III - Nicole

Eu estava ficando ansiosa, estava perto da hora do jantar, e tinha uma sensação de que algo bom iria acontecer.

Estávamos caminhando para pavilhão refeitório, então Bia perguntou uma coisa que eu estava pensando:

– Será que tem lugar marcado? – ela olhou para mim com uma expressão confusa. Dei os ombros – ei – disse Bia para um garoto que estava passando e ele se virou – Licença, eu e minha amiga Nicole somos novas aqui, meu nome é Bia queria saber se tem algum lugar marcado para sentar.

– Eu sou Josh, filho de Apolo, você é indeterminada, certo?

– Sim.

Ele era muito bonito, muito mesmo, ele era de altura leviana, um sorriso estonteante e cabelos despenteados cor de areia que dava-lhe um aspecto bastante jovial. Depois de alguns segundos admirando-o, percebi que carregava um violão na mão.

– Vocês sentam-se na mesa de Hermes, quando forem reclamadas sentarão na mesa de seu pai ou mãe. – ele disse sorrindo e interrompendo meu raciocínio.

– Obrigada.

– É... Aqui tem aula de musica? – falei e olhei para o violão dele.

– Sim, mas geralmente os semideuses estão mais concentrados em outros treinamentos. – ele fez uma pausa – hoje eu e meus irmãos vamos animar um pouco a noite.

– Hum, vamos indo, até depois – Bia falou sorrindo e saímos de perto dele. – Nossa! Apolo caprichou, hein.

Sentamo-nos na mesa com os filhos de Hermes, que falavam sobre pregar a peça em alguém, mas não prestei muita atenção, estava olhando para as mesas, ver os campistas, até que localizei Piper, a quem devo a vida, assim que percebeu meu olhar ela sorriu, e eu retribui. Olhei mais em volta e vi a mesa de Hefesto, e Leo estava lá, rindo e fazendo os outros cariem na gargalhada, parecia ser engraçado, o que quer que fosse. Algumas mesas vazias, uma mesa com um menino só, me disseram que o nome dele é Percy, filho de Poseidon. Bia também estava olhando para a mesa de Apolo, mais especificamente para Josh.

Todos tinham que jogar comida ao fogo para os deuses e então quando chegou minha vez falei um “obrigado" baixo, para quem quer que fosse, afinal eu estava em um lugar legal e acolhedor, onde pessoas igual a mim passam as férias, e com certeza é bem melhor que a escola.

Jantamos normalmente, e logo em seguida, como prometido, os filhos de Apolo começaram a tocar uma música qualquer, quando parei para pensar, percebi que faltava um baixo, e olhei para o canto do palco e vi um baixo encostado, nem pensei duas vezes, fui até ele e subi no palco e comecei a tocar, não sabia como estava fazendo isso. De repente tudo ficou muito claro, a música parou e todos fecharam os olhos. Em seguida um clarão maior, e alguns filhos de Apolo sorriam, a luz diminuiu, mas ainda estava forte, as pessoas olhavam para mim e para cima de mim, dei uma espiada na minha cabeça, poderia haver alguma coisa no meu cabelo e vi uma lira dourada brilhando.

– Acho que você não precisa de aulas, irmã – Josh disse e eu não consegui responder.

– Isso é incrível – Bia falou enquanto caminhávamos para o meu chalé – como se sente?

– Brilhando.

– Deve ser triste ter irmãos gatos – ela falou em um tom de pena e eu ri.

– Vai ser estranho me separar de você, a gente sempre esteve junta.

– É... Mas vai ser legal.

– Seu pai ou mãe vai te reclamar logo, tenho certeza.

– Deve ser – ela disse sem empolgação.

Acho que apesar de não querer mostrar. Ela estava preocupada com isso, eu a conheço, sempre quer ser forte e não deixar que nada a abale. Ela é forte mesmo, porém sei que ela esperou por muito tempo para saber quem é seu progenitor.

Quando chegamos, uma menina estava na porta, provavelmente a minha espera, porque assim que ela me viu falou:

– Oi, bem vinda, sou Camile, monitora daqui, separamos uma cama para você e também uma muda de roupa para dormir.

– Vou indo, até amanhã – Bia falou e se foi.

– Qual é a cama? – falei me espreguiçando.

– Aquela ali – apontou – bom, vou dormir, porque amanhã vai ter treinamento de dupla, acorde mais cedo para escolher sua arma, se quiser posso lhe ajudar.

– Esta certo, obrigada, boa noite – fui ao banheiro do chalé me trocar e depois desabei encima da cama, sem esperar muito, adormeci.

Quando acordei, a luz do sol estava tocando minha pele, aquecendo, e tive uma sensação boa, nem queria mais sair da cama, mas levantei, o dia parecia feliz, tomei um banho, depois me vesti com a roupa que usava quando cheguei ao acampamento e arrumei a cama, alguns ainda estavam dormindo, e havia algumas camas arrumadas. Agora ia acordar Bia, geralmente era assim, ela ia demorar um bom tempo para se arrumar, seria o tempo de escolher uma arma.

Sai do chalé, e corri para o chalé de Hermes, vi Leo aparentemente voltando de lá e vindo até mim.

– Oi – ele disse sorrindo – indo ver sua amiga?

– Sim, e você? Indo para onde?

– Estava lhe procurando – ele disse e eu corei – ajudei a sua amiga a escolher uma arma e agora é sua vez.

– Onde Bia esta?

– Foi trocar de roupa – ele disse com um jeito engraçado – não entendi porque, mas ela disse que não era roupa para uma batalha, acho que ela esta meio animada.

– Bem a cara dela.

– Vou fazer a arma dela eu mesmo, e você tem ideia do que vai querer? – disse e eu ia respondê-lo, mas ele continuou falando – vamos sentar em algum lugar ai você me fala.

Caminhamos até uma pedra que tinha ali por perto e sentamos.

– Bem, eu queria uma arma de distância, então estava pensando em um arco e flecha, mas como é esse treinamento?

– Você escolhe uma dupla, e tem que batalhar com outra dupla, se você não tivesse dupla eu te chamaria, mas acho que você esta com Bia.

– É, acho que estou.

– Olha, antes da batalha, tem algumas espadas que você pode escolher para usar, afinal, um arco não é muito bom para luta um contra um, mas você quem sabe.

– É, acho que vou fazer o que você disse.

– Eu posso fazer um arco para você mesmo assim – ele pegou na minha mão para avaliar – É... – falou pensativamente e não terminou, acho que já estava pensando em como iria fazê-lo. Então mudou de assunto – como esta sendo? Saber que tem um pai, ter irmãos?

– Por quanto esta ótimo, não teve que brigar com eles pelo controle da televisão, aqui é bastante acolhedor.

– Quando cheguei aqui, meu chalé havia sito amaldiçoado, mas depois que voltei de uma missão tudo esta bem, e meus irmãos estão com mais senso de humor.

– Missão? Deve ter sito legal.

– Foi, me diverti, eu descobri que sou capaz de muitas coisas – Começamos a falar sobre a sua missão no ano que ele chegou ao acampamento, e comecei a me perguntar se um dia eu teria que sair em missão, lutar contra monstros, salvar deuses. Isso parecia incrível.

Passamos algum tempo conversando sobre coisas diversas até que avistei Bia saindo do chalé, ela estava com um short de tom cinza apertado na cintura e um pouco folgado nas coxas e que ia até metade delas e a camiseta do acampamento que havíamos visto a maioria do pessoal usando.

– Oioi gente – falou ela animada.

– Bem, vou logo para o meu chalé, tenho que escolher minha dupla, aproveito e trago uma faca para a “noiva”.

– Ei – Bia o repreendeu rindo – eu nem demorei tanto assim.

– Isso é porque você nunca foi a uma festa com ela – eu disse e ela me deu um tapinha.

Leo riu, deu um aceno e saiu.

– Como foi sem mim? Novidades? – eu disse e vi que Bia estava pronta para desabar de ansiedade.

– Sim, você vai ser minha dupla não é? Claro que sim, nós vamos arrasar, tenho certeza – falou ela com um brilho no olhar, ela estava muito bonita como sempre, de repente o sorriso dela se desfez - tive um sonho estranho, depois eu te conto.

– O.K, então eu vou pegar uma dessas roupas para mim também, afinal, esquecemos de fazer as malas antes de vir – disse já saindo para me trocar.

– Então vai lá na casa grande e fala com o Jonathan, eu procurei ele ontem antes de seguir para o chalé 11. Claro que não ia ficar com a roupa de ontem no meio de um treinamento tão importante, já peguei um guarda-roupa inteiro.

Sai e peguei algumas roupas com Jonathan, não demorei mais que 15 minutos para levá-las ao meu chalé e trocar a que eu estava.

Cheguei e corri para onde Bia se encontrava, estava conversando com Leo sobre nossas armas. Ela pediu a ele que fizesse para ela um leque de batalha brilhante e que na parte de trás da arma esconde-se varias facas pra lançamento e para combates de curta distância uma pequena adaga.

– Eu acho que decidi usar uma espada longa, mas não se esqueça de fazer o meu arco.

– Bom, temos algumas no arsenal, ai posso ir com vocês lá, e depois faço uma para vocês. Bem acho que já vai começar, vamos colocar logo o nome da sua dupla.

Fomos colocar nosso nome e ele colocou o nome dele com a Piper. Depois que saímos de lá avistei meu irmão Josh.

– Olha bofe magia. – Bia falou baixo com os olhos brilhando.

– O que? Quem?

– Aquele teu irmão gato de ontem. – ela disse sorrindo e eu ri.

Depois do sorteio descobrimos que iríamos lutar com dois filhos de Ares, Kayron e Phelipe.

– Tiveram sorte novatas, meus irmãos são ótimos nessas batalhas... – uma garota, que mais cedo fomos avisadas se chamar Clarisse, falou em nossos ouvidos.