Masked Archer escrita por Jessie Wisets


Capítulo 10
Trem da Morte


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que não demoraria tanto u.u
E já adianto... Não me matem no próximo cap.
Boa leitura O3O



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Chegamos ao Central park na hora do almoço, mas como estávamos ambos em estado de shock resolvemos apenas tomar um sorvete. Compramos e começamos a caminhar. Pela primeira vez em dias não estávamos com pressa para chegar a algum lugar. Nem parecia que tínhamos que chegar ao acampamento ainda naquele dia. E também não parecia que Wisets poderia ir embora.

– O que? – perguntou Wisets. Só então reparei que a estava encarando.

–Nada – disse vermelho. – apenas admirando sua beleza.

Agora foi a vez dela de ficar vermelha. Ela olhou para frente e seus olhos brilharam. Wisets começou a correr. Ela era muito mais rápida que eu, tive de me esforçar para não perde-la de vista. Quando eu cheguei perto o suficiente vi que ela havia tirado os tênis e largado a mochila no chão. Ela corria para o lago usando apenas seu short jeans e o sutiã de um biquíni. Lembrei-me do gesso e corri atrás dela para que parasse antes de entrar no lago.

Enquanto descia a ladeira em direção ao lago tropecei e cai com tudo no chão. Podia sentir as coisas que carregava serem lançadas longe enquanto eu, literalmente, fazia cosplay de bola de boliche. Meu corpo batia no chão fazendo barulhos nada agradáveis. Parei apenas quando aterrissei no lago. Choquei-me contra a agua gelada e emergi rapidamente. Wisets estava rindo de mim.

– Eu daria uma nota oito. – ela disse rindo – seria 9 se você não tivesse espirrado tanta água.

–Eu merecia no mínimo um oito e meio – respondi.

Wisets nadou em minha direção e botou uma das mãos na minha testa. Ao afastar a mão reparei que seus dedos estavam sujos de sangue. Automaticamente botei a mão na testa. Wisets estava com uma expressão engraçada. Uma sobrancelha estava arqueada, seus dentes apertavam os lábios inferiores no canto direito. Imitei sua expressão e ela jogou água em meu rosto.

– Hey! Estou ferido – disse.

– E imagino que você espera que eu me vista de enfermeira e cuide do seu dodói? – perguntou debochada.

– Sonhar não custa nada, né? – disse sorrindo. Ela jogou mais água em mim.

– Vem. Temos que cuidar desse corte.

Ela nadou de volta a margem e eu a segui. Minhas roupas estavam encharcadas, água grudava a camisa do acampamento em minhas costas e escorria pelos jeans. O gesso de Wisets desfez-se completamente na água, deixando para trás apenas as ataduras, mas ela n parecia se incomodar. Ela vestiu a blusa branca novamente e calçou os sapatos. Percebi que minha pulseira de couro não estava mais em seu dedo. Wisets botou a aljava nas costas e segurou o arco.

– Sei quem pode ajudar com esse corte. – ela disse já subindo a colina.

Seguia Wisets enquanto ela se esgueirava por entre as arvores. Um vento gelado entrou pela minha camiseta e me fez congelar, mas continuei andando. Paramos em frente a uma árvore e Wisets bateu no tronco como se fosse uma porta. Após a terceira batida uma garota surgiu do tronco da arvore. Ela tinha uma pele esverdeada e cabelos ruivos presos em duas tranças, olhou para Wisets e abriu um largo sorriso.

–Por Zeus! É você mesma? – disse a ninfa pegando a mão de Wisets. – Eu sou Macie, a ninfa macieira. Você é mesmo Jessie Wisets?

– Sim, sou eu – Wisets respondeu sorrindo.

– Meus Deuses! Jessie Wisets está aqui na minha frente! O que posso fazer por você?

– Desde quando você é famosa? – perguntei.

– Só pode estar brincando! –disse a ninfa indignada- Ela é uma diva entre as ninfas!

– Por favor... – começou Wisets.

– Ela salvou uma floresta inteira! – interrompeu a ninfa – Milhares de ninfas tiveram suas vidas poupadas. Ela fez com que um grupo imenso de lenhadores ilegais desistisse de destruir a floresta, sem nem dizer uma palavra!

– Ah, não me diga – eu disse olhando para Wisets.

– Não viemos pra isso! – Wisets elevou a voz – Olha, preciso de ajuda pra curar a testa do meu amigo. Pode fazer isso?

–Claro! – disse a ninfa – Jessie Wisets pedindo a minha ajuda. Não creio!

A ninfa lambeu o dedão e passou no corte em minha testa. Em menos de um segundo o sangue já havia parado de escorrer e o ferimento havia cicatrizado. Percebi que Wisets mexia no punho do braço ferido. A ninfa encostou em seu braço e cipós entrelaçaram-se formando um novo gesso.

– Obrigada. – disse Wisets – Direi a todos que você me ajudou.

–Foi um prazer ajudar Jessie Wisets!

Afastamo-nos da ninfa histérica o mais rápido possível.

– Sem nem dizer uma palavra? – perguntei.

– Cala a boca e anda – ela respondeu irritada.

–Você fala como se fosse motivo para se envergonhar. Você é uma heroína!

– Exatamente por isso evito falar com ninfas. São muito histéricas.

“Acho que percebi”, pensei. “Sei que você percebeu”, respondeu a voz de Wisets. “Pode sair da minha cabeça?”, perguntei. “Você sabe que não”, respondeu. Fiquei vermelho e parei de andar. Wisets continuou andando e rindo.

– Vai ficar parado aí, guia de turismo? – disse sem virar para mim. Comecei a segui-la.

.

.

.

Passamos o resto da tarde deitados em uma pequena elevação. Olhávamos para o céu enquanto conversávamos sobre coisas aleatórias. Enquanto Jessie explicava sobre como foi a experiência com os madeireiros deixei minha mente vagar. O céu ia escurecendo aos poucos e meu nervosismo só crescia. A incerteza com relação à Wisets ir ou não para o acampamento corroía-me aos poucos, chegaria ao ponto de não sobrar nada. Senti uma onda de magnetismo e virei-me para o lado.

– Quer tanto que eu vá? – perguntou.

– Você não faz ideia – respondi.

– Eu já me decidi – disse voltando a mirar o céu.

– Não acho que vá me dizer...

Ela se levantou e estendeu a mão para que eu levantasse. Pediu para que eu ligasse pra nossa carona. Mandei uma mensagem de Iris para Argo, apesar de ele não ter respondido eu tive a certeza de que estaria lá. Mas para chegarmos até o ponto marcado teríamos que pegar o metrô. Seguimos para a Times Square e pegamos o metrô. Nossa estação era a ultima, portanto ficamos sozinhos no vagão. Estava um silencio um tanto constrangedor.

– Tem certeza da sua decisão?- perguntei

– Tenho...

Olhei para o chão.

– Eu pensei bem. – continuou – E decidi que...

Wisets não teve tempo de terminar a frase. Os vidros das janelas explodiram. Cobri o corpo dela tentando evitar contato com o vidro. Uma criatura, semelhante a uma serpente misturada com crocodilo, entrou no vagão. Ela possuía duas cabeças, uma no pescoço e outra na cauda, com dentes serrilhados de onde pingava veneno. Não podia olhar em seus olhos ou era morte instantânea. Enfrentaríamos uma Anfisbena.

O monstro avançou e cravou os dentes da cauda em minha panturrilha. A dor foi instantânea e se espalhou rapidamente para o resto do corpo. Apenas um pensamento me ocorreu. Levantei a cabeça e encarei Wisets. A minha voz não saiu, mas movi os lábios dizendo uma palavra: Fuja.

A serpente me arrastou até uma janela. Quando estava prestes a ir para fora do vagão, pude ver Wisets correndo em minha direção segurando uma barra de ferro. Com uma mira espetacular ela acertou a cabeça que me mordia. O monstro me soltou e encarou Wisets. A fera avançou sem sua direção, mas ela estava preparada segurando o arco. Tentei gritar, mas foi impossível. Com minha visão embaçada pude ver apenas Wisets batendo na cabeça da fera e ela fugindo pela janela. Wisets correu em minha direção e repousou minha cabeça em seu colo.

– Marshall, você está bem? – ouvia-a como se estivesse debaixo d’agua.

Ouvi outra voz e pude sentir Wisets ficar tensa. Com o veneno se espalhando pelo meu corpo e a dor tornando-se cada vez mais insuportável, não consegui ouvir a conversa. Mesmo com a visão embaçada pude ver que Wisets estava gritando enquanto Rick a olhava com uma expressão séria. Ele olhou para mim e depois se retirou. Minha última visão foi Wisets me encarando preocupada, depois apaguei.


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