Causa Perdida? escrita por Gabriela Maria


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoal!

Desculpem a demora e a postagem fora do horário comercial, mas quis divulgar o capítulo logo que terminei de digitar e só pude me dedicar a isso depois que voltei de viagem e recomecei minha rotina de estudante. Sei que deixei muitos comentários sem resposta e peço mil desculpas. Tentarei responder a todos amanhã, já que agora preciso cuidar de dormir (o dia começa muito cedo e as aulas não perdoam!).
Sem mais delongas, vamos ao capítulo! Espero que gostem! ^^'



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O começo de novembro estava muito chuvoso. James sempre soltava um suspiro desenganado quando chegava ao campo de quadribol e via o gramado ensopado. Ele nunca gostou muito de jogar na chuva, mas era preciso treinar para o próximo jogo da temporada, que seria contra a Corvinal.

– Eles têm uma defesa muito boa – Marlene comentou numa terça-feira de muita chuva, enquanto todos se preparavam para o treino.

– Bem, é consenso geral que nós temos o melhor ataque – James falou, sorrindo para a amiga.

– Mesmo com o tempo ruim, a verdade é que estamos todos em boa forma – intrometeu-se McLaggen. – Eu só acho que Martin precisa voar mais rápido...

– Seria legal se você defendesse uns arremessos da Marlene também – retrucou Guga. – De vez em quando. Só para variar.

Uma risadinha geral percorreu o vestiário e James viu a expressão delinquente de Marlene. Imediatamente, lembrou-se de Sirius. Por algum motivo, eles se pareciam até no jeito de sorrir.

– Marlene sempre arremessa do meu lado esquerdo – McLaggen respondeu, fuzilando Guga com o olhar. – Vocês sabem que esse é meu ponto fraco.

– Então eu sugiro que a gente pare de conversa fiada e vá jogar antes que o campo vire uma lagoa – James interveio.

A satisfação com o bom rendimento dos treinos era uma de suas poucas alegrias no momento. Pouco mais de uma semana se passara desde a conversa com Lily e os dois estavam se evitando deliberadamente. Quando eram forçados a se comunicar, eles trocavam umas poucas, formais e educadas palavras e tentavam disfarçar o enorme constrangimento da ocasião. Ninguém entendia o que havia exatamente entre os dois, porque Lily não contou nada às amigas e os Marotos não se importaram em pedir detalhes a James.

Além disso, ainda existia sua eterna preocupação com Melanie e a lembrança vívida do sorriso de consolo que ela lhe oferecera. James não falara com a amiga nos últimos dias, mas isso não impedia que ele se sentisse culpado nem que cogitasse a chance de procura-la. Não era como se Lily não tivesse lhe dado motivos para isso.

Na verdade, quando ele sugerira essa possibilidade, na semana anterior, após Melanie ter quase fugido dele no salão comunal, Sirius ficara com a expressão séria que raramente usava e Remo imediatamente interviera:

– Que parte de ela não querer ser prêmio de consolação você não entendeu, Pontas?! Por Merlin, você vai magoar a garota em vão!

– Não fale como se você fosse tão especialista em poupar as pessoas – James revidara. – Olhe só o que fez com Claire!

Remo avançara para ele com uma expressão furiosa, mas, felizmente, quando os dois sacaram as varinhas, Sirius se colocara no meio e arrastara James para fora do dormitório.

– Eu não sei o que a Evans fez agora, mas, seja o que for, você não vai punir o Aluado pela teimosia de vocês dois, ouviu?! Faça o que quiser, James, mas deixe a vida do Remo fora disso!

Então, no fim das contas, James estava sozinho: sem Melanie, sem Lily e, de certa forma, sem amigos. Além da culpa por não falar com Remo há dias.

– Sirius está quieto há uns dias, não é? – Marlene falou quando voltaram ao vestiário.

– Mais ou menos – James respondeu. – Ele disse que precisa bolar um plano que torne esse último ano inesquecível.

– Minha nossa! A Lily vai surtar se sonhar com isso! – Marlene sorriu, mas James achou o silêncio que se seguiu insuportável.

– Marlene, você já vai para o castelo? – era McLaggen.

– Só daqui a pouco – ela respondeu distraidamente. – Vai na frente. A gente se encontra depois.

Ele não pareceu muito satisfeito, mas acatou a sugestão. James viu o sorrisinho vitorioso de Marlene.

– Vocês estão juntos de novo? – perguntou logo que McLaggen deixou o vestiário. Ela fez uma careta.

– “Juntos” é uma palavra muito forte, mas Michael já me chamou para sair – ela estava perfeitamente tranquila, mas James ficou confuso.

– Então por que a demora?

– Se eu não dificultar um pouco, ele vai achar que nós não precisamos de nenhuma mudança e, sendo bem sincera – ela suspirou –, eu não gosto muito dessa coisa de compromisso.

– Compromisso? Pensei que só estivessem saindo – ela o olhou com descrença.

– Por favor, eu fiquei saindo só com ele por todo esse tempo. É claro que existia algum compromisso. Sou uma moça de família, James Potter – ele riu.

– Então isso não tem nada a ver com o fato de você e o Almofadinhas serem quase comparsas de crime? – Marlene riu também.

– Fala sério, James! Nós não estamos mais no quarto ano.

James encolheu os ombros e terminou de organizar seus pertences. Juntos, ele e Marlene voltaram para o castelo.

– Eu notei um clima esquisito entre você e a Lily esses dias – ela começou. James não acrescentou nada. – Todo mundo está preocupado.

– Não precisa. Lily e eu já nos entendemos.

– Ah, fala sério! Ela nunca fica no mesmo ambiente que você, James.

– É só questão de tempo – ele explicou, já que sempre dizia isso a si mesmo. Era questão de tempo até eles terminarem Hogwarts e nunca mais terem de se ver.

– Certo... Mas o que aconteceu?

– Nada, Lene – ele suspirou, cansado.

– E por que estão fazendo a ronda separados?

– Só para agilizar as coisas...

– E por que você e Melanie também estão afastados? – eles se encararam. James estava quase assustado com o interrogatório. Pigarreou desajeitadamente antes de dizer:

– Que tal um assunto mais ameno? – Marlene soltou um suspiro derrotado.

– Tudo bem. Já vi que ninguém vai abrir o jogo tão cedo.

Houve uma pausa. Eles já estavam no Saguão de Entrada quando James pensou em algo.

– Você teve notícias do Remo? – as pessoas mais próximas dos Marotos tomaram conhecimento da briga depois que Remo decidiu evitar a companhia dos amigos. Após um tempo, ele voltou a falar com Sirius e Peter, mas não procurou por James. Em geral, todos ficaram espantados de saber que eles tinham chegado ao ponto de sacar as varinhas.

– Eu o vi conversando com a Lily e o Peter outro dia – houve uma pausa. – Você continua sem falar com ele?

– É... – James suspirou. – Algo assim.

Marlene não tentou descobrir os motivos da briga então ele dedicou o tempo para tomar mais algumas decisões sobre o assunto. No fim das contas, Sirius também não havia se importado em desfazer a confusão dentro da cabeça do amigo e a presença sensata de Remo já fazia mais falta que nunca.

– Vou falar com ele – James informou em voz baixa. Então, quando Marlene afagou seu braço, num gesto de apoio, ele repetiu, suspirando: – Vou falar com ele.

******************************************************************************

Lily balançava distraidamente a pena umedecida com tinta enquanto pensava no que devia escrever. Finalmente, depois do que poderia ter sido um século inteiro, ela suspirou e espiou pela janela da biblioteca. O sol já começava a descer no horizonte. Nos últimos tempos, ela evitava olhar o por do sol.

– Cansei – suspirou Claire de repente.

– É – Lily concordou. – Eu também – ela se recostou melhor na cadeira.

– Acho que preciso de férias... – Claire se inclinou para frente e apoiou a cabeça no livro que acabara de fechar. – Maldita redação – ela resmungou, emburrada. – Quem se importa com a zilionésima quarta Guerra dos Duendes?!

Lily deu uma risadinha e olhou para os livros que espalhara sobre a mesa, desenganada. Era sábado e ela já tinha estudado com Claire durante toda a tarde.

– Só a título de informação, o Slughorn disse que não vai te perdoar se você faltar à próxima reunião – Claire disse após um tempo.

– Talvez eu acabe indo mesmo – Lily falou sem emoção. – Seria bom me distrair um pouco.

– E seria mais legal ainda se você me fizesse companhia. Não aguento mais aquele monte de gente arrogante se exibindo para o Slughorn – ela fez uma careta. – Ele quer me jogar para o Marcos Smith.

– Eu sempre disse que o Smith gostava de você.

– Bobagem, Lily...

– Só porque você falou com o Remo algumas vezes...

– Não tem nada a ver com o Remo – Lily ergueu uma sobrancelha. Claire corou. – Não muito.

– Só acho que o Smith é um cara legal e bonito que baba por você desde quando vocês viraram monitores.

– Não acho que ele babe por mim, mas, em todo o caso...

Lily deixou de ouvir a amiga. James Potter tinha entrado na biblioteca. Imediatamente, ela saltou da cadeira e começou a juntar o próprio material. Claire se assustou com toda a agitação da amiga.

– Vamos embora! – Lily sussurrou com urgência.

– O que foi isso?

– Será que dá para você vir logo?!

Claire começou a juntar seus pertences também, mas espiou por cima do ombro de Lily e viu o momento em que James, virado de costas, remexia numa prateleira ali perto.

– Ah, não! Fala sério, Lily...

As duas saíram às pressas da biblioteca, carregando pergaminhos e tinteiros nos braços.

– O que ele está fazendo aqui?! – Lily reclamou quando jogou a mochila num ombro e praticamente correu para a saída.

– Lily, isso não pode continuar!

Elas já estavam no corredor e Claire perdeu a paciência quando o tinteiro escapou de suas mãos e rolou pelo piso, espalhando tinta preta no chão.

– Desculpe – Lily pediu, atrapalhada, sacando a carinha para consertar o estrago. – Reparo!

Enquanto ela remendava o tinteiro e aspirava a tinta, Claire se abaixou junto da parede para organizar melhor o próprio material.

– Você não pode simplesmente fugir, sair correndo, sempre que o James aparecer no mesmo ambiente que você, Lily.

– Não é bem assim – ela falou sem convicção.

– Ah, não?! Você está fugindo descaradamente do James. Alice e Marlene também perceberam.

– Por que eu fugiria do Potter? – Claire terminou de guardar tudo, fechou a mochila, ficou de pé e olhou fixamente para Lily.

– Era exatamente isso que eu ia perguntar.

O silêncio ficou insuportável dentro de poucos segundos.

– Ah, Claire... – Lily choramingou, caminhando para junto da amiga. – Vocês nunca vão acreditar nas minhas desculpas, não é?

– Definitivamente não – ela suspirou.

– Potter e eu... – começou, hesitante. – Bem, ele se declarou para mim – os olhos arregalados de Claire ganharam um brilho fantástico.

– Lily! – alegrou-se.

– Não foi como você está pensando – a outra se apressou em explicar. – Ele meio que... bem, ele meio que pressionou para decidir alguma coisa e... – Claire pareceu confusa. – O que obviamente é loucura porque...

– Espere um pouco – ela interrompeu, desconfiada. – Foi por isso que ele se afastou da Melanie?

– Não, bem, eu não sei...

– Lily Evans! Você não vai me dizer que...

– Eu não sei! Não sei se foi por minha causa. Ele meio que disse que queria ficar comigo, mas também falou que, se levasse outro fora, apostaria na Melanie, então...

– Você já pensou – Claire parecia indignada e maravilhada ao mesmo tempo – que talvez a Melanie não queira ser a aposta do James? – Lily apenas corou. – Lily, é a sua chance de...

– Minha chance?

– Claro! Será que você não percebe?! – os olhos de Claire brilhavam. – Se o James gosta de você ele com certeza te aceitaria a qualquer momento.

– Me aceitar? – Lily fez uma cara confusa. – Mas eu não quero...

– Ora, francamente! – impacientou-se Claire. – Pare com essa idiotice de provar, ou melhor, de se convencer que não gosta do James.

– Mas...

– Lily, você morre de ciúmes do James! Você ficou tão desconcertada com essa última declaração dele que está fugindo descaradamente do coitado. E o pior disso tudo é que está estampado na sua cara que você é louca por ele!

– Isso não é verdade – Lily falou imediatamente.

– Claro que é! E você já devia ter percebido como é horrível gostar de alguém e não ficar com essa pessoa. Todo esse meu tempo chorando pelo Remo não te mostrou nada?! Então, não, você não vai me convencer de que se afastar do James é uma boa ideia. Não vai me convencer a apoiar esse seu orgulho cego. Por Merlin, até quando você vai insistir nisso?!

A voz de Claire tinha uma entonação zangada de censura. Lily se deu conta pela primeira vez de que não era justo conversar com a amiga sobre um assunto assim. Engoliu em seco enquanto se preparava para falar outra vez.

– É só que... – começou baixinho. – Isso tudo é muito confuso para mim. E, depois que a gente se beijou, ele só falava na Melanie...

– Porque ele se cansou de esperar, é óbvio.

– Sim, eu sei disso – o rosto de Lily estava muito corado. – Mas ainda é tudo tão estranho... Digo, eu mal conheço o Potter. Vai que nossos interesses não coincidem e...

– Você está procurando desculpas – Claire disse, séria.

Lily abriu a boca para responder, mas tornou a fechá-la. Não sabia o quê dizer. Sentiu-se reprovada por Claire e culpada por tê-la deixado irritada. Soltou um suspiro demorado, apoiou as costas na parede do corredor e disse:

– Então tá. Desculpe se te irritei, mas não consigo agir por puro impulso.

– Só estou dizendo – Claire respondeu pausadamente – que você está desperdiçando tempo e prolongando sua própria agonia. Isso para não falar na agonia do James.

A alguns metros dali, Lily viu James chegar ao corredor e empurrar uma tapeçaria – ela sabia que ele sempre usava uns atalhos para chegar à Torre da Grifinória. Ele viu as garotas e acenou para cumprimenta-las.

– Oi, James – Claire falou.

– Oi, Claire – ele engoliu em seco. – Evans.

– Olá, Potter – e seguiu pelo atalho.

******************************************************************************

Remo estava rodeado por livros e pergaminhos, absolutamente concentrado em escrever a enorme redação que Binns passara na última aula de História da Magia.

James observou o amigo por um tempo, lembrando-se do que fizera no dia anterior, quando fingira estar procurando um livro só para dar uma olhada nele enquanto estudava na biblioteca. Remo parecera mais abatido que nunca e, naquele momento, James se sentira tão culpado que até desistiu de uma aproximação. Mas agora era diferente.

– Remo, você tem um minuto? – o outro garoto ergueu a cabeça devagar e, por um instante, James pensou que ele estava irritado. Contudo, Remo apenas concordou com a cabeça.

“Vamos lá, James. Diga logo a que veio!”

– Trabalho do Binns? – indagou sem jeito.

– É. Está enorme, por sinal – Remo soou cansado.

James deu uma última olhada para ver que não havia conhecidos no salão comunal naquele momento e se sentou perto do amigo.

– Então, como é que você está, cara? – ele deu de ombros.

– Normal. E você? – James fez uma careta, assanhando o cabelo.

– Sei lá – suspirou, desenganado. – Eu fui um idiota com você, Remo. Desculpe – Remo esboçou um sorriso.

– Tudo bem. Parece que todos concordam com você mesmo...

– Não, eu não falei direito. Você estava certo, cara. Eu falei com a Lily há uns dias... – Remo arregalou um pouco os olhos.

– Eu bem desconfiei. E aí?

– Bem, acho que meu humor diz que foi o de sempre – disse, infeliz. – Ela não quer ficar comigo. Disse que anda meio confusa, que não está preparada... – suspirou de novo. – Tentei falar com Melanie algumas vezes desde então, mas ela também está me evitando – ele assanhou os cabelos de novo, impaciente. – Bosta de dragão!

– Sinto muito. Inclusive por ter pensado em azarar você – eles trocaram pequenos sorrisos.

– Soube que você falou com a Claire esses dias – James falou enfim.

– É... eu não consegui ser tão firme quando ela me procurou.

– Então foi ela quem te procurou?! – ele amarrou cara.

– Não foi como você está pensando – James apenas deu de ombros.

– Que inveja. Acho que a Lily não faria questão de me ver nem que tivesse de ir ao meu velório – Remo riu.

– Voltou a chama-la de Lily? – ele encolheu os ombros.

– O primeiro passo para superar o problema é admiti-lo, certo? – ele hesitou um pouco. – Queria ter percebido isso antes de ter sido um trasgo com um dos meus melhores amigos – Remo sorriu, corando.

– Certo, Pontas. Você já pode parar com o momento veado.

– É cervo! – ele retrucou, sorrindo de volta.

– Você também não estava de todo errado, sabe – Remo acrescentou. – Eu realmente magoei a Claire.

– Mas você não queria – James se apressou em dizer.

– Sim, mas eu a magoei mesmo assim. E eu sabia que a magoaria se fizesse o que fiz.

– Ela perdoou você – Remo corou rapidamente.

– Sim, ela perdoou. Não sei como, mas parece que quem gosta da gente de verdade consegue perdoar e entender. Talvez seja por isso que você não está aqui xingando a Lily – James mexeu desajeitadamente nos próprios cabelos.

– Você sabia que Marlene e McLaggen estão de rolo outra vez? – Remo deu um riso abafado.

– Aqueles dois... Sei não. Como Sirius está lidando com tudo?

– Não sei. Espero que ele não fique obcecado pela ideia de se tornar o maior marginal da história de Hogwarts. Quando ele ficou com a Marlene pela primeira vez, ela meio que era fã dos crimes deles – Remo fez uma careta.

– Às vezes, eu esqueço que a Lene tem um passado tão sombrio.

Eles riram juntos. James o olhou por um momento, apreciando o sorriso do amigo. Ultimamente, as coisas estavam de pernas para o ar e era bom sentir que ao menos um problema tinha se resolvido.


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