As Crônicas De Nárnia - Aurora De Fogo escrita por Carrie Lerman


Capítulo 4
Cap 4 - Aurora de Fogo


Notas iniciais do capítulo

Retomando



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O rei conseguiu nadar até a beira de um rio mesmo com a forte correnteza que o puxara. Ele segurava as cordas que prendiam os pulsos da Elemental Aurora impedindo que ela se afastasse também. Ambos alcançaram a margem em segurança, porém muito cansados pra seguirem adiante. Aurora ficou deitada na margem com os pés ainda imersos na água sendo que Caspian deu alguns passos a frente mas acabou caindo de joelhos e logo de bruços no chão. Ambos perderam a consciência e acordaram apenas quando o sol nasceu novamente. Aurora despertou sentindo ratos mordendo as cordas que a prendiam. Com o susto a moça enxotou os pequenos camundongos e percebeu que os mesmos tinham afrouxado suas amarras. Ela desfez os últimos nós e depois se sentou olhando a sua volta. Viu Caspian deitado a alguns passos dela com os braços abertos e a barriga pra baixo. Ela engatinhou até ele e sacudiu-lhe pelo ombro.

– Caspian... –dizia. – Vamos Majestade acorde, não é hora de tirar um cochilo...

Ainda meio sonso o rei despertou e logo se levantou ficando sentado na grama.

– Onde estamos? –perguntou ele levando a mão à cabeça.

Aurora se aproximou e lhe tocou a testa notando um ferimento.

– Está ferido... –ele inclinou a cabeça pra trás recuando do toque. – Deve ter batido com a cabeça em alguma pedra quando caímos...

– Ah... –ele tentou se levantar mas uma dor forte lhe impediu.

Caspian voltou os olhos na direção da barriga e tocou o local vendo que estava machucado com um corte profundo no local.

– Precisamos cuidar disso... –disse Aurora.

Ela tocou o ferimento para ver se tinha sido muito profundo e Caspian a encarou com desconfiança. Aurora levantou-se e subiu nas pedras para ver sua localização depois apontou para o lado oeste e disse descendo novamente as pedras:

– Sei onde estamos... Vem... –ela o ajudou a se levantar passando o braço do rei em volta do seu pescoço.

– Por que não se feriu? –disse ele.

– Você me segurou o tempo todo... –ela o encarou. – Acho que estava tentando ser cavalheiro... –ela riu.

Caspian franziu sua testa e continuou andando com dificuldade. Sua perna tambem parecia estar machucada. Talvez uma batida forte tenha causado alguma lesão mais profunda. Eles andaram e andaram um longo caminho até que o rei ficasse exausto pela dor e parasse.

– Pra onde estamos indo?

– Nós estamos perto majestade! –ela sorriu. – Não seja molenga! Nem parece aquele rei corajoso que queria salvar sua tripulação.

Mais uma vez ele franziu a testa e a encarou dizendo:

– Não tem nenhum ferimento pelo corpo que lhe impeça de seguir em frente.

– Meu tornozelo está me dando trabalho e meu ombro ainda dói se isso serve de consolo reizinho!

Caspian ignorou as provocações e ambos seguiram em frente chegando sem muita demora a um novo rio, entre pedras altas e montanhas rochosas.

– Chegamos! Rio Nancy majestade! O lençol de águas mais puras e cristalinas de Nárnia!

– E porque me trouxe pra cá? –disse enquanto Aurora o ajudava a sentar-se em uma pedra diante das águas.

– Não sabe? Essas águas tem poder de cura... Vão fechar suas feridas...

Aurora se abaixou e rasgou a barra de sua saia longa depois caminhou até a margem e umedeceu o tecido. Ela se aproximou do rei e cobriu sua testa com o pano molhado. Fez isso algumas vezes enquanto Caspian lhe dizia:

– Por que está fazendo isso?

– Pra fechar o corte.

– Não... Por que diz estar me ajudando?

– Por que é o que eu estou fazendo majestade!

– Acho difícil confiar em alguém que afundou meu navio e me convenceu a abandonar meus homens em uma batalha.

– Uma batalha perdida Caspian... Se ficasse lá teria morrido com eles...

– Não importa.

– Importa sim... Você é um rei. Então se preocupe mais com sua vida.

– É meu dever defender aqueles que me seguem. Foi por isso que me tornei rei.

– Sabe voce é mais resmungão do eu pensei que fosse. E também menos velho... Imaginei um homem mais carrancudo e de pele mais bronzeada! Afinal é assim que são os telmarinos.

– Sinto se desapontei.

– Na verdade me surpreendeu! –ela sorriu e voltou a molhar o tecido logo conduzindo a testa do rei. – Não é o covarde que me disseram. Mas fizeram jus a certa parte...

– E qual seria?

– É mesmo tão bonito quanto falam...

Caspian fixou os olhos castanhos nos olhos claros da moça de cabelos levemente rosados como estavam no momento e depois os desviou. Aurora levantou-se e disse:

– Voce tem uma perna machucada e um ferimento profundo. É melhor tirar a roupa e entrar no rio de corpo inteiro. Só algumas gotas não vão resolver.

– Isso é realmente necessário? –ele apertou os olhos olhando-a contra o sol.

– Ora! Não me diga que o rei é tímido demais pra se despir diante de uma moça! –ela riu.

– Não creio que seja apropriado.

– Acredite majestade, não há nada aí que eu já não tenha visto antes! –disse Aurora lançando um olhar malicioso sobre o corpo do rei.

– Tudo bem... Mas vire-se.

– Tá legal! –disse rindo e virando de costas.

– E agradeceria se não olhasse.

– Não seja bobo Caspian... –ela virou o rosto e o viu de pé.

– Aurora... –disse em tom autoritário.

– Tá bom! –disse ela se virando novamente e fazendo uma cara engraçada que ele não pode ver.

Caspian se despiu parcialmente então Aurora apenas disse enquanto sacudir a cabeça de um lado para o outro e assoviava uma canção.

– Tire tudo... As águas precisam cobrir cada ferimento pra que eles se fechem.

– Eu já entendi. –ele retrucou.

Aurora riu e continuou se sacudindo como se estivesse se divertindo com a situação. Quando ouviu o barulho da água, ela se virou e viu o rei de costas imergindo no rio. Aurora mordeu o lábio inferior inclinando a cabeça para o lado esquerdo e sorrindo enquanto admirava as costas bem delineadas do rei agora molhadas. Ela deu alguns passos e disse:

– É relaxante não?

Caspian virou apenas o rosto para a margem e disse:

– Voce disse que não se viraria...

– Não se preocupe! Não consigo ver nada daqui! "Infelizmente" – ela disse baixinho.

Enquanto o rei ia mais para o centro do rio procurando se esconder e evitar o constrangimento. Aurora se despia e se aproximava das águas devagar sem que ele visse. Ela invadiu o leito do rio e então mergulhou até estar no centro de onde submergiu. Caspian franziu a testa e olhou para a moça surgindo diante dele a alguns centímetros com os cabelos molhados.

– Acho que isso vai repor meu ombro no lugar! –disse ela olhando o mesmo.

– Não poderia ter esperado ate que eu saísse?

– Assim você me veria nua majestade! –ela sorriu e depois mergulhou.

Caspian permaneceu onde estava sem saber o que fazer com os olhos. Ele podia ver parcialmente o corpo de Aurora embaixo da água, mas desviou o olhar por ser extremamente cavalheiro para admirar o corpo nu de uma mulher sem o seu consentimento. Porém ficou bastante incomodado e curioso. Aurora por sua vez sem constrangimento algum nadou ate o rei e submergiu diante dele.

– Buh! –disse quando colocou a cabeça pra fora da água.

Ela sorriu e passou as mãos nos cabelos molhados enquanto Caspian olhava apenas para o nível de seus olhos.

– Como se sente? –disse ela.

– Bem melhor. –respondeu desviando o olhar.

– Eu disse que faria bem!

– É... –um tanto quanto constrangido o rei se virou parcialmente pra sair da água.

– Espera! –disse Aurora tocando seus ombros e se aproximando mais.

Ela envolveu seus braços ao redor do pescoço do rei e aproximou os lábios vermelhos dos dele e lhes tocou suavemente. Caspian tocou os ombros da moça e se inclinou para trás dizendo:

– Aurora... O que tá fazendo? –disse encarando-a.

– Beijando o rei.

– Não faça isso.

– E por que não? –ela o envolveu mais e o puxou pra si. – Não precisa ser o rei aqui... Seja apenas Caspian... Ninguém está vendo...

Aurora tomou um pouco mais de impulso e beijou os lábios do rei mais uma vez. Caspian por sua vez tentou resistir ao toque atrevido da moça, mas o corpo quente dela o envolveu de tal forma que ele se entregou e a segurou firme entre seus braços. O beijo começou a tomar mais consistência e firmeza enquanto eles se enlaçam embaixo da água. Aurora se impulsionou mais uma vez enquanto Caspian envolvia sua cintura e a erguia fazendo com que Aurora envolvesse suas pernas ao redor dos quadris do rei. Aurora era uma mulher extremamente sensual, e mesmo não confiando nela, Caspian sentiu dificuldade em resistir as investidas de tal mulher. Mesmo debaixo daquela água fria, ele podia sentir o calor do corpo de Aurora envolvido ao dele, e isso mexeu profundamente com seu instinto masculino. Caspian seguiu beijando os lábios levemente grossos da Elemental, enquanto ela apertava suas pernas ao redor do corpo largo dele, e mordia levemente o lábio inferior do rei deixando o mesmo bastante excitado. Enquanto eles se divertiam dentro da água, um grupo de ladrões se aproximou da margem e um deles colocou sua perna sobre a pedra onde antes o rei estava sentado, e disse pegando as roupas do mesmo com a ponta de sua espada:

– Ora, vejam só! Parece que temos um casal animadinho aqui!

Aurora ergueu os olhos rapidamente enquanto seus braços envolviam os ombros do rei, e afastou o beijo. Eles se afastaram parcialmente, então o homem com um sorriso feio sendo que metade dos dentes era feito de ouro velho, riu e continuou:

– Ah continuem! Não queremos atrapalhar! –todos riram mexendo nas roupas dos dois.

– O que querem? –disse Caspian se virando e ficando diante de Aurora para cobrir o corpo dela.

– Bem, já que perguntou! Estamos roubando vocês... –dizia em tom sarcástico. – Com sua licença é claro!

– Se afastem e deixem tudo onde está...

– Ou o que?

– Eu sou o...

– Soldado... –disse Aurora interrompendo. – Ele é um soldado do rei. –disse as suas costas segurando seus ombros.

– Não servimos ao rei moça... –disse outro dos homens que cheirava as roupas dela.

– Talvez não ao rei Caspian, mas ao rei Miraz, tenho certeza que sim. –continuou ela enquanto o rei lhe olhava sem entender.

– O rei Miraz nos deu carta livre para roubarmos quando, onde e de quem quisermos!

– Ele nos libertou das prisões para onde o rei Caspian X nos enviou... –disse o seguinte enfiando a ponta de uma adaga entre os dentes.

– Os boatos são de que o seu navio foi incendiado. –disse um terceiro.

– Há essa hora o reizinho deve ter virado comida de peixe! –disse o segundo e todos riram satisfeitos.

Caspian franziu a testa e prensou os lábios se movendo dentro da água como se fosse bater em alguém, mas Aurora o segurou e disse em voz baixa:

– Esquece...

– Agora não viemos aqui pra bater papo... É só isso que vocês têm? –disse o primeiro.

– Não temos riquezas, ele é apenas um soldado de Miraz, e eu uma simples camponesa... –disse Aurora.

– Bem! Se não possuem riquezas. Talvez você tenha algo que possa nos agradar! –disse o homem de dentes de ouro. – Por que não sai desse rio? Talvez possamos entrar em um acordo e nós os deixaremos ir...

– E se eu não quiser?

– Mataremos os dois! –disse o mesmo homem rindo.

– Tudo bem! –ela disse e Caspian lhe encarou com um ponto de interrogação na testa. – Se prometerem não nos machucar eu vou.

– Estou esperando... –disse o homem que logo se virou e encarou os outros com aquele ar sínico.

– O que tá fazendo? –resmungou Caspian segurando o braço de Aurora.

– Confia em mim e fique aqui. –disse e se afastou.

Aurora andou por cima das pedras do rio, até ir à margem. Caspian continuou dentro do rio a pedido dela enquanto a via sair da água e caminhar como estava em direção ao tal homem. O mesmo sorriu mostrando aqueles dentes dourados enquanto olhava o corpo nu da moça, e então disse:

– Ora! Que maravilha! Parece que hoje é meu dia de sorte!

– Entregue minha roupa. –disse ela.

– Venha pegar gracinha... –disse o sujeito com sua saia na ponta da espada.

Aurora andou em direção aquele homem e então sorriu pra ele enquanto o mesmo retribuía o sorriso, pensando em tudo que faria com aquele corpo desenhado diante dele. Aurora se aproximou mais e o homem puxou-a pra si, tocando seu corpo. Então ele lambeu os beiços, e a moça juntou ambas as mãos nas laterais do rosto do homem, e depois disse:

– Devia ter ido embora... –disse ringindo os dentes.

As mãos da Elemental se aqueceram imediatamente enquanto ela as apertava contra a cabeça do sujeito. O mesmo sentiu seus miolos fritarem por dentro enquanto os olhos de Aurora ficavam alaranjados como o sol, e seus cabelos tomavam uma cor mais avermelhada nas pontas. O corpo dela ficava mais quente também, então ele soltou sua espada enquanto gemia de dor. O sujeito caiu no chão e ela voltou seus olhos para os seguintes.

– Ela é uma Elemental... –disse um deles recuando.

– Saiam daqui e levem esse verme com vocês... –disse ela enquanto suas mãos formavam pequenas labaredas de fogo.

– Por favor, não nos machuque... –disse um deles se aproximando para ajudar o líder.

– Vão... –disse ela em tom firme e alto.

Os homens apanharam o seu líder, e o ajudaram a fugir dali. Aurora respirou fundo, e as chamas em suas mãos se apagaram. Seus cabelos voltaram ao normal assim como seus olhos. Então ela pegou suas roupas e se vestiu. Caspian saiu da água e ela apenas estendeu as roupas dele e disse olhando em seus olhos.

– Ia mesmo dizer a eles que era o rei?

– Isso geralmente funciona. –respondeu.

– Os seus soldados os prenderam. Se dissesse a eles quem era, teriam enfiado uma flecha no seu peito antes que eu pudesse impedir... Da próxima vez, mantenha a boca fechada majestade... –disse e se afastou.

Caspian se vestiu e então apanhou a espada do chão e seguiu a Elemental...


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