Percy entrou na barraca com um ar frustrado e parecia um tanto sonolento. Ele se deitou em seu saco de dormir, e eu esperei ele chegar perto de mim e tentar me abraçar, mas ele não o fez. Fiquei olhando pra ele com uma cara de interrogação gigante, enquanto observava ele se afastar cada vez mais de mim. Mas que tipo de merda era aquela? Não que eu tivesse curtido a noite anterior, mas por que ele queria distância de mim? Ora, vai dizer que foi APENAS porque eu acertei ele com um objeto cilindrico de ferro? Ok. Acho que isso foi realmente ruim, mas não era motivo pra ele criar distância de mim, como se eu fosse perigosa com a minha barra de ferro ou algo do tipo. Ok, talvez eu fosse realmente perigosa, mas isso não vem ao caso. Percy sempre colocava a culpa de tudo em mim, e eu realmente odiava isso, mas agora ele não estava falando nada e ainda sim eu me sentia muito culpada... que macumba é essa, Jesus? Toquei no ombro dele, mas ele não reagiu. Toquei mais uma vez, e nada. Me virei para o outro lado, e estava quase dormindo quando ouvi uma voz fraca do outro lado da barraca. Se é que poderiamos chamar de outro lado, porque mesmo com toda a repugnancia que Percy pudesse sentir por mim o máximo de distancia que ele poderia tomar daria mais ou menos um centímetro. 

- Mas que diabos, o que você quer comigo logo agora... - ele disse, e eu me virei, percebendo que ele também estava virado.

- Nossa, me desculpa se eu atrapalhei seu precioso sono,   Sr educação. - eu disse irônica. 

- Ha.Ha. Como se você fosse a educação em pessoa, Grace. - ele disse, e eu fiquei vermelha de raiva. 

- Oh, que bonitinho, vamos começar a tratar um ao outro pelo sobrenome, Jackson? - eu disse. Mas que merda, será que até um pedido de desculpas esse retardado consegue transformar em uma briga? 

- Nossa, quantos anos você tem, Grace? Quanta maturidade, hein? - ele zombou de mim.

- Verdade, inclusive acho que terei que me render ao Sr. Adulto em pessoa aqui - sorri com escárnio.

- Será possível que você não consiga ser legal nem ao menos uma vez? - ele estava gritando.

- Será possível que você não consiga parar de apontar meus defeitos nem ao menos uma vez? - eu me sentei com as pernas cruzadas, e ele também.

- Grossa! - ele disse me encarando.

- Otário. - dava pra sentir o ódio em nossos olhares.

- Estranha. - ele disse, e aquilo me doeu. Por onde eu passava me classificavam como estranha, não importava o quanto eu tentasse mudar isso. Idiota fui eu quando pensei que Percy poderia ser diferente.  Uma lágrima ameaçou escorrer, e eu senti o olhar de Percy falhar um pouco, mas impedi que a merda acontecesse e consegui disfarçar.

- Você só sabe lamber o cu da Annabeth - eu disse, mesmo sabendo que aquilo não era e jamais seria verdade. 

- Você só sabe lamber o cu do Di Angelo. - ele disse, e eu ri por dentro. Nico era legal, divertido e até que bem bonito, mas acho que só rolaria algo entre a gente em um universo paralelo.

- Talvez eu faça isso porque ele seja melhor que você. - eu cuspi as palavras na cara dele, e senti ele vacilar um pouco.

- É, talvez seja isso mesmo. Quer saber, vocês deveriam namorar. Vocês se merecem. Os dois são idiotas, estranhos e egocêntricos. E parecem defuntos com essa pele cor de pó de arroz! - ele zombou, me deixando MUITO irritada.

- Primeiro: defunto é a sua vó. Segundo: Qual é a do ódio profundo com o Nico? - eu perguntei, os olhos queimando de ódio. Dava pra ouvir nossos gritos lá da puta que pariu, segundo relatos de Nico e Annabeth.

- Ele tem uma coisa que eu não tenho. - ele disse cabisbaixo, mas aquilo não diminuiu a raiva do momento. 

- POSSO SABER O QUE É? -eu estava gritando, completamente alterada e fora de mim. 

- Você... - Pensei ter ouvido, mas era apenas a minha mente me enganando mais uma vez.

- Eu te odeio. - eu disse com ódio.

- E eu odeio mais ainda. - ele disse. Ficamos nos encarando por um tempo, como que em um jogo. O clima estava tenso, e eu tinha que fazer alguma coisa. Tinha que continuar a briga, não podia perder. Não podia tirar armadura  e revelar o que realmente estava se passando. Mas eu não estava aguentando mais. Era muita coisa, coisa na minha cabeça, coisa no meu coração... eu não podia mais me dar ao luxo de sustentar a fachada de "Moça Briguenta". Eu ia dizer alguma coisa, mas Percy se levantou.

- Aonde vai? - eu perguntei.

- Por que se importa? - ele me fuzilou com o olhar.

- Eu não me importo. - disse fria. 

- Beleza então. - ele abriu o zíper da barraca, e saiu. Eu fui atrás. Ele tinha dado apenas uns cinco passos, quando eu o chamei.

- Percy, espera. Fica aqui. Vamos só conversar, ou algo do tipo - eu dei um sorriso torto, e Percy se virou.

- Só conversar, ou algo do tipo. Só conversar, ou algo do tipo - Ele me puxou pela cintura e me encostou em uma árvore. É, nós não iriamos conversar merda nenhuma.