A Vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore escrita por Vinícius


Capítulo 5
Diálogo com gim




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Durante meus anos ensinando Transfiguração em Hogwarts posso dizer com plena certeza que foram poucos os alunos que se destacavam comigo. Mas uma sempre me chamou a atenção. Seu nome era Minerva McGonagall. Foi a única que conseguiu nota máxima em minha disciplina nos N.O.M.s e nos N.I.E.M.s.

Pouco tempo depois tive a honra de ser nomeado vice-diretor de Hogwarts. Armando Dippet confiava muito em mim. Mesmo assim, eu ainda tinha que continuar recrutando jovens bruxos, nascidos de pais trouxas, para a escola.

Certo dia fui para Londres. Me lembro de usar um belo vestido cor de ameixa nesse dia. Eu fui até um orfanato. Ao chegar fui cumprimentado por uma moça desleixada.

– Boa tarde. Tenho hora marcada com uma Sra. Cole, que acredito ser a governanta daqui.

– Ah - exclamou a moça. - Um momentinho... SRA. COLE!

Entrei em um corredor azulejado de preto e branco. Uma mulher muito magra e aflita veio caminhando depressa em minha direção.

– Boa tarde! - eu disse, estendendo minha mão. - Meu nome é Alvo Dumbledore. Enviei uma carta pedindo para marcar uma hora e a senhora gentilmente me convidou para vir aqui hoje.

– Ah, sim. Bem... bem, então, é melhor vir à minha sala. É...

Ela me conduziu a uma salinha que aparentemente se dividia em sala e escritório. Me sentei e logo disse:

– Estou aqui, conforme disse em minha carta, para discutir sobre o menino Tom Riddle e as providências para o seu futuro...

– O senhor é da família?

– Não, sou professor. Vim oferecer a Tom uma vaga em minha escola.

– E que escola é essa?

– Chama-se Hogwarts.

– E por que se interessou por Tom?

– Acreditamos que tenha qualidades que procuramos.

– O senhor quer dizer que ele ganhou uma bolsa? Como pode ter ganhado? Nunca pedimos uma bolsa para ele.

– Bem, o nome dele está inscrito em nossa escola desde que nasceu.

– Quem o inscreveu? Os pais?

Não havia dúvidas de que ela era muito astuta. Por isso apanhei uma folha de papel em branco da escrivaninha dela.

– Veja – eu disse, fazendo um aceno com a varinha e passando o papel à senhora – Acho que isto esclarecerá tudo.

Os olhos da Sra. Cole saíram de foco e tornaram a entrar enquanto examinava, atenta, a folha de papel por um momento.

– Parece perfeitamente em ordem – disse calma, devolvendo o papel.

Então seu olhar recaiu sobre uma garrafa de gim e dois copos, que digamos, haviam aparecido com uma ajudinha minha.

– Ah... o senhor aceita um cálice de gim? – perguntou a mulher em tom elegante.

– Muito obrigado - aceitei - Eu estava imaginando se a senhora não poderia me contar alguma coisa da história de Tom Riddle? Creio que ele nasceu aqui no orfanato, não?

– Certo - confirmou, servindo-se de mais gim - Lembro muito claramente, porque estava começando a trabalhar aqui. Era véspera de ano-novo, fazia muito frio, nevava, sabe. Uma noite tempestuosa. E essa moça, que não era muito mais velha do que eu, chegou com dificuldade à nossa porta. Bem, ela não foi a primeira. Nós a acolhemos e ela teve o bebê em menos de uma hora. E na hora seguinte morreu.

– Ela disse alguma coisa antes de morrer? Alguma coisa sobre o pai do garoto, por exemplo?

– Por acaso, disse – Ela confirmou - Lembro que ela me disse: “Espero que ele pareça com o pai”, e não vou mentir, a moça tinha razão em desejar isso, porque ela não era nenhuma beleza... e então me falou que o bebê deveria receber o nome de Tom em homenagem ao pai e Servolo em homenagem ao pai dela... é, eu sei, é um nome engraçado, não é? Ficamos imaginando que tivesse vindo de um circo... e ela disse que o sobrenome do garoto era Riddle. E sem dizer mais nada, morreu pouco depois. Bem, demos ao bebê o nome que a mãe tinha pedido, parecia tão importante para a coitada, mas nunca nenhum Tom nem Servolo nem Riddle veio procurar a criança, nem família nenhuma apareceu, então ele ficou no orfanato e está aqui desde aquela época.

Ela se serviu de mais uma saudável dose de gim. Duas manchas rosadas apareceram nas maçãs do seu rosto.

– É um garoto engraçado.

– Sei eu disse Achei que fosse.

Foi um bebê engraçado também. Quase nunca chorava, sabe. Depois, quando foi crescendo ficou... esquisito.

– Esquisito, como? - perguntei.

– Bem, ele...

Mas ela se calou, e não havia nada confuso ou vago no olhar que ela me lançou.

– O senhor diz que ele tem vaga garantida em sua escola?

– Certamente.

– E nada que eu disser pode mudar isso?

Nada.

– O senhor o levará seja qual for a informação que lhe dê?

– Seja qual for a informação - respondi.

Ele mete medo às outras crianças.

– A senhora quer dizer que ele as intimida?

Acho que deve intimidar, mas é muito difícil pegá-lo em flagrante. Tem havido incidentes... bem desagradáveis...

Não a pressionei, mesmo estando interessado. Ela tomou mais um gole de gim.

– O coelho de Carlinhos Stubbs... bem, Tom disse que não fez nada e não vejo como poderia ter feito, mas o bicho não se enforcou nas traves do teto sozinho, não é?

– Eu diria que não – concordei.

Mas o diabo é saber como foi que ele subiu lá no alto para fazer isso. O que sei é que Tom e Carlinhos tinham discutido no dia anterior.

E então, a Sra. Cole tomou mais um gole e depois de um tempo voltou a me contar.

– No passeio do verão... saímos com eles, sabe, uma vez por ano, vamos ao campo ou à praia... bem, Amada Benson e Dênis Bishop nunca tiveram muita certeza, e só o que conseguimos extrair deles foi que tinham ido a uma caverna com Tom Riddle. Ele jurou que só foram explorar o lugar, mas alguma coisa aconteceu lá dentro, tenho certeza. E, bem, têm acontecido muitas coisas, coisas engraçadas...

Ela tornou a me encarar e embora seu rosto estivesse corado, o olhar era firme.

– Acho que muito pouca gente vai lamentar ver este garoto pelas costas.

– Estou certo de que a senhora compreende que não vamos mantê-lo na escola o ano inteiro, não? lembrei – Ele terá de voltar para aqui, no mínimo, a cada verão.

Ah, bem, isso é menos ruim do que levar uma pancada no nariz com um ferro enferrujado – respondeu a mulher com um leve soluço.

Ela se levantou e ainda estava conseguindo andar.

– Presumo que o senhor gostaria de ver o garoto, não?

– Muito. – respondi.















































 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
























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