Alvo Potter E O Mensageiro De Boráth escrita por Amanda Rocha


Capítulo 4
O Louco, o Pior Aniversário e o Garoto


Notas iniciais do capítulo

Ooolá, meus queridos leitores! O que acharam da capa nova?? Foi a Space Girl que fez, se quiserem uma capa pra fanfic de vocês, falem com ela...
Nesse capítulo temos a mais odiada jornalista de volta! Sim, não acharam que ela tinha morrido, não é? Pois é, hoje ela volta... E teremos hoje o aniversário do nosso querido Alvinho que está completandon treze anos ♥ Vai estar tão legal que até os Dursley vêm pra essa festa *o*



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Não importa o que dissessem, Alvo estava simplesmente radiante de tanta alegria. Iria para Hogsmeade, isso era maravilhoso. Na verdade, hoje todos os Potter estavam felizes, cada um com o seu motivo. Harry conseguira mais uma semana de férias; Gina conseguira um emprego fixo no Profeta Diário, na coluna de esportes; Tiago fora nomeado monitor de Hogwarts; Alvo visitaria o único povoado inteiramente mágico da Grã-Bretanha este ano; e Lilí iria, finalmente, para Hogwarts.

A felicidade de todos parecia ser inabalável. Além do mais, hoje Alvo estava completando seu décimo terceiro aniversário. E nada, absolutamente nada poderia estragar aqueles sorrisos que insistiam em ficar nos rostos dos cinco. Nada... A não ser, talvez...

–Que dia lindo! –exclamou Lilí, descendo animada pelas escadas. –Perfeito para o quadribol, não é?

–Ah, claro! –exclamou Tiago. –E podemos jogar aqui em frente, você não acha? Assim fica mais visível aos trouxas!

–Ah, é...

–E por falar em quadribol... –continuou Tiago. –Quando eu chegar a Hogwarts vou dar um jeito no Lepos, aquele garoto está realmente precisando de uns conselhos...

–Tiago, -chamou a mãe – eu quero que você vá nos Rushcolle, Abigail precisa de alguém para cuidar dos meninos.

–E por que eu tenho que ir? Não sou babá. –resmungou o filho.

–Porque –retorquiu a mãe, franzindo a testa – Abigail tem sido muito gentil com a gente, e não custa nada retribuir o favor.

–Os filhos dela são umas pestes, Ketwch não pode... –tentou Tiago, mas a mãe o cortou.

–Não, não, Ketwch não pode. Você vai, e tenho certeza que vai se dar muito bem com eles, você era igualzinho.

O antigo Tiago iria continuar argumentado o resto do dia até conseguir convencer a mãe de que seria melhor que ele não fosse, mas o garoto tivera uma considerável mudança desde que fora nomeado monitor, então ele simplesmente se ajeitou na cadeira e voltou a comer o cereal. Pelo jeito, a tentativa de mudar Tiago dando-lhe um cargo respeitável funcionou. O lado ruim era que Alvo conhecia o irmão o suficiente para duvidar se aquele novo comportamento iria durar...

Enquanto tomavam café, uma coruja-das-torres entrou voando graciosamente e pousou na frente de Harry. O bruxo estranhou, mas pegou a carta que ela trazia e abriu cada vez mais a boca enquanto ia lendo.

–O que foi, pai? –perguntou Alvo. –É do Ministério?

–Não. – respondeu o pai. – É do... É do Duda.

–Que Duda? –perguntou Gina, distraída.

–Duda, meu primo. –respondeu Harry, os olhos ainda fixos na carta.

–O que aconteceu? –perguntou Alvo.

–Sua filha é uma bruxa. –o pai respondeu, fazendo todos arregalarem os olhos.

Gina arrancou a carta das mãos do marido para conferir com os próprios olhos.

–Como foi que ele conseguiu enviar a carta? Vai ver é outro Duda. –disse ela.

–E saberia o meu nome?

Pelo pouco que Alvo sabia sobre os Dursley, ele podia concordar com a mãe. O tio de seu pai, Valter, era um homem gordo de olhos pequenos que quase não tinha pescoço, e ainda por cima ele deixava uma bigodeira logo abaixo do nariz ridícula que só piorava sua aparência. Tia Petúnia era uma mulher magra e ossuda, com uma cara incrivelmente parecida com a de um cavalo. O filho deles, Duda, era um homem quase tão gordo quanto o pai, porém, muito corpulento e musculoso por causa dos esportes que o pai o fazia praticar. Os três abominavam todo e qualquer tipo de magia, e viveram maltratando e tratando Harry como se ele fosse um animal asqueroso. Como poderia a filha de Duda ser uma bruxa? Tudo bem que o pai lhe dissera que o primo havia passado por uma mudança desde a última vez em que se viram, mas será mesmo que era possível terem um pingo de sangue mágico?

–... Mesmo que eu ainda ache isso muito estranho. –a voz de sua mãe o fez voltar de seus pensamentos. –E ele realmente não pode vir hoje outra noite?

–Não. –respondeu Harry. –Ele disse que tem viagens de negócio.

–Droga... É, terá que ser hoje então... Al, teremos que recebê-los hoje, tem algum problema? Al? Filho?

–Hã? Quê? –perguntou o menino, distraído.

–Al está incorporando Rondres? –perguntou Lilí.

Lilí! –exclamou Gina.

Tiago quase caiu da cadeira ao dar uma sonora gargalhada. Harry sorriu, e Alvo mexeu-se nervosamente na cadeira. Esse não era um assunto que lhe agradava muito.

–Ué, ele poderia. –justificou-se a garota. -Aconteceu o mesmo com papai, não foi?

A irmã de Alvo era um tanto que inconveniente, vivia falando coisas inapropriadas nas horas erradas. Geralmente, isso fazia o garoto pensar no que ela falava. Era verdade, ele realmente já pensara na horrível possibilidade de poder “incorporar” Rondres, como dissera Lilí. Tinha pavor desse tipo de coisa. Mas seu destino estava marcado de uma vez por todas. Um dia chegaria o inevitável momento em que os dois bateriam de frente, e, por mais que essa ideia ainda não o confortasse muito, ele estava aprendendo a lidar com isso.


Resolveu que seria melhor ir com Tiago cuidar dos filhos da Sra. Rushcolle. Era realmente incrível como os três garotos se pareciam com ele e os irmãos. O mais velho e o do meio viviam em pé de guerra, e a menor era apenas a menininha de que todos gostavam. Talvez fosse por isso que eles se deram tão bem.

–Eu acho que o Luke é um grande idiota, sabe. –dizia Ryan para Tiago, que ouvia pacientemente como se fosse um especialista no assunto. –Ele sempre me dedura para o papai, não sabe ficar de boca fechada.

–Ah, é verdade! –concordou Tiago. –Irmãos menores só sabem incomodar!

–Pois eu acho que os irmãos mais velhos é que deviam ser mais legais! –defendeu-se Alvo.

Alvo aprendeu que mesmo que não brigassem mais feito cão e gato, Tiago e ele nunca seriam totalmente amigos. Era algo estranhamente divertido. Os dois viviam brigando, mas de uma hora para outro estavam dando gargalhadas como se fossem dois melhores amigos. Mas no fundo os dois se gostavam. Tiago era divertido, e ele era uma das únicas pessoas que não ficava o tempo todo falando de Alvo ou Bob Rondres, talvez porque passasse a maior parte do tempo falando de si mesmo e de seu futuro brilhante, mas isso fazia Alvo sentir-se bem. Ele esquecia-se completamente de que um dia resolvera procurar saber quem era Bob Rondres. Tanto que nem estava preocupado com o fato dele ter visto o bruxo há uns dias atrás na casa de Batilda Bagshot. Afinal, era impossível que o bruxo estivesse ali. Ele nem tinha certeza se realmente vira o bruxo, com certeza havia alguém, mas Alvo o viu por apenas um segundo. Podia ser alguém parecido, ou mesmo ele imaginara, estava com medo, Bob Rondres seria a primeira pessoa em quem ele pensaria. É, com certeza fora isso.

Infelizmente, Alvo estava engando. E ia descobrir isso hoje mesmo. Já havia afastado a lembrança daquele dia de sua mente quando teve a confirmação. Estava andando pela aldeia, após ir à casa dos Rushcolle. Ele gostava muito de andar por lá. Trazia uma sensação boa. De segurança. Talvez porque a aldeia fosse pequena e sempre havia pessoas andando por lá também, era como se não estivesse sozinho. Como se não dependesse só dele ter que derrubar o Novo Lord das Trevas.

Claro que andar pelas ruelas de Godric’s Hollow também tinha suas consequências. Ele era parado a cada dez minutos por pessoas pedindo seu autógrafo.

–Eu não estou dando autógrafos. –era sua constante resposta.

Ele achava realmente irônico isso. Ele não era o melhor bruxo do mundo. Não era o melhor duelista. Tão pouco o melhor de sua classe. Era tão comum quanto qualquer outro garoto, a não ser por aquela cicatriz fina em forma de raio. Às vezes ele queria que as pessoas fossem mais racionais. Que não o tratassem de maneira especial só por causa de uma cicatriz, ou de uma Profecia que nem se cumprira ainda. Queria que ele voltasse a ser o menino que só era especial quando ele próprio fazia alguma coisa. Ou então que nem fosse especial. Que fosse apenas comum, que as pessoas não o olhassem daquele jeito.

Infelizmente, seu desejo estava para se realizar. Não do jeito que ele esperava, mas talvez a culpa fosse sua por não especificar o que queria...

–Ah, Sr. Potter! –cumprimentou Baddy, o dono de um pequeno bar, que sempre o convidava para entrar. –Entre, por favor!

Baddy era um senhor de idade, com a barba rala e os cabelos grisalhos, um pouco gordo e baixinho.

–Novidades, Sr. Potter? –perguntou, gentilmente, enquanto Alvo sentava-se em um banco à frente.

–Nenhuma. –respondeu ele, distraído. –Ah, na verdade, hoje é meu aniversário.

–Pelas barbas de Merlim, Sr. Potter! –exclamou Baddy. –E o que você está fazendo aqui? Aniversário é uma coisa boa demais para se passar em um bar humilde como o meu. Por que não está com sua família?

–Tiago está nos Rushcolle, e meus pais estão recebendo visitas em casa. Primos do meu pai. –respondeu.

Baddy colocou o pano que carregava nas costas e sentou-se junto com Alvo.

–Dursley, não? –perguntou. –Não consigo imaginar o que aquele grande trouxa estaria fazendo na sua casa... Ah, mas aceite alguma coisa, Sr. Potter! Uma bebida, um sorvete, alguma coisa, eu insisto! Por conta da casa, Sr. Potter, presente de aniversário!

Alvo aceitou um sorvete de chocolate que Baddy lhe entregou. Ele vivia lhe oferecendo coisas de graça.

O velho bruxo inclinou-se e baixou a voz.

–Mas e seu pai não tem tido notícias de... Bob Rondres, tem?

Alvo negou.

–Mas imagino que ele deva estar sob máxima vigia. –continuou o garoto. –Senão Kingsley não daria folga a meu pai.

–Ah, eu lembro bem dos meus tempos de Auror. –disse Baddy, sorrindo e acariciando a barba. –Era bem mais fácil conseguir folga, é claro, não havia bruxos como os de hoje, mas agora...

Uma mulher entrou no bar e quando a porta se abriu, Alvo viu alguém que o fez desligar-se completamente da conversa com Baddy. Era ele. Rondres havia espiado pela porta e depois continuara a andar. Tomado pelo impulso, Alvo saiu correndo atrás do bruxo, deixando Baddy sem entender.

Ele largou o sorvete, contornou as mesinhas do bar que já estava lotado e atravessou correndo pela porta. E então ele o viu. O cabelo castanho e os olhos muito azuis em contraste com as cicatrizes espalhadas pelo rosto, marcas de todos os duelos que o rapaz já fizera.

E então, ao mesmo tempo em que o coração de Alvo acelerou, o bruxo sorriu e desapareceu.

Quanto tempo exatamente ele ficou, Alvo não sabia, ele só voltou a si quando Baddy o chamou, da porta do bar:

–O que foi, filho?

Alvo olhou para trás, mas antes que pudesse falar, assustou-se com a quantidade de gente que havia saído para dar uma espiada também. Todos teriam visto Rondres ou só saíram para ver o porquê de sua repentina saída? De que importava, Bob Rondres estava mesmo em Godric’s Hollow e ele e toda a comunidade bruxa corriam perigo.

–Rondres! –falou, sem fôlego. –Ali! Estava andando... Desapareceu do nada e...

Baddy ergueu a sobrancelha.

–Está bem, Sr. Potter? Quer tomar alguma coisa? Um copo de água?

Como Baddy poderia lhe oferecer um copo de água numa hora dessas? Rondres estava ali! Ele não entendia? E por que todas as pessoas estavam o encarando daquele jeito?

–Baddy, tenho que avisar meu pai! Rondres está aqui! Eu o vi outro dia, na casa de Batilda Bagshot, mas achei que tivesse imaginado, mas agora eu o vi de novo!

–Sr. Potter... –disse Baddy, paternalmente, olhando as pessoas que encaravam Alvo descrentes. –Por que não entra? Deve ter sido alguém parecido, filho, vamos, não há possibilidade de...

–EU O VI! –berrou o garoto. Ele próprio assustou-se com o efeito que aquilo tivera. Baddy e os outros olharam assustados para ele. O garoto não tivera intenção de gritar, mas as pessoas não estavam entendendo a gravidade daquilo... Não era apenas ele o ameaçado, suas vidas também estavam em risco...

–Sr. Potter! –uma voz irritantemente intrometida o chamou. Pertencia a uma mulher de cachinhos loiros grisalhos que vestia um vestido verde limão berrante. Ela saiu do meio do amontoado de pessoas que estavam no bar e prostrou-se em frente à Alvo. –Será que pode nos dar uma palavrinha? Diga-me exatamente o que viu...

Rondres! –Alvo berrou novamente.

Quanto mais ele falava, menos as pessoas pareciam acreditar. Rita Skeeter, porém, prestava máxima atenção enquanto tirava pena e pergaminho de dentro da bolsa.

–Sim, sim, e o que mais, meu jovem? Ele estava fugindo? Procurando por você? Disse alguma coisa? –perguntou ela, os olhinhos estreitando-se enquanto concentrava-se no garoto.

–Estava ali! –Alvo apontou. –E de repente desapareceu! Ele passou por aqui e...

A pena riscava furiosamente enquanto Skeeter concordava e fazia mais perguntas.

–... E você disse que já o viu? Na casa de Batilda?

–Sim, mas...

–... E poderia nos dizer alguma coisa sobre o que aconteceu a dois anos, querido? –perguntou ela, dando um falso sorriso. –Os leitores adoram saber notícias quentinhas direto do entrevistado...

–Deixe-o em paz, Skeeter! –rosnou Baddy. –O garoto já tem muito com o que se preocupar, não precisa de suas mentiras atormentando a vida dele!

Rita deu um sorrisinho amarelo, deu um tapinha no pergaminho e, abrindo um largo sorriso para Alvo, cochichou:

–Tenho tudo o que preciso aqui, querido. Se dermos sorte, consigo uma primeira página para você! –disse, e saiu apressada na direção oposta.

Alvo olhou chocado para Baddy.

–Ela... Mas... Rondres, ele... O senhor acredita...?

–Ora, garoto, me diga o que Bob Rondres estaria fazendo em Godric’s Hollow! –riu uma velha senhora gorda que havia saído para espiar.

–Mas ele estava aqui! –disse Alvo. –Eu o vi, ele...

Mas as pessoas começaram a argumentar coisas como “como se fosse possível...” e “até parece...”. Por que era tão difícil para elas entenderem aquilo? Mas ele, pelo menos, precisava fazer alguma coisa. Precisava avisar o pai, ele era um Auror, saberia o que fazer.

Mal se despediu de Baddy e saiu correndo, deixando as pessoas novamente sem saberem o que havia acontecido e provavelmente achando que ele havia ficado louco.

Chegou em casa, quase sem fôlego, e correu até a cozinha, onde encontrou o pai.

–Pai, o senhor precisa avisar o Ministério! Kingsley precisa saber que...

–Ah, este é seu filho, Harry? –perguntou um homem gordo, entrando na cozinha. Alvo olhou confuso para o homem, mas logo reconheceu, devia ser Duda Dursley. –É a sua cara...

Alvo deu um meio sorriso. Não queria ser mal educado nem nada, mas o que queria falar era importante, o que quer que Duda tivesse para fazer ali poderia esperar.

–Pai, precisamos conversar, agora! –disse ele, ofegante.

–Ah, filho, eu tenho que... Tenho que fazer umas coisas agora, mas depois conversamos. –disse, e, após dar um tapinha nas costas do filho, Harry voltou a falar com o primo.

Alvo ficou perplexo. Para começar o pai nunca se dera bem com Duda, agora, no momento em que Bob Rondres poderia estar em qualquer canto da aldeia, os dois conversavam como se fossem grandes amigos.

Vendo que não havia chance de o pai ouvir alguma coisa sobre Rondres, Alvo correu para a sala, mas a mãe também já estava ocupada. Conversava com uma mulher alta, barriguda e de cabelos extremamente cheios, que a faziam parecer um leão.

Alvo arriscou falar, Gina não parecia estar gostando muito da conversa, e quando isso acontecia, ela sempre usava os filhos como desculpa para fazer outra coisa e sair dali.

–Mãe, será que podemos conversar? –perguntou, a súplica visível em sua voz.

Como ele esperava, a mãe já ia lhe acompanhar, quando a mulher desatou a falar:

–... E Dudley não gosta nada que eu chame eles de monstrinhos, ah não gosta mesmo. Diz que ter sangue-mágico não significa isso, veja o Harry, até no mundo normal é conhecido, você não acha incrível que os dois estejam se dando bem, Ginevra?

–Ah, acho... Incrível... Realmente incrível... –respondeu Gina fazendo careta (não gostava quando a chamavam de “Ginevra”), voltando a sentar-se, mas a mulher mal deixava ela responder e já voltava a falar.

–... Ele costumava me contar que eles não se entendiam muito quando eram pequenos, mas acho que a culpa disso era de Valter e Petúnia, entende Ginevra? Mas eles estão certos, cá entre nós, devia parecer uma verdadeira esquisitice o seu marido fazer bruxarias dentro de casa, não acha Ginevra? Ah, com certeza deve ter sido... Se fosse comigo eu faria o mesmo, trataria o garoto do mesmo jeito. Eu sugeri que internássemos Natalie numa clínica, sabe, uns meses lá a fariam voltar ao normal, não concorda Ginevra?

Mas Alvo desistiu em seguida também. A mulher mal dava espaço para sua mãe falar, quanto mais para ele. Subiu correndo as escadas. Tiago estava dentro de seu quarto junto com Lilí, uma outra menina franzina e um menino corpulento e corcunda, que tinha uma franja ridícula que lhe cobria toda sua testa, enquanto seu cabelo era ralo.

–Tiago, precisamos conversar! –disse Alvo, sem dar atenção aos garotos que estavam ali.

O irmão deu um olhar feio ao menino corpulento e seguiu com Alvo até o corredor.

–Que foi? –perguntou.

–Rondres! Está aqui! –disse, de uma vez só.

Tiago revirou os olhos.

–Olha, Al, eu pensei que você já tivesse superado isso. –disse, com impaciência – Eu sei que garotos como você têm medo dessas coisas, é difícil acreditar, mas um dia eu também já tive, talvez com três ou quatro anos, mas... Bem, Al, o que você viu foi alguém parecido, só isso, entendeu?

–Não, não foi! –contrapôs Alvo, irritado. –Estava lá, em frente ao bar do Baddy! E de repente desapareceu! Tiago, ele está aqui e... Mas não me atacou, acho que não podia fazer nada na frente de todo mundo. Deve estar esperando o momento certo, como no ano passado. Precisamos fazer alguma coisa!

–Hum... Tá bom... –respondeu Tiago, que ficara ouvindo tudo com a sobrancelha erguida. –Boa sorte!

E, dando um tapinha em Alvo, voltou correndo ao quarto resmungando alguma coisa como “já não basta esse gordinho no meu quarto e ainda tenho que aturar as loucuras do Al. Eu mereço...”.

Qual era o problema do mundo? Por que era tão difícil acreditar que Rondres estava ali? Por que ele, Alvo, estaria brincando com uma coisa dessas?

Alvo andou de um lado para o outro no quarto enquanto pensava em voz alta:

–E o que eu farei? –murmurava ele. –Rondres pode estar na frente de minha casa agora e...

Ele parou de falar abruptamente. Olhou para os dois lados e correu para a janela para ver se realmente o bruxo não estava lá. Riu sozinho quando se deu conta de como aquilo era idiota. Rondres não ousaria botar o pé ali, não quando Harry Potter estava em casa. Além do mais, Rondres teve duas oportunidades de o matar, se não o matara ainda, provavelmente estava esperando por um momento. Talvez estava querendo uma arma, como o Medalhão de Prata, ou talvez nem sonhasse em fazer alguma coisa com seu pai por perto. É, ele estava seguro enquanto seu pai estava ali. Não havia razão para entrar em pânico. Mas mesmo com este pensamento, Alvo não conseguiu prestar atenção em nada durante o jantar. De vez em quando pegava uns fragmentos de conversa e conseguia entender o motivo pelo qual os Dursley estavam ali.

–... Edward vive caçando pássaros, ele atirou em uma coruja e ela caiu. Foi assim que consegui lhe enviar a carta, Harry...

O filho de Duda, Edward, o garoto corpulento, era um ano mais novo que Alvo, mas tinha aproximadamente o tamanho de Tiago. Ele era uma peste, lembrava um pouco Tiago, mas a diferença é que Edward era maldoso, Tiago era só peste.

O garoto vivia fazendo cara feia e xingando a irmã, que mesmo assim fazia de tudo para impressioná-lo. A garota, diferente do irmão, era meiga e tímida, e, aparentemente, uma bruxa.

Duda Dursley realmente virara uma pessoa amigável, o problema era a mulher. A Sra. Dursley vivia falando o tempo todo, e quando raramente dizia “você não concorda?” ela mal dava tempo para a pessoa responder.

Felizmente, os Dursley foram embora logo após o jantar (Harry lhe passara as instruções certas para que a garota pegasse o Expresso no dia primeiro de setembro), deixando Alvo num terrível conflito interior entre contar e não contar ao pai. Já tinha treze anos, não precisava falar. Tiago estava tranquilo, como se nada tivesse acontecido. E, além do mais, seu pai estava de férias, não tinha que se preocupar com essas coisas. Alvo espichou o pescoço e pode ver o pai brincando com Lilí na sala. Não valia a pena estragar aquela felicidade, não hoje.

Felizmente, Tiago saiu da sala varrendo seus pensamentos.

–Pelo o amor de Merlim! –exclamou. –Mamãe acha que todos nessa casa gostamos de ouvir a velha Celestina! Já não basta a vovó, agora a mamãe também...

Alvo sorriu, nervoso. Tiago trocou a estação, e o programa em que foi sintonizado chamou a atenção de Alvo:

–... Estamos falando hoje diretamente com Rita Skeeter, nossa informante do Profeta Diário. E então, Rita? Disse que tinha uma coluna especial para amanhã?

–Com certeza, Eduardo. –a voz intrometida falou. –Uma voltinha por Godric’s Hollow sempre me dá boas matérias. Felizmente, achei hoje a notícia de impacto que o Profeta estava querendo. Não vou dizer muita coisa, basta vocês saberem o nome da matéria: Loucura hereditária: Alvo Potter afirma ter visto o temível bruxo Bob Rondres!

–Por Merlim, Rita, você tem certeza? –exclamou o radialista.

–Absoluta, Eduardo. –confirmou a escritora. –E ainda tem mais, temos uma testemunha que estava no bar do velho Baddy na hora. Posso chama-la? Senhora, por favor... Diga-nos o que viu.

–Ele saiu apressado do bar repentinamente. –uma voz melosamente irritante disse. –Saímos todos para a rua, e adivinhem o que ele disse? Que o assassino estava ali! Em Godric’s Hollow! Uma insanidade, de fato... Eu sempre achei que esse garoto não batia bem da cabeça, o vi saindo da casa da velha Batilda junto com os dois irmãos... O garoto deve estar mesmo ficando louco, depois daquela briga com o Rondres anda vendo o bruxo em todo o lugar... Imagino que a cicatriz na testa seja...

Mas Tiago abaixou o rádio instantaneamente e olhou-o incrédulo.

–Al... Isso... É... O...

Mas Alvo sacudiu a cabeça e saiu irritado da cozinha. Os olhos fechados, a cabeça explodindo de pensamentos, ele encostou-se sobre o muro do jardim. As palavras rodando em sua mente... Loucura hereditária... Vendo Rondres por todo o lugar... Nunca bateu bem da cabeça...

Mas era verdade! Ele não era louco! Não podia ser... Que belo presente de aniversário, pensou, ganhar um artigo no Profeta Diário falando de sua loucura... Aquele era, de fato, seu pior aniversário. Por que era tão difícil acreditar que Rondres estava ali? Eles não conheciam as artimanhas do bruxo? E por que de uma hora para outra ele passara de o Escolhido para o Louco? Será que alguma pessoa acreditava nele?

–Eu acredito em você. –disse uma voz. Alvo virou-se assustado e viu um garotinho de cabelos loiros e olhos azuis, não devia ter mais de sete anos. Ele vestia uma capa de viagem que ia até os pés e que cobria grande parte de sua roupa. –Desculpe, não quis ler seus pensamentos, é que faz parte de meu trabalho, já virou costume.

Alvo olhou para os dois lados antes de perguntar.

–O que... O que está fazendo na minha casa?

O garoto balançou a cabeça, lamentando.

–Desculpe, não quis vir assim. Me chame de Brubock, senhor. Eu vim para avisar que acredito no senhor. Não faça o que ele quer.

–Ele? –perguntou Alvo. –Ele quem?

–Há pessoas que acreditam no senhor, Sr. Potter, lembre-se disso. –respondeu o garoto.

–Hum... Eu não sei bem, Bru... Bru...?

–Brubock, senhor. –respondeu o menino. –Tome muito cuidado, não caia nas difamações que ele prepara. Ele é muito engenhoso, senhor, não quer o seu bem.

–Quem é ele? –perguntou Alvo, impaciente.

–Eu acredito no senhor. Sei que Rondres está aqui. –disse o garoto, apenas. Ele tirou de dentro da capa um medalhão com um relógio antigo e pesado pendurado, consultou-o. –Eu preciso ir, Sr. Potter.

–Espere! –disse Alvo. “Eu acredito no senhor” não explicava o porquê de o garoto ter aparecido do nada em sua casa.

Brubock olhou para trás e, ao ver que Alvo não disse nada, ele falou:

–Eu vou indo, senhor. –ele passou levemente a mão no local onde guardara o medalhão com o relógio e continuou: - Depois da batalha o viajante descansa.

E, sem dizer outra palavra, o garoto saiu correndo e desapareceu na escuridão da noite, deixando Alvo sem entender nada do que havia acontecido.

–Filho? Podemos dar uma palavrinha?

Alvo virou-se. Seu pai estava ali. Os dois escoraram-se no muro e ficaram encarando a igrejinha ao lado do cemitério. Ali, estavam os corpos dos avós de Alvo. Era como se estivessem ali de verdade, em vida.

–Dia difícil, não foi? –o pai começou. –Quer me contar o que aconteceu?

Alvo suspirou e virou-se para trás à tempo de ver Lilí e Tiago espiando pela janelinha da porta.

– Ah... Desculpe, nós só estávamos, eh... Bem, já estamos indo. – respondeu Tiago, puxando a irmã antes de fechar a janelinha.

Alvo revirou os olhos e contou ao pai tudo que acontecera. Desde o dia em que foram à casa de Batilda e ele o viu, até hoje, quando ele saiu correndo do bar de Baddy e o viu novamente. Contou que Rita veio lhe fazer perguntas e que o chamaram de louco na rádio.

Seu pai o tranquilizou. Disse o mesmo que ele havia pensado. Que Rondres não faria nada enquanto Harry estivesse ali, e para que ele não ligasse para o que Rita escrevesse no jornal.

Por alguma razão, Alvo resolveu não mencionar o garoto chamado Brubock. Outra pessoa que aparece do nada e vai embora com a mesma rapidez e que só ele via, só iria piorar sua reputação de louco...



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Notas finais do capítulo

Caso a Thalessa esteja com uma teoria de que o Brubock também é o Bob Rondres disfarçado, já vou adiantando que não é kkkkkk Mas não sei né, tudo pode acontecer. E o nome do filhinho do gordo do Duda foi inspirado na fada brilhante de Crepúsculo porque eu quero mostrar que os dois são muito idiotas ^^ (Sorry leitores que gostam de Crepúsculo, mas é a pura verdade, vivam com ela .-.)
Mas olha só, agora tive uma ideia, como eu demoro pra postar os capítulos que tal eu fazer um capítulo bônus?? Mas só se eu ganhar uma recomendação ou muitos reviews u.u
E daí esse capítulo bônus será uns anos atrás, quando eles ainda eram pequeninhos e talz, mas vai tá bem legal...
Gostaram??