IV – Bia

Ficamos assustadas com o comentário da garota brutamontes, certamente que filhos de Ares não seriam delicados conosco, me desesperei por ser nossa primeira luta e termos que enfrentar pessoas tão fortes, mas eu estava confiante, e senti que poderia me sair bem. Só tínhamos que sobreviver durante a luta, não precisávamos nos exceder tanto, mas ao mesmo tempo em que pensava assim também tinha uma enorme vontade de arrebentar com eles e mostrar a todos do acampamento do que somos capazes. Queria mostrar que poderíamos ser tão boas quanto qualquer outro campista que nos olhava com cara de bunda e pena no olhar.
Entramos na arena e ficamos cara a cara com os ‘monstros’, senti um arrepio percorrer minha espinha, eles realmente era tudo e mais um pouco do que falavam. O centauro que vimos no dia anterior soprou uma trombeta para aviso do começo da batalha, ficamos em posição de defesa enquanto os dois vinham correndo com lança e espada na mão. Em quanto ele avançava o garoto com a espada deu a volta e ficou atrás de nós duas. Nicole na mesma hora se virou e correu para atacá-lo antes que ele viesse. Ela começou a travar uma batalha individual com ele no momento em que o garoto com a lança me alcançou com sua arma, causando um pequeno ferimento em minha panturrilha esquerda. Fiquei paralisada por alguns instantes, só depois de mais um ataque vir foi que reagi.
Nicole ainda lutava contra o segundo filho de Ares, estavam duelando espada contra espada e eu apenas tinha uma faca, então sem pensar duas vezes joguei a faca na direção do garoto, que o atingiu na coxa, então ele caiu, mas logo se levantou e correu para me ferir com sua lança. Como pude jogar a faca? Agora estava completamente desarmada.
Nicole havia ferido o menino no rosto e o mesmo revidou atingindo-lhe o ombro. Sua batalha parecia muito perigosa, porém não podia ficar preocupada. Além de ela ser forte o suficiente, tinha minha própria batalha a ser ganha.
Corri em direção a faca, e o menino foi atrás de mim, consegui pegar a faca e quando me virei o garoto estava perto demais, então corri e o menino estava correndo logo atrás, porém rápido demais para parar e se estabacou em cima de mim. Caiu ao meu lado e eu me levantei imediatamente, e ele fez o mesmo.
O garoto se lançou sobre mim, me fazendo cair novamente. Não tive nem tempo de me levantar, ele jogou sua lança em mim, só o que consegui fazer foi rolar para o lado, não conseguindo evitar o profundo corte que sua arma fez em minha barriga. Senti uma dor enorme do local, levei a minha mão onde estava machucado e senti o sangue escorrer por entre os meus dedos. Olhei para Nicole e parecia se sair bem, então nessa hora me senti extremante revoltada, ela também era nova no acampamento, mas não estava tão fragilizada quanto eu. Como podia estar deitada numa hora dessas? Um impulso de raiva me atingiu e me levantei muito rápido, e o menino, que achava ter vencido, se surpreendeu.
Passei por ele e fiquei por trás dele, segurei minha faca firmemente e o cortei na altura do peito. Ele ganiu baixinho e começou a reagir, porém eu fui mais rápida e me joguei em seu corpo, apontei a faca para seu pescoço e ele levantou as mãos em sinal de rendimento. Olhei para Nicole rapidamente e vi que o garoto que ela lutava estava no chão e ela estava apontando a espada para o rosto dele. Nós conseguimos. Ela olhou para mim sorrindo e seu sorriso de repente desapareceu. "Nossa" pude ler o lábio dela, e todos pararam as lutas e voltaram os olhares para mim.
Eu senti algo estranho, olhei para baixo e vi que não estava vestindo a roupa de antes, mas sim, um vestido grego da cor do céu, uma tiara de mesma cor e uma sandália gladiadora que ia até o meio de minha panturrilha. Uma aura laranja, sim LARANJA, emanava de mim e todos me olhavam surpresos, e Piper disse no meio da “platéia”:

– É bom saber que você é minha irmã – falou com um sorriso bondoso em seus lábios.

– Bia, vamos, ainda temos mais campistas que querem competir.

Olhei para a ferida que havia em minha barriga, e a minha visão foi embaçando, antes de tudo escurecer percebi que as atenções não estavam totalmente voltadas para mim e sim para uma garota ruiva que acabara de entrar na arena gritando, e estava acompanha da filha de Atena, Annabeth.

– Recebemos uma profecia! – no momento em que a garota ruiva falou eu desmaiei.