Alvo Potter E O Mensageiro De Boráth escrita por Amanda Rocha


Capítulo 2
Ketwch e os olhos azuis


Notas iniciais do capítulo

Yeeey, capítulo surpresa!!! E esse, é claro, é dedicado ao Luiztikie e a minha querida Thalessa que recomendaram a fic, a take a bow pra vocês *---*
E oito reviews no primeiro capítulo!! Caramba, acho que nenhum trailer de todas as minhas fanficas ( todas as duas kkkkk) tiveram oito reviews sem eu ter que pedir pras pessoas para lerem minha a fic por MP KKkkkkkkk É, tá dureza, sem MP's de divulgação agora fica difícil conseguir meus reviews, mas ok né...
E não se acostumem com capítulo rapidinho assim, hein! O segundo vai demorar bem mais...

E capa nova, gente!!!!! A outra tinha ficado bem mais legal, mas como o Nyah não aceitou eu tive que improvisar essa né... Identificaram o Carlos??



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O que faria uma pessoa se animar com coisas bobas? Provavelmente uma coisa ruim que aconteceu antes. Muitas vezes as pessoas têm que passar por coisas ruins para darem valor às coisas que já tem ou que vão ter. E é sempre após esse choque que elas começam a se contentar com coisas pequenas.




Alvo Potter, nesses últimos dias, estava rindo à toa. Talvez fosse porque jurara que fosse morrer no ano anterior, mas agora qualquer coisa, por mais boba que fosse, conseguia o alegrar. Mas hoje, em especial, ele estava mais risonho. E com razão, é claro, afinal ele estava se mudando para Godric’s Hollow. Harry conseguira contratar uma equipe de operários para reconstruírem a casa, porém, exatamente como era, não quisera nenhum detalhe diferente, a não ser pelos quartos a mais que mandara fazer (tinha experiência o suficiente para saber que não era nada prudente deixar Tiago e Alvo juntos em um quarto por muito tempo).




O pai sempre sonhara em morar lá, a cidade onde nascera, mas como Lílian Luna Potter, a caçulinha, ainda estudava, eles tiveram de esperar. Felizmente, esse ano a garotinha iria para Hogwarts, o que significava que eles estavam livres para mudar-se para outro vilarejo. Mas é claro que teve suas consequências, afinal, Lilí esperava entrar para a escola de Magia e Bruxaria desde que aprendera a falar, e quando os dois irmãos voltaram para passar as férias de verão em casa, a ruivinha teve uma reação mais que justa. Não parava de gritar, pular, cantar, e comentava pelo menos dez vezes por dia que esse ano ela também entraria, como se ninguém soubesse ainda. Mas o bom da história era que ela parara de fazer suas poções, além do mais, agora não precisava mostrar para ninguém que era boa aluna.

E Tiago estava realmente radiante com seus afilhados. Passava mais tempo na casa dos Longbottom do que na dos Potter, o que fazia sua mãe sempre reclamar quando ele chegava em casa – “só vive na rua agora, é?”.

Mas nesta manhã, todos os Potter estavam animados com a mudança. Gina empacotava pratos, pires e xícaras e Harry desmontava os móveis enquanto os filhos tomavam café da manhã.

–Espero que não cheguemos muito tarde lá. –comentou Gina. -Precisamos aproveitar seu dia de folga, Harry.

–Não se preocupe, querida. –respondeu o marido. –Fica apenas há algumas horas daqui.

–Eu não entendo porque o papai não pode ter férias como todo mundo. –disse Lilí.

–Ser Auror não é fácil. Precisa trabalhar sempre que o Ministério chama, não importa se você está de férias. –explicou a mãe. –E geralmente não sobra tempo para visitar os amigos. Ou jogar partidas de quadribol...

Tiago sorriu.

–Já está decidido, mãe. –disse. –Eu serei um Auror. Isso, é claro, se o Chudley Cannon não me contratar.

–Mas você pode jogar em outro time, Tiago. –interpôs Gina, que não gostava nada da ideia de ter um filho Auror.

–Não, não. –negou o menino. –É o Chudley Cannons ou serei Auror.

Gina olhou brava para Harry como se fosse culpa do marido que o filho quisesse ser Auror. Alvo também queria. A ideia de ter que enfrentar Bob Rondres não o apavorava, mas ele queria garantir que tivesse o treinamento certo, afinal, ele não era nenhum duelista de primeira mão.

–E quando vamos ao Beco Diagonal? –perguntou Lilí ansiosa.

–Podemos ir hoje. –disse Tiago.

–Sério? –exclamou a ruivinha.

–Seriíssimo! –garantiu o irmão. –Podemos comprar todos os Livros da Floreios e Borrões, assim não haverá perigo de não termos algum da lista.

–Ah, é... –disse Lilí. –As cartas ainda não chegaram.

–Não se preocupe, filha, iremos assim que seu pai conseguir outro dia de folga. –disse a mãe.

–Papai nunca consegue folga! –choramingou Lilí. –É por causa do Bob Rondres? Ainda não acharam ele, não foi?

Gina deu um olhar de esguelha com Harry antes de responder.

–Filha, logo vão prender ele. –disse a mãe, apenas.

Tiago e Alvo se olharam, Lilí provavelmente notou aquilo, pois disse em seguida:

–Você acha que ele pode achar o Al? –perguntou, inocente.

Gina, dessa vez, olhou preocupada para o filho mais novo, em vez do marido. Tiago, vendo a tensão, ironizou:

–Provavelmente – respondeu, sorrindo. –Até os vilões estão desesperados por um autógrafo do Escolhido.

Lilí sorriu.

–Não, não estão. –respondeu Alvo, bravo.

–Al, relaxa. –disse Tiago. –Ser famoso não é doença, ás vezes pode ser duro, eu falo por experiência própria, sabe, mas por mais que você seja chato, tem que aceitar o fato de que algumas pessoas estão dispostas a ignorar este pequeno defeito sobre você ser um idiota às vezes e serem seus fãs. Aliás, Rita Skeeter está em Godric’s Hollow, não é, pai? Ótimo, imagino que ela deva estar querendo uma entrevista com o Grande Tiago Sirius...


Pouco mais de uma hora depois, todos os pertences da família estavam encaixados e os cinco Potter estavam todos acomodados dentro do carro junto com as duas corujas, á caminho de sua nova casa em Godric’s Hollow.



No caminho, Tiago não parava de comentar que seria demais quando ele fosse um bilionário e morasse em uma cidade rica. Ele sempre gostava de se gabar do seu futuro, e falava com tanta certeza que até parecia que já havia fechado contrato com o time de quadribol.


–... E então o treinador irá aumentar o meu salário. –dizia ele. –Creio que de cinco mil galeões para seis, entendem?

–Seis mil galeões? –admirou-se o pai. –Não é muito para um jogador de quadribol? Sua mãe ganhava apenas três mil galeões, Tiago.

–Mamãe não era tão boa jogadora quanto eu. –disse ele, mas logo acrescentou: -Quer dizer, a senhora era boa e tudo, mas tem que admitir, ninguém supera o grande Tiago Sirius.

–Mas e se não te aceitarem no time? –perguntou Lilí, que vinha ouvindo a conversa com um ar de grande interesse.

Tiago olhou-a como se ela tivesse dito uma besteira.

–Você tem consciência do que acabou de dizer, garota? –perguntou à irmã. –Eu sou o Tiago Sirius, Lilí, só um louco não me aceitaria. E somente se o salário for abaixo de cinco mil galeões é que eu vou ser Auror. Ou também posso ser Auror quando for mais velho, veja o papai, já está...

–Veja bem o que vai falar... –alertou Harry.

–... Bem experiente. –completou Tiago. –E ainda é um dos melhores do Ministério. Terei um papinho com o Kingsley sobre isso...


Era um típico dia de primavera. O sol brilhava por de trás das nuvens e as pessoas nas ruas estavam muito animadas. Os três Potter menores deram longos “oh” quando viram a cidade. Era cheia de casas com telhados imensos, mas todas pequenas. Os poucos bares e lojinhas que haviam, eram todos com um ar muito aconchegante. A igrejinha ao lado do cemitério já tocava as badaladas do sino que chamava os cristãos para a missa. Os aldeões que habitavam Godric’s Hollow pareciam ser todos muito simpáticos, as ruas eram cheias de pessoas que conversavam animadas e se cumprimentavam. Mas, com certeza, a euforia maior foi quando viram a casa.



Era simplesmente linda. Exatamente como a antiga, segundo o pai. Um cercado feito de pedra em volta dava um ar ainda mais bonito e aconchegante.


–Sejam bem-vindos. –Harry sussurrou, encantado com a beleza do local e da residência.

–Quem chegar primeiro fica com o quarto maior! –disse Tiago, um segundo depois saiu desembestado pela casa adentro.

Alvo e Lilí só tiveram tempo de trocar um olhar antes de saírem correndo, assim como o irmão.

O quarto de Alvo era o menor na antiga casa. Tiago, após uma semana chateando os pais disse que merecia o quarto maior por ser o mais velho. Lilí ficou com o segundo maior, pois tinha uma certa quantidade de brinquedos, ursinhos de pelúcia, e mais um monte de coisas que ela nem mesmo usava. Sendo assim, Alvo ficara com o menor, o resultado fora todas as suas coisas espremidas o máximo possível no quarto, o que fazia ele querer mais do que os outros o quarto maior.

Infelizmente, quando chegou ao segundo andar, Tiago já havia se metido em um quarto.

–Não vale! Eu queria o quarto maior! –choramingou Lilí.

Tiago deu um muxoxo.

–Não tem quarto maior. –disse, emburrado. –São todos iguais.

Alvo deu uma boa olhada no aposento. Não era tão grande quanto o outro quarto de Tiago, eram, na verdade, todos do tamanho do seu antigo.

–Mas eu ia ficar com o maior quarto! –disse Alvo.

–Só por cima do meu cadáver! –retrucou Tiago.

Os dois irmãos se encararam bravos por um tempo. Esse era o lado ruim de ter Tiago como irmão. Ele podia ser muito legal, mas tinha a incrível capacidade de ser teimoso e mudar de humor em um segundo.

Foi somente quando ouviram um barulho de porta se abrindo que os três irmãos desceram correndo para reclamarem com os pais.

–Eu ia ficar com o quarto maior!

–Eu preciso do quarto maior!

–Eu já estava com o quarto maior!

–Um de cada vez! –disse a mãe, largando duas caixas que vinha segurando em um canto.

Os três Potter menores se olharam e, no instante seguinte desataram a falar, todos ao mesmo tempo:

–... Tiago chegou primeiro e disse que não havia mais quartos...

–... O que não é justo, pois eu sou o mais velho, é praticamente um desrespeito a minha dignidade que eu...

–... E eu preciso guardar todos os meus bichinhos, o Sr. Putty precisa de espaço, a senhora sabe...

Silêncio! –berrou Gina.

Harry, que havia acabado de chegar trazendo uma enorme pilha de caixas, olhou espantando para a esposa e os filhos.

–O que está acontecendo? –perguntou.

–Seus filhos estão fazendo um transtorno só por causa de um quarto. –esclareceu Gina rapidamente no exato momento em que os três abriram a boca para recomeçarem a reclamar.

–Ah, bem, todos os quartos são iguais. –disse Harry.

Este é o problema. –respondeu Tiago. –Eu sou o mais velho, pai, é questão de honra eu ter o quarto maior.

–E eu sou a menina! –defendeu-se Lilí. –Tenho mais coisas que eles! Mamãe...

–Eu sempre fiquei com o quarto menor! –exasperou-se Alvo. –É justo que eu fique com o maior, não é?

–Mas o que vocês querem? Fizemos todos iguais para evitar brigas. –disse Harry.

Tiago soltou um muxoxo.

–Até seu armário na casa dos Dursley era maior que os nossos quartos! –resmungou.

–Vocês só sabem reclamar! –disse a mãe irritada. Ela pegou três caixas que estavam empilhadas e deu uma a cada um. –Façam algo de útil, vão levando suas coisas lá pra cima.

De má vontade, os três subiram a escada para os quartos. Alvo saíra tão apressado em busca do quarto maior que nem reparara no quanto a casa era linda também por dentro. As paredes pintadas de um tom de azul claro com enfeites desenhados; as janelas de madeira escura; as portas com maçanetas triangulares douradas;

Entrou no quarto do meio do corredor e depositou a caixa com suas coisas a um canto. Ele olhou pela janela e viu a casa vizinha, a casa que antigamente pertencera a Batilda Bagshot. Uma estranha sensação percorreu seu pescoço, fazendo os pelos de sua nuca ficar em pé enquanto Alvo percorria os olhos pela residência.

Um repentino pensamento invadiu sua cabeça fazendo sua atenção voltar-se ao quarto em que estava. Se a casa ao lado era a de Batilda, então, certamente, fora nesse quarto que sua avó morrera tentando salvar a vida de seu pai. E fora ali que Voldemort perdeu todo seu poder, sendo reduzido a um mero ser espectral.

–Apreciando a paisagem? –a voz de seu irmão o fez voltar à realidade.

–Só... Pensando. –ele respondeu, dando outro rápido olhar à casa vizinha.

Tiago também olhou a casa por um instante e depois fitou o irmão.

–Sabe de uma coisa... –disse, com um ar que Alvo não gostava nada. Nunca era boa coisa quando o irmão falava desse jeito. –Eu bem que gostaria de dar uma volta pela vizinhança...

Alvo ergueu a sobrancelha.

–Você? Andando pela vizinhança? –perguntou.

–Pode ter alguma coisa interessante, oras. –e seus olhos brilharam na direção da casa vizinha.

–Não. –respondeu Alvo imediatamente. –Não vou invadir a casa dos outros.

–Ah, Al, qual é?! –insistiu Tiago. –Não vai me obrigar a fazer isso sozinho, vai? Não vamos estar invadindo nada, até porque a casa nem tem dono. E também a mamãe pediu para a gente ir conhecer os...

–Sobre o que estão falando? –perguntou Lilí entrando no quarto.

Antes mesmo que Alvo pudesse responder que não estavam falando sobre nada importante e evitar o que com certeza seria uma grande encrenca, Tiago se adiantara:

–Alvo e eu vamos dar uma voltinha, que vir junto? –perguntou o irmão, atenciosamente.

–Quero! –confirmou a ruivinha.

Alvo olhou incrédulo para o irmão.

–Não, não vamos a lugar algum! –disse com firmeza.

–Tudo bem, então vamos só Lilí e eu... –provocou Tiago.

Alvo olhou de um para outro e depois para a casa ao lado. Se até Lilí ia, era questão de honra que ele fosse.

–Tudo bem, eu vou. –disse, de má vontade.

Os três irmãos saíram escada abaixo. Dois deles sorriam de orelha a orelha, o do meio tinha uma expressão meio preocupada no rosto.

–Ah, aí estão vocês. –disse a mãe, que estava tirando as coisas de dentro das caixas. –Seu pai foi dar uma passadinha no Beco Diagonal, não foi comprar materiais escolares. –acrescentou, antes que Lilí pudesse falar alguma coisa. –Vão dar um passeio e conhecer os vizinhos, nada melhor que isso e, por favor, nada de bruxarias, Nugá Sangra-Nariz ou Vomitilhas, ouviu Tiago?

–Sim, mamãe. –respondeu o garoto entediado.

–E cuidem da irmã de vocês. –disse a mãe, colocando uma pilha de pratos em um armário que acabara de ser montado, com um gesto da varinha.

–Não se preocupe, Lilí estará segura conosco. –disse Tiago.

Tiago, Alvo e Lilí saíram em fila para fora da casa. Eram raras as vezes em que não estavam brigando, ou provocando um ao outro, uma coisa que era muito difícil de não acontecer quando estavam em companhia de Tiago Sirius Potter.

Sempre que iam visitar os vizinhos na Ottery St. Catchpole, ou Lilí acabava fazendo magia sem querer, ou os meninos da aldeia chamavam Alvo de bebê chorão, o que resultava em Tiago arrumando briga para defender o irmão. No fim, Harry sempre tinha que apagar a memória dos vizinhos.

–Por onde começamos? –perguntou Lilí animada.

–Podemos ir ali, vejam. –indicou Tiago, apontando para uma casa em que uma menininha de pouco mais de quatro anos brincava no pequeno escorrega do quintal de casa, vigiada pela mãe, uma senhora gordinha de cabelos encaracolados e escuros, que espichava o pescoço para assistir ao telejornal pela televisão da sala.

–Oi, nós somos... –começou Tiago, mas um grito de choro seguido por uma criança que veio aos berros interrompeu o garoto.

–Ryan me bateu! –choramingou o garotinho para a mãe.

–Ai, eu avisei para o seu pai que esse garoto não pode ficar um minuto...

Mas Tiago pigarreou alto, impedindo que a senhora terminasse de falar.

–Ah, meu jovem, desculpe! –disse ela. –Disse alguma coisa?

–Sim, nós somos da...

Mas antes que pudesse recomeçar, a menininha que brincava distraidamente no escorrega, começou a flutuar alguns centímetros do chão.

–Por Merlin, Beth! –exclamou a mãe, com as mãos na cabeça. A garotinha, porém, parecia estar se divertindo enquanto a mãe a fazia voltar ao chão.

Tiago e Alvo se entreolharam. A senhora, muitíssimo corada, olhou desconcertada para os meninos.

–Ah... Eh... Eu...

–Nós somos bruxos. –disse Alvo, fazendo a senhora soltar um assovio de alívio.

–Ah, ainda bem! –exclamou ela, lançando um olhar irritado ao outro filho, Ryan, que apontava a língua para o irmão. –Já é a terceira vez que Beth faz isso essa semana, sabe como é, nessa idade eles são impossíveis de controlar...

–Claro. Sou Tiago Potter, e esses são meus irmãos, Lílian e Alvo. -apresentou-se o mais velho.

A senhora soltou uma exclamação e apontou o dedo para eles. Os dois garotinhos que estavam brigando, saíram correndo para dar uma olhada e conferir se era verdade.

–É ele, mamãe! –exclamou Ryan, apontando para Alvo.

–Abaixe essa mão, Ryan! É feio apontar! –ralhou a mãe, embora ela própria estivesse com o dedo erguido para Tiago.

–Nós somos da casa logo ali à frente, acabamos de nos mudar. –disse Alvo.

A bruxa olhou para a casa.

–A antiga casa dos Potter... O lugar onde tudo começou... –disse, e seu olhar foi baixando para Alvo. –O Menino Que Sobreviveu...

O garoto sentiu o rosto corar e desviou seu olhar para a garotinha no colo da mulher, a única que não parecia espantada com ele.

–Ah, que cabeça a minha! Sou Abigail Rushcolle, foi um prazer conhece-los! Apareçam a qualquer hora que quiserem!

–Tem algo familiar neles, não? –comentou Tiago com os irmãos.

Não demorou muitos e os garotos descobriram que haviam mais bruxos ali do que trouxas. Alvo achou aquilo realmente desconfortante, pois alguns bruxos até apontavam para ele enquanto eles andavam, e os trouxas imaginavam que ele devia ser algum ator de filme ou coisa assim.

Comparando às antigas visitas á aldeia de antigamente, esta até que fora aceitável. Tiago não ficara se exibindo tanto, nenhum garoto chamou Alvo de chorão – embora uma menininha ficasse o encarando feio enquanto sua mãe o cumprimentava -, o que evitou uma grande confusão, e Lilí não fez nenhuma mágica sem querer. Bom, ela sem querer fez a bola de sorvete de um menininho sair voando quando ele gritou o nome dela animado, mas, por sorte, o garoto estava tão eufórico por acabar de ver a filha de Harry e Gina Potter, que nem notou.

Quando estavam a poucos passos de casa, Tiago lembrou-se do que Alvo estava rezando para que ele esquecesse.

–Ah, faltou uma casa. –disse ele alegre. –Vamos, vamos entrar.

–Ali? –perguntou Lilí. –Mas acho que não mora ninguém.

–E você sabe quem morava ali? –perguntou Tiago, Lilí negou. –Aquela ali era a casa de Batilda Bagshot. A historiadora de magia. A vizinha de Alvo Dumbledore.

Lilí engoliu em seco.

–Voldemort esteve aí. –disse ela.

–Também esteve na nossa casa. –respondeu Tiago. – Mais precisamente no quarto do Alvo...

O garoto revirou os olhos.

–Ele podia ter matado papai e tia Hermione aí! –disse ela, como se aquilo fosse motivo o suficiente para ela nem chegar perto da casa.

–Papai quase morreu na nossa casa também. E vovô e vovó realmente morreram, mas mesmo assim você vai morar lá. –retorquiu Tiago com indiferença.

Lilí e Alvo se olharam indecisos.

–Se vocês não forem, eu vou sozinho. –disse ele. –E, caso algo aconteça, quero que fique bem claro que vocês poderiam ter evitado, e aí terão que viver para sempre com a consciência mais pesada que o Hagrid sabendo que foram os responsáveis pelo meu possível...

–Tá legal! –disse Lilí.

Tiago sorriu e, num gesto muito teatral, fez sinal para os dois irem à frente.

Todas as casas da aldeia pareciam ser exatamente iguais. A de Batilda, porém, com um ar de abandono.

–Por que será, hein, Al? –debochou Tiago quando Alvo comentou com ele. –Ela saiu daqui há pouco tempo, não foi? O quê, um ou cinquenta anos?

Alvo balançou a cabeça, enquanto abriram o portão. A grama estava alta, igualzinho a casa dos Potter há alguns meses. Lilí olhava receosa para o mato alto que crescera ali, como se esperasse que um bicho fosse saltar a qualquer segundo e ataca-la. Alvo também não sentia-se muito confortável andando ali. Tiago, embora andasse tranquilamente, tinha uma expressão muito estranha no rosto.

A porta abriu com um alto rangido, e um pedaço de madeira se soltou e caiu com um baque surdo no chão empoeirado.

Um cheiro horrível invadiu as narinas de Alvo logo que ele entrou na casa.

–Caramba... –disse Tiago fazendo careta. –Um trasgo morreu aqui?

–Então nós... Já podemos ir embora, não é? –disse Lilí.

–Nem pensar. –respondeu Tiago. –Vamos ver o que tem lá em cima.

Havia uma grande quantidade de objetos jogados ao chão, todos com pelo menos três centímetros de poeira. Eles subiram a escada para o aposento de cima, e conforme iam subindo, mais escuro ia ficando, já que não havia luzes e as janelas estavam todas fechadas.

–Ai! –exclamou Tiago. –Cuidado com esse último degrau, está podre.

Alvo e Lilí passaram e pularam o degrau indicado pelo irmão.

–Lumus. –murmurou Tiago.

Lilí soltou um gemido e se agarrou na manga da camiseta de Alvo. Se eles achavam que o andar de baixo estava bagunçado, aquele não era nada comparado a este. Parecia que um furacão havia passado por ali. Coisas quebradas, papéis, copos, cacos de vidro, madeiras por todo o lado.

–Minha nossa...

–... Este lugar está assim desde...

–... Que papai e tia Hermione vieram aqui...

Fez-se silêncio enquanto os três imaginavam a cena de uma velha senhora se transformando em cobra enquanto dois jovens lutavam para escapar.

Um baque repentino vindo do andar de baixo fez o coração dos três subir à boca.

–Quem está aí? –perguntou Tiago.

Lilí apertou com mais força ainda a mão de Alvo, o garoto se desequilibrou e apoiou-se no irmão, que pisou em alguma coisa que fez um barulho ao quebrar-se.

Eles ouviram rangidos, poderia ser o passo abafado de alguém subindo as escadas. Sim, definitivamente havia alguém ali. Tentando afastar o pensamento de que fosse uma pessoa indesejável que estivesse a degraus dos garotos, Alvo resolveu achar que fossem garotos que, como ele, estavam se aventurando na casa de Batilda Bagshot, é, provavelmente era isso.

Cada segundo era uma tortura para eles, os olhos de Alvo não desgrudavam da porta. Os rangidos estavam ficando cada vez mais altos. A qualquer segundo ali apareceria...

Foi com o mesmo barulho que ouviram quando o pé de Tiago afundou no degrau podre que eles souberam que seja lá quem estivesse ali, havia chegado até eles.

Lilí gritou e se agarrou ao braço de Alvo que cambaleou para trás, Tiago assustou-se e pisou em alguma coisa que afundou. E então, com a luz da varinha de Tiago, Alvo o viu, por pouco mais de um segundo. Os olhos azuis brilhando e o cabelo castanho claro brilhando, o rosto cheio de cicatrizes. Era ele, não havia outros olhos tão azuis como o dele, nem mesmo os de Rosa ou Hugo.

E com um estampido desapareceu. Alvo olhou mais atentamente. Teria caído para trás? Mas não... Ele não ouvira barulho de alguém caindo.

–Ele ainda está... –ele começou em voz alta, mas o irmão pôs a mão em sua boca.

–Eu vou verificar. –sussurrou.

Lilí soltou um gemido abafado enquanto Tiago ia em direção à escada. Mas porque estava fazendo isso? Ele não vira que não havia mais ninguém ele? Ele desaparatara.

–Não tem ninguém. –disse Tiago, após descer alguns degraus. –Seja lá quem for, ou estava invisível ou desaparatou.

–Invisível? –repetiu Alvo.

–É, Al, quer dizer que a gente não pode ver. –caçoou Tiago.

–Sei o que quer dizer! –retrucou Alvo. –Mas não estava invisível. Eu o vi, vocês não?

Lilí e Tiago se entreolharam e sacudiram a cabeça.

–Mas ele estava ali! Rondres, deu para ver! –disse Alvo, sem entender o porquê de os irmãos não poderem ver.

–Rondres? –repetiu Lilí, a voz tremida.

–Não é possível, Al. – disse Tiago. –Não tinha ninguém ali.

Alvo olhou mais atentamente para o irmão, esperando encontrar vestígios de um riso.

–Mas eu vi... –disse ele. –Ali... Na escada.

Tiago baixou os olhos para o pé que estava sangrando.

–Droga de madeira... Essa casa está toda podre... –resmungou, depois voltou-se para o irmão. –Bom, eu estava abrindo um buraco no meu pé e não vi, mas posso te afirmar que não foi o Rondres que você viu.

Alvo sacudiu a cabeça.

–Sei o que eu vi. Foi ele... Lilí viu, não viu?

A ruivinha negou e olhou-o preocupada.

–Mas foi ele... Tenho certeza que foi.

Tiago bagunçou o cabelo e olhou atentamente para Alvo.

–Pode ter sido alguém parecido, sabe... Não necessariamente era o Rondres, Al.

Alvo sacudiu a cabeça. Foi por menos de cinco segundos, mas Alvo tinha certeza de que era, não podia ser outra pessoa, ele reconheceria em qualquer lugar.

–Vamos embora daqui. –disse Tiago. –Ah, e não comentem nada disso com papai ou mamãe, certo? Posso ficar de castigo para o resto da minha vida se um deles descobrir que eu estou induzindo vocês a fazerem as “Brincadeiras do Tiago”...

Enquanto ia para casa, Alvo pensou no que o irmão falara. Será mesmo que ele imaginara? Estaria tão apavorado a ponto de enxergar o bruxo? Era provável... Não havia chances de Rondres estar ali, não ali, logo em Godric’s Hollow...

Quando chegaram em casa, os três garotos tiveram uma surpresa. Harry já havia chegado, mas havia alguém mais na sala além de Gina.

–Nossa! –exclamou Tiago. –Um elfo doméstico! Que demais!

A criaturinha estava meio insegura olhando para as crianças. Ela vestia apenas uma roupa velha e um pouco encardida, como um vestido. O nariz redondo e as mãos torcendo a ponta do pano que vestia.

–Podemos chamar ela de Dobba, pai? –perguntou Tiago esperançoso.

–Dobba é um nome feio. –cortou Lilí. –Ela deve se chamar Chloe!

–Prefiro Monstra. –retorquiu Tiago.

–Que nome ridículo, Tiago. –disse Alvo.

–Sinto muito desapontar os três, mas ela já tem um nome. –avisou o pai.

–E qual é? –perguntaram os três em uníssono.

–Ketwch.



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Notas finais do capítulo

Gostaram??????? Gente, vocês podem sugerir o que querem pra essa fanfic igual as meninas que pediram pra já ir pensando nos casais e tudo, como essa eu ainda não terminei, ideias são bem vindas...