POV Annabeth

A mesma dor que senti de manhã cedo voltara, e agora estava pior que antes. Meus joelhos cederam e eu não consguia levantar. A situação estava muito feia, e eu me sentia patética caída sem fazer nada. Parecia que havia uma mão por dentro de mim, esmagando o meu coração. Já não conseguia respirar, o ar parecia não querer entrar em mim.

Jason resistiu até o último segundo ao meu lado, mas quando Piper gritou, eu já não podia mais deixar que ele me protegesse. Um jato de adrenalina percorreu minhas veias e esquentou meu corpo. Jason precisava ajudar Piper, e eu tinha que me virar sozinha. Tentei ignorar a dor. Mandei que ele fosse salvá-la, e ele foi.

As duas cabeças nocauteadas levantaram-se, e as outras duas que deixaram de atacar Jason, viraram-se para mim. Eu não podia simplesmente colocar meu boné e ficar invisível, porque se não todas as cabeças iriam direto para Jason e Piper.

A dor ainda não havia cessado, mas a adrenalina obrigou meus músculos a funcionarem. Rolei para a esquerda fugindo de duas cabeças, isso significava que faltavam duas. Levantei-me e esquivei das outras duas que me atacaram pela direita. Corri em direção a duas árvores gigantes, de troncos muito grossos, que provavelmente seriam necessárias dez pessoas para abraçar cada uma delas.

As cabeças começaram a se esticar para me alcançar, achei que o pescoço delas não seria grande o suficiente, mas me enganei. Há dois metros das árvores comecei a pensar em algum improviso. Escondi-me atrás do tronco da árvore da esquerda. As cabeças me deram uma folga de dez segundos, que foi o suficiente para eu armar um plano. Assim que elas me acharam atrás do tronco, duas delas estavam de um lado, e duas do outro.

Enfiei o boné, e saí correndo para a árvore da direita. Tirei o boné.

– Girafinhas mutaaaantes. – cantarolei – Estou aqui.

Assim que me viram, elas se esticaram. O par de cabeças que estava ao lado esquerdo da árvore esquerda se esticou, e fez um águlo de 90°, exatamente o que eu tinha imaginado. As da direita, porém vieram mais rapidamente. Esperei que chegassem bem perto de mim, e corri em volta da árvore. Elas me acompanharam e fizeram um novo angulo. Faltava apenas o toque final para acabar com elas.

Assim que as duas me viram, começaram a se esticar com mais força. Elas pensavam que eu estava encurralada. Corri para o centro entre as duas árvores. Elas abriram suas bocas peçonhentas e já estavam prontas para o bote um metro antes me alcançarem. Coloquei o boné, e me esquivei para o lado, deixando que as duas de matassem.

A dor estava começando a cessar. Corri para o campo, onde Jason acendia um isqueiro para queimar as cabeças cortadas.

– Annie! – Piper gritou, correndo até mim.

Ela me abraçou e me olhou de cima a baixo, para conferir se eu estava inteira.

– Estou bem. – eu sorri, sentindo a dor cessar por completo.

– O que aconteceu com você?

– Não sei. – eu disse – Mas agora não temos tempo de falar sobre isso. Cadê o Grover?

– Béh! Estou aqui! – Grover acenou, na porta de uma lojinha parcialmente destruída.

POV Grover

Não tinha ninguém em nenhuma casa. Tentei farejar o cheiro marinho de Percy, mas o máximo que encontrei foi um pedaço de torta de atum. Yey!

A luta lá fora me pareceu dura, mas não tive como ajudar. Fui de casa em casa farejando qualquer rastro possível, mas nada. Em uma loja de conveniências, encontrei o jornal local daquele dia. Comecei a folhear e me assustei com uma foto na segunda página. Fui até a porta. Já estava silêncio lá fora, a hidra estava morta e Annabeth perguntava de mim.

Acenei e os três vieram ao meu encontro.

– Sentiu o cheiro dele? – Annie perguntou esperançosa.

– Não, mas tava lendo o jornal e...

– Estava lendo um jornal enquanto quase morríamos? – Jason disse.

– Ei, eu fiz meu trabalho! – omiti a parte da torta de atum – E olha o que eu encontrei no jornal.

Mostrei-lhes a foto de Stephanie.

– Quem é essa? – Annabeth perguntou, com uma cara estranha.

– Stephanie. – Piper respondeu – É uma reportagem sobre o aniversário dela no...

– No Castelo de Santa Cecília. – peguei o jornal e li o trecho da reportagem que nos interessava – A adorável princesa Stephanie Carvalho completa dezessete anos no dia 18 deste mês. A festa será realizada no Castelo de Santa Cecília, com início às vinte e duas horas. Os convites foram distribuídos ontem e o Castelo está super movimentado com os preparativos. A maior aposta é sobre a cor do vestido da princesa. As favoritas são vermelho e dourado. Blablablá...

– Onde fica esse Castelo? – Annie perguntou.

– Aqui diz que a Vila de Santa Cecília se prepara para deixar tudo em perfeita ordem, porque a estrada, por onde os convidados chegarão, passa por dentro da vila, e o rei ordena que tudo esteja perfeito.

– Então é para lá que vamos? – Jason perguntou.

– Com certeza. – Annabeth ajeitou a mochila nas costas e foi em direção a moto – Vamos voltar à fronteira e lá pedimos informação.

– Ah não! – eu gemi – Moto não!

– Moto sim. – Annie sorriu.

– Béh, eu quero ir com a Piper!

– Eu não sei pilotar, Grover. – ela disse.

– Ou vai comigo, ou com Jason. – Annie colocou o capacete.

Olhei para Jason, com cara de cachorro abandonado.

– Ah cara, sem ofensas, mas não quero você me abraçando por trás.

– Béh! Nem eu! – eu fiz cara de nojo, e coloquei o meu capacete – Tudo bem, eu vou com você, Annie. Mas, por favor, não corre.

– Ok. – ela deu a partida e acelerou.