POV Piper

Estava na cara que Annie não estava bem. Havia algo a mais acontecendo com ela, sem ser o sumiço do Percy, mas ela não comentou nada. Eu sabia, porque tenho intuição de sentimentos, coisa de filha de Afrodite. Aparentemente ela tentava ficar fria, calma e racional, mas sua linguagem corporal era de agito, angústia, raiva e medo. Até Jason, que é insensível a essas coisas, percebeu.

Pegamos um voo até uma cidade perto da fronteira Brasil/Santa Cecília. Jason manipulou o ar, e chegamos bem mais rápido do que o previsto, mas ele ficou exausto. Prometi-lhe uma massagem, quando firmassemos acampamento.

Eu “pedi com jeitinho” – outro dom mágico que eu tenho – para o funcionário da fronteira que arranjasse documentos certinhos para todos nós, e ele trouxe tudo em meia hora.

- Eu queria pedir algumas coisas pra Juniper, desse jeito. – Grover deu uma risadinha.

- Grover! – eu o repreendi – Só uso em emergência.

- Jason que se cuide. – ele riu.

- Eu faço tudo o que ela quer. – Jason riu e me beijou.

- Vamos atravessar, gente. – Annabeth disse em voz baixa.

Grover, Jason e eu nos entreolhamos. Seguimos ela em silêncio até o barco que atravessava a fronteira.

POV Jason

Andar de barco não é legal. Qualquer transporte marítmo me deixava enjoado, e era difícil conter a ânsia de vômito. Por sorte, essa viagem demorava apenas vinte minutos, mas perdi as contas de quantas vezes corri para longe de Piper, para que ela não me visse vomitando.

Quando finalmente colocamos os pés no chão, Annabeth começou a explicar o plano, que provavelmente tinha pensado durante a viagem, já que ela não abriu a boca para nada, além de mandar Grover calar a boca, quando ele tentava contar uma piada.

- Supondo que Percy está no castelo, ou na vila mais próxima, nós temos que nos separar. Piper e Jason, vocês estão acostumados a trabalhar em dupla, assim como eu e Grover. Nós vamos para o castelo e vocês para a vila. – ela me olhou – Tudo bem?

- Certo. O que vamos fazer?

- Não sabemos se Percy está sozinho, se foi capturado... – sua voz falhou, mas ela logo tratou de se recompor – Em todos os casos é melhor agir com cautela, mas não podemos demorar.

- Dá tempo de comer uma torta de atum? Ouvi dizer que é especialidade daqui... – Grover disse.

Annabeth fez uma cara de quem fosse espancar Grover, mas ela apenas respirou e continuou:

- Nós vamos caçar monstros.

- O quê? – Piper se espantou – Mas Annabeth, temos que focar no Percy...

- E estamos em completa desvantagem. – soltei uma informação confidencial, sem querer.

- Onde há monstros, há Percy, galera. – Grover disse.

- Exatamente, mas... – Annabeth me examinou – Não entendi o que você quis dizer, Jason.

Soltei um xingamento mentalmente. Droga, eu estava encrencado.

- Eu quis dizer que só estamos em quatro pessoas e...

- Isso nunca foi problema – Annabeth me cortou – Anda Jason, o que você sabe e não quer nos contar?

Abri a boca para explicar, mas fui interrompido por um barulho de explosão ao sul.

- Entrando em ação em três, dois, um... – Grover disse.

Annabeth olhou em volta por no máximo sete segundos.

- Piper, peça àqueles dois homens que nos emprestem suas motos.

Annabeth realmente era a melhor estrategista. Eu haveria demorado muito mais para decidir o melhor transporte e como conseguí-lo, e ela fez tudo muito rápido. Piper ajeitou o cabelo, piscou para mim, e saiu andando em direção a dois caras, parados em frente ao estacionamento do embarque e desembarque do barco. Fomos atrás dela.

Conseguimos as motos, eu pilotei uma, e Annabeth a outra. Ela saiu na frente, arrancando, e Grover gritou que nem uma menina, enquanto mandava Annabeth parar.

Piper e eu quase ficamos para trás, não conseguíamos para de rir, mas em dois minutos chegamos no lugar da explosão: um bairro residencial afastado de alguma vila ali perto.

Uma hidra gigante com sete cabeças estava loucamente destruindo tudo, procurando alguma coisa que não encontrava. Assim que chamos há 200 metros dela, ela sentiu nosso cheiro e investiu contra nós.

- Grover! Você procura o Percy, seu olfato é o melhor de todos. – Annabeth gritou – Jason e Piper, vamos matar essa coisa!

- Béh! Não precisa falar duas vezes. – Grover correu por trás das casas e começou seu trabalho.

- É a nossa vez. – eu disse, convocando uma fornada de raios quentinhos.

Disparei alguns em duas cabeças, mas elas desviaram. Olhei em volta, Annabeth começou a desembaiar sua faca, e pegou seu boné-maneiro-da-invisibilidade, mas de repente ela caiu no chão e se retorceu.

Duas cabeças da hidra viram-na vulnerável e começaram a se lançar em sua direção. Abri meu escudo, e corri para a frente de Annabeth, que não virou comida de hidra por poucos segundos.

- Annabeth, levanta! – eu gritei.

- Não consigo. – ela gemeu, com a mão no peito, se retorcendo.

Que droga estava acontecendo com ela? Procurei Piper no campo, ela estava subindo nas costas da hidra. Três cabeças foram lutar com ela, e eu comecei a entrar em desespero. Nocauteei as duas cabeças que tentavam atacar Annabeth em um movimento com o meu escudo, mas outras duas vieram lutar. Convoquei alguns raios.

- Jason!!! – Piper gritou.

- Annabeth, por favor levante! – eu implorei, enquanto lançava um raio em uma cabeça que quase bateu em Piper.

- Corra para a direita, Jason. – Annabeth disse fraca, ainda se retorcendo.

- O quê? – eu disse – Levante-se primeiro.

- Corra agora! – ela falou, me encarando.

- Annabeth, levan...

- Jason, é uma ordem! – ela gritou muito alto.

Eu não tinha mais nenhum segundo para discutir, então saí correndo pela direita, e fui por trás da hidra, em direção a Piper, que estava encurralada entre duas cabeças.