Hurricane escrita por Lauriel


Capítulo 2
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/366967/chapter/2

- Hey, Espo. O que há? – Kate perguntou, enquanto colocava as luvas. Castle caminhava ao seu lado, e Esposito foi ao encontro deles assim que a detetive estacionou o carro.

- Acho que é melhor você ver com seus próprios olhos.

Beckett e Castle se entreolharam, sem entender. Entraram num beco estreito, escuro, agora mal iluminado pelas lanternas dos policiais que faziam a perícia do lugar. Lanie estava abaixada ao lado do corpo de um homem deitado de bruços, com um ferimento de bala na parte posterior da cabeça. Ao vê-los se aproximando, Lanie levantou-se com uma expressão preocupada.

- Oi, Lanie. O que temos?

- Querida, eu acho que este crime é muito, muito particular...

- Por que? O que está havendo, afinal?

- Veja você mesma... – E, dizendo isso, Lanie se afastou. Kate contornou o corpo da vítima, se abaixou e, ao focar a lanterna no rosto do homem caído, levou um choque. Era o senador Bracken.

- Mas que diabos... – foi tudo que conseguiu murmurar, enquanto se apoiava na parede.

- Fomos chamados por um morador daquele prédio – e Esposito apontou para o outro lado da rua – que ouviu o tiro e um carro sair cantando pneus. Infelizmente quando chegou à janela não viu nada de anormal. Ligou pro 911, eles vieram e encontraram o corpo.

- Pela temperatura corporal e palidez cadavérica, ele morreu no máximo há umas duas horas. – completou Lanie – Kate, você está bem?

Beckett encarava o rosto pálido do senador até aquele momento, e só se deu conta disso quando ouviu seu nome. Milhares de pensamentos haviam passado por sua cabeça numa rapidez alucinante, e ela não conseguiu se prender a nenhum deles. Engoliu em seco, levantou-se e tentou ser profissional.

- Es...tou. Sim, está tudo bem.

- O que diabos um senador da república fazia sozinho, num beco escuro de Nova York, a essa hora? – perguntou Castle, lentamente se colocando ao lado de Kate.

- Não encontramos relógio, carteira ou celular – respondeu Esposito – tudo leva a crer que foi um assalto. Temos equipes procurando nas redondezas qualquer pista que confirme se foi assalto ou não.

- Hey, falei com os seguranças particulares dele – disse Ryan, aproximando-se – São dois neste turno. Ambos disseram que por volta das 20h Bracken os chamou ao escritório e mandou que esperassem no carro.

- Então se ele foi morto há duas horas, ou seja, às 21h, isso nos dá um lapso temporal de uma hora. – comentou Beckett.

- Sim, e eles não notaram nada estranho até que os carros de polícia chegaram. Nem mesmo o carro que teria passado por aqui cantando pneus; eles disseram que ele entrou muito rápido na curva, daí o barulho. Mas não acharam que fosse algo anormal.

- Onde o carro de Bracken estava estacionado? – perguntou Rick.

- Na rua lateral – respondeu Ryan. – O prédio é de esquina, temos a entrada desta rua, do começo do beco, que é a principal, e uma entrada de serviço, na rua paralela. Era lá que os seguranças esperavam por Bracken.

- Ou seja, aparentemente ele deveria sair pela porta lateral mas algo o levou a sair pela principal... – Kate pensou alto – Espo, veja se alguém mais na vizinhança ou no próprio prédio viu ou ouviu alguma coisa, e quero o registro de chamadas dele, celular, telefone comercial e residencial. E extrato com a movimentação bancária também. Ryan, pegue as imagens das câmeras de segurança interna, dos prédios ao redor, e as de tráfego, se houver.

Enquanto ambos se afastavam, Kate fitou o homem morto aos seus pés.

- Kate... – murmurou Rick, ao seu lado.

- Eu estou bem, Castle. – ela forçou um sorriso.

- Não, você não está. Não minta pra mim.

Ela suspirou e não respondeu.

- Vamos pra casa. – ele continuou, pegando discretamente na mão dela – Amanhã de manhã os rapazes terão indícios suficientes pra começarmos as investigações. Não há nada que possamos fazer agora.

- Não... Quero ir pra casa. Pra minha casa. Você se importa? Nos vemos amanhã.

- Tudo bem. Posso te acompanhar até em casa então?

- Castle... Eu preciso ficar um pouco sozinha. Mesmo.

- Ok. Vou pegar um táxi. Até amanhã. – despediu-se, com um beijo na testa.

Beckett ainda permaneceu alguns minutos junto ao corpo. Tentava colocar os pensamentos em ordem. Não tinha certeza sobre como se sentia com aquela morte. Tecnicamente, fez-se justiça a sua mãe, Montgomery e todos os que morreram ao longo desses anos por causa dessa história suja. Tecnicamente, a vida dela estava a salvo agora. Um dos maiores medo que ela vinha sentindo no último ano era que o senador, de alguma forma, descobrisse que na verdade ela não tinha o dossiê que o incriminava, e com isso ela perdesse a vantagem e a segurança que havia negociado. Agora tudo estava ali, aos seus pés, resolvido.

Ela caminhou rápido até o carro. Como Castle dissera, não havia o que ela pudesse fazer naquela noite além de ir pra casa e esperar amanhecer. O corpo seria levado pro necrotério, autopsiado, os rapazes recolheriam as imagens e algum eventual testemunho, a perícia encontraria pistas. Amanhã. Ela precisava descansar pra poder pensar em tudo isso de forma racional amanhã. O trajeto até o seu apartamento foi percorrido com um misto de euforia, preocupação, medo, curiosidade, dúvida. O que aquela morte significava? Teria sido realmente uma situação fortuita? Há poucos meses Bracken sofrera um atentado a bomba, sinal de que já estava sendo visado há muito tempo; teria um simples ladrão de rua conseguido dar cabo a um projeto em que assassinos profissionais tinham falhado? Mas se foi um acaso, por que ele havia afastado os seguranças?

Ela respirou fundo enquanto abria a porta de casa. Eram muitas perguntas, e por ora, nenhuma resposta. De repente se sentiu extremamente cansada, como se toda a tensão dos últimos anos de investigação da morte da mãe tivesse caído sobre ela naquele momento. Tomou um longo banho quente, colocou um pijama e, antes de deitar, abriu a gaveta da cômoda. Pegou uma pasta, sentou na cama e ficou longos minutos folheando lentamente seu conteúdo. Dentro dela ela guardava todo o material sobre a morte da mãe. Fotos, indícios, anotações, cópias, tudo que, há pouco mais de um ano, tinham levado Castle e ela ao verdadeiro responsável por tudo aquilo. Agora parecia tudo tão inútil, tão sem razão de ser. Ela guardou a pasta novamente, e, enquanto tirava o relógio do pai, seu celular apitou. Quando olhou, era uma mensagem de Castle. Dizia, simplesmente: “Always”. Ela sorriu. Mais do que uma declaração de amor, mais do que um “eu te amo”, aquela simples palavra significava muito mais pra eles. Significava que ela sempre podia contar com ele, em qualquer situação. E significava esperança, esperança de que, mesmo em dias ruins, acontecem coisas boas. Ela respondeu “Thanks. Love. Always” e deitou, esperando que todo aquele cansaço se transformasse em sono profundo.

**

- Bom dia. – disse Castle, colocando um copo de café diante de Kate e se sentando. Ela sorriu.

- Bom dia.

- Conseguiu dormir?

- Na verdade sim. Acho que... Eu estava realmente cansada.

- Bom... Descobriu alguma coisa?

- Não muito. O registro telefônico do escritório não tem nada de estranho, e ele estava hospedado num hotel, lá também não conseguimos nada. Mas o celular dele registra dezenas de ligações pra um mesmo número, inclusive na noite de ontem. Veja – ela apontou para um papel sobre a mesa – A partir das 20h ele fez várias pequenas ligações para este número, até que, às 20h36, ele fez uma ligação que durou 17min.

- Logo após a qual ele foi morto...

- Exatamente. Seja quem for essa pessoa, provavelmente tem a ver com a morte dele.

- Yo. Chequei esse número – disse Esposito, se aproximando – Nada feito. É de um telefone descartável, e, adivinhem? Está desligado.

- O dono já se livrou dele... – comentou Beckett – E a família de Bracken?

- Solteiro, sem filhos. Filho único, os pais morreram há alguns anos. O parente mais próximo não o vê fora das TV’s há pelo menos uma década.

- Hey, pessoal – Ryan chegou afobado – Acho que consegui algo com as imagens.

Todos se dirigiram para outra sala e, enquanto inseria o dvd no aparelho, Ryan continuou.

- Não há câmeras de tráfego na área, e tudo que a câmera do prédio em frente pegou foi um homem correndo do beco logo depois do tiro, subindo a avenida, e pouco depois um carro passou cantando pneus, mas na mesma direção, então dificilmente há relação entre eles. Mas – e ele deu ênfase a essa palavra, enquanto apertava o play do aparelho – Isto é interessante.

Na tela apareceu o saguão do prédio onde ficava o escritório de Bracken. Depois de algumas pessoas entrarem e saírem da portaria, Ryan pausou o vídeo e apontou.

- Aqui. Aí está Bracken saindo do prédio, às 21h em ponto.

- E ele... – começou Rick.

- ... Está levando uma pasta! – completou Beckett.

- Segundo as imagens que apurei do começo do dia, ele não estava com essa pasta quando chegou ao prédio – informou Ryan.

- Então ele saiu pra se encontrar com alguém... – comentou Castle.

- O dono do celular misterioso... – disse Kate.

- E dentro da pasta levava dinheiro pra alguma espécie de suborno...

- Ou documentos importantes...

- Eles se encontram, discutem por algum motivo... Talvez a quantidade de dinheiro não seja a combinada, ou o cara quer mais, ou os documentos sejam falsos... Ou Bracken estivesse tentando enganá-lo...

- Ele estava caído em direção à rua, então tentava fugir...

- Eles discutem, o homem misterioso saca a arma, ele tenta fugir mas não consegue, é atingido...

- O assassino pega sua carteira, celular...

- Não foi um assalto! – Rick e Kate falaram juntos e, depois de um momento, sorriram.

- Isso às vezes é cansativo, sabiam? – comentou Esposito.

O celular de Beckett apitou nesse momento.

- É a Lanie, ela tem algo pra gente. Espo, quero uma varredura minuciosa no escritório do Bracken e no quarto de hotel. Precisamos de alguma pista do que havia nessa pasta. Ryan, pressione os bancos a liberarem os extratos de movimentação das contas dele, se era dinheiro que ele levava consigo, deve haver algum saque grande recentemente.

- Já disse que você fica muito sexy quando dá ordens desse jeito? – sussurrou Rick próximo ao ouvindo de Kate, depois que os rapazes saíram.

- É? Pois eu tenho uma pra você: Vamos, temos que falar com Lanie.

- Está sugerindo uma brincadeira a três?

Kate deu-lhe um beliscão e virou-se.

- Vamos, Castle.

- Aw! Tá, já entendi, sem brincadeiras...

**

- O que há, Lanie? – perguntou Beckett assim que entrou no necrotério.

- Encontrei algumas coisas estranhas – ela comentou – A princípio o que o matou foi realmente a perfuração à bala, que entrou pela parte posterior da cabeça, na altura do osso parietal, aqui – apontou – e saiu abaixo da mandíbula, aqui – apontou.

- Então o tiro foi dado de cima pra baixo? – perguntou Kate, levemente surpresa.

- Tudo indica que sim. E tem mais. – ela pegou o braço do cadáver – Vê estas marcas nos pulsos? Elas são recentes, e aparecem em ambos os braços.

- Ele estava amarrado? – perguntou Castle.

- Amarrado e, a julgar pelas leves escoriações na área, ajoelhado.

Beckett e Castle se entreolharam.

- Não foi simplesmente assassinato... Ele foi executado! – ela murmurou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hurricane" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.