07 – Os Olhos de Aletheia

Percy ficou parado esperando pelo ataque. O som dos braseiros nas pilastras era a única coisa que se ouvia.

Pollux/Castor então fez seu ataque. Em um momento eles estavam do outro lado da arena , no outro as espadas já estava faiscando juntas. Bronze contra bronze.

Seu inimigo era muito veloz e preciso. Ele atacava em pontos vitais e não abria brecha nenhuma. O garoto se defendia com seu escudo o máximo que podia. Graças a isso não possuía nenhum corte. Pollaxtor parecia perceber isso. Seu oponente então desviou a lâmina de Contracorrente , ele pegou Percy pelo pescoço e o ergueu. O garoto tentou se soltar mas seu oponente era forte demais.

Pollux/Castor esticou uma das mãos para o escudo e o arrancou do braço de Percy. Ele lançou o escudo para o abismo abaixo da arena e soltou Percy no chão.

O garoto tossiu algumas vezes e se ergueu.

—Aquilo era um presente de meu irmão , vai pagar por isso – ele rosnou. Os dois  riram sarcasticamente.

—Desista agora e eu pouparei sua infeliz vida insignificante – ele gargalhava.

Percy investiu. Ele atacou pela lateral e rolou no chão quando seu oponente fez menção de pará-lo. Um corte começou a verter ícor dourado na lateral de Pollux.

Percy utilizou a raiva a seu favor e estava ganhando a batalha. Ele estava empapado de suor , porém Pollux estava todo rasgado e bufando de ódio. Suas vestes pretas estavam em frangalhos.

Seu inimigo ergueu a mão e lançou a túnica preta para cima. Ela se acendeu em brasa e desapareceu.

Percy quase vomitou. O corpo de Pollux era coberto por cicatrizes horrendas e abertas , feridas de lutas passadas , o odor fétido encheu as narinas do garoto. Ele tossiu um pouco.

Pollux avançou , Percy rolou para o lado e bloqueou o ataque facilmente.

A cada minuto que se passava , a arena parecia encolher. Os braseiros ostentavam chamas esverdeadas como fogo grego. Os olhos de Pollux tinham a mesma cor. Percy estava duelando habilmente quando Pollux deu um salto para trás e foi parar em cima de uma das pilastras.

Ele começou a se contorcer , então seus olhos ficaram cheios de luz verde. Os braseiros explodiram em colunas de chamas. Pollux lançou a espada para os céus e então quando ela caiu havia se transformado numa enorme lança de ouro. A ponta tinha um cristal pontiagudo brilhando em verde.

Pollux desceu da pilastra e riu demoníacamante. Ele avançou para Percy , quando o garoto fez menção de interceptá-lo , ele desapareceu no ar , um raio de luz verde faiscou.

Ele ouviu a risada de Pollaxtor ecoar na câmara. Percy se manteve alerta , observando com os olhos semicerrados.

Percy aguçou os sentidos e o movimento repentino do ar foi o que o salvou. As armas se chocaram e todo o lugar estremeceu.

Seu oponente sorriu malignamente e desapareceu mais uma vez no ar. Percy ficou apreensivo , ele olhou para os lados. Foi a poeira quem o salvou. Ele sentiu o vento em suas costas e se virou à tempo. As armas fizeram o lugar estremecer.

Pollux desaparecia e reaparecia à todo momento. Percy já estava se cansando.

Uma explosão de luz verde encheu os olhos do garoto.

—Você não é tão burro quanto dizem Perseu Jackson – Pollux estava na extremidade da arena apoiado na lança , as duas cabeças sorrindo torto – Tentando mudar o futuro , é isso que você busca , estou certo?

Percy estreitou os olhos e sentiu um calafrio.

—Annabeth é o nome dela , não é? – Pollux sorriu diabolicamente , Percy apertou o cabo de Contracorrente.

O garoto investiu com ódio para seu oponente , ele tentou espetá-lo de diversas formas , Pollux ria e se desviava facilmente.

—Ah , o amor – Pollux girou a lança e Percy se desequilibrou , ele recuou alguns passos – É ele quem o move , é um bom incentivo , mas tudo deve ter um preço.

Percy avançou novamente. Ele não estava pensando claramente. A luta ficou fácil para Pollux , ele poderia matar Percy com poucos movimentos , mas se divertia e gargalhava a cada segundo. O garoto já estava quase sem força.

Pollux estava rindo quando Percy avançou. Quando a espada ia se cravar em sua barriga , Pollux desapareceu. Percy fechou os olhos e se concentrou. Ele girou Contracorrente e se preparou.

Ele captou o fraco zumbido do vento às suas costas. Esperou até o último momento. Quando já podia sentir a risada de Pollux , o garoto se virou.

A lâmina de Contracorrente afundou na pele leprosa de Pollux. Ele arregalou os olhos em incredulidade. Percy sorriu com ódio.

—Parece que meu futuro eu posso mudar , mas você não pode mudar o seu – Percy girou a lâmina da espada.

Pollux uivou de dor. A câmara começou a mudar. O fogo das tochas e candelabros voltou ao normal e as marcas de luta desapareceram. Percy ouviu palmas ecoarem. O garoto se virou.

Aletheia estava o aplaudindo , ela estava sentada em seu trono imenso , no alto de uma escada.

Percy retirou a espada. Pollux caiu de joelhos. Ele começou a andar na direção do trono de Aletheia.

—Acabe com ele – a voz da oráculo ecoou na câmara.

—Não , já o venci , é o bastante – Percy limpou o ícor da espada.

—Tem de ser feito assim , esse é o seu sacrifício , é o preço a ser pago – Aletheia tinha o dom brando , mas a ordem fora transmitida.

Percy engoliu em seco e se virou. Ele se aproximou de Pollux. Ele continuava de joelhos.

O garoto estocou a lâmina dentro do coração de Pollux. A cabeça da esquerda caiu para o lado. Ele cravou a lâmina no outro coração e o corpo de Pollux se inflamou em chamas verdes , para logo desaparecer no ar.

Percy transformou a espada em caneta.

—Eu não sou um assassino – rosnou.

O garoto subiu as escadas para o trono de Aletheia. Ele fez uma leve mesura. A oráculo se levantou. Ela usava um vestido de linho branco. Cabelos cor de neve e olhos verdes como esmeraldas.

—Perseu Jackson – ela era baixinha , deu uma volta ao redor de Percy – Dezesseis anos e tres meses , reclamado por Poseidon aos doze anos , salvador do Olimpo , destruidor da Medusa , do Minotauro e do Senhor do Tempo , o pai dos deuses , Cronos , o que deseja saber? – ela voltou a se sentar no trono.

Percy estava pasmo. Ela sabia tudo sobre ele , o garoto pigarreou.

—Eu busco um Livro , não sei quem o escreveu nem quando , mas o destino dos deuses e dos homens depende desse Livro , o deus dos abismos , Tártaro , retornou , e busca a detruição da Terra , uma profecia foi feita para mim , que diz que preciso encontrar esse Livro – Percy olhou fixamente para Aletheia.

A oráculo estalou o pescoço e respirou fundo.

“O herói obstinado o Livro deve buscar,

sozinho e desamparado , longe do lar.

O espírito guerreiro o irá esclarecer ,

E todos pensarão que a morte irá vencer”

—Sim , essa é a profecia , as Parcas a proferiram para mim – Percy explicou.

—O Livro que você procura é mais velho que tudo e todos , escrito no tempo antes dos deuses e dos homens , seu poder foi libertado apenas uma vez , miênios antes de seu nascimento – ela apontou para Percy.

—E como eu posso encontrá-lo? – Percy perguntou.

—Você só poderá encontrá-lo sob a instrução de quem já o usou , essa é a tradição – Aletheia respondeu sinistra.

—E quem o usou? – o garoto se empertigou.

—Perseu , o filho de Zeus – Percy arregalou os olhos. Então Perseu havia usado o Livro.

—Ele tem se comunicado comigo desde o verão – o garoto explicou.

—Sim , e ele deseja treiná-lo com a ajuda do Livro – Percy assentiu – Pois bem , há uma coisa que eu posso dizê-lo.

“Áqueles que procuram a sabedoria do Livro de Gaia devem esclarecer o coração e encontrar os espíritos selvagens que habitam os céus da cidade dos ventos . Encontre os ventos , siga-os , e isso apontará o caminho para o destino do guerreiro”

Percy ouviu as palavras reverberarem em sua mente e foi transportado da camâra. A última visão fora os dois grandes olhos cor de esmeralda o observando consternados.

Ele sentiu uma lufada de ar atravessar seu pulmão e olhou para frente. Ele estava sentado no banco da moto , as mãos no volante , pilotando na auto estrada. A lua brilhava no céu estralado. Uma palca passou voando , mas ele conseguiu identificar as palavras.

Chicago , 610 KM.