Pov Peeta

Essa foi a pior e mais longa semana da minha vida. Tenho ido mal em praticamente todas as aulas, principalmente as aulas práticas e aposto que meu professor de piano deve estar se perguntando como consegui ser aceito aqui na Giulliard.

Meu desempenho está péssimo, tenho dormido nas aulas, e consegui a façanha de perder algumas das partituras que estava estudando.

E mesmo com tudo isso eu seria um cara feliz se esse fosse o pior dos meus problemas.

Katniss. Eu só conseguia pensar nela. O tempo todo e em como uma maldita noite da qual eu não lembro nada tinha acabado com a droga da minha vida.

Sim, todos meus amigos diziam que eu estava sendo dramático, e que mais cedo ou mais tarde Katniss ia acabar me perdoando. Mas nenhum deles viu a certeza no olhar dela quando disse que deveríamos seguir em frente.

A grande pergunta que me faço é: para onde? Como eu vou seguir em frente com o coração dilacerado?

Levanto da cama e tomo meu banho rapidamente, vestindo a primeira roupa que encontro. E saio de casa pulando a primeira refeição do dia. Provavelmente vou pular outras também.

Dirijo meu carro pensando que nesse momento estaria pegando Katniss em casa, ou indo com ela pra estação de metrô, dependendo do dia da semana. Não conseguia acreditar que nunca mais iríamos juntos pra escola.

Não podia acreditar que nunca mais a abraçaria, ou brincaria desarrumando seu cabelo, que ela levava horas pra arrumar do jeito que queria. Que eu nunca mais a veria sorrir pra mim quando eu lhe desse uma flor ou um bombom entre as nossas aulas.

Eu a queria tanto que a dor era insuportável, mas mesmo se eu conseguisse lidar com toda dor, eu jamais iria conseguir parar de amar Katniss.

Nós podemos ser novos, e eu a vi tantas vezes com medo das minhas certezas sobre os planos pro futuro que eu só queria com ela. Com ela e com mais ninguém.

E agora eu tinha dado razões suficientes para ela duvidar de tudo, principalmente do meu amor. Tudo por uma droga de noite da qual eu nem sequer conseguia me lembrar.

Mas só tinha uma coisa que eu tinha certeza. Eu não iria seguir em frente nem deixaria Katniss fazer isso.

- Eu vou fazê-la entender que não existe um em frente sem ela na minha vida. - sorrio pela primeira vez desde a manhã seguinte daquela maldita noite e viro o carro na direção contrária ao Instituto de Música. Eu tinha meia hora para fazer aquilo dar certo. E eu iria precisar de ajuda.

Pov Katniss

Acordei quase atrasada para a aula de ballet. Passei a noite inteira no estúdio mesmo depois que Portia tinha me mandado descansar e estava quase sentindo meu corpo beirar a exaustão.

Tomei uma boa ducha e sequei meu cabelo, prendendo um coque rápido. Vesti minha roupa e guardei minhas sapatilhas dentro da mochila, pegando o mp5 em cima da cômoda e indo para cozinha em busca de comida.

Eu saía todos os dias um horário mais tarde que minha mãe, que levava Prim pra escola antes de entrar no trabalho. Finnick também já tinha ido pra faculdade, o que era estranho, pois ele nunca ligava em chegar na hora. Pelo visto eu estava sozinha em casa, e acabei pegando um pouco de mingau de aveia e engolindo as pressas mesmo com suco de laranja.

Tentei não lembrar que hoje era um dos dias da semana que o carro ficava com Peeta e que não teria que pegar o metrô se nós fôssemos juntos. Suspirei, era difícil demais não pensar em como Peeta me fazia falta.

E no quanto eu desejava que ele pudesse desfazer o momento em que traiu com Clove. Mas ele não podia.

Saí apressada, praticamente correndo pra estação de metrô e consegui chegar a tempo antes que o meu metrô saísse e eu perdesse o começo do ensaio. Portia não tolerava atrasos.

Consegui chegar 5 minutos adiantada e estava pronta para me aquecer e esquecer todos os meus problemas ensaiando, quando vejo minhas colegas de sala do lado de fora do estúdio.

- Isso é tão lindo!

- Queria que um garoto fizesse algo assim para mim!

Eu não estava entendendo nada do que minhas colegas diziam, até elas se afastarem e me deixarem entrar.

E pensei que meu coração tinha perdido uma batida quando vi aquilo. Vários balões em formato de coração dizendo eu te amo ou me perdoa Katniss espalhados por cada canto da sala.

Pela primeira vez em semanas, eu deixei que meu olhar encontrasse o de Clove e vi que ela esperava qual seria a minha reação.

Por um minuto, só por um minuto aquilo havia me comovido, mas ao ver o rosto de Clove, e pensar em como Peeta pôde simplesmente escolher minha melhor amiga para me trair porque eu não pude ir numa festa idiota com ele, senti toda minha raiva voltando e tomando conta de mim.

Peguei um dos grampos que prendia meu cabelo e fui estourando um a um cada um daqueles balões. Eu queria que eles sumissem. Queria que Peeta e Clove sumissem também.

Não percebi quando tinha acabado ou quando havia começado a chorar até sentir a mão de Portia no meu ombro.

- Vá para casa, Katniss. Você já ensaiou mais essa semana do que todas as outras juntas. Está dispensada.

- Mas, Portia.

Porém ela me olhou de um jeito que eu sabia que era sua decisão final.

Saí do estúdio ainda chorando de raiva, Peeta não teria como fazer aquilo tudo sozinho, e agora eu sabia o porque meu irmão saiu de casa tão cedo. Ele tinha ajudado o cara que partiu meu coração.

Eu realmente tenho uma sorte incrível com irmão, melhores amigas e namorado. falei suspirando e tirando a roupa de ballet e trocando para a que trouxe para usar depois do ensaio.

Lavei o rosto e coloquei um pouco de maquiagem, tentando esconder as marcas do meu choro.

Finnick iria me pagar. Ele iria ouvir tanto quanto chegasse em casa, e eu esperava que ele e o amiguinho já soubessem o que eu fiz com o showzinho que eles armaram estragando o meu ensaio.

Peeta tinha feito com que Portia me tirasse o único momento do dia em que eu não me sentia mal. Eu estava odiando Peeta Mellark ainda mais agora.

Soltei meu cabelo e levei um susto com o barulho da porta do vestiário abrindo. Todas as outras bailarinas estavam ensaiando agora.

Ao menos todas deveriam estar ensaiando.

Ajeitei meu cabelo do melhor jeito que pude e tentei ignorar quem quer que fosse que estivesse ali. Não estava com ânimo para ouvir nenhuma das meninas se preocupando em me perguntar se eu estava bem.

Não, eu não estava bem. E não conseguia sequer imaginar quando conseguiria ficar bem de novo.

Ouvi passos na minha direção e gelei ao ver o reflexo de Clove no espelho.

- Kat, eu preciso falar com você.