Percy Jackson e a Trilogia Da Pedra escrita por Pedro


Capítulo 15
15 - O Primeiro Passo


Notas iniciais do capítulo

Bom , 15º cap , tentei escrever rápido , pois , amanhã vou garantir meu exemplar de A Casa de Hades , entao , se gostou , por favor comente e favorite...-Pedro



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15 – A Primeira Parte

Nico , Thalia , Annabeth , o semi-manticore e Míope ficaram demasiado atordoados para realizar qualquer movimento. A espada de bronze celestial que agora eu empunhava conseguira provocar expressões de medo diante de nossos inimigos.

—Onde conseguiu esta arma , meio-sangue? – Míope deu um passo para traz ao falar – Isso é magia divina , apenas deuses podem utilizar material como esse – ela acrescentou semicerrando os olhos para minha lamina.

—Eu a ganhei , de meu pai , Poseidon – eu descrevi um giro com a espada , estava louco de vontade de usá-la.

—Ah , mas , mesmo assim , nem mesmo poder dos deuses – ela cuspiu a ultima palavra – poderá derrotar uma filha do tártaro – sua voz não transmitiu muita convicção nesta ultima parte.

—Veremos – foi apenas o que eu disse e então parti ao ataque.

A espada me entendia perfeitamente. Descrevia giros , arcos e investidas como Contracorrente jamais realizara , apenas o fato de eu estar empunhando esta nova arma me dava uma sensação de extremo poder , como se eu pudesse enfrentar legiões de monstros e nem sequer me cansar.

Míope não tinha chance alguma contra mim , eu previa todos os seus ataques e me divertia com a expressão de desprezo mesclado com medo em seu rosto negro. Olhei de esguelha para meus amigos e vi que Annabeth continuava no chão , pálida. Nico e Thalia estavam levando uma surra do semi-manticore e resolvi ajudá-los.

Ela investira contra mim , porém , a desarmei. Procurei reunir todas minhas forças e canalizá-las para a espada. E então a perfurei direto no ponto onde fica o coração. Por uns momentos nada aconteceu , então ela se dissipou à minha frente , como poeira sendo açoitada pela ventania.

Todos novamente ficaram imóveis. A expressão de triunfo se mostrou no rosto de Nico e Thalia , porém , o manticore me dirigiu um olhar de “você pagará pelo que fez , semideus”.

—MÍOPE!! – rugiu o semi-manticore , e , pela primeira vez ele se pareceu mais com sua espécie , seus olhos se estreitaram e ele avançou para mim , ignorando Nico e Thalia.

—Como se atreve a matá-la , semideus imundo! – ele começou a correr em minha direção.

—Fiz isso por Annabeth! – gritei de volta , me preparando para matá-lo.

—AAAAH! – ele bradou.

Quando nossas laminas estavam a ponto de se encostar houve um silêncio. A energia que eu canalizara em Míope não se dissipara totalmente. No ultimo instante me desviei do manticore e perfurei seu pescoço e desci a lâmina até seu coração , deixando um rasgo em sua pele felina como se ela fosse feita de papel. Ele se desfez por inteiro , para meu alivío , no conhecido pó dourado , ouvi um ultimo urro antes de finalmente me endireitar e fazer uma prece em agradecimento à Poseidon.

Obrigado Pai” mentalizei.

Isto ainda não é o fim , meu filho. Você terá muitos desafios enquanto estiver em posse desta espada , guarde minhas palavras”

Guardarei pai”

Ordenei para minha espada um comando “Feche” e novamente eu segurava o pequeno hexágono azul marinho. Nico e Thalia se largaram em duas cadeiras ali próximo e respiraram aliviados. Me dirigi à Annabeth e a peguei no colo.

Míope a atingira com um profundo golpe no braço direito , vertia sangue e o liquido escuro.

A deixei com Thalia e Nico , que rapidamente lhe deram ambrósia e néctar. Ao me lembrar do liquido escuro apalpei meu bolso à procura de Contracorrente enquanto me sentava para descansar numa mesa ao lado de meus amigos.

Tirei a tampa e senti uma náusea se apoderar de mim.

No ponto onde Míope a acertara quando me desarmou vertia o mesmo líquido escuro. Tentei descrever arcos com minha espada , porém , todas as vezes que tentei ela começava a ranger e estremecer.

Você é muito mais forte que isto minha amiga – dirigi um pensamento mental à Contracorrente.

Era verdade , nos anos que a possuí ela aguentou firme todas as vezes que a usei , até mesmo contra Cronos ela não me deixara na mão. Tentei lavá-la com água no banheiro , me frustrei ao ver que o liquido não parara , e pior , o rachado estava a aumentar de tamanho.

A deixei em cima da mesa e olhei para Annabeth , que agora estava em um sono profundo , a cor voltara à seu rosto e o corte no braço não mais vertia sangue , tampouco o liquido negro.

Numa tentativa desesperada eu rasguei um pedaço da manga de minha camisa.

Derramei um pouco de néctar sobre o pano chamuscado e apliquei sobre toda a extensão da lamina , para minha surpresa e alívio vi que o rachado e o sangue se dissiparam e , no ponto onde o rachado uma vez existira sobrara apenas uma poeira de bronze celestial.

Limpei a poeira e descrevi um arco com minha espada. O rangido e o chiado pararam , ela era minha velha amiga Contracorrente , novinha em folha.

Fui em direção à mesa onde estavam meus amigos. Todos pareciam exaustos , as roupas estavam furadas em alguns pontos e os rostos sujos de poeira preta por culpa do espírito do tártaro.

Thalia , Nico e eu decidimos que não iríamos esperar Annabeth acordar para podermos ir até o Cristo , então decidi ir me trocar no banheiro do restaurante. Voltei novamente com uma camisa do AC/DC , do álbum “Black Ice” e novos jeans , calcei meus all stars e me sentei novamente na mesa.

Após Thalia e Nico se trocarem , dei minha mochila para um deles carregar e então ergui Annabeth em meus braços , ela ainda não havia acordado e a tirei cuidadosamente da mesa onde estava.

Olhei em volta do restaurante antes de sairmos. Não parecia tão destruído quanto à maioria dos lugares que visitávamos , apenas estava com algumas mesas e cadeiras viradas , garrafas de refrigerante e copos de suco estavam estilhaçados pelo chão e não havia nenhum cliente por ali.

Saímos para o calor da tarde do Rio de Janeiro. Como eu esperava , as ruas estavam desertas e silenciosas.

Andamos por alguns quarteirões no centro do Rio , os prédios ainda se erguiam radiantes , o céu continuava azul , com poucas nuvens , havia pouco transito de carros. Paramos para descansar no que percebi como sendo um ponto de ônibus e esperamos Annabeth acordar para pedir informações , pois nenhum de nós falava português.

Passaram alguns ônibus no tempo em que ocupamos o banco da guarita , porém , em nenhum entramos , decidimos não entrar em algum e acabar longe de nosso destino. Eu mantive Annabeth em meu colo e passado algum tempo ela bocejou e finalmente acordou , olhando em volta , sonolenta.

—Onde estamos? - disse em meio a mais bocejos.

—Em um ponto de ônibus , você desmaiou depois que Míope a acertou no braço – esclareci em seu ouvido , pois ela já manifestava incompreensão.

—E o que vocês fizeram? Como escaparam? Como derrotaram os monstros e aquele espírito do tártaro? – ela disparou pergunta após pergunta.

—Ei , ei , acalme-se Sabidinha – eu a aconcheguei em meu colo , mas a expressão no rosto dela ainda exigia as respostas.

—Bom... – eu comecei , porém fui interrompido por Nico.

—Percy os derrotou – ele disse.

Ele contou toda a história.

—Bom , e porque você não nos contou que Poseidon havia o dado isso? – Annabeth me olhou , sua expressão estava mesclada em curiosidade e reprovação.

—Francamente... eu havia me esquecido disto – eu disse a verdade e todos deram uma risada gostosa com meu comentário.

Annabeth descera do meu colo alguns minutos depois , decidimos que ela seria nosso tradutor em terras brasileiras e então parou uma senhora , usando jeans e blusa preta , que ia passando apressada e a pediu informações.

—Com licença , senhora – ela disse algo em português que não entendi – Você poderia nos dar algumas informações sobre como chegar até o Cristo Redentor? Somos americanos – ela apontou para cada um de nós após perguntar algo para a senhora.

—Ah , claro minha querida , a subida até o Cristo se faz com o Trem do Corcovado , situado na rua Cosme Velho , pode pegar algum ônibus com destino Catete , de lá acho que vocês terão que andar um pouco – ela disse com um sorriso gentil , Annabeth agradeceu e se virou para nós.

—Bom , a senhora nos disse para embarcarmos num ônibus que leva até o bairro Catete , depois teremos que andar até Cosme Velho para pegar o trem que leva ao Corcovado – ela nos informou , retirando de sua mochila algum dinheiro trouxa , para poder pagar o ônibus.

Não nos demoramos muito no ponto e já estávamos com destino ao bairro Catete , igual ao anterior , este ônibus também estava anormalmente vazio , desta vez , eram em todo o ônibus somente eu , Annabeth , Thalia , Nico , o motorista e o trocador.

Pagamos nossas passagens e nos largamos nas ultimas fileiras do ônibus. Cochilei por toda a viagem , recostando-me em Annabeth.

Após bons minutos de cochilo comecei a me sentir empurrado de um lado para o outro , abri os olhos lentamente e vi que Annabeth me chamava.

—Percy , Percy , acorde – ela continuava a me balançar.

Abri os olhos por completo e vi que ainda estávamos no ônibus , porém a paisagem do centro , com seus edifícios e prédios fora trocada por uma paisagem de bairros residenciais , algumas arvores eram vistas nas beiradas da larga rua em que estávamos. Crianças jogavam futebol na rua , bares e pubs estavam abertos , pude ouvir algum tipo de música regional vinda de um dos bares.

—Desceremos no próximo ponto , e compraremos as passagens para o Trem do Corcovado – Annabeth me disse e se levantou para cutucar Nico e Thalia , que também estavam cochilando nas cadeiras ao lado.

Após todos estarmos acordados , nos levantamos para saltar do ônibus.

Vi o ônibus seguir seu caminho enquanto uma grande estação de metrô se erguia à nossa frente. Em cima da porta de entrada um letreiro informava alguma coisa que nem tentei ler , dislexia somadas a outro idioma iriam fritar meu cérebro.

Atravessamos a rua para podermos adentrar na estação. O som de passarinhos era possível ser ouvido à uma longa distancia , a música regional ainda era tocada em algum bar próximo.

Entramos na estação. Era bem rústica , o chão era de uma pedra marrom quadriculada , não era fechada como as estações de metro , era ao ar livre , com alguns bancos de madeira azuis nos cantos , as vigas de madeira que seguravam o teto de telhas coloniais podiam ser vistas. Algumas luminárias brancas grandes pendiam das vigas no teto. Um relógio analógico imenso estava afixado acima de uma porta que levava à uma pequena loja de suvenires.

Olhei as horas no relógio escudo de Tyson e vi que já passara das 15:30. Nos dirigimos até a bilheteria e compramos nossas passagens com dinheiro brasileiro , que Annabeth trocara em uma casa de câmbio que havia na estação.

O próximo trem sairia em 10 minutos , então nos largamos em um dos banquinhos azuis em um canto. A estação , igual à toda a cidade , estava anormalmente vazia , apenas cerca de 30 pessoas transitavam por ali , segurando os bilhetes do trem. Nos acomodamos e Annabeth foi quem falou primeiro.

—Bom , quando chegarmos lá em cima procurem qualquer coisa relacionada à Grécia ou aos deuses , ou qualquer coisa que ligue à mitologia , procurem em cada canto do monumento se for preciso. Precisamos de pistas , espero que Reia não nos tenha trago até aqui atoa – ela pareceu nervosa quando falou conosco.

“E se mantenham alertas , caso vejam algo estranho – ela finalizou dando uma olhada em volta.

Me preparei mentalmente e agucei meus sentidos para um possível ataque , porém , o trem chegara e nenhum acontecimento estranho. O metrô vermelho era bem espaçoso , com corredores com 2 pares de cadeiras azuis , vi um grupo musical trajando camisas amarelas escritas “Bom de Samba” mais à frente , carregando alguns tambores e mini-violões.

A paisagem florestal se mostrava exuberante pelas amplas janelas do trem , em vezes , quando a mata se abria em um vão eu pude enxergar a cidade do Rio de Janeiro se erguendo à beira-mar , cercada por serras.

Não demorou muito e o trem de dois vagões ia parando , à medida que a grande estatua do Cristo Redentor se erguia no ponto mais alto do morro

Saltamos em uma plataforma com grades , à beira de um desfiladeiro.

Eu via um estacionamento não muito longe dali , assim como um restaurante , as pessoas se dirigiam para as escadas à frente , então as seguimos.

As escadas de pedra eram separadas por plataformas com mirantes , para as pessoas tirarem fotos da cidade que agora podia ser vista perfeitamente. Algumas delas pararam para tirar fotos , porém , nós continuamos subindo as escadas , apressados.

Saí da ultima escada rolante e nos dirigimos para um canto , próximo à base de mármore negro em que a estatua ficava apoiada.

A estátua era imensa , com ricos detalhes em branco , a estatua fora feita com os braços abertos , uma expressão suave fora talhada em seu rosto de pedra branca.

Nos apoiamos em uma grade , no canto e fizemos um circulo fechado.

—Bom , aqui estamos – Annabeth começou , ela mantinha os olhos fixos em mim , como se eu tivesse que fazer algo rápido – Então , procurem qualquer coisa ligada aos deuses , mitologia , Grécia , qualquer coisa , vamos.

Cada um foi para um canto , Thalia se ajoelhou e começou a olhar o piso de pedras , Nico começou a verificar as grades e Annabeth olhava fixamente para a estátua de mármore. Me restou o pedestal , então avancei para a superfície negra , passando meus dedos pela estrutura levemente , e olhando , minuciosamente , a base do monumento.

Os minutos foram se alongando e nada. Minha visão estava turva de tanto enxergar a mesma cor , quando eu mudava de posição para olhar mais e mais vezes ouvia muxoxos de descontentamento de Nico e Thalia.

Já estava quase desistindo quando ouvi uma voz ressonar em minha mente.

“Vamos heroizinho , não desista , pois , eu te dei a maldita pista , use-a seu vermezinho!” a voz de Reia foi aguda e irritante , murmurei um “de nada” mentalmente e continuei a procura.

O sol estava quase se pondo no horizonte , já passava das 16:00 e nada de pistas na estátua do Cristo. A fome e o cansaço já me dominavam e tudo que eu mais queria era achar essa bendita pista e ir embora logo.

—Ah! Pode por favor nos dar a pista , estátua? – eu me enfureci e cruzei os braços para o monumento inanimado.

Não esperei resposta e , no momento em que voltei a procurar , algo me surpreendeu.

Bem em minha frente algumas letras gregas brilharam em vermelho vivo.

 

"Quando a morte não mais perseverar, 

E forças antigas da terra despertar…”

 

Consegui ler facilmente toda a extensão de frases , como um poema. As letras vermelhas se misturaram e de repente se formou um desenho no mármore negro , uma mão emergindo da terra , pairando acima dela estava um Omega , tudo em vermelho , brilhando.

—Pessoal , achei algo – eu gritei – Aqui , vejam.

—Uau! – Nico espantou-se – O que é?

—Oho! – Thalia exclamou.

—Nossa! Faça mais alguma coisa Percy – Annabeth olhou para mim , impressionada.

Não tive muita certeza do que viria a seguir , então toquei o desenho vermelho.

O desenho se embaralhou , como fizeram as frases desconexas em grego , e , surgiram novas palavras em grego antigo.

“Àqueles que buscam o conhecimento e orientação , primeiro deverão ser testados , e , se forem julgados valorosos , possuirão aquilo pelo que vieram”

Após eu , mais uma vez , ler em voz alta as palavras dois dos ladrilhos de mármore se abriram em uma pequena câmara com uma fonte de iluminação brilhando fracamente em amarelo.

Pairando , no centro da câmara , havia uma estranha pedra negra , eu podia ver meu reflexo nela , porém algo estava errado , a pedra estava partida irregularmente , na parte debaixo ela possuía a forma que lembrava meio losango , e em cima estava torta e amassada , como se alguém a tivesse partido ao meio usando um martelo.

Estiquei minha mão para me apoderar da pedra ,em vão , pois a câmara se fechou mais uma vez , com um baque surdo.

Letras vermelhas novamente brilharam e formaram a frase “Seu valor ainda será provado”.

Ótimo , pensei , mais testes , porque não podemos apenas pegar a pedra e ir simplesmente embora , mas , com meios-sangues a sorte é assim , já me acostumei.

Ouvi um grito e me virei , uma das pessoas que estavam na plataforma do Cristo fora agarrada por uma harpia enorme e feia.

Algumas outras irmãs da galinha voadora foram chegando , e chegando mais , haviam dezenas delas , estávamos cercados , pedra idiota , teste idiota – pensei enquanto destampava Contracorrente.

—Ei galinha , largue essa pessoa agora , ou vai direto para o Tártaro – desdenhei , procurando atrair a atenção da harpia , e , deu certo.

Ela voou em minha direção , tentou me atacar com suas unhas de ferro estígio , à essa altura eu já havia me acostumado a deixar a Maldição de Aquiles de lado , tinha que me defender.

Me esquivei , e mais harpias voaram em minha direção , também voaram para Nico , Thalia e Annabeth. Elas me arranhavam e me mordiam , eu não conseguia me defender de todas ao mesmo tempo , afinal deveriam ter pelo menos 10 me atacando simultaneamente. Pensei em usar a espada que meu pai me dera , mas pensei no que ele disse e deixei o hexágono em meu bolso.

—Thalia! – gritei – Você terá que eletrocutá-las , ou elas nos matarão – disse enquanto decepava uma asa de harpia , para logo em seguida ser arranhado por outra.

—Vou tentar – a ouvi dizer de algum ponto à minha esquerda.

Ventos fortes começaram a açoitar minhas roupas e meus cabelos , os mortais já haviam desaparecido , desesperados , provavelmente embarcaram no trem. O céu azul agora possuía nuvens cinzas , raios ribombavam no céu. Não pensei que aquilo fosse obra de Thalia , no geral ela não se esforçava à esse ponto , porém , se isso fosse algum poder dela , estávamos salvos.

Ouvi um urro de Thalia e as primeiras harpias começaram a se desfazer em cinzas , os raios chacoalhavam a estrutura do monumento.

Consegui decepar as harpias restantes que me atacavam e me desesperei com o que vi. Centenas delas voavam em direção ao morro do Corcovado , talvez milhares. Annabeth e Nico haviam decepado as harpias deles também , porém não localizei Thalia.

—Thalia! – Annabeth gritou , olhando para cima.

Segui seu olhar assim como Nico e vi Thalia escalando o grande monumento do Cristo Redentor. Ela tinha uma expressão mesclada de determinação e medo. Não consegui acreditar no que vi , achei que Thalia não ia conseguir nem se mexer aqui em cima , quanto mais escalar uma estátua de 40m.

Olhei para meus amigos e , as expressões deles deveriam estar iguais à minha. Medo. À essa altura Thalia já havia chegado no peito da estátua. As vestes do Cristo estavam com pequenos furinhos por onde ela havia passado , então percebi como ela escalava. Estava usando duas pequenas adagas de bronze para conseguir subir , pois a estátua estava “vestida” com um manto liso.

As harpias cada vez chegavam mais perto , e , nosso tempo acabaria. Rondei algumas vezes o pedestal do monumento , à procura das letras vermelhas nos dizendo que aquilo era um sonho , ou que já havíamos passado no teste , porém não encontrei nada.

As harpias chegaram à plataforma. Elas se agruparam em circulo , pousando nas grades de proteção , de modo que eu não via a cidade lá em baixo , apenas o céu escuro.

—Agora seria uma boa hora para esses monstros virarem churrasco – gritei alto , olhando para Thalia , que se equilibrava em pé na cabeça do Cristo.

Ouvi mais e mais raios ribombarem no céu e então algo aconteceu , uma ventania fora do comum começou a se propagar , de modo que meus cabelos tampavam parte de meus olhos , algumas harpias pareciam estar desequilibrando , enquanto nos observavam.

Ao olhar para cima prendi a respiração.

Thalia estava voando , literalmente. Olhei mais atentamente e vi que seus olhos eram apenas buracos brancos , as pupilas desaparecidas.

Então o céu explodiu , o barulho foi tão arrebatador que um chiado agudo tomava conta de minha audição.

Só tive tempo de olhar mais uma vez para o céu e ver uma infinidade de raios descendo para o mesmo ponto , e , então uma densa fumaça cinza se apoderou da plataforma do Cristo. Não via nenhum de meus amigos , e , pensei no pior.

—Annabeth , Nico , Thalia , estão bem? – gritei e comecei a abanar o ar com as mãos.

—Percy? Ah , graças aos deuses cara , achei que estivéssemos mortos – Nico disse , aliviado.

—Annabeth! – gritei mais uma vez.

—Acalme-se Cabeça de Alga , estou aqui – ela disse bem ao meu lado , apertando firme minha mão esquerda.

—Ah! Graças aos deuses – disse abraçando-a , que relaxou instantaneamente.

—E Thalia? – ela pareceu aflita , ao perguntar sobre a amiga.

—Thalia! – ela gritou audivelmente – Thalia! – gritou repetidas vezes.

—Calma Annabeth , estou bem – ouvi a voz de Thalia , distante dali na plataforma.

—Thalia , onde está? – Annabeth gritou e percorreu alguns metros à frente , desaparecendo na fumaça negra – E que fumaça é essa? E mais importante , como fez aquilo , endoidou? – ela disparou preocupada.

A segui. Esbarrei em Nico , que também a seguia para ver aonde Thalia estava.

Andamos um pouco na névoa e vi Annabeth agachada , próxima de Thalia , que estava recostada nas grades de proteção. A aparência dela estava horrível , a jaqueta de couro preta estava rasgada em alguns pontos , sua pele estava tão pálida quanto a de Nico , o chão à volta dela estava preto , como se alguém tivesse acendido uma fogueira.

Me aproximei e também me agachei perto dela e de Annabeth , Nico me seguiu.

—Nossa , como fez aquilo Thalia , foi incrível – eu a olhei com verdadeira admiração.

—Apenas usei meus poderes , e , me deixei levar – ela disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

—Você voou – Nico disse seguido de um assobio.

—Sim , mas , não me pergunte , não sei como – ela pareceu confusa – Eu apenas quis ajudar vocês e saltei da cabeça do Cristo.

—E depois destruiu todas as harpias , o que fez , exatamente? – Annabeth a perguntou , enquanto lhe dava 2 quadradinhos de ambrósia molhados em néctar.

—Exato – ela disse após comer- O que está esperando Percy , vá verificar o pedestal , ver se passamos no pequeno teste – ela fez sinal de aspas nas ultimas palavras e todos rimos.

—Bom , com essa fumaça de harpia e mármore , não vou enxergar – disse , pois não via nada além de 1 metro à frente.

—Isso não é problema – ela disse e se levantou.

Fechou os olhos e então um turbilhão de ar passou por todos nós , dispersando a fumaça , ela fez cara de enjoo por causa do contínuo uso de seus poderes de filha de Zeus.

A paisagem voltara ao normal , exceto que haviam milhares de penas de harpia , ossos , cinzas , cabeças , espalhados pelo chão. Procurei na base do pedestal e então para meu alivio consegui ver os números vermelhos.

“O coração dos que são valorosos merecem o direito de conhecer os segredos obscuros do mundo dos deuses e homens” , consegui ler perfeitamente as palavras gregas e , a pequena câmara se abriu novamente.

A pedra , que emitia uma aura amarelada , brilhava , mais forte.

Coloquei a mão devagar , receoso , porém nada aconteceu. Segurei a pedra. Era gelada como o apito para cães infernais. Me senti infinitamente mais forte.

Parecia que eu estava dormindo à dias , se essa era a sensação de ter o poder de um deus , era extremamente boa .

Andei em direção a meus amigos , sorridente. Mas , parei subitamente ao ouvir algo.

“O escolhido?” “Sim , o escolhido” “Precisa da segunda parte , Perseu Jackson , apenas assim poderá desfrutar de total poder e orientação. Apenas um pedaço não o dará aquilo que está desaparecido” , ao ouvir as palavras da pedra em minha mente , me lembrei do verso da profecia , do deus desaparecido na escuridão infinita , e , se era a isso que a pedra se referia , eu teria que achar a segunda parte , a qualquer custo.

Um movimento mecânico se formou na mão que eu segurava a pedra. Girei minha mão em um ângulo de 90º , as unhas apontadas para cima , e então abri minha mão. A pedra começou a se erguer , alguns centímetros de minha mão e , pairou no ar.

“Ah Perseu Jackson , seu coração procura orientação para o deus desaparecido , e ,com a segunda parte , poderá ter tal desejo , basta apenas pedir” , ao ouvir isto anotei mentalmente minha nova prioridade n 1º , achar a segunda parte.

—Ah , Percy , vejo que consegui – Thalia disse , vindo em minha direção , seguido por Nico e Annabeth.

—É , obrigado Thalia , agora , temos que achar a segunda parte disto – estiquei a mão aberta , onde a pedra pairava , para meus amigos.

—Que segunda parte? Que o disse que isto tem segunda parte? – Annabeth me analisou , curiosa.

—Isto , isto me disse que há segunda parte , e que precisaremos dela para acharmos o deus desaparecido da profecia – eu os esclareci , apontando para a pedra.

—E , como tem sorte , aposto como disse que você é o escolhido ou algo do tipo , estou certa? – Annabeth deduziu.

—Sim , está certa – assenti.

—Pedra ingrata – Thalia se mostrou ofendida – Eu destruo as harpias e passo o teste , e o escolhido é você? – ela me fuzilou com os olhos.

—Eu não escolhi isso , acha que eu quero ficar a vida inteira com uma pedra pairando na mão? – após eu dizer isso a pedra instantaneamente parou de emitir a aura amarela e novamente se encaixou em minha mão.

“Basta pedir” ouvi a voz em minha mente.

—Bom , um problema à menos , agora , sou apenas o escolhido – eu disse com sarcasmo olhando para a pedra e todos riram.

—Temos que ir , procurar a segunda parte da sua pedrinha , escolhido – Thalia zombou.

Concordamos e começamos a ir em direção à escada rolante. Coloquei a pedra em meu bolso , ela coube perfeitamente , deveria ter 10cm de comprimento por 3cm de largura , e , era metade de um losango para baixo.

Ao chegar próximo à escada meu coração falhou uma batida , isso já ocorrera demais por hoje – pensei , enquanto olhava a figura negra de Míope , uma expressão assassina em seu rosto , empunhando sua espada negra.

—Ah , droga – Disse e me virei para correr , junto com meus amigos.

Ela subia calmamente a escada. Tentei , em vão empunhar a pedra , que me murmurou um misterioso “O coração do escolhido , portador da pedra , deve aceitar seus desafios com bravura e coragem”. Porém não a guardei , pelo contrário , a fiz pairar novamente em minha mão , afinal , ela me dava a sensação de poder imensurável.

“Uma ajudinha viria a calhar” mentalizei , olhando da pedra para Míope , que agora avançava em nossa direção calmamente.

Havíamos recuado para a plataforma de proteção. Então a pedra me respondeu , mas não com palavras , ela controlou meus movimentos.

Comecei a puxar meus amigos para um círculo.

—Se segurem em mim – eu ordenei.

—Mas , Percy que...? – interrompi Annabeth.

—Apenas me segurem – e eles obedeceram.

A aura amarela começou a se intensificar , eu quase não conseguia ver meus amigos , estava me cegando , tudo que desejei era estar em qualquer outro lugar longe de Míope.

Não especifiquei o lugar pois não tive certeza se seria capaz sem as duas partes , e logo ao pensar nisso , desejei com todas minhas forças ter a segunda parte da pedra , tive um vislumbre da pedra negra e então minha visão escureceu e me vi mergulhado na escuridão.


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Notas finais do capítulo

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