POV Jason

Viajamos dentro de uma carruagem completamente negra por dentro e por fora. Por sorte, a viagem durou pouco mais de meio minuto. Uau, era incrível viajar com um deus, e agora sabíamos como eles estavam em todos os lugares ao mesmo tempo. Viajavam no tempo e no espaço sem dificuldade alguma.

Assim que saímos, puxei Piper para tentar entender algumas coisas.

- Por que Annabeth fez isso? – perguntei.

- Porque ela o ama, Jason. – Piper disse emocionada.

- Mas ela o abandonou! É uma caçadora agora! Tinha que haver um jeito mais fácil.

- Jason, – Piper me olhou triste – ela sacrificou tudo o que mais lhe importava para ter Percy de volta, não percebe? Não foram apenas lembranças que ela trouxe de volta, mas foi todo o amor que ele tinha esquecido por todos! Por Sally, pelo seu melhor amigo Grover, por nós, pelo acampamento...

- Nossa. – eu finalmente entendi.

- Ela tinha duas opções: conquistar o amor dele de outras formas, e deixá-lo ficar esquecido de todo o resto, ou quebrar o feitiço, trazendo-o de volta, porém, sem poder se relacionar com ele.

- E por que ela não contou tudo a Percy?

- Se eu bem a conheço, Annie não quer que Percy se culpe por nada. Se ela contasse que fez isso por causa dele, ele nunca se perdoaria.

- Eu não sei se teria sido altruísta a esse nível. – eu disse.

- Mas isso não pode ficar assim, Jason. – Piper disse, começando a caminhar de volta para o grupo – Não é justo.

Ártemis havia pousado numa beirada lateral do Pão de Açúcar. Por ali não havia nada de estranho, e nenhum movimento.

- Oiiiie! – Leo gritou atrás de nós, e nos assustou.

- Cala a boca, Leo! – Thalia estava ao seu lado, quase o esmurrando.

- Por que você é sempre tão violenta, hein? – ele fez um biquinho.

- Porque você é irritante – ela disse, e olhou para nós, até parar os olhos em Annie – Annabeth?!

- Oi Thalia. – Annie deu um meio sorriso – Somos companheiras agora.

- O quê? – ela e Leo arregalaram os olhos e olharam para Percy – Por quê?

- Longa história. – Grover disse.

- Semideuses, estou sentindo uma presença. – Ártemis olhou para o cume – Está no topo, vamos subir.

Caminhamos cinquenta metros para cima, e quando finalmente alcançamos o alto do Pão de Açúcar, encontramos uma enorme jaula metálica negra, com coisas brilhantes dentro, e alguns adolescentes cercando-a.

Nos aproximamos mais, até eu conseguir ver que as coisas brilhantes eram os deuses presos, e os adolescentes eram Nico, Hazel, Frank, Reyna, Octavian, Drew e Juniper.

- E aí galeraaa – Leo acenou – Vocês também foram convocados para a missão! Que maneiro, vamos detonar isso aqui!

- Eu acho que não, Leonardo. – um homem musculoso de cabelos compridos negros e barba comprida disse – Olá velhos amigos, Annabeth, Perseu.

- Atlas! – Percy sacou a Contracorrente.

- Que recepção feia. – Drew comentou.

- Ju, saia daí! – Grove gritou para Juniper, que sorriu com desprezo.

- Seus idiotas – Octavian riu.

- Eles são os meus pequenos guardas. – Atlas gargalhou.

- Mas Hazel estava nos ajudando... – eu disse.

- O que você fez com eles? – Annabeth rosnou, mirando o arco-e-flecha em Atlas – E cadê a minha mãe?

Só agora pude perceber que todos, menos Atena, estavam na cela.

- Oh, vejo que já fez o juramento de Ártemis, Annabeth! Pobrezinha, você e Perseu eram um casal brilhante. – Atlas ironizou – A sua querida mãe está pagando uma dívida antiga comigo, ela está fazendo o meu antigo serviço! Claro, porque alguém ainda precisa segurar o céu...

Annabeth arregalou os olhos, colocou o arco nas costas e sacou sua adaga. Antes que ela pudesse correr para lutar com Atlas, Percy a segurou. Ela gritou, se debateu, mas ele continuou firme, segurando-a em silêncio.

- Você não pode ter feito isto sozinho! – Ártemis se posicionou para a luta.

- Ah, olá pequenina! – Atlas estendeu as mãos e Ártemis foi puxada por uma força invisível até ele – Você e Hermes me deram um trabalhinho extra, mas tudo está resolvido. Dez deuses são suficientes para o que eu preciso, afinal Héstia é uma inútil e Atena está ocupada.

Atlas segurou Ártemis pelos braços e a atirou para a jaula, ela foi literalmente sugada para dentro.

- Não! – Thalia gritou.

Atlas olhou para o céu e assentiu.

- Chega de papo furado, está na hora de começar o grande despertar. – ele pulou para cima da jaula dos deuses e ergueu os braços para cima – Guardas! Está na grande hora! Matem os intrusos!

Os sete antigos amigos formaram posição e sacaram suas armas.

- Parem com isso! – Piper usou seu poder de persuasão no máximo, porque até eu fiquei com medo.

Os sete ficaram confusos, hesitaram um pouco, mas logo se recompuseram. Impossível.

- Nem a mais poderosa persuasão de Afrodite pode tirá-los do transe. – Atlas disse – E agora, pelos poderes dos raios, do mar, do mundo inferior, da família, da paixão, da agricultura, das viagens, do sol, da lua e das ferragens, eu desperto Urano, o mais supremo e divino pai de todos.

Os deuses gritaram em um coro insuportável de dor e desolação. O brilho deles começou a se esvair para cima da jaula, passando dos pés até as mãos de Atlas, indo infinitamente para cima, até o céu. Atlas estava sugando os poderes dos nossos pais para despertar Urano.

Sacamos nossas armas. Os sete em transe vieram para cima de nós. Em quantidade, estávamos em equilíbrio: eu contra Octavian, Piper contra Drew, Thalia contra Hazel, Leo contra Frank, Percy contra Nico, Annabeth contra Reyna e... Grover contra Juniper.

- Não podemos machucá-los, eles são nossos amigos! – Leo disse, defendendo-se de um golpe de Frank.

- Diga isso a eles! – eu gritei, desviando a espada de Octavian.

- Alguém precisa parar Atlas! – Annabeth desviou de um golpe de Reyna.

Espiei Atlas com o canto do olho. Ele ainda estava sugando os poderes dos deuses, e o céu estava se tornando negro. Os fogos de artifício começaram a explodir longe de nós, mas sabíamos que esse era o aviso de que as coisas não prosseguiriam nada bem, como foi dito na previsão de Rachel.