Causa Perdida? escrita por Gabriela Maria


Capítulo 19
Capítulo 19




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O aglomerado de alunos diante do mural de avisos chamou a atenção de Lily quando ela chegou ao salão comunal numa manhã de quinta-feira.

– Segunda visita a Hogsmeade é no próximo mês, perto do Natal – Frank falou quando Lily, Alice e Marlene perguntaram sobre o aviso.

– Ainda vai demorar... – Alice resmungou.

– Bem, o próximo jogo da Grifinória é em duas semanas, no primeiro sábado de dezembro – Marlene interveio. – Teremos fortes emoções em breve.

Lily estremeceu ao ouvir a amiga. Quadribol lembrava James Potter, que lembrava mil garotas fúteis rindo e perseguindo James pelos corredores de Hogwarts.

– Ei, alegre-se, Lils! – exclamou Marlene, sacudindo o ombro da outra. – Nós provavelmente vamos ganhar!

– Como é que você sabe? – Frank desconfiou. Ela sorriu.

– Digamos que eu faço muito bem a minha parte para deixar o goleiro de bom humor.

Todos riram, mas foram interrompidos pela chegada sorridente de Black.

– Vejam só – ele começou, jogando os cachos escuros para o lado com todo o charme que possuía. – Parece que estamos todos de bom humor.

– Ah, o McLaggen concordaria com você – Alice provocou. Black imediatamente lançou um olhar de dúvida para Marlene.

– Michael e eu voltamos – ela explicou. – E elas estão fazendo umas piadas sobre isso. Amigas, sabe como é...

– Entendo... – Black apenas a encarou.

– Almofadinhas, seu suicida imbecil, não me diga que você pegou a... – James parou de falar logo que chegou ao penúltimo degrau da escada que levava aos dormitórios masculinos. O olhar de Lily encontrou o dele.

– Sim, eu peguei – Black respondeu despreocupadamente. – Ontem à noite Jenna Edgecombe finalmente cedeu aos meus encantos.

James fez uma careta, confuso.

– Desculpe?

– É, meu caro Pontas, tem gente que sai do zero a zero.

– Jenna Edgecombe? – Marlene repetiu, erguendo uma sobrancelha. – Pensei que ela não fizesse seu tipo.

– Ah, Lene, eu posso ser flexível com minhas preferências...

– Como se isso fosse novidade – intrometeu-se Lily, rabugenta. Virou-se então para as garotas: – Vamos tomar café?

– Sim – Marlene assentiu tranquilamente, ainda encarando Black. – Michael deve estar me esperando no Salão Principal.

– Estou morrendo de fome – Alice choramingou para Frank.

– Certo, nós também já vamos – ele olhou para Black e James. – Vocês vêm com a gente?

Lily arregalou os olhos para o amigo. Os dois Marotos se entreolharam.

– Eu tenho assuntos a tratar – Black falou, dando de ombros. – Até mais para vocês – e piscou um olho antes de retirar.

– Ah, eu... – James se atrapalhou um pouco. – Ok, eu vou com vocês mesmo.

Inicialmente, Lily se sentiu ameaçada, mas James passou todo o caminho até o Salão Principal conversando com Marlene sobre quadribol, o que lhe deu uma boa desculpa para andar junto de Alice e Frank.

Contudo, no Salão Principal, Marlene se separou dos amigos e sentou ao lado de McLaggen, enquanto os outros quatro se acomodaram na outra extremidade da mesa da Grifinória.

– Evans, será que você pode me passar aquela geleia?

Embora estivesse com os músculos enrijecidos pela tensão, Lily fez um esforço e passou para James o pequeno recipiente cheio de geleia de abóbora. Eles acabaram sentados um ao lado do outro, em frente a Frank e Alice, que estavam concentrados em falar sobre os preparativos para a festa de formatura.

– Obrigado – James falou formalmente.

Lily acenou discretamente com a cabeça em resposta. Queria se concentrar na conversa dos outros dois, mas tudo o que via era os dedos entrelaçados dos amigos sobre a mesa e tudo em que pensava era a distância mínima entre seu braço e o de James. Na verdade, ela estava lutando contra os talheres para evitar que seu cotovelo roçasse no dele, porque a mesa da Grifinória estava bem lotada e era difícil se movimentar. De repente, James pigarreou:

– Recebi um recado da McGonagall ontem – ele anunciou. – Parece que temos de liderar uma reunião geral dos monitores.

– É, eu também recebi o pergaminho. Temos que falar com a professora hoje à tarde, não é? Para que ela repasse as instruções.

– Isso mesmo.

Silêncio outra vez.

– Então... – Lily começou, insegura. – Eu soube que você e Remo já se entenderam – James esboçou um sorriso, que ela retribuiu.

– É verdade – ele assanhou discretamente os cabelos.

– Bom... fico contente por vocês – ela desviou o olhar rapidamente, envergonhada.

– Então você não acha que eu só fiz minha obrigação?

Eles se encararam de novo. James tinha um ar debochado, quase aborrecido. Lily ficou confusa.

– Eu nunca torci para vocês ficarem brigados – disse com firmeza.

– Não que você me tenha como uma boa influência...

– Se não quer conversar, é só dizer, Potter.

Lily bufou e se concentrou em comer. James também não falou mais e os dois ficaram de cara amarrada durante todo o café da manhã. Ela até participou da conversa de Alice e Frank, mas os amigos estavam obcecados com a próxima reunião do comitê de formatura e ela acabou mais aborrecida, perdendo-se nas próprias frustrações.

Então, quando seu braço esbarrou sem querer no de James, Lily soube com toda a certeza que, apesar de estarem separados por uns poucos centímetros, eles nunca tinham se sentido tão distantes um do outro.

Soltou um suspiro triste, pensando que talvez Alice, Marlene e Claire estivessem cobertas de razão.

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– Não estou dizendo que ele é lá o dono do bom gosto, mas Jenna Edgecombe... – Marlene apontou, fazendo uma careta, para o ponto onde Jenna mexia o próprio caldeirão. Ao lado dela, Black acenou com a cabeça para a amiga.

– Ficou de orgulho ferido, Lene? – Alice cochichou em resposta. Marlene riu. – Na verdade, eu fiquei pensativa. Imagina só como vai ser quando ela liberar aquele lado perua e o Sirius quiser se livrar – Alice riu, mas Lily apenas balançou a cabeça.

– Homens... – ela resmungou baixinho.

– O que aconteceu, Lily? – Alice quis saber. – Você está estranha...

A aula de Poções tinha começado há pouco tempo e a tarefa do dia era particularmente difícil. Lily adoraria dizer que seu mau humor era culpa daquela maldita poção que teimava em não mudar de cor, mesmo que ela estivesse fazendo tudo conforme as instruções do livro didático. Contudo, o episódio do café da manhã é que ainda estava rondando sua mente.

– Essa porcaria aqui continua roxa e fedorenta – reclamou.

– Bem, a minha parece uma coisa explosiva – Marlene observou com uma careta. Alice riu de novo.

– Sr. Black, creio que o senhor esqueceu algum ingrediente! – falou a voz assustada de Slughorn. – É melhor começar tudo de novo antes que isso vire um veneno... – e, com um aceno de varinha, ele esvaziou o caldeirão de Black, que pareceu indignado.

– Tudo de novo?! – protestou.

– Não tem jeito, desculpe. A menos que o senhor saia mais cedo e perca essa nota.

– Ele pode me ajudar, professor – Jenna interveio. – Eu bem que gostaria de ter uma dupla na hora de mexer a poção.

Slughorn demorou um pouco para ser convencido pela lábia de Black, mas acabou permitindo que eles trabalhassem juntos.

– Que romântico – Marlene falou sem emoção.

Alice e ela começaram a conversar, mas Lily estava distraída em observar a forma como James se descabelava sempre que uma nuvem esquisita era expelida pelo que quer que estivesse em seu caldeirão. Lily quase desejou que ele estivesse mais perto para que pudesse ajuda-lo.

– Ah, Lily! – Slughorn trovejou de repente. – Muito bom, muito bom mesmo! Você e Severo sempre me encantam, sabia? Têm um talento natural.

Ela deu um sorrisinho sem graça.

– Pensei que ele fosse o único metido a estrela, mas você também anda recusando meus convites, não é?

– Rotina puxada, professor – Lily disse timidamente. – Desculpe.

– Imaginei que fosse isso... Mas todo mundo precisa se divertir um pouco, Lily – um barulho estranho ecoou pela sala e James gritou:

– Rabicho! Que foi que você fez?!

– Bem, o dever chama, mas quero falar com você depois da aula, está bem? – então ele correu para socorrer Pettigrew.

Ao fim da aula, pouquíssimas pessoas achavam que tinham preparado uma poção decente e Lily adoraria gastar seu período livre numa sessão solitária de lamentações, mas teve de falar com Slughorn.

– Não pense que vai escapar da próxima reuniu, ouviu? – ele começou, sorrindo. – E muito menos da festa de Natal.

– Ah, professor, eu tenho tanta coisa para estudar...

– Barbas de Merlin! Não me negue esse prazer, Lily. Estou pensando em trazer uns amigos para conversar com os setimanistas – Lily não entendeu.

– Amigos, senhor?

– Sim. Uns contatos interessantes... Digamos que seria uma boa chance de conseguir estágios de verão no Ministério.

– Ah – Lily finalmente se interessou. – Eu ainda não sei a carreira que vou seguir, mas...

– Sim? – ele incentivou.

– Pensei em ser curandeira – confessou baixinho.

– Grande ideia! – Slughorn sorriu largamente. – Com esse seu talento no preparo de poções...! Vou falar com uns colegas do Santo Mungus.

A perspectiva de investir na própria carreira foi o maior consolo de Lily quando, no fim da tarde, ela sentou ao lado de James para ouvir a professora McGonagall passar uma série de instruções ao seu casal de monitores-chefes.

– Qualquer dúvida, vocês podem recorrer a Hagrid ou ao professor Flitwick. Eles são os principais responsáveis pela decoração natalina – disse a professora. – No mais, a função de vocês é repassar para os outros monitores como ajudar nessa tarefa. Tudo entendido até aqui?

Lily e James confirmaram com a cabeça. Ele ainda estava emburrado quando McGonagall suspirou e acrescentou:

– Nesse caso, Potter, espero que você controle o temperamento dos seus jogadores na partida contra a Lufa-Lufa. E não esqueça que me prometeu a Taça para esse ano – ele deu um sorriso torto.

– Pode deixar, professora.

– Ótimo. Você está dispensado, mas quero dar uma palavrinha com a srta. Evans.

James ficou de pé e acenou em despedida. Lily não gostou nada da situação. Que mundo era esse onde os professores sempre conversavam com ela e não com James Potter?!

– Bem, como está nosso monitor-chefe, srta. Evans?

– Professora? – atrapalhou-se Lily.

– Correm boatos pela escola de que a senhorita e o sr. Potter não estão se entendendo muito bem – Lily sentiu o rosto corar. Não lhe ocorrera que McGonagall soubesse as fofocas da escola.

– Está tudo sob controle – tentou não demonstrar sua surpresa.

– Quer dizer que não preciso puxar as orelhas do Potter?

– Não – ela hesitou por um segundo. – Ele... ele é um bom monitor. Não tenho do que reclamar.

– Ótimo – McGonagall quase sorriu. – Quem diria, não é? Pena que Black não tome jeito também.

– Estou mobilizando os monitores para resolver isso, professora...

– Não precisa. Ele sempre foi assim. Só quer atenção, então há uma grande chance de que falhe em breve.

– A senhora acha mesmo? – ela suspirou.

– Eu, não – disse. – Mas o professor Dumbledore está convencido disso, então... – houve uma pausa. – Você continua sendo uma excelente aluna, Lily – a garota arriscou um pequeno sorriso.

– Obrigada.

– De toda forma, seus pais me escreveram há uns dias.

– Meus pais? – espantou-se Lily.

– Sim. Eles estão preocupados com seu futuro e mencionaram algo sobre problemas com sua irmã...

– Estou bem, professora – ela interrompeu imediatamente.

– Tenho certeza disso, mas não custa lembrar que você tem bons amigos. Talvez devesse se valer delas vez ou outra, quando tiver problemas.

Lily não respondeu. McGonagall se aprumou na cadeira, encarando a garota de mais perto.

– Lily, você sempre foi minha melhor aluna, então, fique à vontade para me procurar, sim? Podemos repetir aquele teste vocacional ou conversar sobre...

– Obrigada – Lily se remexeu impacientemente. – Posso ir?

– Claro.

Mas McGonagall não parecia aliviada.

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– Onde ela está?! – exasperou-se James. – Você não viu, Rabicho? – Peter negou com a cabeça. – Não acredito que ele fez mesmo isso!

James já tinha revirado todo o dormitório à procura da Capa da Invisibilidade, mas não a encontrou em parte alguma. Só havia uma explicação para aquilo:

– A Lily vai matar todos nós se descobrir! – irritou-se.

– Não me envolva nisso – Peter retrucou. – Não tenho culpa de nada nessa história.

James desistiu de reclamar para o amigo e foi ao salão comunal. Largou-se ao lado de Remo no sofá.

– Sirius sumiu de novo – Remo informou, sem tirar os olhos de sua versão d’O Profeta Vespertino. James assanhou nervosamente os cabelos.

– É, eu sei, Minha capa também está sumida – disse, emburrado. – O que ele está pensando?! Não pode simplesmente roubar minhas coisas desse jeito!

Remo finalmente o encarou, desconfiado.

– Aconteceu alguma coisa, Pontas?

James pensou em despejar todas as suas amarguras naquele momento, mas preferiu se segurar.

– Bobagem – disse enfim. – O próximo ciclo começa quando? – Remo suspirou tristemente.

– Amanhã.

– Quê?! – James exclamou. – Mas já?!

– É, Pontas. Mas, escute, você não precisa comprar outra briga com a Lily para...

– Nem começa, Aluado! A reunião com os outros monitores é só daqui a uns dias e aposto que vai ser antes do jantar mesmo, então ela só precisa me liberar das rondas noturnas – Remo fez uma careta.

– Eu não arriscaria.

– Bem, nada me impede de simplesmente faltar a ronda, já que nós estamos fazendo a patrulha separados mesmo...

– Má ideia... – Remo insistiu.

– Aposto que sim.

James virou o pescoço tão rapidamente para ver quem tinha falado que seu pescoço estalou.

– Melanie! – exclamou, contente.

– Tudo bem? – ela falou timidamente.

– Claro, claro – James se levantou para encará-la melhor. – E como você está?

– Ah, eu estou bem... Um pouco traumatizada pela aula de Poções, mas acho que não sou a única.

– Definitivamente, não.

Discretamente, Remo se retirou. James apontou para o lugar onde o amigo estivera e sorriu para Melanie.

– Senta. Faz tempo que a gente não se fala.


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Notas finais do capítulo

E aí, pessoal!

Sei que demorou um pouco, mas o capítulo finalmente está pronto! Talvez o próximo também demore porque com as aulas a todo vapor e a história avançando, preciso de mais tempo para revisar os escritos originais e preparar os capítulos seguintes. De toda forma, espero que tenham gostado!
Até mais! o



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