Passaram-se duas semanas desde que aceitamos a missão para ir a Mogadore. Finalmente entramos em orbita e prestes a pousar.

–Pegue seu equipamento. Meu pai dizia que não é muito seguro por aqui.

–Certo. -Falo enquanto engatilho a arma e pego alguma munição.

Pousamos em Mogadore. De fato, não é um planeta muito agradável. Sinto cheiro de enxofre enquanto saio da nave, o céu é cinza, aparentemente não é possível ver a luz solar, e o que resta de sua vegetação está morta. Olho para Estella, e percebo que ela está com um certo nojo do ambiente a nossa volta.

–Você está bem? -Pergunto enquanto encaro sua expressão.

–Sim... Mas esse lugar... Está bem diferente das fotos que meu pai me mostrava.

–As coisas mudam, e pelo visto Mogadore também. Agora vamos, temos de encontrar Setrakus antes que esse cheiro nos mate.

Estella ri. Seguimos até a saída da plataforma, passamos por um corredor estreito e entramos em um Hall bem amplo com uma estatua de uma criatura no centro. Parecia ser uma besta selvagem ou algo do tipo. Me pergunto se tal criatura realmente possa existir...

Atravessamos o Hall. Assim que saímos da estação vejo prédios, casas e todo tipo de construção destruídos. É como se uma guerra tivesse destruído a cidade.

–Você sabe se Mogadore está passando por alguma guerra? -Pergunto a Estella, ela acompanha as notícias diariamente, talvez saiba de algo.

–Não. Até onde eu sei, a ultima guerra de Mogadore foi há 359 anos, quando Setrakus liderou um grupo de rebeldes para livrar Mogadore das mãos de um ditador. Lorien o ajudou a derrubar o ditador.

–Pittacus esteve nessa guerra?

–Sim, dizem que foi assim que os dois se conheceram. Pittacus ainda era jovem na época.

–Incrível.

Começamos a avançar por dentro da cidade. Não encontramos ninguém ao longo do caminho, algo muito estranho estava acontecendo ali. Me pergunto como Pittacus e Setrakus venceram a guerra contra o tal ditador. Sei que ambos são muito poderosos atualmente, mas como será que eles lutavam no passado? Será que eles já foram como eu ou Estella, ou será que eles já eram tão fortes quanto são hoje?

–Pare. -Estella afirma rapidamente enquanto me para com um dos braços.

–Oque foi? -Pergunto confuso.

–Tem algo estranho se aproximando logo há frente. Parece um ser uma mogadoriano, mas não tenho certeza.

–Melhor nos escondermos.

–Certo.

Corremos para trás de um muro. Sacamos nossas armas, Estella estava com uma especie de arma laser enquanto eu portava uma Five Seven com mira laser e pente extendído. Vemos alguem se aproximar, correndo como se fugisse de algo, usava jaqueta preta de couro, tinha cabelos negros, com mais de dois metros de altura, cicatrizes pelo corpo e uma espada na mão direita. Quando olho para Estella percebo que ela parece estar se levantando para ajudar, então eu reparo: aquele é Setrakus Ra.

–Setrakus! Por aqui -Estella grita para que ele perceba.

Setrakus olha para trás, então vem em nossa direção. Assim que ele chega até nos ele abraça Estella. Como se os dois já se conhecessem a muito tempo, algo que eu não duvido muito.

–Bom ver você de novo Estella.

–Digo o mesmo -Os dois se soltam.- O que está acontecendo aqui?

–Não tenho muito tempo para explicar. temos de encontrar abrigo antes que eles nos encontrem, Mogadore já não é mais segura.

–Como assim não é mais segura? -Pergunto.

–Depois eu explico, agora vamos, entrem nesse prédio o mais rápido possível!

Então entramos. Desesperadamente Setrakus empurra uma pedra grande na porta, ele pede para Estella tampar as janelas com pedras e ela faz isso com sua telecinese. Nessas horas me sinto inútil por ser um humano, não posso fazer nada a não ser observar os dois fazendo todo o trabalho, queria ter legados como Estella, alem de sua telecinese ela também pode ficar invisível, conversar com animais, controlar o clima, curar qualquer ser vivo e tem força e visão sobre-humana. Ela é incrível!

Assim que Estella e Setrakus terminaram de bloquear qualquer tipo de passagem. Setrakus junta algumas folhas que ele encontra pelo chão, pega um isqueiro em seu bolso e faz uma fogueira de fogo baixo.

–Mogadore foi tomada pelo caos. -ele anuncia.- Restam poucos mogadorianos que ainda estão sãos.

–Como assim ainda? -Pergunto.

–Aparentemente, estávamos fazendo experimentos com células de Krauls e de Pikens para tentarmos recriar animais extintos de Mogadore. Como nossos recursos acabaram há alguns anos, passamos anos pesquisando como resolver essa crise sem recorrer ao bom e velho Pittacus. Há cerca de três ou quatro semanas, um frasco contendo um vírus essencial para o experimento sumiu de nosso laboratório. -Ele fez uma pausa rápida.- Então todos entraram em pânico quando descobrimos que o vírus foi roubado por um grupo terrorista. Mandamos algumas tropas para recuperar o vírus, mas eles nunca voltaram.

–Certo mas... Como isso explica o fato da cidade estar destruída e o fato de restarem apenas alguns mogadorianos sobre plena consciência?

–Assim que mandamos os soldados, ouve relatos de ondas de ataque na zona sul de uma cidade no Oeste. Então recebemos a notícia de uma epidemia de surtos na mesma região. Essa epidemia se espalhou pelo planeta. Há alguns dias enfrentei um exército que tentou invadir essa cidade. Me espantei quando percebi que seus soldados não caiam mortos como os nossos, eles viravam cinzas.

–Cinzas?

–Isso mesmo. Infelizmente toda a minha tropa foi infectada pelo vírus e agora estão me caçando. Não sei quanto tempo conseguirei fugir.

–Tudo vai ficar bem. Nos podemos leva-lo para Lorien e salvá-lo! -Tento encorajá-lo.

–Não, como líder de Mogadore não posso abandonar meu planeta para o meu próprio benefício, devo ficar aqui e tentar salvar meu povo.

–Não podemos deixá-lo aqui! -Estella protesta.

–Infelizmente eu devo ficar aqui Estella.

–Mas e se você for infectado? Alias, como a infecção se manifesta?

–Os infectados perdem o senso ético mas continuam racionais. Eles podem se comunicar, manusear armamentos e fazer tudo que alguém possa fazer normalmente. Porém são extremamente agressivos com aqueles que não estão infectados.

–E como eles são infectados? Arranhões? Mordidas?

–Como eu disse, eles continuam racionais. Eles possuem adagas e armas que foram banhadas em uma substância feita do vírus. Se eles te acertarem com esses equipamentos, você vira um deles.

Somos interrompidos por um tremor. Logo, percebemos que estamos sendo atacados. Setrakus saca sua espada, Estella levita alguns pedregulhos e eu saco minha arma.