As Crônicas De Nárnia - Aurora De Fogo escrita por Carrie Lerman
Notas iniciais do capítulo
Retomando
Caspian seguiu todo um longo caminho ao lado da Elemental sem sentir sequer um único vestígio de dor em seu corpo graças às águas milagrosas daquele lago. A única coisa que ainda estava latente em sua pele era o desejo ainda aceso por aquela mulher proibida, por quem o rei se deixou envolver naquele momento dentro do rio. Por volta ou outra, o moreno se pegava fitando a bela silhueta da moça enquanto esta se movia de maneira graciosa a sua frente.
– Se mexa majestade. –disse ela parando e se virando. – Já não possui mais ferimentos para usar como desculpa para essa sua moleza real.
– Não precisa ser grosseira, estou analisando o caminho. –ele disse franzindo a testa e se aproximando dela.
– Sei bem quais são os caminhos que vem analisando desde que saímos daquele rio majestade, não preciso ter olhos nas costas para ver. –ela riu e se virou seguindo em frente.
– É sempre tão convencida? –perguntou Caspian.
– Não. E você? É sempre tão vulnerável? –ela debochou.
– Por que fez aquilo? –ele a alcançou e seguiu.
– O que? Beijar você? Estava com vontade...
– Sempre age assim, por impulso sem pensar nos seus atos? –ele parecia estressado.
– Nunca se sabe quando a morte pode chegar majestade, porque viver presa a regras?
– Por que elas existem para serem seguidas.
– Você não pareceu muito determinado a segui-las quando retribuiu meu beijo.
– Você é louca. –ele ergueu as sobrancelhas e seguiu em frente. – E perigosa.
– Quente também. Não se esqueça... –ela sorriu e admirou o belo traseiro daquele homem.
– Vai me dizer para onde estamos indo dessa vez?
– Procuramos um povoado. Ficaremos seguros lá, onde poderemos passar a noite em uma cabana confortável com cama, e lareira. –ela sorriu e se aproximou.
– Estamos perdendo tempo, eu deveria regressar ao palácio. Ver com meus próprios olhos se é mesmo Miraz que está no comando dele.
– Claro, e assim que você o visse ele arrancaria seus lindos olhos e comeria no jantar como aperitivo antes de comer seu coração.
– Ainda não consigo compreender se está do meu lado ou contra mim.
– Salvei sua vida, tome isso como um gesto nobre de amizade da minha parte.
– Amizade. –ele riu e desviou o olhar.
– Eu sou uma Elemental majestade, tenho meu jeito particular de sentir as coisas, o que não significa que eu não sinta.
– Que seja.
Aurora encarou o rei, então decidiu seguir em frente sem dizer mais nenhuma palavra. Seu humor mudava constantemente e perto daquele homem seus sentimentos oscilavam com mais frequência do que o normal. Aurora era quase imortal por conta de seus poderes, mas todo aquele dom lhe trazia alguns problemas como a instabilidade emocional, que variava de alegria intensa a depressão profunda. Nesses momentos, a moça se isolava do mundo e tentava lidar com seus pensamentos auto destrutivos, e pra isso ela recebia o auxilio de um ou dois Elementais tão poderosos quanto ela, a quem ela chamava de irmãos.
Durante todo o trajeto, Aurora tentava conter suas mudanças de humor para não deixar que isso afetasse sua missão com o rei. Quando finalmente chegaram ao povoado a moça correu em direção a uma banca de frutas, estava faminta e seu estomago ansiava por comida. Ela se apossou de uma maçã fresca e a mordeu logo correndo até outra banca e pegando uvas. Caspian a seguia desconcertado sem saber o que fazer, afinal eles não tinham tributos para pagar por nada daquilo, e ele não sabia se deveria dizer que era o rei ou não.
– Aurora, não podemos pagar por estes alimentos, devolva isso aquela senhora, eles trabalham duro para poder colher essas frutas e vender. –dizia o rei.
– Diga a eles quem você é estava prestes a se entregar para saqueadores e agora está com medo de revelar seu nome para pobres camponeses indefesos? –ela disse fitando-o a face.
– Precisa se decidir mulher, ou eu digo quem sou, ou não digo. –ele bufou.
– Diga majestade. Conte a todos, grite aos quatro ventos. –ela zombou enquanto se afastava.
– Mas que diabos. –ele cerrou os dentes e fechou a cara.
– Senhor. –se manifestou a mulher de aparência humilde atrás do rei.
– Ah. Perdoe-me... –disse ele se desculpando pelo manifesto. – Escute, eu venho do palácio e pretendo pagar por cada fruta que aquela moça consumiu, só peço que tenha paciência, assim que puder eu darei um jeito de recompensá-la.
Caspian abandonou a mulher que ficou estática lhe encarando, e seguiu Aurora por entre as casas. Quando finalmente a alcançou esta estava parada diante de uma pequena casa, observando uma mulher servindo doces aos dois filhos pequenos. Os olhos da Elemental ficaram fixos na cena, enquanto Caspian a olhava e depois fitava a mesma cena em silencio.
– O que foi? –disse ele.
– Nada. –ela ficou séria e depois girou sobre seus pés. – Precisamos de uma cabana e de comida.
– E como vamos pagar por isso? –ele a seguiu.
– Diremos a verdade, que você é o rei e que está a precisar de um poso.
– Certo. Vou abusar do meu titulo como rei para invadir a casa de algum camponês humilde...
– Prefere passar mais uma noite fria sob o céu aberto arriscando ser assassinado por outro grupo de saqueadores?
– Claro que não.
– Então pare de reclamar e faça o que eu disse. –ela andou até a porta de uma casa e bateu.
Logo uma moça de aparência jovem, e simples abriu a porta e se deparou com a bela mulher com vestes estranhas, e o lindo homem de cabelos castanhos e lisos a sua frente.
– Pois não? –disse a moça de cabelos pretos e crespos.
– Podemos entrar? –disse Aurora.
– Bom, depende de quem são.
– Bom, eu sou uma Elemental e ele é um rei. –disse Aurora invadindo a casa sem esperar ser convidada.
Caspian por sua vez sorriu sem jeito e se dirigiu a moça assim que passou para o lado de dentro, parando na porta e tomando a mão da moça.
– Perdoe minha companheira de viagem, ela não é muito educada. Permita que eu me apresente, eu sou Caspian X rei de Nárnia...
– Oh... Mi lorde. –a moça corou e se curvou segurando a barra de seu vestido.
– Ah, sim, sim. –ele não se sentia muito a vontade com aquela reverencia toda, embora soubesse que era necessário. – Por favor, eu... Sinto-me muito encabulado de lhe pedir isso, mas... Precisamos de um lugar seguro para passar a noite e sua cabana me pareceu muito confortável.
– Oh, absolutamente, será uma honra abrigar o grande rei de Nárnia. –ela fechou a porta e sorriu. – Por favor, majestade. Faça do meu humilde lar, a sua casa. Sinta-se a vontade para pedir o que quiser.
– Bom que quero um banho quente. –disse Aurora.
– Claro, eu vou providenciar. –disse a moça.
– E depois café, você tem café aqui?
– Claro, eu farei isso.
– Não se apresse por favor, não queremos abusar. –Caspian andou até Aurora e a segurou pelo braço. – Não é?
– Vá preparar o banho querida! –se manifestou a Elemental.
Assim que a moça se retirou, Caspian encarou Aurora com cara de poucos amigos e disse:
– Pode ser um pouco menos abusada?
– Abusada? Quantas chances na vida você acha que eu vou ter de ser servida assim?
– Pensei que vocês elementais tinham um grande prestígio. –o rei se escorou na mesa e cruzou os braços.
– Tínhamos, antigamente. Agora todo o prestigio ficou por conta dos atuais reis de Nárnia. –ela o encarou com desdém. – Não significamos mais nada além de parte da natureza. Vivemos para servir a vocês... Humanos.
– Parece não gostar muito disso.
– Não gosto. Éramos como deuses... Agora, não passamos de uma obra da natureza. –dizia mexendo nos objetos da sala.
– Não mexa nas coisas dos outros. –Caspian se aproximou e retirou o objeto que ela tomava em mãos de suas mãos e devolveu ao lugar de origem.
– Vai ficar me regulando? –ela o encarou de perto.
– Vou. Você não tem modos, e se comporta como uma criança.
– Hum! Quem sabe você me coloca no colo e me ensina boas maneiras? –Aurora provocou segurando a gola da camisa do rei e se inclinando sobre ele.
– Controle-se mulher. –disse o rei segurando as mãos da Elemental e se afastando.
– Fica difícil perto de você majestade. Até a humilde camponesa ficou de pernas bambas diante de você... –ela riu.
Caspian ignorou apenas lhe lançando um olhar seco, então quando a moça regressou a sala, avisou a Elemental do banho já pronto. Esta por sua vez, sorriu para o rei, e se retirou da sala deixando-o. A camponesa se redobrou em esforços para servir ao rei até que seu irmãos mais velho chegasse do trabalho no campo, assim como seu pai e se deparasse com o rei. Eles receberam bem o homem de quem eram súditos e então Caspian pode sentir-se a vontade, naquela pequena cabana de tamanho e complementos simples.
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Sem comentários eu só vou postar quando me der na telha, com comentários eu posto o mais breve possível bjus