As Aventuras De Thalia - Um Mundo Novo escrita por Stephany Pevensie


Capítulo 4
Até os reis têm limites




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Nos conduziram até uma escada enorme que parecia ser sem fim. Fomos para o quarto andar, lá tivemos de nos separar, cada um entrou por uma porta.

Meu quarto era tudo o que em sempre quis. De um lado havia uma enorme estante coberta de livros, do outro uma enorme janela com uma vista que dava para o povoado. A cama tinha os mais mínimos detalhes e tinha um dossel. Ao lado da estante de livros havia uma lareira onde grandes labaredas crepitavam, e em frente uma cadeira que parecia incrivelmente confortável.

A empregada foi até o armário e pegou um vestido exatamente do meu tamanho, o que me assustou um pouco, tudo ser perfeito, era lilás com alguns minúsculos detalhes azuis. Ela me perguntou se eu gostei do vestido e respondi que sim. Me fizeram tomar um banho e então me vesti e arrumaram meu cabelo em uma trança. Vi minha imagem no espelho, estava mais bonita do que o normal.

Perguntei se poderia ver meus amigos e a empregada e seus ajudantes disseram que teria que ficar no quarto até a hora do jantar, que não demoraria muito. Saíram apressadamente do quarto.

É impressionante como eles são tolos, não sei o que exatamente a tal profecia diz, mas acho uma tolice entregar o reino e imenso conforto às primeiras crianças que percebem que se parecem com as da profecia.

Fiquei dando uma olhada nos livros da estante até chamarem-me para o jantar.

A sala de jantar era como nos filmes de princesa. Enormes janelões por todos os lados, uma mesa lustrosa e no teto um lindo candelabro com cristais. Hector e Lice já estavam sentados à mesa.

– Ainda bem que chegou, não entendemos nada do que eles dizem. - Disse Hector.

– Então do que achou desse primeiro dia de vida de rainha? - Perguntou Lice ansiosa.

– Ahn... Legal... Bem onde está o Ítalo? - Perguntei olhando em volta.

– Não o vimos desde cedo. - Respondeu Hector.

Do nada ouvimos berros:

– Não eu não vou com essa roupa! É ridícula! Eles vão me zoar para o resto da vida! Vocês não conseguem entender nada, seu idiotas!

– Acho que já descobrimos onde Talinho está. - Disse Lice.

Nós três nos levantamos da mesa e fomos até onde vinha a voz de Ítalo. Ele estava brigando com um empregado que ajeitava a sua roupa. Ele estava com um colete e um lenço engomado e alguns babados ao longo da roupa.

– Agora entendi porque você disse que iríamos zoar você! - Disse Lice caindo na gargalhada.

Confesso que, realmente, ele estava ridículo. Hector parecia também estar segurando o riso.

– Muito engraçado, Doralice. - Disse olhando de cara amarrada para nós.

– A hora que eu te estrangular... - Começou Lice.

– Por que não vamos jantar,hein? - Interrompeu Hector.

– Vamos sim. E como se você tivesse coragem para fazer isso, não mata nem uma formiga. - Disse Ítalo indo para o salão rapidamente.

Lice o seguiu para continuar a briga.

– Convenhamos, ele está muito estranho com aquela roupa. - Disse Hector. Caímos na gargalhada, quando finalmente nos recuperamos fomos para o salão.

– Vocês pensam que eu não ouvi as gargalhadas, não é mesmo? - Disse Ítalo quando nos sentamos.

– Desculpe, mas escolheram uma roupa diferente da do seu estilo. - Falei.

Ele amarrou a cara e comeu violentamente a pobre da alface.

Conforme os empregados vinham chegando com mais pratos, mais a mesa se enchia de delícias.

Nunca havia comido tanto na minha vida. As sobremesas, nem se fala, cada uma era mais deliciosa que a outra. Só comentávamos sobre a comida.

– Mal conheço essa vida e já estou gostando dela... Mordomias, jantares, vestidos lindos... - Disse Lice.

– Pois é, fora a roupa tudo está saindo bem melhor que a vida que a gente tinha... -Disse Ítalo com a boca cheia de pudim.

Isso me lembra alguma coisa...

– Oh, não!

– O que foi? - Perguntou Hector

– Estávamos tão distraídos que nos esquecemos completamente de nossos pais! Devem estar muito preocupados!

– Meu Deus! Você tem razão! Temos que voltar para casa! - Disse Hector.

– Relaxem... Eles devem estar pensando que estamos brincando de pique-esconde ou algo do tipo... Daqui a uma semana a gente volta... - Disse Ítalo se servindo de mais pudim.

– Ítalo, isso é muito sério! Temos que voltar! E o pior é que eles não vão deixar suas majestades se mandarem no primeiro dia que apareceram. - Argumentei.

– Pelo menos uma vez na vida concordo com Talinho. Nós não viemos parar aqui por mera coincidência, viemos para aproveitar a vida de majestade por um tempo. E vocês já querem ir embora? Nada disso, daqui há uma semana pensamos em alguma coisa. - Disse Lice.

– Quem é você e o que fez com Doralice? - Disse Ítalo - Você nunca concordou comigo...

– Pelo visto eles não querem ir embora.- Falei.

– Temos que voltar ao campo de flores.- Disse Hector.

– Como assim?

– Já estudei sobre passagens entre mundos. Aquilo que nós caímos era uma passagem, Vale é cheia de passagens, e para voltar ao lugar que estava tem que se ir no mesmo local de onde você saiu. - Disse Hector.

– Ótimo. Mas duvido muito que eles nos deixem ir embora, afinal eles parecem ter nos esperado por muito tempo... Já sei podemos fazer o que fizemos naquela brincadeira, desaparecer em um lugar e aparecer em outro.

– Thalia, lugares importantes como a sede de um governo tem proteções magicas, que vão impedir que inimigos façam isso. Portanto essa ideia vai para o lixo. Vamos pedir para ir lá fora e quando menos esperarem... PUF!

– Ok. Espero que eles mudem de ideia sobre ficar aqui. - Apontei Lice e Ítalo com a cabeça.

– Vão mudar, sei que vão. Sabe, fiquei muito curioso sobre essa profecia queria saber ela inteira...

– Também. A questão é onde poderíamos vê-la...

Antes de eu conseguir completar a frase uma das empregadas nos mandou ir dormir, segundo ela o dia seguinte seria cheio.

A cama era muito macia, mas mesmo assim não consegui dormir direito. Tive um sonho estranho, com as figuras de meus pais; um garoto, que parecia ter uns dezenove anos, mostrava um sorriso maldoso para mim; a vidraça da profecia; o Vale pegando fogo e outras coisas que não consigo descrever.

Fui acordada por uma empregada chamada Belle. Ela me fez por um vestido simples dessa vez, eu não queria por, pois não gosto muito de vestidos principalmente os da Idade Média.

Assim que terminei de me arrumar fui tomar café com os outros.

– Bom dia! - Disse um animado Ítalo.

– Ahn... Bom dia para você também. - Disse estranhando seu bom humor logo cedo.

– Ele só está assim porque não está mais com uma roupa ridícula. - Disse Lice.

– Hahaha. Muito engraçado, Doralice. - Lice ficou vermelha de raiva - Estou feliz por causa do meu segundo dia de rei. Eu devia ter vindo aqui há muito tempo.

– Há muito tempo tipo o que? Quando você tinha cinco anos? - Falei.

Todos riram menos Ítalo.

– Podem morrer de rir, não estou nem aí. Nada pode mudar o meu humor.

– Duvido muito. Você muda muito de humor. - Disse Hector - Agora vamos comer?

Concordamos e nos servimos do delicioso café da manhã. Quando estávamos terminando de comer Belle veio e nos comunicou que nosso instrutor viria em alguns minutos.

– Instrutor? Eu sou muito educado não preciso de ajuda. - Disse Ítalo falando de boca cheia.

– Será mesmo? - Disse Lice - O instrutor deve ser um velhinho...

Ela parou de falar. O garoto que vi em meu sonho acabara de entrar no salão. Ele mostrava um brilhante sorriso no rosto. Seu cabelo era castanho e os olhos eram azuis, um azul muito claro.

– Você! - Exclamei.

– O que tem ele? - Perguntou Lice. - Além dele ser bonitamente perfeito?

– Perfeito?! Ele é só mais um desses garotões que se acham. - Disse Ítalo.

– Como se você não fosse metido!

– Calem a boca os dois! - Disse Hector.

– Bom dia, majestades. Bom saber que falam a minha língua. Meu nome é Lorenzo Linguini.

– Como você fala nossa língua? - Perguntou Hector.

– Meu pai era desse lugar que fala o idioma de vocês, aprendi desde cedo. Se não me engano se chama Valeês.

– Sim, isso mesmo.

– Sempre quis saber onde fica a terra natal de meu falecido pai. - Disse batucando os dedos na mesa.

– Seu pai devia ser muito bonito. - Disse Lice que parecia enfeitiçada.

– É... Por que não começamos a nos conhecer um pouco e então começamos as aulas?

– Nos conhecer? Adorei a ideia! - Falou Lice.

– Garota histérica! Definitivamente estou de mau humor. - Resmungou Ítalo.

Lorenzo parecia saber muito sobre a profecia então perguntei:

– Essa profecia do que ela fala de nós exatamente?

– Que são quatro crianças...

– Crianças? Já sou um adolescente! - Protestou Ítalo.

– Ao decorrer das aulas vocês vão aprender a história de Devonne e irão saber mais sobre a profecia. Nunca esperei que a profecia fosse cumprida enquanto estivesse vivo - Disse num tom que me pareceu irritado - Mas já que estão aqui, vão salvar Devonne como está escrito. Então, me falem um pouco de vocês.

Falamos nossas idades e do que gostamos de fazer, já Lice contou a história da vida dela inteira. Lorenzo parece ser uma pessoa muito boa, mas que quando algo dá errado não fica muito feliz. Ainda não entendo o que ele estava fazendo no meu sonho e principalmente com aquele sorriso maléfico.

Começamos a aula com a postura, depois os modos à mesa. Quando íamos a biblioteca passamos pela porta por qual entrei amarrada aos outros. Aproveitei a oportunidade.

– Lorenzo, quando poderemos dar um passeio lá fora?

Ele me olhou como se eu tivesse dito a coisa mais absurda do mundo.

– Você disse ir lá fora? Nada disso! É muito arriscado vocês irem para fora da segurança. Quando outros reinos descobrirem que vocês chegaram vão querer sequestrá-los ou sabe se lá mais o que fariam! Estão avisados: nunca em hipótese nenhuma podem ir lá fora, se tentarem sair terão um castigo. Até os reis têm limites!

Olhei para Hector, nossos planos acabaram de ir por água abaixo.


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