Alvo Potter E O Mensageiro De Boráth escrita por Amanda Rocha


Capítulo 15
Adivinha quem vem para o jantar


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, deixem-me dizer que eu estou PIRANDO com o número de acessos que está tendo nas três temporadas! Isso realmente me surpreendeu porque eu não esperava que a primeira temporada que, além de fazer tanto tempo que foi postada ainda é (na minha opinião) a piorzinha, tenha tantos acessos ainda e todos os dias o número apenas cresce. Valeu, potterheads :D

E segundo, quero dizer que estou me mantando para tentar terminar essa temporada antes de as aulas começarem, porque daí vai ficar mais difícil escrever e postar, mas eu vou tentar dar um jeito.
E terceiro (sim, ainda tem um terceiro u.u), ASSISTAM A VERY POTTER MUSICAL!!!!!! Sério, guys, me mato rindo com esse musical...
Enfim, sem mais delongas, aí vem o capítulo e, caso queiram fazer suas apostas de quem vem para o jantar, podem me dizer nos reviews se acertaram...



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Na última semana de aulas antes das férias de Natal, arrumar uma detenção é tão horrível quanto não ter as férias. Depois que os garotos seguiram a Prof.ª Claepwack de volta ao castelo, ela foi direto à sala do diretor. Neville, que não era lá aqueles diretores durões (especialmente com os Weasley), conseguiu dar uma apaziguada na coisa. Porém, o fiasco que a professora fez sobre como podia ter quebrado um membro do corpo foi tão grande que o diretor teve que concordar em dar-lhes uma detenção que, ainda bem, seria somente após as férias.

Duelos, em geral, não eram uma coisa realmente proibida em Hogwarts. Ainda mais se era à luz do dia, no tempo livre e só por diversão. Claro que o duelo das crianças não fora bem algo só por diversão, mas Alvo ficou grato por Tiago não ter explicado que começara o duelo com a intenção de dar uma boa surra em Matt.

Mas, pelo jeito, Tiago já era um perito quando se tratava de detenções. O garoto até mesmo lhes mostrara um gráfico que ele mesmo criara no segundo ano, com todas as estatísticas sobre os melhores pontos do ano para aprontar uma e, segundo ele, se meter em encrenca na semana de Natal era a melhor opção, até porque todos ficavam tão ocupados com os preparativos da data que simplesmente não havia como encaixar uma detenção.

O único problema era que Alvo e o irmão estavam, mais uma vez, de mal. Bem, na verdade, Tiago era quem estava sem falar com Alvo e este, já cansado de estar correndo atrás do garoto sempre que brigavam, não fez questão de pedir desculpas. Bem, não depois da primeira conversa que tiveram...

– Você é um traidor! Você e o Matt, uma dupla de Rabichos! – disse Tiago, praticamente cuspindo as palavras.

– Não fiz por mal – Alvo se defendeu -, você sabe que não é um feitiço grave, os tentáculos iam sair logo. E não fui o único, Lilí também participou!

Tiago fingiu que caía para trás, embora realmente parecesse chocado.

– Lilí? – repetiu ele. Alvo confirmou. - Minha irmãzinha inocente? O que é que está acontecendo com essa escola, um motim?

– Desculpa, maninho, mas você e a Daniella estavam insuportáveis! – Argumentou a ruivinha.

– É verdade, Tiago – Alvo a apoiou -, nem parece mais você. Você era durão, o nosso líder, agora tá aí, comprando docinhos pra Daniella!

Tiago, muito ofendido, abriu a boca várias vezes, e fechou-a. Por fim, disse:

– Só está com ciúmes porque eu tenho uma namorada!

E saiu, deixando os dois irmãos ali, aborrecidos. Pelo jeito Tiago achava sua mudança de comportamento extremamente normal para um cara amadurecido que não se preocupava com a opinião de criancinhas feito Alvo e Lilí.

Mas, definitivamente, o que mais preocupava Alvo, no momento, era a temporada de quadribol, que estava bem próxima. Carlos, no entanto, tivera tato o suficiente para não ficar comentando sobre o grande jogo quando Alvo estava por perto. Coisa pela qual o garoto ficava muito grato, afinal, Carlos devia estar realmente animado e ansioso já que era sua primeira partida oficial como o novo artilheiro da Grifinória.

O Natal era a época do ano de que Alvo mais gostava. Talvez porque toda a sua família se reunia e, apesar das confusões, brigas e mal-entendidos que ocorriam quando havia muitos Weasley em um só lugar era um momento feliz. Mesmo que não durasse mais que uns poucos dias. O fato era que, quando estava junto de sua família, Alvo Potter sentia-se seguro. Era uma sensação tão boa... Quase como se nada pudesse dar errado...

E, pensando exatamente em sua família, Alvo conseguiu, nos dias seguintes, desviar seus pensamentos dos acontecimentos em Hogsmeade. E essa é uma coisa engraçada sobre família: podemos não a ver muito, podemos nos dar muito bem com ela ou simplesmente não manter contato algum; a questão é que, quando se trata de família, todos nós sabemos bem lá no fundo, quase inconscientemente, o quão fundamental ela é ou foi em nossa vida.

No dia vinte e dois de dezembro, a escola toda acordou animada com o grande jogo. Havia no ar uma inegável excitação sobre a abertura da Temporada de Quadribol. O Salão Principal era uma algazarra só de gargalhadas altas, vozes animadas fazendo apostas altas sobre o resultado e de palmas sempre que algum jogador de um time que iria jogar entrava no salão. Alvo Potter, no entanto, trazia no rosto um singelo sorriso e uma enorme vontade de ser do time. Conformou-se, entretanto, em apenas sentar-se à mesa da Grifinória ao lado dos amigos e desejar boa sorte aos seus ex-colegas de times. Quando chegou em Pedro, este lhe deu um olhar de pena e murmurou, somente para Alvo ouvir:

– Sabe, você era um grande artilheiro só que...

– O Carlos foi melhor – completou Alvo. – É, eu sei.

Pedro deu um longo suspiro e bateu no ombro de Alvo, que seguiu e sentou-se ao lado de Rosa. É pro bem do time, ele falava para si mesmo, Carlos é melhor que eu.

Logo, Alvo viu que não fora tão ruim quanto ele imaginara assistir ao jogo sem estar jogando. Ele sentou-se ao lado de Rosa e Hagrid, e assistiu a partida de um modo diferente, sem o nervosismo que tinha durante os jogos, e descobriu que ele era melhor como um espectador. A única coisa ruim era Scorpius lançando olhares de deboche para ele sempre que podia – isso e Tiago voando até a arquibancada para dar um beijo em Daniella sempre que a Grifinória marcava um gol.

No fim, o jogo foi até que realmente divertido. Carlos marcara dois gols e, antes que Malfoy tentasse lhe atirar um balaço em cheio (o que, os garotos sabiam, com certeza o loiro estava tramando), Tiago já havia capturado o pomo. Os lufanos, muito gentis como sempre, foram cumprimentar os grifinórios lhes parabenizando pelo jogo justo e pela vitória merecida. E Alvo que, para sua surpresa, não estava se sentindo tão mal por não estar jogando, ficou ainda mais feliz por ver Pedro Lepos erguendo Carlos nos ombros. O garoto, que irradiava felicidade, era todo sorrisos para a multidão de alunos que gritava “Vai, vai, Grifinória!”. Até mesmo Rosa, muito contrariada (afinal ela ainda estava brava com Carlos), deu um “jogou bem” muito formal ao amigo que, com a mesma formalidade, retribuiu com um simples “obrigado”.

No final do dia, Neville anunciou, no jantar, que na véspera de Natal haveria um passeio à Hogsmeade para os alunos que ficassem no castelo. E quando desejou boas-festas à todos, Tiago fez questão de falar em altas vozes que o diretor Neville Longbottom iria passar o Natal na sua casa. Para fechar o dia com chave de ouro, houve ainda uma comemoração pelo resultado do jogo na sala comunal da Grifinória. E essas eram algumas das vantagens em se ter Tiago Sirius Potter e Daniella Crater como monitores da sua Casa, eles sempre autorizavam dar várias festas como estas.

– Ainda bem que a Molly é da Corvinal – disse Lilí, que se entupia de rosquinhas de limão -, assim ela não vai dar um sermão no Tiago sobre como os monitores devem agir.

Alvo concordou plenamente. Molly Weasley II era uma cópia do pai, Percy, e esta estava sempre pronta para dar um sermão em alguém, porque sofria, como os irmãos Potter gostavam de chamar, de um tipo de “Rosisse” avançada. O que era muito sério, é claro.

Porém, na última noite antes das férias, os garotos riram, se divertiram, brincaram, dançaram muito ao som alto do novo sucesso dos Explosivins (A batida do dragão), afinal Tiago executava com muita facilidade o feitiço Abaffiato (“Ah, Al, eu devo tanto à Severo Snape...”), se empanturraram com a comida que Fred afanou da cozinha e, ainda, fizeram um mega campeonato de Snap Explosivo, que Rosa e Hugo ganharam de lavada, o que já era algo previsto já que os dois eram as pessoas mais competitivas que Alvo conhecia.

***

No dia seguinte, quando Alvo acordou, a sensação que teve foi de que dormira por apenas um segundo. Sequer tivera sonhos, o que para ele era algo realmente estranho, levando em conta que seu sono era conturbado por pesadelos diários. Seus colegas também não pareciam nada bem. Dennis Finnigan, pelo visto, estava com uma dor de cabeça do cão; Clívon e Jordan mal se aguentavam em pé; Carlos, que dançara a noite inteira ao som dos Explosivins (ele ainda não tinha escutado nenhuma música da banda e, quando Tiago aumentou o som, ele logo virou um grande fã), parecia um velho andando com as costas doloridas; e Malfoy, este era o que se encontrava em melhor estado. E já era de se esperar, afinal ele não aproveitara muito a festa. Ficou isolado em um canto, beliscando um aperitivo que outro de vez em quando e, quando notou que Tiago e Fred estavam se entediando da festa (porque, se os dois se entediassem Scorpius com certeza seria sua nova diversão), logo foi se deitar.

Porém, parecia que somente os grifinórios foram dormir tarde na noite anterior (“É porque as outras Casas não têm monitores tão legais quanto a Grifinória”, gabou-se Tiago), porque, apesar de ser cedo, todos estavam com caras ótimas. O que só fez Alvo se sentir pior ainda.

– Ah, por que não podemos ir de noite, como nos outros anos? – resmungou Rosa, que sempre preferiu viajar à noite.

Alvo concordou plenamente, porém não arrependido da festa da noite passada que, tinha de admitir, rendera-lhe muita diversão.

Neville mandou que Alvo avisasse ao pai que ele e Luna chegariam atrasados para a ceia de Natal, pois estes passariam o dia no St. Mungus, levando Lysander e Lorcan para verem os avós. O que fez Tiago fazer uma lista de cuidados que os pais do diretor deveriam ter com seus preciosos afilhados.

– Acho que eles sabem disso, Tiago – disse Alvo, quando o irmão escrevia no pergaminho “não balançar Lorcan demais, pois ele se irrita facilmente”. – São os avós.

Mas Tiago, que ainda estava bravo com Alvo por ter falado mal de Daniella, apenas lhe respondeu:

– Que foi, você está com ciúmes agora porque eu sou padrinho? Francamente, Alvo Severo, você devia se envergonhar.

E o garoto, que conhecia uma causa perdida quando via uma, logo desistiu de tentar falar com o irmão. Coisa que Rosa aprovou, pois onde Tiago estava Daniella também dava um jeito de se meter no meio, e a ruiva que, por alguma razão (Alvo achava que tinha uma forte ligação com tia Hermione), parecia estar mais cheia de Daniella do que os outros. E com razão, é claro, afinal a garota estava tratando Rosa como se essa fosse um bebê.

– Ah, Carlos está insuportável! – Grunhiu ela, à caminho do trem, quando o amigo (que agora a pouco insinuou que seu cabelo lembrava a juba de um leão) saiu para ajudar Clarisse com a mala.

– Meninos, Rosa, meninos... – suspirou Daniella, que vinha andando de mãos dadas com Tiago um pouco atrás. – Lembro do tempo em que eu costumava brigar com eles...

Rosa deu um sorriso torto para a garota e olhou furiosa para Alvo.

– Claro que ela lembra! – Disse a prima. – Não faz nem uma semana!

Alvo apenas balançou a cabeça e seguiu a garota, que parecia à beira de um ataque de nervos, para o trem.

Achar uma boa cabine foi difícil. Até porque isso era algo realmente importante já que a viagem era longa e, um passo errado, e eles estariam confinados em uma cabine rodeados de pessoas que eles realmente não queriam estar perto. Alvo até fizera uma vez, quando acordou em uma noite das férias e não conseguiu voltar a dormir, um gráfico analisando os melhores pontos para eles ficarem, mas não lembrara onde colocara. Sendo assim, tiveram de pensar rápido em um bom lugar de supetão. Carlos sugeriu o final do trem, Rosa queria um vagão bem no início, e Alvo só queria um lugar onde não ficasse perto de “Ti e Ella” (o apelido que Tiago dera a garota, já que achou Dani muito brega), e nem muito perto de Malfoy e os sonserinos. Mas não tiveram muito tempo para realmente decidir, porque quando ouviram a voz arrastada do garoto, logo se meteram em uma cabine qualquer.

O resto da viagem até, pode-se dizer, foi tranquila. O trio estava tão cansado que dormiram praticamente a maior parte do tempo. Foram acordados por Fred, Lilí e Hugo, que queriam pregar uma peça no casal de pombinhos mais insuportável de Hogwarts.

– E qual é o plano dessa vez? – perguntou Rosa, num enorme bocejo.

Fred puxou do bolso um punhado de doces de duas cores: laranja e roxo. Alvo os conhecia tão bem...

– Vomitilhas! – exclamou Carlos. – Ah, essas coisinhas são tão divertidas!

– Ah, mas como acha que vai fazer o Tiago comer isso? Ele é esperto demais pra cair nessa – disse Alvo, que conhecia o irmão como ninguém. – Até porque ele é um ás das marotices, nem preciso dizer.

– É, o nosso querido presidente... – concordou Fred, com uma mão no peito, como se lamentasse muito. Depois olhou sorrindo para os garotos. – Mas quanto à isso não se preocupem, eu sempre tenho um plano. Hugo, conta pra eles.

O garoto, aparentemente radiante por pode ajudar, logo começou a explicar:

– Fred acha que podemos colocar no almoço dele, ele nem vai perceber, você sabe como ele fica abobalhado quando a Daniella está por perto, ou seja, sempre.

– Não, ele sempre compra algo da carrocinha de lanches – cortou Alvo.

– Já pensei nisso, maninho – contrapôs Lilí, com um ar muito sério de quem trata de negócios muito importantes. – Agora que a moça está vendendo pastéis, o almoço favorito dele é um pastelão de presunto e queijo e bolo de caldeirão de abóbora com cobertura de chocolate de sobremesa. Podemos esconder a parte laranja dentro do bolo e do pastelão!

– Muito esperta, Lilí! - elogiou Rosa. – Mas como vamos colocar as Vomitilhas na comida sem que a mulher do carrinho veja? Vocês sabem como ela é cuidadosa com os lanchinhos...

– Ah, com isso não se preocupe... – Fred a tranquilizou, fazendo um gesto com a mão. – Deixem essa parte comigo, meus poderes para o mal sempre me ajudam a improvisar nessas horas.

– É, é por isso que eu jamais quero ter você como inimigo... – riu Carlos.

– Então vocês topam? – perguntou Lilí, esperançosa.

– E ver o Tiago tendo um acesso de vômito na frente da “Ella”? – disse Alvo, fingindo estar meio receoso. Depois abriu um largo sorriso. - Só se for agora!

Lilí bateu palminhas animadas e o grupo se dirigiu pelos corredores. Quase não era possível ver alguma coisa lá fora, pela janela, por conta da tempestade de neve. Não precisaram andar muito e já viram o carrinho da moça indo de cabine em cabine. Rosa saiu apressada com alguns galeões na mão quando Fred cochichou para que eles comprassem alguma coisa só para distraí-la.

– O que vão querer, queridos?

A garota ficou olhando para todos os doces por um bom tempo, tentando decidir.

– Anda logo, Rosa! – apressou Lilí. – Todos querem comprar!

– Ah, mas é que eu preciso de algo que não vá me deixar com fome... – explicou ela.

– Mas aí não sobra comida pra gente – debochou Carlos.

– Vê se não enche, Carlos – xingou Rosa.

Enquanto Alvo pedia uma varinha de alcaçuz, o garoto viu Fred um pouco mais distante, levitando o doce direto para dentro do bolo de caldeirão. Porém, quando foi fazer o mesmo com o pastelão, o pedacinho laranja ficou apenas pairando sobre a massa. Alvo ergueu a sobrancelha, o mais discretamente que pôde, para o primo.

Não tá entrando! – sussurrou ele.

Dá um jeito! – respondeu Alvo, apenas mexendo os lábios, mas sabia que Fred entenderia, pois os Weasley tinham muita experiência em se falar desse jeito, até porque sempre tinha alguém lá para ouvir a conversa, e, além do mais, esse fora o método que eles haviam adotado como a principal comunicação entre os Marotos.

– Dá um jeito você! – implorou Fred. – Pelo Tiago!

Alvo teve vontade de largar um bom sermão lembrando ao primo o que ele falara sobre seus poderes para o mal, mas, se queria pregar uma peça no irmão, o momento era este.

– Ah, hã, então... Como vão os... Negócios? – perguntou ele à moça, que já estava seguindo com o carrinho.

Tanto a mulher quanto seus amigos olharam para ele confusos. Alvo fez um leve aceno com a cabeça na direção do doce que ainda flutuava sobre o pastelão. Ele voltou-se para a mulher, que tinha uma sobrancelha erguida, como se não fosse muito comum que os alunos se dirigissem a ela com algo a mais além de um pedido de lanche.

– Bem – respondeu ela, desconfiada.

Houve um estranho silêncio constrangedor que só foi quebrado quando alguém (mais tarde Alvo descobriu que foi Fred) deu um forte pisão no seu pé. E, tendo apenas um segundo para pensar, Alvo se virou, fingindo estar com dor – o que, na verdade, não era bem um fingimento -, e, com um movimento rápido, ele afundou o doce dentro do pastelão.

– Oh, querido, você está bem? – perguntou a mulher, preocupada com o grito que o garoto deu (sim, ele gritou).

– Ah, sim, estou... – respondeu Alvo, massageando o pé. – Qualquer coisa que eu tenha já... Entrou.

A moça olhou para ele com uma cara do tipo “você andou fumando mandrágora, querido?”, mas seus amigos pareceram entender.

Quando a senhora, um tanto que desconfiada, puxou seu carrinho e seguiu pelo corredor oferecendo os lanchinhos pelas cabines, as crianças foram atrás, o mais discretamente que puderam – o que, deve-se dizer, não era grande coisa, ainda mais levando em conta que o grupo era formado, quase inteiramente, por Weasley’s -, para poderem ver o “show”.

O plano até que estava indo muito bem. A moça, quando viu os garotos atrás dela, achou que eles estavam apenas no caminho de volta para a cabine e, até agora, ninguém havia pedido nenhum dos lanches com a Vomitilhas, o que foi uma grande sorte, pois só tinha um bolo de caldeirão. A coisa desandou foi quando chegaram na cabine de Eloísa Ellêck. Eles disseram que já tinham lanche e a moça já estava indo embora quando alguém a chamou. Max Connó, o grandão atrapalhado da Lufa-lufa, mudara de ideia no último instante.

– Ah, oi, Alvo! Carlos, Rosa! – cumprimentou ele, e fez um breve aceno para os outros. Depois se virou para a mulher. – Um bolo de caldeirão com cobertura de chocolate, por favor.

Não!– exclamaram os garotos ao mesmo tempo.

Os dois – Max e a mulher – olharam confusos para eles. E, à esta altura, a mulher já devia estar realmente espiada com o comportamento das crianças.

– Ah, pra que comer, não é? – Rosa tentou disfarçar, o que não deu muito certo, porque um Weasley falando esse tipo de coisa sobre comida não é uma coisa que se vê todo dia.

Alvo revirou os olhos.

– Ela quer dizer que um garoto saudável como você, Max... – ele começou, certo de que iria encontrar uma desculpa melhor que Rosa. O problema é que Alvo Potter também é um Weasley. – Devia cuidar da saúde! Por que não pega um chicle de espinafre?

– Chicle de espinafre? – repetiu Lilí. – Sério, Al?!

O irmão olhou para a ruivinha com um olhar daqueles que dizem com todas as letras “pelo menos eu estou fazendo alguma coisa!”, depois encarou Max.

– Ah... Obrigado, mas eu sou alérgico à espinafre... – respondeu ele, estranhando. – Mas eu fico com o bolo.

A moça já havia pegado o dinheiro do garoto e já ia lhe entregar o bolo de caldeirão quando Fred se meteu no meio.

– Ah, mas por que então você não pega alguma outra coisa? Essa coisa que chamam de doce vai estragar todos os seus dentes – improvisou ele, colocando a mão na boca de Max. – Olha só, que brancura de dentes de você tem, não vale a pena estragar eles com essas besteiras! Vão ficar todos cariados não é, Rosa, pergunte à ela, os avós dela são dentistas!

– Ah é, é sim! – concordou Rosa.

Max tirou a mão de Fred de seus dentes e – após limpar bem a boca – pegou a tortinha da mulher, que, quase correndo, seguiu pelo corredor.

– Ah, então você vai mesmo comer? – perguntou Carlos.

– É... – respondeu ele. - E vou entrar porque... Vocês estão muito estranhos hoje...

O garoto se fechou na cabine e Alvo e os outros deram um longo suspiro.

– Bom, nós tentamos avisar... – disse ele.

– É, não é como se tivéssemos empurrado a Vomitilha direto na boca dele... – concordou Rosa.

– Quanto tempo leva pra fazer efeito? – perguntou Lilí, preocupada.

Fred cruzou os braços e consultou o relógio no pulso.

– Bom... Em torno de um minuto...

Os garotos apenas balançaram a cabeça, tristonhos. Depois Hugo, que não era o melhor quando se tratava de ser sensível com as pessoas, levantou a cabeça e perguntou:

– Então, já que gastamos a Vomitilha podemos pelo menos ver ele vomitando?

Rosa olhou para ele, brava.

– Sério, Hugo, você é realmente nojento.

Mas, antes que o garoto pudesse se defender, ouviram um jorro de alguma coisa batendo em outra. Eles se viraram e viram a porta da cabine de Max completamente encharcada de vômito. O garoto abriu-a e saiu vomitando pelos corredores, correndo até o vagão da enfermaria, deixando um rastro de... Bem, de qualquer que ele tenha comido antes, pelo caminho.

– Isso foi... – começou Rosa.

– Incrível! – completou Hugo.

Todos olharam para ele.

– Sério, Hugo, você é... – Alvo ia dizer, mas o garoto mesmo o interrompeu.

– Nojento, eu sei.

Ele encolheu os ombros.

– Alguém vomitou ou... Wow! – exclamou Tiago, que botara a cabeça pra fora de uma cabine. Ele encarou o chão e deu uma risada. – Poxa, que diabos aconteceu aqui?

– Max Connó – disse Rosa. – Vomitou...

– Ah, como eu queria ter estado ali na hora para ver isso! – lamentou ele.

– Acredite, Tiago – começou Alvo -, a gente também!

Tiago pareceu não entender muito bem, então os garotos seguiram na direção contrária daquele corredor que já estava começando a exalar um cheirinho nada agradável. Fred até fizera, ao longo da viagem, outras tentativas para aprontar com Tiago, mas Alvo concluiu que era simplesmente impossível enganar Tiago Sirius Potter.

O trem foi parando logo que o céu, lá fora, escureceu. Foi a bagunça de sempre para os alunos desembarcarem. Era uma correria de malas para tudo que é lado, sem falar da algazarra que as corujas estavam fazendo. Alvo tentou acalmar Reéder, mas esta lhe picou o dedo.

– Tenho a leve impressão de que essa coruja não vai com a sua cara, maninho – riu Lilí, pegando a gaiola do irmão.

– Você acha? – perguntou Alvo, enrolando o dedo na camisa.

Foi realmente difícil achar o pai no meio daquela multidão de alunos e pais extremamente animados por verem seus filhos, mas Lilí logo o encontrou, ao lado de tio Rony.

– Princesinha! – disse seu pai, abraçando Lilí. – E Al, filho, o que houve no dedo?

– Eh, Reéder... – murmurou Alvo.

– Carlos, como vai? Já falei com seus pais, eles vão sair amanhã de madrugada.

– Ah, ok, obrigado, Sr. Potter – agradeceu Carlos, muito desajeitado.

Eles esperaram mais um pouco por Tiago e, quando este apareceu junto com Daniella, foi quase notável a cara que Alvo, Carlos e Rosa fizeram, mas Tiago, ainda bem, não reparou nisso.

– Ah, aí está o meu grande monitor e... Olá, Daniella! Como vai? – cumprimentou Harry.

– Vou muito bem, obrigada, Sr. Potter – respondeu a garota.

Fez-se uma breve pausa em que o olhar de Harry e Rony se cruzaram e depois o moreno encarou o filho e a amiga, claramente esperando que esta se despedisse de Tiago.

– Então... – o pai falou, encarando o filho.

Tiago ergueu a sobrancelha e pareceu não entender.

– Ai, sua besta, ele quer saber o que a Daniella está fazendo metida no meio da nossa família! – disse Lilí, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo e, certamente, não se importando com o fato de que Daniella estivesse logo ali.

– Hã, Lilí, acho que esse comentário foi desnecessário... – riu Hugo.

Tiago, após encarar feio a irmã, voltou-se para o pai.

– Ah, eu não avisei? Daniella vem passar o Natal conosco.

– E... Tem alguma razão em especial ou...? – perguntou Harry, mas seu olhar recaiu sobre as mãos entrelaçadas dos dois e ele logo entendeu. – Oh, sim... Ah, ok, mas não tem lugar no carro.

– Carlos pode vir com a gente! – ofereceu um Hugo animado.

Tanto Carlos quanto Rosa olharam para o garoto tentando avisar, inutilmente, que essa ideia estava completamente fora de cogitação, quando tio Rony concordou.

Carlos e Rosa se olharam com indignação e depois seguiram, junto com tio Rony e Hugo para o outro lado da plataforma.

Harry, antes de atravessar a parede, aparentemente sólida, se virou para Alvo e cochichou em seu ouvido:

– Mais tarde me explique melhor essa história do Tiago.

– Ah, pai, é melhor nem saber... – respondeu o garoto.

O outro lado da plataforma estava tão abarrotado de gente quanto o que acabaram de deixar. Atravessaram a estação e entraram no carro dos Potter. Alvo e Lilí tiveram uma breve discussão sobre quem iria no banco da frente.

– Ei, crianças, não briguem! Os dois são adultos o suficiente para irem no banco da frente, ok?

Os irmãos se entreolharam rapidamente. Acontece que a briga pelo banco não tinha nada ver com decidir quem dos dois era o mais adulto, e sim decidir sobre quem teria que ficar atrás e aguentar “Ti e Ella”.

Mas, após usar todos os truques que aprendera com Tiago, Alvo conseguiu convencer o pai a deixa-lo ir na frente porque, de fato, ele era o mais velho. Um grande trunfo de sua parte, e foi muita sorte também, porque, pelo vidro do retrovisor, ele podia ver a cara que Lilí fazia à cada palavra que os dois pombinhos diziam.

Quando o carro encostou no portão da casa em Godric’s Hollow, Harry se virou para os filhos, num tom muito sério, e lhes avisou:

– É melhor não irritarem a mãe de vocês hoje, ela já está uma pilha de nervos – alertou ele.

Alvo quis dizer que era raro a mãe não estar uma pilha de nervos, mas achou que não fosse o momento certo para isso. Os quatro seguiram para a casa. Daniella, fascinada, fazia elogios sobre cada coisinha.

– Ai, Ti, é muito lindo aqui! E veja a placa! Ela é uma lenda! E olhe só essa casa! A casa que o seu pai sobreviveu! Pelas barbas de Merlim, Ti, esse lugar é incrível!

– Sério – murmurou Lilí para Alvo, que ia indo mais à frente -, eu ainda vou enfiar um balde de tinta nela.

Alvo soltou uma risadinha, mas logo parou, porque, definitivamente, havia alguma cosia estranha acontecendo. Sua mãe estava na sala, falando (ou melhor, gritando) consigo mesma. A varinha em ação era apontada para cada canto do local, para cada móvel e para cada poeirinha no chão.

– Sempre sobra pra mim, é claro, sempre pra mim! – Dizia ela, sem sequer ter notado a presença das crianças paradas à porta. – Harry se some por aí e me deixa aqui sozinha com essa casa inteira pra cuidar! E por que? Porque os queridos dos... Ketwch!

A elfo doméstico havia aparecido momentos antes, mas vendo o estresse da dona, ela logo voltou para a cozinha.

– Sim, minha senhora? – perguntou ela, com a vozinha esganiçada, dando meia volta.

– Seria bom você dar uma ajudinha! – disse uma histérica Gina.

Os três irmãos Potter trocaram olhares preocupados.

– Ah, isso não pode ser bom... – murmurou Tiago. – Al, acho que você é a pessoa pra quebrar o gelo...

O garoto concordou e, meio hesitante, se aproximou da mãe. Deu um último olhar para os irmãos e depois a cutucou.

– Ah, mãe, c...

– O QUE É QUE... Ah, Alvo!

Foi um grande susto para ele. Num instante a mãe se virara para ele tão brava quanto um hipogrifo quando alguém puxa suas penas e, após reconhecer o filho, lhe deu um abraço de urso que quase o ergueu do chão.

– Ah, meu menino! – exclamou ela, num ataque de alegria.

– Eh, mãe, você está... Me sufocando! – reclamou Alvo, em meio à beijos e abraços.

Gina se virou para abraçar os outros filhos e quase nem notara a presença de Daniella. Os garotos já estavam até aliviados pelo ataque ter passado, mas quando menos esperavam...

– Ah, podem levar as malas lá pra cima... E minha princesinha está tão grande! E Al, acho que você cresceu uns centímetros também e... QUE CARTA FOI AQUELA QUE RECEBI DO NEVILLE? MEUS TRÊS FILHOS! OS TRÊS! DUELANDO POR AÍ! O QUE VOCÊS ESPERAM QUE EU FAÇA?

Foi um momento aterrorizante em que Alvo duvidou que alguém se atrevesse a falar alguma coisa enquanto os olhos castanhos da matriarca fulminavam de indignação.

– Hã, pedir para o Neville parar de te enviar essas cartas? – arriscou Tiago.

Pelo menos Tiago iria morrer lembrado com o garoto que, como seu último ato de coragem, desafiou Gina Weasley em um ataque de raiva, pensou Alvo. No entanto, antes que a mãe pudesse soltar outra torrente de xingamentos, Harry adentrou a sala, carregado do restante da bagagem dos garotos.

– Ah, Gina... Querida... – acrescentou ele, percebendo que acabara de interromper o que seria um longo e cansativo sermão (um daqueles em que a casa toda fica silenciosa e só se ouve a mãe esbravejando). – Daniella vai passar o Natal aqui... Carlos já deve chegar...

– Daniella? – repetiu a mãe. Ela finalmente notou a garota ali no canto da casa. Gina lançou um olhar bravo aos filhos (como que os repreendendo por não a terem avisado que estava gritando na frente de visitas), logo em seguida ela adquiriu um tom de voz muito mais calmo e um sorriso estranhamente hospitaleiro e alegre para alguém que, uns instantes atrás, estava dando uma bronca daquelas nos filhos. – Ah, sim, querida, mas que notícia boa! Mas a que devo a honra?

Daniella – que, provavelmente, estava com aquele sorriso apenas para disfarçar a cara de espanto que certamente fizera ao ver a mãe daquele jeito – sorriu, meio nervosa, e gaguejou alguma coisa.

Tiago, que no momento bagunçava os cabelos distraidamente, balbuciou algo como:

– Ah, mãe... Nós estamos juntos...

– Juntos? – repetiu Gina, um pouco sobressaltada. – Juntos do tipo andando por aí de mãos dadas?

– Na verdade é juntos mesmo – corrigiu Lilí -, Daniella não desgruda dele.

Alvo teve que disfarçar a risada que soltou pelo nariz com uma tosse totalmente forçada, que não pareceu lá muito convincente. Tiago, no entanto, estava ocupado encarando a irmã mortalmente.

– Ah, Ti, tudo bem – tranquilizou-o Daniella -, ela é só uma criança.

Lilí ficou tão ofendida – como se “criança” fosse a pior das ofensas que alguém poderia usar contra uma menina extremamente madura de onze anos – que até deixou escapar uma exclamação.

– Francamente!

E saiu pisando forte dali, indignada.

– Ah, eu vou ver... – começou um Alvo visivelmente contente por ter uma desculpa para sair dali. – Vou ver como ela está.

Harry aproveitou para subir e levar as malas.

– O que está acontecendo? – Alvo lhe perguntou, quando achou que estavam a uma distância segura da mãe.

– Duda, a esposa e os filhos estão vindo aí – explicou o pai, fazendo esforço para subir as três malas escada acima. – Marcaram um jantar em família, e você sabe muito bem como a sua mãe fica quando tem que receber visitas.

Infelizmente, Alvo sabia.

Algum tempo depois, quando Carlos chegou, ele, Alvo e Lilí ficaram tramando maneiras de envergonhar Tiago na frente de Daniella quando a mãe dos garotos os chamou. Gina enfileirou os filhos – e, é claro, Carlos e Daniella – por ordem de tamanho, o que fez Alvo sentir-se mal porque a mão queria colocar Lilí na sua frente.

– Al, o que eu posso fazer se você é desse tamanho? – dizia ela, medindo com uma fita métrica a pequena diferença entre os dois. – Ah, você deu sorte. Ela ainda é dois centímetros mais baixa.

Ela ficou uns bons dez minutos tentando passar uma escova nos cabelos de um relutante Tiago. Com Alvo o procedimento foi diferente: ela apelou direto para a Poção Abaixa Juba De Leão que, todos sabiam, só duravam cinco minutos no cabelo do garoto, mas era melhor que nada.

Quando faltavam cinco minutos para a chegada dos Dursley, Gina estava parecendo um general andando de lá pra cá com aquele olhar que dizia com todas as letras que, se alguém se opusesse à seus argumentos, certamente se daria muito mal.

– Tiago, por Merlim, não me venha com as suas brincadeirinhas pra cima daquele garoto deles!

– Ah, mãe, qual é! – Exclamou Tiago. – Agora eu sou um homem!

– É, porque antes era uma garota! – debochou Lilí.

Tiago a fuzilou com os olhos, depois sibilou algo como “eu mato você”, mas logo em seguida a campainha tocou.

– São eles, são eles! – Exclamou Gina, paranoicamente. Depois ela se voltou furiosa para os garotos. – Não me façam passar vergonha!

Os irmãos Potter se entreolharam e sacudiram a cabeça, claramente encabulados.

O Sr. e a Sra. Dursley foram os primeiros a entrar. Dudley continuava com o mesmo porte físico da última vez: o corpo de alguém que malhou muito na juventude, mas que, nos últimos anos, se descuidou consideravelmente. A Sra. Dursley, assim como o marido, não mudara nada, sua aparência ainda poderia ser facilmente confundida com a de um leão grande e gordo. Logo em seguida vieram os filhos. Edward, corpulento, com um corte de cabelo tão ridículo quanto o próprio garoto, e o rosto apinhado de espinhas. Natalie era uma coisinha quase imperceptível ali no canto: o casacão preto lhe cobria praticamente todo o corpo, e o gorro amarelo que usava quase tampava os olhos.

Ela deu alguns passinhos tímidos para dentro da sala. Seus olhinhos assustados percorreram cada rosto dos ali presentes, até parar em Alvo que piscou para ela.

– Ah, podem entrar, vão entrando! Sintam-se em casa! – recebeu-os Gina, com uma voz tão hospitaleira que chegava a irritar.

– Oh, esses Potter eu não conheço – comentou Dudley, animado.

– Não, não – negou Gina, forçando uma risada porque, certamente, ela não gostava nada da fama que os Weasley tinha de ter muitos filhos. – Carlos é amigo de Alvo Severo – ela falou os dois nomes com um ar muito fino – e a Daniella é... Amiga... Do Tiago Sirius.

– Antes fosse... – murmurou Lilí que, pelo jeito, estava determinada a irrita-lo. Tiago, por sua vez, não fez nada, até porque ele não era louco de fazer algo que pudesse envergonhar a mãe e causar outro ataque de nervos.

Harry foi obrigado a engatar uma conversa sobre brocas com o primo que, desde que deixara os esportes, uns anos atrás, assumira o lugar do pai na Grunnings. Gina tinha uma empolgada conversa (se bem que monólogo seria uma palavra mais adequada, já que a Sra. Durley falava pelos cotovelos e mal dava uma brecha para uma resposta) sobre a emocionante vida da Sra. Dursley. Tiago e Carlos decidiram conhecer um pouco mais sobre Edward, o filhinho de papai em que estavam tentando pregar uma peça. Alvo e as meninas tentaram puxar assunto com Natalie que, claramente, não se abria muito com as pessoas, exceto com Alvo. O garoto não queria se gabar, mas, com certeza isso se devia ao fato de que, certa vez, ele a defendera dos sonserinos.

O jantar, em geral, na fora tão ruim. Ruim mesmo fora a aparição de Ketwch trazendo a sobremesa após o jantar. A Sra. Dursley e Edward soltaram gritinhos de horror. O Sr. Dursley, embora parecesse bem chocado quando viu a criaturinha entrando, até que ficou bem tranquilo com a explicação de Harry. Natalia, que parecia ter medo de tudo, surpreendeu a todos ao se mostrar a Dursley menos preocupada com a presença da elfo, muito embora Ketwch fosse a primeira da espécie que a garota viu.

Levou um bom tempo até Edward e a mãe voltarem a se acalmar, até porque Tiago não parava de assusta-los.

– Tem noites em que ela se transforma em um enorme dragão – contava ele, mas ao notar o olhar severo da mãe, acrescentava: - mas não se preocupem, ela sempre volta ao normal pela manhã.

– Ah, meu filho... Um piadista! – repreendeu a mãe, entre dentes.

Os assuntos que surgiram na mesa iam embora com a mesma rapidez com que vieram, porque para todos os assuntos bruxos a Sra. Dursley conseguia achar defeito.

– E o nosso ministro é responsável por liderar todos os departamentos mágicos – explicou Lilí, que parecia muito feliz por saber mais do que as visitas.

– Ah, então ele não se mete em nada, apenas manda? – disse a Sra. Dursley, petulante. Harry nem teve tempo para defender Kingsley, pois a mulher logo se voltou para ele. – E você trabalha no quê mesmo?

– Ah, eu... Trabalho para o Ministério – ele hesitou, mas ao notar o olhar indagador da Sra. Dursley, teve de especificar. – Sou um Auror.

Quando você passa tempo demais no mundo bruxo, acaba esquecendo que os outros mal devem ter um remoto conhecimento sobre as coisas de bruxos. E era exatamente aquele olhar de quem não está entendo nada que estampava os rostos dos Dursley.

– É como um policial – explicou Carlos que, por morar em uma comunidade onde a predominação era de trouxas, entendia uma um pouco do assunto. Daniella concordou com ele. – Só que capturam bruxos.

– Então há muitos para capturar, eh? – Comentou a senhora, olhando satisfeita para Harry.

– Na verdade – continuou Carlos, sério –, o número é bem parecido com o de criminosos trouxas.

Isso pareceu calar a boca da Sra. Dursley por um instante, mas logo ela desandou a falar sobre a filha.

–... De uma tal de Herbologia, matéria esquisita, se querem saber. E me disse que caiu na Grifinória, Casa dos corajosos ou coisa assim, pouco importa. O que surpreende é que a Natalie parece um ratinho assustado, nunca vi mais medrosa. Parece um gatinho com medo de um cachorro e...

– Isso não é verdade – interrompeu Alvo. E disse isso com tanta naturalidade que chegou a se assustar. Talvez porque algo rugisse dentro dele quando alguém chamava outra pessoa de medroso. – Acontece que Natalie...

Ele estava pronto para contar as maldades que os sonserinos faziam com ela, mas hesitou ao olhar para a garota. Natalie fez um rápido e quase imperceptível “não” com a cabeça e o seu olhar era quase de súplica. Alvo não entendeu, mas tudo o que disse foi:

– Natalie é bem corajosa.

– Corajosa?! – Repetiu o irmão, Edward. Ele e a mãe explodiram em gargalhadas. No meio daquelas risadas, o olhar de Alvo se encontrou com o de Natalie. A garota parecia um pouco envergonhada, mas simplesmente balançou a cabeça.

Após o jantar, quando Alvo se ofereceu para ir pegar os casacos, Natalie veio lhe ajudar.

– Obrigada pelo que você disse no jantar – agradeceu ela, meio nervosa.

– Por que você não fala pra eles? – Alvo perguntou. – Quer dizer, dos sonserinos.

– Falaria para o para o papai, se não estivesse tão ocupado o tempo todo – ela encarou o Sr. Dursley, que ria abertamente de uma piada de Harry. – Já mamãe e Edward...

– Não te entenderiam? – adivinhou Alvo.

– É – ela assentiu. – Não são do tipo muito compreensivos.

Alvo concordou e os dois se encararam por um tempo. Depois, notando que os Dursley já haviam se levantado, ele murmurou:

– Bom, você ainda pode contar comigo.

Natalie sorriu, agradecida.

Antes de entrar no carro, ela deu um rápido aceno para Alvo. Quando o carro partiu, a mãe de Alvo começou uma disparada de xingamentos sobre a Sra. Dursley e o filho metido. Harry, paciente, apenas a ouvia, concordando com tudo o que a esposa falava. Alvo sentiu Tiago passar o braço por cima de seus ombros.

– É, maninho, acho que eu estava errado – disse ele, sorrinho marotamente. Alvo ergueu a sobrancelha. – Pelo visto você tem uma namorada.

– Cala a boca, Tiago.


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Notas finais do capítulo

Durlsey's, Dursley's, Dursley's... Eeee familinha chata, hein? Mas então, acertaram? E quem aí já está de saco cheio da Daniella? Porque eu estou e, francamente, Taniella não é um bom ship... Mas, acreditem, vai ficar engraçado esses dois depois... Enfim, comentem, assistam A Very Potter Musical e, se o coração de vocês mandar, recomendem, mas sem pressão, claro u.u