um quilômetro, só mais um... Quando me dei conta, estava subindo o morro que levava para a minha casa.  Como o tempo está passando rápido hoje... Eu, como membra frequentante do clube dos gordos, já estava morrendo de fome. Assim que entrei em casa, me sentei na mesa. Zeus, meu pai (Nomezinho escroto, né ? Digamos que meu avô tinha um fraco por mitologia. ) já estava colocando meu prato. Meu irmão , Jason, logo reparou na coisa branca enorme na minha mão.

- O que aconteceu, Thalia ? - Ele perguntou.

- Eu tava com raiva da vida, então segui o exemplo da Orfã e resolvi quebrar meu próprio braço. - Ele me olhou meio assustado. - Logico que não, seu mané. Um idiota me fez cair em cima do meu próprio pulso. Jason e Papai me olharam de um jeito estranho, mas depois ficaram quietos, como se aquilo fosse normal. 

- Eu serei o primeiro a assinar ! - Jason gritou , eu revirei meus olhos.

Como minha família me ama. Assim que comi, não perdi tempo e fui logo para o meu quarto. Fui ouvir rock pesado, e entrar no facebook, que cá entre nós, é um vício que todos temos. Depois de um tempo, fiquei pensando na minha vizinhança. Eu morava ao lado do senhor Willburn. O velho mais chato e rabugento que existe. Ele não sabia que a internet tinha sido inventada, e dizia que rock era repugnante. Passaram - se uns quinze minutos, e eu decidi assistir televisão. Tava passando Adventure Time, meu desenho favorito. Só que eu não estava conseguindo ouvir direito, tinha um barulho ensurdecedor vindo da casa do senhor Willburn. E o barulho era... Chop Suey ! Umas das minhas músicas favoritas. Mas, pera aí... Existe Chop Suey versão disco de vitrola ? E o senhor Willburn não odiava rock ? Bem, isso não me importa. Só eu posso incomodar as pessoas com rock pesado enquanto elas assistem TV, e não o contrário ! Decidi tomar uma atitude. Saí de casa, eu fui direto para a casa do senhor Willburn pra mandar ele abaixar o som. Toquei a campainha e fiquei esperando a cara feia do senhor Willburn aparecer. 

- Boa Tarde, em que posso ajudar ? - Ele perguntou .

- Senhor Willburn o senhor... - Começei , indignada. Mas aquele não era o senhor Willburn. Longe de ser. - Oh. Vejo que não é o senhor Willburn... - Eu disse.

- Não, pelo que meus pais me contaram, eu sou o senhor Jackson. Mas acho que já sei o que aconteceu. O senhor Willburn vendeu a casa pra gente, e disse que não aguentava mais morar aqui. E avisou pra tomarmos cuidado com a garota dessa casa. - Ele apontou para a minha casa. MALDITO velho ! Só porque eu tentei afogar o gato dele semana passada... Espera, eu lembro desse cara ! Foi o médico que me atendeu hoje. Que sorte a minha, uma divindade grega morando bem ao lado da minha casa. Fiquei babando um pouco em cima dele, mas consegui recuperar o foco.

- Bem, eu serei breve e direta. Eu aprecio muito o seu gosto musical, senhor, mas o barulho está muito alto, e isso está me incomodando.  - Eu disse. - Mas bom saber que o senhor ouve System Of A Down, temos um gosto em comum. - Terminei. 

- O que ? Eu detesto essa caixa de marimbondos. Quem ouve essas porcarias é o meu filho. - Ele disse.

- Ótimo, o senhor poderia pedir a ele pra abaixar o som ? - Perguntei, esperançosa.

- Eu sinceramente, já entreguei os pontos. Cansei de pedir pra ele abaixar essa droga de som, e ele nem liga. Se quiser tentar... - Ele disse, e eu assenti. - A caverna dele é lá em cima, segunda porta à esquerda. - Ai desse garoto se ele me ignorar... Thalia Grace jamais entrega os pontos. Entrei na casa, e subi as escadas. Abri a porta do quarto, que era completamente azul, com um enorme aquário no centro.  Fui entrando, e reparando nos detalhes. O quarto estava completamente vazio, a não ser pelo notebook em em cima da cama, e alguma  revistas de rock no chão. De repente a porta se abre. Me viro num pulo, e dou de cara com um Percy completamente assustado, e surpreso ao mesmo tempo.

- Você ?! - Dissemos ao mesmo tempo.