Sedução Da Noite escrita por Leelan Schaffer


Capítulo 39
Sangue e álcool: Combinação perigosa.


Notas iniciais do capítulo

I got a little secret for ya
I never sleep when comes the night
But everytime I smack my fingers
I switch back into the light.
— (Morning After Dark) Timbaland ft. Soshy



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– Ser vampiro é o máximo! – Alexya exclamou excitada. – Eu nunca vou entender por que vocês vampiros estão sempre tão mal humorados...

Sabina riu com o comentário e Lucian apenas balançou a cabeça em consternação.

– Daqui uns cinqüenta anos você vai começar a ficar tão mal humorada quanto nós, vai por mim. – Sabina respondeu.

Eles estavam na área Vip do clube Metamorphose. Para a surpresa de Alexya, Lucian era o dono do Lugar e seu primo Matt era um lobisomem.

Sim, ela meio que surtou quando soube sobre seu primo.

“Eu me meti em uma briga há uns dois anos, Alex.” Matt havia explicado. “Foi uma coisa estúpida, realmente. Mas acho que todas as brigas por causa de garotas sempre são. Eu queria dar uma lição em Kyle, sabe. Minha garota andava dando muita moral pra ele e eu era um babaca ciumento. Então, eu tentei emboscar ele no estacionamento depois de uma festa. E eu estava dando uma surra nele, baby. O maldito já tinha um par de olhos roxos e o lábio arrebentado. Eu ia acabar com ele ali e a minha garota iria ver que ele era um merdinha. Ou ao menos era isso que eu pensava. O filho da puta se transformou na minha frente e me mordeu. Ele quase levou minha perna com uma dentada, e só não me mordeu mais por que alguém deve ter visto a briga e chamou a policia. Ninguém acreditou em mim quando eu disse que o cara tinha virado um lobo enorme, e acharam que eu tinha usado algum tipo de droga. Eu decidi que não valia o problema tentar contar pras pessoas o que tinha acontecido e deixei pra lá. Eu também nunca mais vi o cara. Até a lua cheia. Ele apareceu na minha casa quando anoiteceu e eu sai pra fora querendo respostas, sabe? Mas aquela maldita Lua cheia estava lá no céu, grande pra caramba, e eu só senti aquela dor me rasgando por dentro. Eu não lembro de muita coisa depois disso, só de acordar no meio da floresta completamente pelado no dia seguinte. O Kyle estava dormindo ao meu lado pelado também.” Matt riu consternado. “Eu pensei que tinha virado viado, Alex. Fiquei apavorado, queria arrancar os cabelos. Olhei pro Kyle completamente peladão ao meu lado e fiquei me perguntando quem era o passivo e o ativo. É claro que quando ele acordou e eu contei isso pra ele eu levei um soco na cara só pra parar de pensar bobagem.”

Alexya decidiu que essa informação era muito preciosa para que ela deixasse passar. Pobre Kyle. Assim que ela colocasse suas mãos nele, ele iria se arrepender das brincadeiras desaforadas.

– Você já escolheu? – Lucian perguntou no ouvido dela e Alexya deu um pulo.

– Pra que me assustar? – Ela perguntou furiosa. – Sim, eu quero o loiro bonitinho que está ali no bar.

Alexya sinalizou em direção ao bar, onde David atendia um homem loiro muito atraente. De onde eles estavam o cara parecia ser apetitoso. E ele era um colírio para os olhos, é claro.

– Claro, o loiro. – Lucian murmurou para Sabina e a vampira riu.

– Que foi? Ele é bonito. – Alexya se defendeu.

– Realmente muito bonito. – Sabina concordou.

– Por que não me surpreende o fato de você estar atraída por ele? Ele me parece muito com seu ex-namorado. – Lucian alfinetou.

Ah, então era sobre isso. Alexya pensou.

– Melhor ainda. Assim eu posso arrancar um pedaço do pescoço dele pensando que é o do Josh. – Alexya respondeu.

– Não pode não. – Lucian repreendeu. – Você não vai criar escravos de sangue ainda.

Alexya cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha para seu mestre.

– Posso saber o por quê? Tem regras sobre isso também?

– Bem, não. – Lucian se mexeu desconfortável no sofá. – Mas ele não é seu ex-namorado, Alexya. Não é certo.

– Tá, que seja então. – Alexya deu de ombros. - Posso ir lá?

– Não é como se eu pudesse te impedir. – Lucian argumentou.

– Ainda bem que você sabe. – Alexya mandou uma piscadela para seu mestre enquanto se afastava.

Ela estava se sentindo incrivelmente poderosa. Não conseguia se lembrar a ultima vez em que havia se sentido tão bem. Ser um vampiro era algo tão incrível que o fato de ter que beber sangue não parecia mais algo tão ruim. Ao que parece, a transformação também alterava a perspectiva de vida.

– Ahn, esse lugar esta vago? – Alexya perguntou fingindo inocência enquanto pousava sua mão no ombro do cara loiro e indicava o banco vazio ao lado dele.

Ele estivera olhando as outras pessoas no balcão e seu rosto se virou de solavanco ao ouvir a voz de Alexya. Ela gostava do jeito que a voz dela soava mais melodiosa após a transformação. Parecia suave como a canção de uma sereia e carregada de um poder que ela somente começava a entender.

– Claro, está sim. – O homem sorriu para ela flertando. Seus olhos azuis escuros correndo pelos traços delicados do rosto de Alexya e em seguida suas curvas femininas que estavam muito bem desenhadas em um vestido negro de noite que Sabina havia emprestado a ela.

O homem virou seu corpo de frente para o de Alexya de forma interessada, seu braço apoiado no balcão e sua perna cruzada nos tornozelos. Tudo nele indicava que estava confortável e seguro de si, mas um dos novos poderes de Alexya fazia ela saber que na realidade não era bem assim.

O nariz de Alexya coçava com o cheiro de pimenta que exalava do homem. Desejo. Um odor um pouco mais pútrido fazia ela saber que ele estava incrivelmente tenso, e o álcool de exalava dos seus poros fazia ela perceber que seu amigo, além de excitado e nervoso, estava bêbado.

Após Alexya sentar-se no banco ao lado do cara loiro, ela pediu o de sempre para David, que a olhou com surpresa ao constatar que ela agora era uma vampira.

– Eu deveria ter sabido. – David comentou baixinho de forma que somente ela com a audição de vampiro ouviria. – Nos cem anos em que trabalho para Lucian, nunca vi ele transformar uma escrava de sangue após vinte minutos de conversa em um bar. Você é especial.

Alexya sorriu por educação para o barmen.

– Sorte a dele ter percebido. – Resmungou.

– Então, você vem sempre aqui? – O cara loiro perguntou assim que David se afastou.

Alexya sorriu forçadamente. Tinha perdido todo o interesse na paquera aquela altura. O fato do intrometido barmen citar o nome do seu mestre que a cuidava com olhos de falcão da área vip não ajudava.

– Cantada nada original essa, não é? – Alexya perguntou.

O cara riu sem jeito e por um momento Alexya podia até sentir pena dele. Ele era patético.

– Sim, sim. Mandei meio mal. Sou horrível com essa coisa de cantadas, sabe? – Ele exalava nervosismo por cada poro e aquilo só fazia Alexya perder cada vez mais o interesse nele.

– Que tal a gente pular essa parte e ir logo pra parte onde você e eu nos pegamos no deposito da boate? – Alexya se concentrou para colocar a sugestão hipnótica em sua voz. Ela podia imaginar que suas pupilas tinham dilatado até que a Iris fosse uma aureola dourada ao redor dos seus olhos.

– Claro, tudo o que você quiser. – O homem olhava sonhadoramente para ela agora. – Você tem olhos tão lindos.

Alexya sorriu mostrando a ponta de uma das suas presas que tinha descido.

– Também já ouvi isso antes. – Fez sinal com a cabeça em direção aos fundos da boate. – Vem comigo.

– Ah, ok. – O cara loiro assentiu e correu para acompanhar os passos rápidos de Alexya.

Velocidade de vampiro é legal, mas... Tem que se controlar.

Alexya abriu uma porta onde se lia ENTRADA PROIBIDA. Empurrou o cara loiro para dentro da sala vazia e escura, então seguiu atrás dele. A sala era um completo quadrado sem nenhuma mobília. Não havia um interruptor para acender a luz por que não era necessário, eles enxergavam perfeitamente bem no escuro e aquela sala, assim como as outras cinco iguais a ela, foi projetada para alimentação dos vampiros.

Ela empurrou o cara loiro na parede ao lado da porta e colou seu corpo ao dele. Correu suas mãos pelos ombros largos como se apreciasse o físico do cara, mas ela não estava realmente interessada. Alexya passou a ponta do seu nariz pelo nariz do homem e em seguida desceu até a curva do ombro, fazendo com que arrepios percorressem pelo corpo da sua presa.

Quando as presas de Alexya se estenderam até o limite ela passou sua língua no pescoço do homem e em seguida cravou seus dentes na pele macia sem dificuldades. Seus dentes começaram a sugar o sangue para dentro dela e sua mente se encheu de um êxtase doce. Alexya podia alcançar a mente do homem como se fosse um livro com gravuras e letras grandes que estava nas suas mãos. Ela não se importava com ética, não mais, e aproveitou a chance para aprender mais sobre seus poderes novos.

Ethan. Esse era o nome do cara loiro. Ele tinha acabado de se formar na faculdade de odontologia e ganhou de presente de formatura um pé na bunda da sua noiva. Fazia apenas um mês e a garota já havia arrumado um novo namorado. Sophie, esse era o nome dela. Ela era dona de grandes olhos castanhos e cabelos loiros. Ethan havia achado Alexya incrivelmente parecida com sua ex noiva e pretendia levar o encontro dos dois adiante.

Tá certo, amigo. Isso não vai rolar. Alexya pensou.

Ethan resmungou e se encolheu como se tivesse levado um tapa, e Alexya percebeu que tinha projetado o pensamento na cabeça do pobre cara com muita força. Suas presas se retraíram e ela passou a língua por cima do ferimento. Isso ajudaria a cicatrizar mais rápido, segundo Sabina.

– Você vai encontrar a pessoa certa pra você. – Alexya murmurou tropegamente.

Ao que parecia, Ethan estava mais bêbado do que ela havia imaginado. E seu mestre não havia informado a ela que beber sangue com álcool deixaria ela bêbada.

– Lucian idiota. – Ela murmurou enquanto saia da sala deixando Ethan para trás. Ele que se virasse em encontrar seu próprio caminho para fora do clube. Ao menos ela tinha deixado a porta aberta.

O sangue de Ethan continha tanto álcool que era mais fácil dizer que tinha sangue no álcool dele, ao invés de dizer que tinha álcool no sangue. O corpo de Alexya parecia pesar quase nada e ao mesmo tempo pesava de mais e por duas vezes ela se viu caindo para os lados. Tudo parecia engraçado e ela tinha um sorriso estúpido no rosto. Seus olhos pareciam pesados de mais e sempre ficavam meio abertos, mas não completamente. No momento em que saiu da sala de alimentação, ela era portadora de dois pés esquerdos que simplesmente não queriam cooperar com ela.

Ela se encostou na parede do lado de fora da sala e foi deslizando até sentir o chão gelado e baixo dela. Era divertido sentir a parede roçando as costas dela enquanto ela ia caindo, mas ela tinha um propósito para aquele gesto além de brincar com a parede.

– Sapatos estúpidos. – Alexya resmungou e após três tentativas de desafivelar as tiras da sandália ela simplesmente deu um puxão e as arrancou das costura. – Ops.

Ela teve um ataque de riso ao imaginar a cara que Sabina faria assim que visse o que ela havia feito com os sapatos da vampira. Alexya ficou séria novamente.

– Ela vai me matar. – Ela pensou assustada. E então ela lembrou que ela já estava morta mesmo, então não tinha muito que a vampira pudesse fazer a ela.

Sic. Um soluço escapou dela e ela começou a rir de novo com as tiras do salto na mão direita e o que restou do calçado na mão esquerda. Suas pernas estavam esticados e ela olhava para o teto da boate enquanto ria descontroladamente. Sic.

– Soluço – Sic. – Estúpido.

Alexya se esforçou para levantar do chão mas seu corpo não cooperava. Assim que ficou sobre seus pés novamente, ela começou a tombar para o lado.

– Merda de humano borracho. – Ela esbravejou. – Beber não vai mudar o fato da sua ex ser uma vagabunda.

– E só agora que você me diz isso? Eu estive sacrificando meu fígado sem nenhum motivo. – Alguém disse bem humorado atrás dela.

Alexya se virou rápido de mais e quase caiu novamente. Mas braços fortes a puxaram para um peito musculoso e por mais que suas pernas estivessem meio moles e em uma posição meio doida, ela ainda estava de pé.

– Hein? – Ela perguntou enquanto olhava para cima. – Ah, é você.

Josh riu da cara que Alexya fez e a afastou do seu corpo, enquanto ajudava ela a se estabelecer nos próprios pés.

– Esperava outra pessoa?

– Você ta me seguindo? – Alexya o acusou sem responder a pergunta do seu ex namorado.

– Por que você pensaria isso? – Josh se esquivou.

– Tá, que seja. Vai a merda. – Ela resmungou e começou a se afastar caminhando engraçado.

– Hey, espera. A gente tem que conversar. – Josh segurou o braço de Alexya tão forte que se ela ainda fosse humana teria quebrado os ossos.

– Eu não tenho nada pra falar com você, seu idiota. – Alexya tentava manter uma postura durona, mas ela não podia enganar ninguém. Estava completamente bêbada. – Vai morder tuas pulgas e me esquece.

– Você tem sim algumas explicações pra me dar. – O rosto de Josh se alterou somente o suficiente para ela saber que ele já não era um humano comum. A transformação havia ocorrido.

Puta merda.


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Notas finais do capítulo

Ta, eu sei que vocês estão querendo me matar pela demora. E eu sei que eu meio que mereço, mas parece que toda vez que eu sentava pra escrever alguém aqui em casa me chamava pra fazer alguma coisa. (Vida de casada não é mole gente, sério.) Então, minhas sinceras desculpas. Mas espero que o capitulo esteja legal pra vocês.
PS: Alexya bebada... Só dando com um gato morto na cabeça, porq, né.