POV Piper

Drew investiu golpes contra mim inúmeras vezes seguidas sem cansar. Ela, assim como todos os outros estavam sob efeito de algum poder de Atlas, estavam mais fortes e incansáveis, e nós não fazíamos ideia de como pará-los. Thalia e Annabeth estavam tendo dificuldades com Hazel e Reyna, elas estavam completamente fora de controle.

E uma caçadora não é imortal em combates. Tentei afastar esse pensamento da minha mente. Frank se transformava em tantos bichos rapidamente, que era difícil saber com o que Leo estava lutando. Nico e Percy, Jason e Octavian estavam de igual para igual, mas Grover... Coitado do Grover! Ele apenas ficava na defensiva, porque não tinha coragem de atacar a própria namorada, Juniper, e isso estava lhe custando alguns machucados.

Atlas parou de sugar os poderes dos nossos pais e deu uma gargalhada que sacudiu o Pão de Açúcar de cima a baixo. O Céu Negro parecia abaixar cada vez mais, a gravidade parecia nos puxar cada vez mais para o chão. A atmosfera ficou terrivelmente rarefeita, estava quase impossível respirar. O mar, centenas de metros abaixo de nós começou a invadir a cidade por causa de uma grande tempestade que vinha do horizonte em nossa direção.

A profecia estava se concretizando, e nós não havíamos feito nada para mudá-la. O mundo ruiria sob tempestades e desastres climáticos. Urano governaria a terra de novo, e despertaria outras criaturas para acabar de vez com a existência de deuses, semideuses e humanos.

POV Leo

Consegui certa vantagem com um golpe na perna de Frank, e saí correndo pelo campo da batalha, para ganhar algum tempo para pensar. Vi Thalia há uns dez metros, caída no chão. Hazel estava prestes a apunhalá-la. Avancei sobre ela com as chamas em minha mão. Hazel gritou, eu queimei seu braço direito. Ela tentou me acertar com a espada no peito, mas desviei a tempo de todos os seus golpes. Thalia começou a levantar-se, mas Frank não lhe deu muito tempo, e os dois começaram a lutar.

– Obrigada, Leo. – Thalia gritou, atacando Frank.

POV Thalia

– Sempre às ordens! – Leo sorriu, mas vacilou e foi acertado na coxa por Hazel.

Ele urrou de dor, e o sangue começou a jorrar. Assim que acertei uma flecha no pescoço da girafa (que na verdade era Frank) ele voltou a ser um menino, e vi que a flecha estava cravada em seu ombro. Ele caiu no chão, o que me deu tempo de ir até Leo.

Hazel havia parado os ataques, e ficou olhando para o ferimento de Leo, como se estivesse confusa. Talvez o feitiço não fosse tão forte quanto os sentimentos de nossos amigos por nós. Aproveitei a deixa e ajoelhei ao lado de Leo.

– Me... Me desculpe. – eu segurei o choro, vendo sua hemorragia aumentar.

– Volte para lá, eles precisam de você, Thalia. – Leo gemeu alto.

– Nada disso. Vou cuidar de você. – eu o segurei nos braços e corri por trás dos outros semideuses, para que ninguém nos visse e nos atacasse.

Parei atrás de uma pedra enorme, e coloquei ele sentado, encostado na pedra.

– Puxa, acho que os papéis estão invertidos – ele disse, chateado – E provavelmente você ganha de mim na queda de braço.

– Cala a boca, Leo. Que saco, nem assim você para de fazer piadas! – eu gritei, furiosa.

Leo arregalou os olhos para mim e olhou para sua perna ensopada de sangue.

– Bem, pelo menos estou fazendo um favor a você. – ele sussurrou.

– Que favor? – eu perguntei sem paciência, fuçando dentro da minha bolsa de coro, algo que pudesse estancar sangue e achei uma camiseta.

Rasguei a camiseta e amarrei apertada em sua perna, para diminuir a circulação. Encontrei também um pouco de néctar, e dei a ele.

– De morrer. – ele disse depois de beber o último gole de néctar – Você finalmente vai se livrar de mim.

Olhei chocada para Leo. O pior de tudo é que ele tinha razão em pensar assim, eu sempre era rude com ele. Mas eu era rude porque era o único jeito que eu podia... expressar algo por ele! Eu não queria que ele morresse! Só de pensar nisso, me deu uma onda de pânico, e eu quis vomitar, mas segurei. Tentei segurar o choro, mas as lágrimas escaparam dos meus olhos, e eu comecei a soluçar.

– E-eu não sei o que faria se você morresse.

Leo ergueu as sobrancelhas. Por alguns instantes ele apenas me fitou, enquanto eu chorava como uma criança, sem conseguir parar. Escondi meu rosto entre as mãos, mas Leo desfez meu esconderijo.

– Eu... Eu pensei que você me odiasse. – ele disse, olhando em meus olhos – Você sempre me chama de idiota, e sempre grita comigo.

– Eu não te odeio. – eu sustentei seu olhar.

Ele sorriu e pegou a minha mão.

– Então preciso reprogramar o meu cérebro, acho que vai ser difícil, mas... O que você sente por mim, Thalia?

Engoli seco, meu coração acelerou. Não seria justo mentir, mas não seria bom falar a verdade... O que eu falo? O que eu falo? O QUE EU FALO?

– Thalia? Você não vai dar um daqueles ataques de raiva que...

– Eu te amo. – eu confessei.

Leo ficou alguns segundos processando.

– Hum, eu acho que estou com muita cera no ouvido... – ele bufou – O que disse?

– Eu disse que eu te amo.

– Mas, mas, mas, mas, mas... – Leo arregalou os olhos.

Eu suspirei.

– Mas você é uma caçadora e... – Leo parou de falar e gemeu alto.

– É. Eu sou uma caçadora, Leo, e você pode esquecer tudo isso agora. – eu voltei a trabalhar em sua perna ferida.

Ouvimos uma explosão e o chão tremeu sob nós. Espiei por trás da pedra. Jason havia eletrocultado Octavian, que estava desacordado no chão e Piper já havia dado conta de Drew. Hazel e Frank começaram a atacar Piper e Jason, enquanto Percy, Annie e Grover lutavam com seus respectivos pares. Atlas desceu na jaula dos deuses e uma criatura azul-marinho caiu em sua frente, como se tivesse vindo do céu. Era um homem com longos cabelos brancos acompanhados de longas barbas também brancas. Não pude ver seus olhos, mas suas vestes eram negras como o céu, e pareciam ter pontos brilhantes, como estrelas. Aquele era Celeste, ou sendo mais formal, nosso bisavô Urano.